O Planetário pausará as suas atividades no dia 16 de Dezembro para manutenção de equipamentos e retornará a partir do dia 03 de Janeiro de 2023.
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No próximo dia 2 de dezembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Astronomia, uma data que nos convida a contemplar o firmamento estrelado e relembrar a rica história que conecta nossa nação ao céu. Não bastasse termos a bandeira mais astronômica de todas ainda tivemos um governante amante da observação celeste. O imperador brasileiro Dom Pedro II nasceu nesta data no ano de 1825. Ele é considerado patrono da astronomia brasileira. Esta é uma justa homenagem pela sua participação na promoção e desenvolvimento da ciências dos astros.
Legado Histórico da Astronômia Brasileira
Durante o século XIX, o imperador Dom Pedro II desempenhou um papel crucial no fomento da ciência e cultura no Brasil. Sua paixão pela astronomia era evidente, e ele se envolveu ativamente em iniciativas que promoveram o estudo dos astros em solo brasileiro.
Dom Pedro I criou um observatório astronômico na cidade do Rio de Janeiro em 1827. Mais tarde com a proclamação da república veio a se chamar Observatório Nacional (1909). Este centro de pesquisa abrigou instrumentos de ponta e atraiu cientistas para colaborar com suas pesquisas desde sua fundação.
O Impacto Duradouro de Dom Pedro II
Dom Pedro II financiou expedições científicas e aquisição de equipamentos astronômicos. O imperador também incentivou a formação de astrônomos brasileiros, através de bolsas de estudo.
“Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro à de imperador.”
Ao comemorarmos o Dia Nacional da Astronomia, é crucial reconhecer a herança deixada por Dom Pedro II. O Brasil tem hoje instituições de pesquisa ativas participando em diversos projetos internacionais.
Neste 2 de dezembro, convidamos todos a olhar para o céu e se maravilhar com a vastidão do universo e refletir sobre a importância da astronomia em nossa sociedade. A atuação visionária de um imperador brasileiro permitiu a gerações de cientistas percorrer os caminhos do estudo dos astros. Assim como as estrelas, o conhecimento ilumina o caminho para um futuro menos sombrio.
“Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.”
D. Pedro II
Quer saber mais? Leia o Zine PlanetaRio – número 10 – 2021
Todo divulgador de astronomia tem na figura de Carl Sagan uma fonte de inspiração. Em uma época em que a Ciência andava um tanto afastada do público, Sagan foi um grande ativista da popularização do conhecimento científico.
Carl Edward Sagan nasceu em uma família judia na cidade de Nova Iorque (EUA) no dia 9 de novembro de 1934. Formou-se em física e doutorou-se em astrofísica. Foi um pioneiro em dois ramos em ascenção em sua época: Ciência Planetária e Astrobiologia. Foi também um fecundo escritor com mais de 20 livros e 600 artigos científicos.
Todas as ciências…
“A ciência é muito mais que um corpo de conhecimentos. É uma maneira de pensar.”
A obra de Sagan abrange uma ampla gama de disciplinas científicas e atividades, tornando-o um dos cientistas mais conhecidos e respeitados do século XX. Carl Sagan era conhecido por sua versatilidade em diferentes campos da ciência, incluindo astronomia, astrobiologia e astrofísica. Sua curiosidade intelectual o levou a explorar uma variedade de tópicos científicos.
Defensor do ceticismo científico e do método científico, Sagan promoveu a ideia de que as alegações científicas devem ser baseadas em evidências sólidas e submetidas a testes rigorosos.
Sagan desempenhou um papel fundamental no projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), que busca sinais de vida extraterrestre através de radiotelescópios. Ele também ajudou a criar mensagens que foram enviadas a bordo de sondas espaciais, como as Pioneer e Voyager, com informações sobre a Terra e a humanidade, na esperança de que possíveis civilizações extraterrestres pudessem interceptá-las. Em seu livro de ficção científica (que depois virou filme) CONTATO (1985) ele trabalhou de forma brilhante as implicações culturais de um contato extraterrestre.
“Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço.”
Carl Sagan foi um dos primeiros cientistas a estudar, na década de 60, o efeito estufa em escala planetária, observando a atmosfera de Vênus. Ainda hoje é claro a enorme contribuição de suas pesquisas para uma melhor compreensão dos processos climáticos planetários, inclusive no nosso planeta.
Carl Sagan fundou a Sociedade Planetária, uma organização não governamental dedicada à promoção da exploração espacial e da compreensão científica do nosso lugar no cosmos.
“A imaginação muitas vezes nos leva a mundos que nunca sequer existiram. Mas sem ela não vamos a lugar algum.”
Conhecimento por todo lado…
Sagan é conhecido por seus livros de divulgação científica, como “Cosmos” e “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, que alcançaram um público amplo e ajudaram a popularizar a ciência. Além disso, a série de televisão “Cosmos: Uma Viagem Pessoal”, que ele apresentou e coescreveu, teve um impacto significativo na divulgação científica.
“Um livro é a prova de que os homens são capazes de fazer magia.”
Sagan recebeu inúmeros prêmios e honrarias ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Pulitzer de Não Ficção Geral por seu livro “The Dragons of Eden”. Sua habilidade de comunicar ideias científicas de maneira acessível ao público em geral o tornou um dos divulgadores científicos mais influentes da história. Muitos colegas cientistas (acadêmicos e divulgadores) foram diretamente motivados por sua obra. Além de um instigador do conhecimento Sagan foi um ativista pelo desenvolvimento científico e tecnológico pacífico e ambientalmente sustentável.
“Estamos irrevogavelmente em um caminho que nos levará às estrelas. A não ser que, por uma monstruosa capitulação ao egoísmo e à estupidez, acabemos nos destruindo.”
Adeus professor…
Sagan faleceu na cidade de Seattle (EUA) em 20 de dezembro de 1996, mas seu legado continua vivo através de suas contribuições para a ciência e sua ativa inspiração popular pela exploração do universo e pela compreensão do método científico.
“Em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto.”
Na tarde de sábado de 14 de outubro de 2023 o céu apresenta um pequeno espetáculo para milhões de pessoas. A sombra da Lua se projeta sobre a superfície da Terra. Essa sombra avança cortando as Américas de noroeste a sudeste. Este eclipse não é um eclipse total. No momento do máximo, a Lua estará um pouco mais distante de nós e, por isso, não ocultará totalmente o disco solar. Assim, em alguns lugares, a luz do Sol forma um anel ao redor da silhueta da Lua.
De onde dará pra ver o eclipse?
Em diferentes cidades, porções diversas do disco solar são ocultadas durante o eclipse. No Brasil, as ocultações variarão de 9%, em Chuí (Rio Grande do Sul), a 88%, em Araruna (Paraíba). Além disso, as etapas do fenômeno acontecerão em horários diferentes de acordo com a localização geográfica. A porção estreita de terra onde há a máxima ocultação, chamada de faixa de anularidade, atravessará o Amazonas, o Pará, o Maranhão, o Piauí, o Ceará, a Paraíba, Pernambuco e o Rio Grande do Norte.
Estado
Capital
Ocultação Máxima
Início
Máximo
Fim
Tipo de Eclipse
Rio Grande do Norte
Natal
88.52%
15:29:29
16:45:43
16:47:32
Anular
Paraíba
João Pessoa
88.50%
15:31:03
16:46:43
16:48:15
Anular
Amazonas
Manaus
88.32%
13:40:34
15:19:28
16:43:39
Parcial
Piauí
Teresina
87.38%
15:18:49
16:41:26
17:43:33
Parcial
Pernambuco
Recife
87.19%
15:31:57
16:47:18
17:13:40
Parcial
Ceará
Fortaleza
83.65%
15:23:34
16:42:44
17:25:36
Parcial
Alagoas
Maceió
82.50%
15:32:41
16:48:01
17:17:59
Parcial
Tocantins
Palmas
82.31%
15:16:24
16:41:35
17:54:22
Parcial
Maranhão
São Luís
79.50%
15:13:35
16:37:52
17:47:58
Parcial
Sergipe
Aracaju
78.66%
15:32:38
16:48:20
17:24:08
Parcial
Rondônia
Porto Velho
78.61%
13:43:34
15:21:29
16:45:57
Parcial
Pará
Belém
76.76%
15:04:28
16:32:46
17:47:26
Parcial
Amapá
Macapá
73.02%
14:56:58
16:27:52
17:44:36
Parcial
Roraima
Boa Vista
71.99%
13:28:05
15:08:25
16:34:16
Parcial
Bahia
Salvador
71.93%
15:33:02
16:48:56
17:31:02
Parcial
Acre
Rio Branco
70.22%
12:38:33
14:16:53
15:42:54
Parcial
Distrito Federal
Brasília
63.10%
15:25:04
15:25:04
17:54:59
Parcial
Mato Grosso
Cuiabá
61.62%
14:12:52
15:38:41
16:52:54
Parcial
Goiás
Goiânia
59.90%
15:25:16
16:45:12
17:54:38
Parcial
Minas Gerais
Belo Horizonte
48.95%
15:37:13
16:49:33
17:53:16
Parcial
Espírito Santo
Vitória
47.18%
15:41:32
16:50:58
17:43:07
Parcial
Mato Grosso do Sul
Campo Grande
45.84%
14:25:11
15:43:05
16:51:33
Parcial
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
38.81%
15:43:10
16:50:34
17:50:39
Parcial
São Paulo
São Paulo
37.09%
15:40:50
16:49:16
17:50:14
Parcial
Paraná
Curitiba
31.05%
15:42:01
16:48:19
17:47:47
Parcial
Santa Catarina
Florianópolis
24.63%
15:47:35
16:48:58
17:44:34
Parcial
Rio Grande do Sul
Porto Alegre
17.60%
15:51:31
16:47:50
17:39:25
Parcial
Tabela com porcentagem ocultada e os horários do eclipse para todas as capitais do Brasil (Fonte: https://www.timeanddate.com/).
No Rio de Janeiro, o ápice do eclipse ocorrerá às 16h51min, quando cerca de 39% do disco solar estará encoberto. Nesse momento o Sol estará não muito acima do horizonte na direção oeste. Para observar o evento procure um local com o horizonte desimpedido na direção do por do Sol. Um lugar alto é desejável. Praias voltadas para o poente têm grandes chances de ver a maior parte do evento.
Como observar de forma segura?
Observar o Sol, mesmo à vista desarmada, pode ser muito perigoso para os nossos olhos. O oftalmologista canadense CHOU (1991) afirma que menos de 30 segundos de observação direta do Sol pode ser o suficiente para haver danos permanentes na retina, inclusive casos de cegueira total. Como esses danos são indolores, facilmente podemos estar sendo prejudicados sem percebermos. O uso de dispositivos ópticos, como telescópios ou binóculos, pode causar danos visuais quase instantâneos devido à intensa concentração de raios solares que afetam a retina.
A forma mais segura de observar o Sol é por meio da projeção da sua imagem em uma superfície branca e fosca que esteja na sombra. Esse método é confortável, elimina riscos de lesões oculares e é adequado para grupos, incluindo crianças. A maneira mais simples precisa apenas de um papelão grande (do tamanho de uma embalagem de pizza grande seria o ideal), um pedaço pequeno de papel alumínio, uma agulha e uma folha de papel branco. Faça uma abertura no papelão, prenda o pedaço de alumínio com fita adesiva, faça um furo pequeno no centro com agulha. Segure o papelão de modo que a luz passe pelo furo e se projete no chão no centro da sombra. Para melhorar o contraste pode colocar ali uma folha de papel branco.
Você pode fazer o mesmo dentro de uma caixa de papelão. Este tipo de dispositivo chamamos de Câmara Escura ou PinHole.
Não use radiografias, óculos escuros, vidro esfumaçado, espelhos, filmes fotográficos velados ou qualquer filtro improvisado.
Os únicos filtros testados e recomendados cumprem normas internacionais. São todos importados e apresentam uma aspecto metalizado. Só use se tiver alguma referência confiável de procedência. Algumas marcas famosas são Baader e SolarScreen.
O Filtro de Soldador nº 14 é um opção barata e segura mas não tão fácil de encontrar. Geralmente, nas lojas de ferragem mais simples você só encontra números menores que não são seguros. O filtro nº 14 apresenta uma cor negra quando manuseado e verde ao ver através dele. Se vir algo além do Sol ou uma lâmpada muito brilhante não use para ver o Sol (deve estar com defeito). Estes produtos devem vir estampados no número no vidro ou na embalagem e precisa obedecer critérios do INMETRO.
O uso de telescópios exige ainda mais cuidado. Alguns trazem filtros escuros para adaptar na ocular: não são seguros, costumam rachar com o calor. A maneira mais segura é projetar a imagem sobre uma folha branca de papel dentro de uma caixa de papelão.
Procure sempre orientação de quem entende: busque informação em planetários, observatórios e museus de ciências.
Próximos eclipses anulares
Eclipses solares acontecem anualmente, mas sua área de visibilidade é restrita.
Próximos eclipses solares anulares visíveis no país serão:
2 de outubro de 2024, ocorrerá um eclipse solar anular parcialmente visível no Brasil nas regiões do sudeste (uns 9% no Rio de Janeiro) e sul (uns 31% no Rio Grande do Sul).
6 de fevereiro de 2027: a faixa de anularidade passa no mar perto da costa do estado Rio de Janeiro e só toca o território brasileiro no extremo sul do Rio Grande do Sul.
26 de janeiro de 2028: anular no norte do país: Amazonas, Pará e Amapá e parcial no restante do país.
12 de setembro de 2034 (anular no Rio Grande do Sul e parcial nos restante do país).
27 de fevereiro de 2082 (Anular no norte, parcial no resto do país) .
No fim do ano passado as órbitas de 12 novas luas de Júpiter foram calculadas e publicadas, elevando o número de seus satélites para 92. Antes Júpiter possuía 80 e disputava com Saturno, que contabiliza 83, para ver quem seria o recordista do Sistema Solar.
Este diagrama mostra as órbitas das luas em torno de Júpiter: roxo para as luas galileanas, amarelo para Themisto, azul para o grupo Himalia, ciano e verde para Carpo e Valetudo, respectivamente, e vermelho para luas retrógradas distantes. (Nota: o número de luas neste diagrama não está atualizado.) Scott Sheppard
Porém, a busca por novas luas em Saturno pode destronar Júpiter em breve. Pequenos objetos, com tamanhos de até três quilômetros, podem ser oriundos de uma colisão que impediu a formação de uma lua maior de Saturno e ainda não foram devidamente rastreados. As chances de Saturno ser o planeta com o maior número de luas é grande.
Todas essas novas luas de Júpiter estão bem distantes, levando mais de 340 dias para completar uma órbita. Algumas foram capturadas pelo planeta, outras são restos de colisões e outras foram formadas onde se encontram hoje.
Algumas destas luas poderão ser alvo de pesquisa com missões programadas: a Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE) da Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para abril; a Europa Clipper da NASA, com lançamento previsto para o final do ano que vem; e uma missão chinesa sendo considerada para a década de 2030.
Embora não esteja atualizado com todas as 92 luas conhecidas de Júpiter, este diagrama, no entanto, ajuda a visualizar o agrupamento de luas por suas órbitas: as luas galileanas são as luas mais internas e massivas (roxo). As luas progressivas do planeta (roxo, azul) orbitam relativamente perto de Júpiter, enquanto suas luas retrógradas (vermelhas) estão mais distantes. Uma exceção é Valetudo (verde), um corpo em movimento progressivo que está longe. Carnegie Inst. para a Ciência / Roberto Molar Candanosa
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.”
O físico Isaac Newton (1643-1727) escreveu esta frase em uma carta a Robert Hooke (1635-1703), em 5 de fevereiro de 1676. Newton pode ser considerado o maior de todos os cientistas da era moderna. Apesar disso, a frase sugere que a ciência é uma construção coletiva. Descobertas científicas não são obras de um gênio solitário. Cada geração de cientistas se apoia no trabalho de seus predecessores.
Certamente entre os “gigantes” a que Newton se referia, dois tinham lugar de destaque: Copérnico e Galileu. Ambos nasceram em fevereiro.
Galileo Galilei (1564-1642)
Galileo Galilei, o Mensageiro Celeste.
Galileu Galilei nasceu em 15 de fevereiro de 1564 (Pisa, Itália), e foi o cientista, matemático e filósofo italiano considerado o pai da Astronomia moderna e um dos mais importantes cientistas da história. Devemos a ele os primeiros desenvolvimentos do método científico.
Capa do livro “Mensageiro Sideral”
“Mede o que é mensurável e torna mensurável o que não o é.”
Sua maior contribuição para a Astronomia foi o uso do telescópio para observar o céu. Em 1609, Galileu construiu seu próprio telescópio e fez várias descobertas que revolucionaram a visão do Universo da época.
Entre essas descobertas de Galileu destacamos: a observação de quatro luas de Júpiter, crateras na Lua, anéis em volta de Saturno, fases de Vênus, manchas solares e a constituição estelar da Via Láctea. Tudo isso foi registrado no famoso livro: “Sidereus Nuncius” (Mensageiro Sideral), publicado em Março de 1610 na cidade de Veneza.
Essas observações deram sólidas bases à ideia de que o Universo não gira ao redor da Terra. A teoria heliocêntrica já existia anos antes. Um dos seus melhores pensadores foi outro gigante: Copérnico.
Copérnico, colocando a Terra no seu devido lugar
Nicolau Copérnico (1473-1543)
Nicolau Copérnico foi um astrônomo polonês nascido em 19 de setembro de 1473. Este ano comemoramos seus 550 anos. A obra mais famosa de Copérnico é “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Sobre as Revoluções das Órbitas Celestiais), publicada em 1543. Este livro foi o primeiro a apresentar uma teoria sistemática e bem fundamentada sobre a estrutura do Universo: a teoria heliocêntrica.
Os sistemas que descreviam os movimentos planetários anteriores a Copérnico usava complicados ciclos para manter o centro do movimento na Terra. Estes recursos geométricos intrincados (chamados de epiciclos) eram baseados na ideia do astrônomo egípcio do primeiro século da era cristã: Ptolomeu.
Capa do “Sobre as Revoluções das Órbitas Celestiais”
“Não estou tão encantado com minhas próprias opiniões para ignorar o que os outros possam pensar delas.”
Por outro lado, o modelo copernicano, ao deslocar o centro do sistema solar da Terra para o Sol, levou à compreensão do movimento dos planetas tornando mais fácil o seu cálculo. Mais tarde, Galileu fez descobertas reveladoras sobre a natureza dos planetas. Outro gigante contemporâneo de Galileu foi o alemão Joahnnes Kepler (1571-1630), que conseguiu matematizar o cálculo das órbitas dos planetas. As leis do movimento de Kepler auxiliaram, mais tarde, Newton lançar a base da gravitação e assim ver mais longe.
Jules Gabriel Verne foi um dos mais famosos escritores franceses. Este autor é considerado apropriadamente um dos pais da ficção científica e da literatura de viagem. Ele nasceu há 195 anos em Nantes no dia 8 de fevereiro de 1828. Estudou direito em Paris, mas abandonou a carreira jurídica para se dedicar à escrita, onde foi muito bem sucedido. Ainda bem, ganhamos mais com um Verne escritor do que advogado.
Verne escreveu 54 romances, incluindo “Viagem ao Centro da Terra” (1864), “Vinte Mil Léguas Submarinas” (1870), e “Da Terra à Lua” (1865), que são considerados clássicos da literatura. Essas obras foram notáveis por serem baseadas em conceitos científicos e tecnológicos avançados para a época, e por explorarem questões imaginativas sobre viagens no espaço, no mar e no interior da Terra.
Além disso, Verne escreveu histórias acessíveis e emocionantes para o público geral. Suas histórias se tornaram extremamente populares e influentes em todo o mundo. A obra verniana inclui mais de 100 livros e foi traduzida para 148 línguas.
Verne morreu de diabetes aos 77 em Amiens (França) no dia 24 de março de 1905. Seu túmulo no cemitério da Madeleine é muito pitoresco: uma representação do autor quebrando a lápide com a face e o braço estendidos para o céu. O seu último livro publicado foi “O Senhor do Mundo”, no ano de 1904.
Em resumo, Júlio Verne, sempre será leitura recomendada. Se você ama o espaço não pode deixar de ler“Da Terra à Lua” (1865) e “À volta da Lua” (1869). Estas foram as primeiras histórias sobre uma viagem a Lua usando tecnologia e não magia.
S81-30498 (12 April 1981) --- After six years of silence, the thunder of manned spaceflight is heard again, as the successful launch of the first space shuttle ushers in a new concept in utilization of space. The April 12, 1981 launch, at Pad 39A, just seconds past 7 a.m., carries astronaut John Young and Robert Crippen into an Earth-orbital mission scheduled to last for 54 hours, ending with unpowered landing at Edwards Air Force Base in California. STS-1, the first in a series of shuttle vehicles planned for the Space Transportation System, utilizes reusable launch and return components. Photo credit: NASA or National Aeronautics and Space Administration
Naelton Mendes de Araujo
Em 1º de fevereiro de 2003, ocorreu o acidente do ônibus espacial Columbia. O veículo se desintegrou sobre o Texas e a Louisiana durante a descida, matando todos os sete tripulantes a bordo.
O acidente foi causado por uma peça de isolamento de espuma que se desprendeu do tanque de combustível externo durante o lançamento. A espuma atingiu a borda de ataque de uma das asas do veículo, danificando o sistema de proteção térmica. Isso permitiu que gases quentes penetrassem como se fosse um maçarico, destruindo a estrutura desprotegida. Isto ocorreu exatamente durante um dos momentos mais crítico da missão: a reentrada.
A investigação sobre o acidente revelou que a NASA estava ciente dos perigos potenciais da queda do isolamento de espuma durante os lançamentos, mas não tomou medidas suficientes para resolver o problema.
Dezessete anos antes outro acidente grave com um ônibus espacial já havia ocorrido. O Challenger explodiu em apenas 73 segundos de voo, matando toda a tripulação. O desastre foi causado por uma falha no isolamento em um dos propulsores sólidos devido à baixa temperatura durante a véspera do lançamento. A desintegração do Challenger foi vista ao vivo na televisão. Foram dois anos e meio de interrupção do programa dos ônibus espaciais. A investigação sobre o acidente da Challenger também indicou falta de cuidado da NASA.
O desastre do Columbia foi um grande revés para a NASA e levou a mudanças no projeto e nos procedimentos dos ônibus espaciais para garantir a segurança de futuras missões. Uma das mudanças foi a necessidade de exame visual das placas de blindagem térmica em órbita antes de qualquer reentrada.
Em 2011 o programa dos ônibus espaciais foi interrompido definitivamente.
Observar o Sol é possível, desde que você tome medidas de segurança. A luz do Sol é tão forte que pode cegar em poucos instantes. Portanto, sempre procure uma orientação de um especialista para fazer isso. Nunca olhe diretamente.
Existem algumas maneiras de se observar o Sol, mas a mais segura é fazer uma projeção dele através de uma câmara escura, utilizando um espelho e um papel grosso, como na figura a seguir, por exemplo. Faça um pequeno furo no papel grosso para que a luz do Sol passe por ele e seja projetado em uma parede. Procure projetar para um local mais escuro para ter mais nitidez da imagem. Esta experiência deve ser feita somente por adultos e nunca olhem diretamente para o raio de luz que venha do espelho!
Conseguindo observar o Sol você terá condições de ver as manchas solares, caso elas estejam no momento. As manchas variam tanto de tamanho quanto de quantidade. É interessante acompanhar o movimento dessas manchas ao longo de alguns dias para verificar a rotação do Sol.
Ficou na dúvida? Então procure uma astrônomo mais perto de você e boa observação!
A fascinação da humanidade para com a Lua, o satélite natural da Terra, é um fenômeno de longa data. Para civilizações antigas, a Lua representava uma forma de compreender a passagem do tempo que os permitia cuidar melhor de suas plantações e, por essa e outras razões, há registros de calendários lunares datados de milhares de anos antes de Cristo. Apesar disso, foi apenas na segunda metade do último século que pudemos entender como a Lua surgiu e ocupou seu lugar de destaque em nosso céu noturno.
Em julho de 1969, o mundo assistiu Neil Armstrong tornar-se a primeira pessoa a caminhar na Lua. As históricas filmagens desse fato são familiares até mesmo para quem nasceu muitos anos após o ocorrido. Imagem: NASA.
O responsável por essa descoberta foi o Programa Apollo de exploração espacial, que, além de promover o pouso do homem na Lua, permitiu o retorno à Terra de 382 quilogramas de amostras de solo e rochas lunares. Essas preciosas amostras foram e continuam sendo minuciosamente analisadas em laboratórios. À luz das evidências trazidas por elas, os cientistas puderam propor a ideia de que a Terra, ainda em seus estágios iniciais, teria colidido com um outro planeta em formação. Esse impacto teria desintegrado o outro planeta e ejetado uma grande quantidade de matéria rochosa que teria dado origem à Lua.
O planeta em formação que colide com a Terra para formar a Lua ganha o nome de Theia, em homenagem à deusa grega que, no mito, seria a mãe da deusa Selene, a personificação da Lua. Imagem: NASA
Também descobrimos que, pouco a pouco, a Lua está se afastando de nós. Na superfície lunar, os astronautas do programa Apollo deixaram espelhos nos quais pudemos, aqui da Terra, incidir lasers. A partir do tempo que esses lasers levam para serem refletidos de volta para a Terra, é possível calcular a distância entre os dois astros. Repetições dessa medição revelaram que, desde 1970, a Lua tem se afastado 3,82 centímetros a cada ano ‒ que é mais ou menos a mesma velocidade com que nossas unhas crescem.
Buzz Aldrin carrega, em sua mão esquerda, um aparelho para conduzir experimentos sobre atividade sísmica na Lua e, na direita, um painel refletor (espelho). Imagem: NASA’s Johnson Space Flight Center.
Quando reconstruímos a história da Terra e da Lua, a partir das novas evidências, descobrimos uma série de fatos interessantes. Por exemplo, que a Lua se formou a uma distância 16 vezes mais próxima da Terra do que ela está hoje; e que nosso planeta rotacionava ao redor do próprio eixo com uma velocidade bem maior, de forma que um dia terrestre durava apenas cerca de cinco horas. Nesse contexto, em um ano, ou seja, ao longo de uma revolução ao redor do Sol, passavam-se 1.750 dias curtos. Mas como foi que tudo veio a ser como é hoje? Como foi que a Lua se afastou tanto e o dia terrestre passou a ter 24 horas?
Acontece que todo corpo, ou sistema de corpos, em movimento circular possui uma propriedade chamada “momento angular”. Essa propriedade está associada à velocidade de deslocamento e à distância ao centro do movimento. Então, quanto à rotação da Terra, quanto mais momento angular o planeta possui, mais rápido ele gira em torno do próprio eixo. Com relação à revolução da Lua ao redor da Terra, o momento angular aumenta com a distância entre os dois corpos e também com a velocidade do deslocamento da Lua em sua órbita ao redor de nosso planeta. Assim, há bilhões de anos, Terra e Lua travam uma disputa de cabo de guerra, com um astro exercendo influência gravitacional sobre o outro num processo intimamente associado às marés observadas na Terra. Essa interação transfere momento angular da Terra para a Lua, diminuindo a velocidade de rotação de nosso planeta, tornando os dias cada vez mais longos. A Lua, por sua vez, se afasta de nós nesse processo.
Portanto, essa dinâmica vem gradualmente diminuindo a velocidade de rotação da Terra, causando o afastamento da Lua e dando forma ao sistema Terra-Lua como conhecemos hoje. Mas uma mudança dessa magnitude não ocorre sem deixar marcas em nosso planeta. Na verdade, existem seres vivos que carregam em si registros desse passado tão diferente. Eles são os corais: animais que possuem um esqueleto externo composto por carbonato de cálcio, responsáveis por formar os maravilhosos e coloridos recifes no fundo dos oceanos.
Conjunto de corais na Grande Barreira de Corais, em Cairns, Queensland, Australia. Imagem: Toby Hudson.
Conforme um coral cresce, ele forma, a cada dia, um novo anel de carbonato de cálcio. Quando comparamos corais vivos atualmente com fósseis de corais antigos, percebemos uma diferença muito marcante: os corais atuais formam 365 anéis por ano, enquanto corais fósseis apresentam um número bem maior de anéis anuais. E quanto mais antigo o fóssil, mais anéis anuais ele apresenta, evidenciando que a duração do dia vem aumentando ao longo da história da Terra.
Corte transversal de um coral da espécie Primnoa resedaeformis exibindo anéis de crescimento. Imagem: Owen Sherwood.
Os corais habitam a Terra há pelo menos 400 milhões de anos e a evolução do sistema Terra-Lua foi uma dentre várias outras mudanças a nível global à qual eles sobreviveram. E não só sobreviveram como também preservaram registros desse acontecimento, servindo como uma janela para o passado de nosso planeta. E não para por aí: corais, além de tudo, podem nos ajudar a prever o futuro da Terra. Seus esqueletos de carbonato de cálcio são muito sensíveis a alterações na temperatura, luz e disponibilidade de nutrientes. Ao analisar corais de diferentes épocas, podemos compreender como essas condições mudaram ao longo do tempo e como elas podem vir a mudar no futuro. Hoje, existem diversas iniciativas, incluindo algumas lideradas pela NASA, para monitorar recifes de corais no mundo todo. Afinal, já passou da hora de ouvirmos o que esses animais que vivem em nosso planeta há centenas de milhões de anos têm a dizer.
Referências:
Hazen, Robert M. 2013. The Story of Earth: The First 4.5 Billion Years, from Stardust to Living Planet. New York, Penguin Books, 2013.
Runcorn, S. K. 1966. Corals as Paleontological Clocks. Scientific American, 215(4), 26–33. http://www.jstor.org/stable/24931079