O Planetário pausará as suas atividades no dia 16 de Dezembro para manutenção de equipamentos e retornará a partir do dia 03 de Janeiro de 2023.
Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante,
lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar
tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você
pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento
controlado.
Visão geral da privacidade
Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...
Sempre ativado
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.
Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.
No fim do ano passado as órbitas de 12 novas luas de Júpiter foram calculadas e publicadas, elevando o número de seus satélites para 92. Antes Júpiter possuía 80 e disputava com Saturno, que contabiliza 83, para ver quem seria o recordista do Sistema Solar.
Este diagrama mostra as órbitas das luas em torno de Júpiter: roxo para as luas galileanas, amarelo para Themisto, azul para o grupo Himalia, ciano e verde para Carpo e Valetudo, respectivamente, e vermelho para luas retrógradas distantes. (Nota: o número de luas neste diagrama não está atualizado.) Scott Sheppard
Porém, a busca por novas luas em Saturno pode destronar Júpiter em breve. Pequenos objetos, com tamanhos de até três quilômetros, podem ser oriundos de uma colisão que impediu a formação de uma lua maior de Saturno e ainda não foram devidamente rastreados. As chances de Saturno ser o planeta com o maior número de luas é grande.
Todas essas novas luas de Júpiter estão bem distantes, levando mais de 340 dias para completar uma órbita. Algumas foram capturadas pelo planeta, outras são restos de colisões e outras foram formadas onde se encontram hoje.
Algumas destas luas poderão ser alvo de pesquisa com missões programadas: a Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE) da Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para abril; a Europa Clipper da NASA, com lançamento previsto para o final do ano que vem; e uma missão chinesa sendo considerada para a década de 2030.
Embora não esteja atualizado com todas as 92 luas conhecidas de Júpiter, este diagrama, no entanto, ajuda a visualizar o agrupamento de luas por suas órbitas: as luas galileanas são as luas mais internas e massivas (roxo). As luas progressivas do planeta (roxo, azul) orbitam relativamente perto de Júpiter, enquanto suas luas retrógradas (vermelhas) estão mais distantes. Uma exceção é Valetudo (verde), um corpo em movimento progressivo que está longe. Carnegie Inst. para a Ciência / Roberto Molar Candanosa
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.”
O físico Isaac Newton (1643-1727) escreveu esta frase em uma carta a Robert Hooke (1635-1703), em 5 de fevereiro de 1676. Newton pode ser considerado o maior de todos os cientistas da era moderna. Apesar disso, a frase sugere que a ciência é uma construção coletiva. Descobertas científicas não são obras de um gênio solitário. Cada geração de cientistas se apoia no trabalho de seus predecessores.
Certamente entre os “gigantes” a que Newton se referia, dois tinham lugar de destaque: Copérnico e Galileu. Ambos nasceram em fevereiro.
Galileo Galilei (1564-1642)
Galileo Galilei, o Mensageiro Celeste.
Galileu Galilei nasceu em 15 de fevereiro de 1564 (Pisa, Itália), e foi o cientista, matemático e filósofo italiano considerado o pai da Astronomia moderna e um dos mais importantes cientistas da história. Devemos a ele os primeiros desenvolvimentos do método científico.
Capa do livro “Mensageiro Sideral”
“Mede o que é mensurável e torna mensurável o que não o é.”
Sua maior contribuição para a Astronomia foi o uso do telescópio para observar o céu. Em 1609, Galileu construiu seu próprio telescópio e fez várias descobertas que revolucionaram a visão do Universo da época.
Entre essas descobertas de Galileu destacamos: a observação de quatro luas de Júpiter, crateras na Lua, anéis em volta de Saturno, fases de Vênus, manchas solares e a constituição estelar da Via Láctea. Tudo isso foi registrado no famoso livro: “Sidereus Nuncius” (Mensageiro Sideral), publicado em Março de 1610 na cidade de Veneza.
Essas observações deram sólidas bases à ideia de que o Universo não gira ao redor da Terra. A teoria heliocêntrica já existia anos antes. Um dos seus melhores pensadores foi outro gigante: Copérnico.
Copérnico, colocando a Terra no seu devido lugar
Nicolau Copérnico (1473-1543)
Nicolau Copérnico foi um astrônomo polonês nascido em 19 de setembro de 1473. Este ano comemoramos seus 550 anos. A obra mais famosa de Copérnico é “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Sobre as Revoluções das Órbitas Celestiais), publicada em 1543. Este livro foi o primeiro a apresentar uma teoria sistemática e bem fundamentada sobre a estrutura do Universo: a teoria heliocêntrica.
Os sistemas que descreviam os movimentos planetários anteriores a Copérnico usava complicados ciclos para manter o centro do movimento na Terra. Estes recursos geométricos intrincados (chamados de epiciclos) eram baseados na ideia do astrônomo egípcio do primeiro século da era cristã: Ptolomeu.
Capa do “Sobre as Revoluções das Órbitas Celestiais”
“Não estou tão encantado com minhas próprias opiniões para ignorar o que os outros possam pensar delas.”
Por outro lado, o modelo copernicano, ao deslocar o centro do sistema solar da Terra para o Sol, levou à compreensão do movimento dos planetas tornando mais fácil o seu cálculo. Mais tarde, Galileu fez descobertas reveladoras sobre a natureza dos planetas. Outro gigante contemporâneo de Galileu foi o alemão Joahnnes Kepler (1571-1630), que conseguiu matematizar o cálculo das órbitas dos planetas. As leis do movimento de Kepler auxiliaram, mais tarde, Newton lançar a base da gravitação e assim ver mais longe.
Jules Gabriel Verne foi um dos mais famosos escritores franceses. Este autor é considerado apropriadamente um dos pais da ficção científica e da literatura de viagem. Ele nasceu há 195 anos em Nantes no dia 8 de fevereiro de 1828. Estudou direito em Paris, mas abandonou a carreira jurídica para se dedicar à escrita, onde foi muito bem sucedido. Ainda bem, ganhamos mais com um Verne escritor do que advogado.
Verne escreveu 54 romances, incluindo “Viagem ao Centro da Terra” (1864), “Vinte Mil Léguas Submarinas” (1870), e “Da Terra à Lua” (1865), que são considerados clássicos da literatura. Essas obras foram notáveis por serem baseadas em conceitos científicos e tecnológicos avançados para a época, e por explorarem questões imaginativas sobre viagens no espaço, no mar e no interior da Terra.
Além disso, Verne escreveu histórias acessíveis e emocionantes para o público geral. Suas histórias se tornaram extremamente populares e influentes em todo o mundo. A obra verniana inclui mais de 100 livros e foi traduzida para 148 línguas.
Verne morreu de diabetes aos 77 em Amiens (França) no dia 24 de março de 1905. Seu túmulo no cemitério da Madeleine é muito pitoresco: uma representação do autor quebrando a lápide com a face e o braço estendidos para o céu. O seu último livro publicado foi “O Senhor do Mundo”, no ano de 1904.
Em resumo, Júlio Verne, sempre será leitura recomendada. Se você ama o espaço não pode deixar de ler“Da Terra à Lua” (1865) e “À volta da Lua” (1869). Estas foram as primeiras histórias sobre uma viagem a Lua usando tecnologia e não magia.
S81-30498 (12 April 1981) --- After six years of silence, the thunder of manned spaceflight is heard again, as the successful launch of the first space shuttle ushers in a new concept in utilization of space. The April 12, 1981 launch, at Pad 39A, just seconds past 7 a.m., carries astronaut John Young and Robert Crippen into an Earth-orbital mission scheduled to last for 54 hours, ending with unpowered landing at Edwards Air Force Base in California. STS-1, the first in a series of shuttle vehicles planned for the Space Transportation System, utilizes reusable launch and return components. Photo credit: NASA or National Aeronautics and Space Administration
Naelton Mendes de Araujo
Em 1º de fevereiro de 2003, ocorreu o acidente do ônibus espacial Columbia. O veículo se desintegrou sobre o Texas e a Louisiana durante a descida, matando todos os sete tripulantes a bordo.
O acidente foi causado por uma peça de isolamento de espuma que se desprendeu do tanque de combustível externo durante o lançamento. A espuma atingiu a borda de ataque de uma das asas do veículo, danificando o sistema de proteção térmica. Isso permitiu que gases quentes penetrassem como se fosse um maçarico, destruindo a estrutura desprotegida. Isto ocorreu exatamente durante um dos momentos mais crítico da missão: a reentrada.
A investigação sobre o acidente revelou que a NASA estava ciente dos perigos potenciais da queda do isolamento de espuma durante os lançamentos, mas não tomou medidas suficientes para resolver o problema.
Dezessete anos antes outro acidente grave com um ônibus espacial já havia ocorrido. O Challenger explodiu em apenas 73 segundos de voo, matando toda a tripulação. O desastre foi causado por uma falha no isolamento em um dos propulsores sólidos devido à baixa temperatura durante a véspera do lançamento. A desintegração do Challenger foi vista ao vivo na televisão. Foram dois anos e meio de interrupção do programa dos ônibus espaciais. A investigação sobre o acidente da Challenger também indicou falta de cuidado da NASA.
O desastre do Columbia foi um grande revés para a NASA e levou a mudanças no projeto e nos procedimentos dos ônibus espaciais para garantir a segurança de futuras missões. Uma das mudanças foi a necessidade de exame visual das placas de blindagem térmica em órbita antes de qualquer reentrada.
Em 2011 o programa dos ônibus espaciais foi interrompido definitivamente.
Observar o Sol é possível, desde que você tome medidas de segurança. A luz do Sol é tão forte que pode cegar em poucos instantes. Portanto, sempre procure uma orientação de um especialista para fazer isso. Nunca olhe diretamente.
Existem algumas maneiras de se observar o Sol, mas a mais segura é fazer uma projeção dele através de uma câmara escura, utilizando um espelho e um papel grosso, como na figura a seguir, por exemplo. Faça um pequeno furo no papel grosso para que a luz do Sol passe por ele e seja projetado em uma parede. Procure projetar para um local mais escuro para ter mais nitidez da imagem. Esta experiência deve ser feita somente por adultos e nunca olhem diretamente para o raio de luz que venha do espelho!
Conseguindo observar o Sol você terá condições de ver as manchas solares, caso elas estejam no momento. As manchas variam tanto de tamanho quanto de quantidade. É interessante acompanhar o movimento dessas manchas ao longo de alguns dias para verificar a rotação do Sol.
Ficou na dúvida? Então procure uma astrônomo mais perto de você e boa observação!
A fascinação da humanidade para com a Lua, o satélite natural da Terra, é um fenômeno de longa data. Para civilizações antigas, a Lua representava uma forma de compreender a passagem do tempo que os permitia cuidar melhor de suas plantações e, por essa e outras razões, há registros de calendários lunares datados de milhares de anos antes de Cristo. Apesar disso, foi apenas na segunda metade do último século que pudemos entender como a Lua surgiu e ocupou seu lugar de destaque em nosso céu noturno.
Em julho de 1969, o mundo assistiu Neil Armstrong tornar-se a primeira pessoa a caminhar na Lua. As históricas filmagens desse fato são familiares até mesmo para quem nasceu muitos anos após o ocorrido. Imagem: NASA.
O responsável por essa descoberta foi o Programa Apollo de exploração espacial, que, além de promover o pouso do homem na Lua, permitiu o retorno à Terra de 382 quilogramas de amostras de solo e rochas lunares. Essas preciosas amostras foram e continuam sendo minuciosamente analisadas em laboratórios. À luz das evidências trazidas por elas, os cientistas puderam propor a ideia de que a Terra, ainda em seus estágios iniciais, teria colidido com um outro planeta em formação. Esse impacto teria desintegrado o outro planeta e ejetado uma grande quantidade de matéria rochosa que teria dado origem à Lua.
O planeta em formação que colide com a Terra para formar a Lua ganha o nome de Theia, em homenagem à deusa grega que, no mito, seria a mãe da deusa Selene, a personificação da Lua. Imagem: NASA
Também descobrimos que, pouco a pouco, a Lua está se afastando de nós. Na superfície lunar, os astronautas do programa Apollo deixaram espelhos nos quais pudemos, aqui da Terra, incidir lasers. A partir do tempo que esses lasers levam para serem refletidos de volta para a Terra, é possível calcular a distância entre os dois astros. Repetições dessa medição revelaram que, desde 1970, a Lua tem se afastado 3,82 centímetros a cada ano ‒ que é mais ou menos a mesma velocidade com que nossas unhas crescem.
Buzz Aldrin carrega, em sua mão esquerda, um aparelho para conduzir experimentos sobre atividade sísmica na Lua e, na direita, um painel refletor (espelho). Imagem: NASA’s Johnson Space Flight Center.
Quando reconstruímos a história da Terra e da Lua, a partir das novas evidências, descobrimos uma série de fatos interessantes. Por exemplo, que a Lua se formou a uma distância 16 vezes mais próxima da Terra do que ela está hoje; e que nosso planeta rotacionava ao redor do próprio eixo com uma velocidade bem maior, de forma que um dia terrestre durava apenas cerca de cinco horas. Nesse contexto, em um ano, ou seja, ao longo de uma revolução ao redor do Sol, passavam-se 1.750 dias curtos. Mas como foi que tudo veio a ser como é hoje? Como foi que a Lua se afastou tanto e o dia terrestre passou a ter 24 horas?
Acontece que todo corpo, ou sistema de corpos, em movimento circular possui uma propriedade chamada “momento angular”. Essa propriedade está associada à velocidade de deslocamento e à distância ao centro do movimento. Então, quanto à rotação da Terra, quanto mais momento angular o planeta possui, mais rápido ele gira em torno do próprio eixo. Com relação à revolução da Lua ao redor da Terra, o momento angular aumenta com a distância entre os dois corpos e também com a velocidade do deslocamento da Lua em sua órbita ao redor de nosso planeta. Assim, há bilhões de anos, Terra e Lua travam uma disputa de cabo de guerra, com um astro exercendo influência gravitacional sobre o outro num processo intimamente associado às marés observadas na Terra. Essa interação transfere momento angular da Terra para a Lua, diminuindo a velocidade de rotação de nosso planeta, tornando os dias cada vez mais longos. A Lua, por sua vez, se afasta de nós nesse processo.
Portanto, essa dinâmica vem gradualmente diminuindo a velocidade de rotação da Terra, causando o afastamento da Lua e dando forma ao sistema Terra-Lua como conhecemos hoje. Mas uma mudança dessa magnitude não ocorre sem deixar marcas em nosso planeta. Na verdade, existem seres vivos que carregam em si registros desse passado tão diferente. Eles são os corais: animais que possuem um esqueleto externo composto por carbonato de cálcio, responsáveis por formar os maravilhosos e coloridos recifes no fundo dos oceanos.
Conjunto de corais na Grande Barreira de Corais, em Cairns, Queensland, Australia. Imagem: Toby Hudson.
Conforme um coral cresce, ele forma, a cada dia, um novo anel de carbonato de cálcio. Quando comparamos corais vivos atualmente com fósseis de corais antigos, percebemos uma diferença muito marcante: os corais atuais formam 365 anéis por ano, enquanto corais fósseis apresentam um número bem maior de anéis anuais. E quanto mais antigo o fóssil, mais anéis anuais ele apresenta, evidenciando que a duração do dia vem aumentando ao longo da história da Terra.
Corte transversal de um coral da espécie Primnoa resedaeformis exibindo anéis de crescimento. Imagem: Owen Sherwood.
Os corais habitam a Terra há pelo menos 400 milhões de anos e a evolução do sistema Terra-Lua foi uma dentre várias outras mudanças a nível global à qual eles sobreviveram. E não só sobreviveram como também preservaram registros desse acontecimento, servindo como uma janela para o passado de nosso planeta. E não para por aí: corais, além de tudo, podem nos ajudar a prever o futuro da Terra. Seus esqueletos de carbonato de cálcio são muito sensíveis a alterações na temperatura, luz e disponibilidade de nutrientes. Ao analisar corais de diferentes épocas, podemos compreender como essas condições mudaram ao longo do tempo e como elas podem vir a mudar no futuro. Hoje, existem diversas iniciativas, incluindo algumas lideradas pela NASA, para monitorar recifes de corais no mundo todo. Afinal, já passou da hora de ouvirmos o que esses animais que vivem em nosso planeta há centenas de milhões de anos têm a dizer.
Referências:
Hazen, Robert M. 2013. The Story of Earth: The First 4.5 Billion Years, from Stardust to Living Planet. New York, Penguin Books, 2013.
Runcorn, S. K. 1966. Corals as Paleontological Clocks. Scientific American, 215(4), 26–33. http://www.jstor.org/stable/24931079
Você sabe o que se comemora no dia 04 de outubro? Olá, você gosta de falar sobre coisas do espaço? Sabe por que o Homem não voltou à Lua? Qual a diferença entre cosmonauta e astronauta? Como um satélite se mantém em órbita?
Entre 03 a 06 de outubro de 2022 o Planetário do Rio de Janeiro estará oferecendo o Curso Introdução à Astronáutica. O horário é de 19h às 20h30min no Planetário da Gávea.
Conteúdo do curso
O curso será dividido em 4 capítulos:
Fundamentos de Mecânica Celeste – revemos os conceitos básicos de Mecânica do nível médio: posição, velocidade, aceleração, órbita e gravitação;
Foguetes – sua origem, desenvolvimento e funcionamento;
Satélites e Sondas – órbitas, funcionamento e aplicações.
Voos Tripulados – cápsulas, trajes espaciais e naves.
Informações
Investimento: R$120,00. Material didático será disponibilizado. Certificado (frequência mínima de três dias). Idade mínima: 14 anos.
Professor Naelton Mendes de Araujo – Graduado em Astronomia, Mestre em Educação e Divulgação Científica. Trabalhou 10 anos com controle orbital de satélites geoestacionários.
Auto: Paulo Pereira – Astrônomo do Planetário do Rio de Janeiro
No próximo dia 29 de julho, a comunidade muçulmana iniciará um novo ano, correspondente ao dia 1 de Muharam do ano de 1444 no calendário islâmico. Ao contrário do que ocorre nos países ocidentais, o ano novo islâmico não é um evento suntuoso, como a festividade Id Al-Fitr, que sucede o mês do Ramadã, esse sim o mês mais importante para os muçulmanos. Enquanto o nosso calendário é solar, o adotado em diversos países islâmicos é lunar, gerando situações curiosas, que poucas pessoas no ocidente se dão conta.
O ciclo das fases da Lua. Imagens não estão em escala.
A edição de toda a revelação feita ao profeta Muhammad, compilada num único exemplar, ocorreu no ano 653, durante o governo do califa Uthman. Já o Hadíth, compilação dos ditos e ações do profeta, atingiu seu vigor no século 8. Juntas, a revelação e a tradição, moldaram não somente a sociedade, como a ciência islâmica. No caso da Astronomia, essa influência é acentuada. Com o calendário, não foi diferente.
O nosso calendário se baseia no movimento da Terra ao redor do Sol, e, portanto, acompanha o ciclo das estações. Um calendário lunar não tem esse compromisso pois, como o nome indica, ele se baseia apenas nas fases da Lua. Como consequência, as principais festividades religiosas caminham por entre as estações. Tome-se por exemplo, o mês mais importante do calendário islâmico ‒ o Ramadã, cuja origem remete à palavra de origem árabe “ramida”, que significa “ardente” (uma alusão ao jejum realizado na época mais quente do ano). Com a adoção do calendário lunar, este mês pode cair em qualquer estação do ano, inclusive no inverno.
Você deve estar se perguntando o porquê dos meses islâmicos caminharem pelas estações. O ano lunar tem cerca de 11 dias a menos que o ano solar. Assim, a cada ano no nosso calendário, o ano lunar começa 11 dias mais cedo. Para entendermos isso precisaremos falar sobre as fases da Lua.
A Lua não tem luz própria. Se assim fosse, ela seria sempre Cheia. Ela é o satélite natural da Terra, dando uma volta completa em 27 dias e 7 horas (27,32 dias), aproximadamente. Apesar disso, o ciclo lunar completo dura cerca de 29 dias e 12 horas (29,5 dias). Achou estranho? Lembre-se: a Terra não está parada, mas orbita o Sol. Na ilustração abaixo, na posição (a) temos a Lua Nova, quando o Sol, a Lua e a Terra estão aproximadamente alinhados, com a Lua entre os dois. Na posição (b), 27,32 dias depois, a Lua retorna à mesma posição que ela estava na posição (a). No entanto, como a Terra se moveu enquanto a Lua girava ao redor da Terra, a Lua Nova só ocorrerá cerca de dois dias depois.
Configuração Sol-Lua-Terra na Lua Nova. Os tamanhos e distâncias dos corpos celestes representados, não estão em escala.
O ano islâmico tem 12 meses lunares e, portanto, para obtermos a quantidade de dias no calendário lunar, basta multiplicarmos 12 por 29,5 que dá 354 dias. Assim, o calendário lunar tem certa de 11 dias a menos que o solar (que tem 365 dias). Como não é prático um mês de 29 dias e meio, cada mês do calendário lunar tem, de forma intercalada, 29 e 30 dias, o que na média dá os tais 29,5 dias.
Meses do calendário islâmico
“Perguntar-te-ão sobre os novilúnios. Dize-lhes: Servem para auxiliar o homem no cômputo do tempo e no conhecimento da época da peregrinação.” (Alcorão 2:189)
Curiosamente cada mês lunar se inicia com a primeira visão da Lua Crescente no horizonte oeste, logo após o pôr do sol, e cada dia começa ao pôr do sol (por aqui, a meia-noite marca o início de cada dia).
Costuma-se empregar no calendário islâmico um ciclo de 30 anos, sendo 11 deles bissextos (a saber, os anos 1, 5, 7, 10, 13, 16, 18, 21, 24, 26 e 29), quando se adiciona um dia ao décimo segundo mês, que passa a ter 30 dias.
Faltou esclarecer um dado importante, que é o marco inicial do calendário islâmico. Ele toma como referência a Hégira – migração do profeta Muhammad para a cidade de Medina, em 16 de julho de 622d.C.
Não é simples fazer a conversão do calendário islâmico para o gregoriano, uma vez que o calendário lunar é bem irregular. Além disso, em vários países islâmicos, as proclamações das autoridades religiosas quanto ao período de visibilidade da Lua Crescente costumam ter peso. Consequentemente, as datas fornecidas em diferentes localidades podem apresentar diferenças de um ou dois dias.
Existe uma maneira aproximada de fazer a conversão do ano gregoriano para o islâmico:
a) subtraímos 622 (ano da Hégira) do ano gregoriano;
b)multiplicamos o resultado por 1,031.
Por exemplo, o ano de 2022 corresponde a: 2022 – 622 = 1400 => 1400 x 1,031 = 1443,4
Portanto o ano gregoriano de 2022 corresponde aos anos 1443 / 1444 islâmicos.
Aparentemente o calendário lunar foi adotado pelos muçulmanos porque era muito mais fácil de observar as fases da Lua do que se basear no movimento aparente do Sol. E não apenas. É mais fácil acompanhar o movimento da Lua por entre as constelações (o Sol, como sabemos, impede a visão das constelações durante o dia). O ciclo das fases lunares tornou-se uma “paixão” dos muçulmanos e “a Lua crescente” tornou-se o símbolo do Islã.
Crescente lunar e o planeta Vênus.
Ressalte-se que o calendário islâmico é direcionado para as práticas religiosas. No nível governamental, normalmente se utiliza o calendário civil, até porque vários países árabes têm uma parcela considerável de não muçulmanos.
Como a primeira visibilidade da Lua Crescente depende de fatores locais, em alguns lugares do planeta o ano novo islâmico ocorrerá no dia 30 de julho.
Uma última curiosidade: como o ano islâmico é sempre mais curto que o ano gregoriano, uma data no calendário islâmico pode ocorrer mais do que uma vez no decurso do nosso ano solar. Por exemplo, o Ano Novo Islâmico ocorreu duas vezes em 1943: uma em 8 de janeiro e outra em 28 de dezembro. A próxima vez que isso acontecerá será no ano 2041 (1463H).
Feliz 1444!
Nota de Agradecimento: A Fundação Planetário agradece a valiosa consultoria, na elaboração do texto, de Jamil Ibrahim Iskandar, professor de Filosofia Medieval Árabe na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus Guarulhos.
Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro
O começo de tudo: Programa Apollo
Esquerda: Patch da missão Apollo 11 e foguete Saturno V no lançamento. Centro Módulo Lunar. Direita: Patch do programa Apollo e a tripulação da Apollo 11 – da esquerda para a direita: Armstrong, Collins e Aldrin.
O primeiro homem na Lua foi resultado da corrida espacial entre EUA e URSS. A história do programa Apollo está associada ao desenvolvimento do poderoso foguete Saturno V, o maior foguete já construído pelo homem. O primeiro voo deste veículo espacial foi em novembro de 1967 na chamada missão Apollo 4, não tripulada. Em outubro de 1968 uma variante menor do foguete, o Saturno 1B, levou a primeira tripulação do programa Apollo de número 7 para um voo ao redor da Terra. Nesta missão foi testado o módulo de comando. Dois meses depois aconteceu o primeiro voo tripulado usando o Saturno V: a missão Apollo 8. Nesta missão os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e William Anders, circundaram a Lua. Este feito foi inédito marcando claramente uma dianteira norte-americana na disputa espacial.
Várias versões do Saturno V para cada missão
A Apollo 9 em março de 1969 realizou o primeiro teste do módulo lunar ao redor da Terra. Em maio de 1969 foi realizado o primeiro teste ao redor da Lua com o módulo lunar. A cada missão se avançava um pouco mais na direção do alvo: pousar um astronauta na superfície lunar.
20 de julho: “a Águia pousou“
Acima: Estágios do Saturno V – Abaixo à esquerda: Módulos de Serviço, Comando e Lunar em configuração de cruzeiro. Abaixo à direita: Patch da missão Apollo 11, com a água (símbolo norte-americano) pousando na superfície lunar – lembrando que o módulo lunar chamava-se Eagle.
A Apollo 11 partiu de Cabo Canaveral em 16 de julho de 1969 com três astronautas: Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin. Os dois primeiros pisaram na Lua em 20 de julho, enquanto Collins circundava nosso satélite. No programa Apollo as naves eram construídas em módulos que eram descartados à medida que iam sendo usados. O módulo de comando chamava-se Colúmbia e o módulo lunar Eagle. Do conjunto de 111 metros no lançamento, somente o Columbia, de formato cônico, voltou à Terra.
Módulo Columbia – Museu Nacional do Ar e Espaço (EUA).
Até hoje o módulo de descida da Eagle se encontra no mar da Tranquilidade. Os demais módulos da missão ou se queimaram na atmosfera, ou se encontram em órbita solar. O módulo Columbia se encontra em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço. Foram oito dias para ir e voltar durante esta missão memorável.
Depois da Apollo 11
Esquerda: Patch da Apollo 15 que levou o primeiro jipe lunar. Direita: Módulo danificado da Apollo 13 e seu Patch.
Foram seis missões à Lua depois do sucesso estrondoso da Apollo 11. A cada missão algo era introduzido e aumentava o tempo de permanência na superfície lunar. Um destaque especial para a missão Apollo 13, de abril de 1970, que não chegou a atingir a Lua. Houve uma explosão no módulo de serviço que por pouco não causou uma tragédia. A saga desta missão é descrita no filme Apollo 13.
A primeira missão a usar o jipe lunar foi a de número 15 em julho de 1971. O programa lunar encerrou suas viagens em dezembro de 1972 com a missão Apollo 17. Desde então nenhum astronauta jamais pisou em outro astro.
O que nos reserva o futuro?
SLS na torre de lançamento para teste não tripulado e o logo do programa Artemis.
A agência espacial norte-americana, a Nasa, já tem um projeto em andamento chamado Artemis. Este era o nome da deusa da caça e irmã de Apollo. Este projeto pretende levar a primeira mulher à Lua na próxima década. Para isso a Nasa tem desenvolvido um novo foguete lançador: Space Launch System (SLS). Este veículo lançador virá a fazer o papel que o Saturno V fez na década de 60. Há muita semelhança entre este novo foguete e o sistema dos antigos Space Shuttles. Muita tecnologia foi aproveitada, desde o tanque laranja e os boosters de combustível sólido. Vários países agora participam da exploração do nosso satélite: China, Japão, Índia, além dos EUA, Rússia e Comunidade Europeia.