Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...

Sempre ativado

Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.

Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.

Categories
Coluna do Astrônomo

Três sóis e um mistério

Você já se imaginou em um planeta iluminado por três sóis? A 145 anos-luz da terra (cerca de 1.370.000.000.000.000 de quilômetros) existe um lugar assim, numa direção que aponta para a constelação do Cisne.

Foi descoberto um planeta gigante pertencente ao sistema triplo de estrelas HD 188753, localizado no pedaço do céu indicado na figura ao lado. Esse é o único caso até agora em que um planeta orbita internamente um sistema múltiplo de estrelas.

Chamamos de sistema duplo duas estrelas que orbitam um centro de massa comum. O sistema triplo HD 188753 é composto por uma estrela primária em torno da qual gira um sistema duplo a uma distância média de 12,3 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é a distância média da Terra ao Sol, aproximadamente 150.000.000 de quilômetros).

A estrela primária tem 1,06 vezes a massa do Sol, e o sistema duplo que gira em torno dela tem uma massa total de 1,63 massas solares. Além das duas estrelas, também gira em torno da primária o planeta, que completa uma volta a cada 3,35 dias terrestres e que tem pelo menos 1,14 vezes a massa de Júpiter.

Abaixo há um esquema do sistema HD 188753 (fora de escala!!!). Essa descoberta trouxe uma questão que desafia o conhecimento que temos sobre formação planetéria. Um planeta como esse se forma a uma distância de pelo menos 2,7 unidades astronômicas da estrela primária, e depois migra para órbitas mais internas. No caso de HD 188753, o sistema duplo que também orbita a estrela primária, por sua massa e distância, teria limitado o disco de gás e matéria condensada onde se formou o planeta a um raio de apenas 1,3 unidades astronômicas, e o teria aquecido de maneira a tornar impossível a formação de um planeta gigante.

Categories
Coluna do Astrônomo

Como fotografar as estrelas com a câmera fixa

O método que vamos apresentar não necessita de equipamentos caros ou complicados, consistindo no primeiro contato com a fotografia astronômica. Não obstante, os resultados são altamente animadores e certamente motivarão o interessado a usar técnicas mais avançadas.

O método da “câmara fixa” permite que se fotografe estrelas bastante fracas (magnitudes 7 ou 8), visíveis somente por meio de equipamentos ópticos. Meteoros e satélites artificiais, além de cometas, nebulosas e galáxias também podem ser captados. Além dessas vantagens, a fotografia registra fielmente os astros, permitindo uma posterior comparação e divulgação.

Material necessário:

– câmara fotográfica. É fundamental que tenha a opção “B” no obturador, e que este seja mecânico e não eletrônico para evitar o consumo excessivo de baterias devido ao longo tempo de exposição.

Geralmente as câmaras vêm com uma objetiva com 50mm de distância focal, com a qual podemos capturar uma área do céu de 30 x 40 graus, o que permite fotografar constelações tão grandes quanto Órion.

– cabo de disparo. Sua função é manter o obturador aberto por longo tempo. Esses cabos têm um parafuso de bloqueio acionado no início e no término da exposição. Os cabos são também conhecidos como propulsores.

– filme. Os filmes devem ser de alta sensibilidade, pelo menos 400 ISO.

– tripé fotográfico. Devido à longa exposição, não se pode segurar a câmara; por isso ela deve ficar totalmente imóvel. Tripés muito leves podem ser afetados pela ação de ventos fortes. Na falta de um tripé, pode-se recorrer a uma base de madeira.

Ajustes preliminares

Instale a câmara sobre o tripé (ou base), de modo que fique imobilizada durante a exposição. Certifique-se de que o cabo irá travar o obturador e adpte-o à câmara. Regule o obturador para “B”. Ajuste o diafragma e focalize a objetiva para o infinito (¥).

A abertura máxima do diafragma, em princípio, seria o recomendável, mas as objetivas quase sempre apresentam aberrações que geram imperfeições nas imagens. Isto é mais evidente na periferia da foto e geralmente desaparece se fecharmos um pouco o diafragma. Por exemplo, se a objetiva tiver abertura máxima de 1,4, pode-se operar com 2,0 ou 2,8.

Prática

Aponte a câmara para a região do céu que se quer fotografar. Dê preferência, nos primeiros testes, a regiões familiares como Cruzeiro do Sul ou Três Marias. Dispare o cabo e trave-o. Decorridos 20 segundos, destrave. A foto está pronta. Nesse caso, o tempo é tão curto que mesmo com deslocamento da esfera celeste as imagens estelares permanecerão pontuais. Mas pode-se obter resultados bastante interessantes quando o tempo for maior, como 30 minutos ou mais (o céu não pode estar muito luminoso). Nestes casos, ao fotografar o Pólo Celeste, as imagens das estrelas aparecem como riscos, formando arcos concêntricos com o Pólo Celeste. Ao fotografarmos a região do Equador Celeste, as trajetórias das estrelas aparecem retilíneas.

Constelações de Órion e Cão Maior
Filme: Super HG 800 Fuji
Objetiva: 35mm f/d: 1,8 Tempo: 30s


Super Nova 1987A Autor: Francisco Bolivar Carneiro
Data: 26 de março de 1987
Filme: Ektachrome 64 ISO
Objetiva: 50mm f/d: 1,4 Tempo: 60min

O tempo máximo (em segundos) que se pode expor com a câmara fixa, sem que as estrelas trilhem, é dado por: 1000/distância focal da objetiva em milímetros. Isso se as estrelas estiverem próximas ao Equador Celeste (posição mais crítica).

Ficam bastante bonitas as fotos de estrelas tendo em primeiro plano uma árvore ou morro.

Não é raro aparecerem intrusos nas fotografias, como meteoros, aviões ou satélites artificiais.

Ao terminar o filme, envie-o a um laboratório e peça para revelar.

Aqui cabe uma palavra de advertência. Mesmo que as fotos tenham ficado boas, o laboratório provavelmente não as ampliará, pois achará que não há qualquer imagem nos negativos. Você então deverá assinalar os fotogramas para serem ampliados.

Às vezes não é fácil perceber no negativo onde começa uma foto e termina a outra, mas com um pouco de prática, essa dificuldade desaparece. Uma sugestão é assinalar com uma caneta esses limites para o laboratório identificar o fotograma que se quer ampliar. Pode-se, também, a cada quatro ou cinco fotos fazer uma exposição mais demorada para torná-la bem visível e, conseqüentemente, possibilitar a identificação dos limites dos outros.

Quanto mais transparente estiver o céu, melhor o resultado. Deve-se evitar a todo custo noites com Lua cheia e lugares próximos a luzes. Mas nas regiões metropolitanas, também é possível obter bons resultados, desde que se tome cuidado com o tempo de exposição, que não deverá exceder três ou cinco minutos para que a foto não vele.

Finalmente, anote todos os dados importantes como: região fotografada, hora, equipamento, tempo de exposição, diafragma, filme, etc. Este procedimento é fundamental não só para documentar o trabalho como para identificar erros e acertos.

A prática continuada será a melhor escola para dominar essa interessante técnica.

Categories
Coluna do Astrônomo

Tugunska: 90 Anos de Um Mistério

Uma detonação nuclear, um buraco negro, um punhado de anti-matéria ou a ira de Ogdy, o deus do fogo. Estas foram algumas das mais improváveis teorias para explicar a grande explosão ocorrida em Tunguska, Sibéria, na manhã do dia 30 de junho de 1908.

Com uma potência 2.000 vezes maior que a bomba de Hiroshima, no Japão, o bólido deixou um rastro de destruição com cerca de 1.000 quilômetros quadrados de floresta queimados. Ao redor, árvores foram derrubadas totalizando 2.150 quilômetros quadrados de devastação.

A explosão ocorreu a uma altitude de 7,6 quilômetros e estima-se que sua massa era de 100.000 toneladas. Visível por vários povos, o fenômeno mudou a cor do céu por ocasião do nascer e do pôr do Sol, como ocorre quando um vulcão entra em erupção, deixando o céu avermelhado.

Erradamente alguns cientistas anunciaram que o fenômeno foi provocado por uma tempestade solar, causando distúrbios elétricos na atmosfera. A poeira suspensa na atmosfera criou halos em torno do Sol. Sismógrafos registraram tremores mesmo em regiões a 4.000 quilômetros de distância. Ondas de choque, na forma de ventos, provenientes da explosão, deram duas voltas ao redor da Terra. No leste da Sibéria e na Ásia Central foi possível ler um jornal à noite.

Somente em 1927, 19 anos após a ocorrência do fenômeno, a primeira expedição científica chegou ao local. A área que sofreu com a explosão foi toda mapeada e nenhum vestígio físico de algum objeto foi encontrado.

No total foram feitas 34 expedições à região de Tunguska. Nenhuma delas forneceu uma conclusão sobre que objeto foi aquele. Dúvidas ainda pairam sobre sua natureza. O mais provável é que tenha sido um cometa ou um asteróide.

O estudo da matéria impregnada nas árvores revelou a presença de cálcio, silicatos, ferro, níquel, dentre outros elementos. Esses compostos químicos estão presentes em alguns asteróides favorecendo esta teoria. Mas será que não restou nenhum fragmento? Para colocar ainda mais em dúvida esta teoria, foram encontradas altas concentrações de elementos voláteis, característicos de cometas. A questão ainda está longe de ter um desfecho.

Tunguska foi o único evento de “colisão” da Terra com um objeto celeste de grandes dimensões na história do homem civilizado. Certamente não foi o único na história da Terra, nem será o último. Só torcemos para que demore algum tempo.

Referência
Sky & Telescope, junho de 1994, p.38.

Categories
Coluna do Astrônomo

Gliese 581 c

Foi anunciada, no dia 25 de abril desse ano, a descoberta de mais dois planetas orbitando a estrela Gliese 581 (Gl 581), na constelação de Libra. Essa estrela não é visível a olho nu. As descobertas de planetas extra-solares têm se tornado cada vez mais comuns na Astronomia moderna, e já não são, em geral, notícia que atraia atenção de muita gente. Mas um dos planetas recém-descobertos em torno de Gl 581 é o que tem massa mais próxima à da Terra dentre todos os já descobertos até hoje. Além disso, situa-se dentro da zona de habitabilidade daquela estrela.

Gl 581 é uma estrela anã vermelha, e estrelas desse tipo são de especial interesse na procura de planetas extra-solares. A pequena massa de uma anã vermelha torna a detecção de planetas leves mais fácil que em estrelas mais massivas, e a zona de habitabilidade dessas estrelas situa-se próxima, a até 0,01 u.a1.

O sistema planetário de Gl 581 possui três planetas descobertos. O primeiro e mais próximo, chamado Gliese 581 b, descoberto em 2005, tem massa próxima à de Netuno e completa uma volta ao redor da estrela em 5.36 dias.

O segundo planeta em ordem de afastamento da estrela é o que mais nos chama a atenção nesse sistema, o Gliese 581 c. Sua órbita localiza-se na zona de habitabilidade, uma região dentro da qual um planeta teria condições de abrigar água líquida. A massa de Gliese 581 c é a menor de todos os planetas extra-solares já descobertos até hoje (estamos em junho de 2007), calculada em 5,03 vezes a massa da Terra, e seu raio é cerca de uma vez e meia o raio da Terra. Isso faz com que Gliese 581 c seja o planeta extra-solar mais semelhante à Terra já encontrado, e o mais promissor a abrigar vida como conhecemos na Terra. O terceiro planeta desse sistema está a 0,25 u.a. da estrela e sua massa é de 7,7 vezes a massa da Terra.

As técnicas atuais de detecção de planetas extra-solares nos permitem apenas conhecer, na maioria dos casos, planetas muito massivos e que estejam muito próximos de sua estrela. O planeta Gliese 581 c está bastante perto de sua estrela, como era de se esperar, mas devido a sua pouca massa, só pôde ser detectado porque Gl 581 é uma anã vermelha.

Perceba que o fato de um planeta estar na zona de habitabilidade não é uma garantia que ele possua água líquida, mas uma garantia que ele pode possuir água líquida.

Ainda que não existam garantias de que Gliese 581 c seja um planeta habitado por seres vivos, é gratificante saber que nossas técnicas de detecção de planetas extra-solares já nos permitem encontrar planetas na zona de habitabilidade de suas estrelas.
_____________
1 u.a. é a abreviatura de unidade astronômica, unidade de medida que equivale à distância entre a Terra e o Sol, cerca de 150 milhões de km.

Categories
Coluna do Astrônomo

Mesma rota mas outro destino

Você já saiu para ir a algum lugar e chegou a outro, sendo que esse outro continua sendo o mesmo lugar para o qual você ia quando saiu? Leia de novo a pergunta, se for o caso. Quero contar a curiosa situação de uma nave norte-americana que foi lançada para estudar um planeta, não vai sofrer nenhuma alteração de órbita para mudar de destino, mas não vai chegar ao tal planeta. E, ainda assim, vai chegar ao lugar certo, para o qual foi destinada.

Em 19 de janeiro de 2006, a Agência Espacial Americana (NASA) lançou, com sucesso, a missão New Horizons. Seria a primeira espaçonave enviada diretamente para o mais distante planeta do Sistema Solar, e o único que jamais tinha recebido a visita de uma sonda terrestre. Entretanto, sete meses após seu lançamento, quando a New Horizons já estava em seu caminho, o tal último planeta mudou de classificação e tornou-se planeta anão.

Plutão sempre foi um mistério, desde sua descoberta em 1930. Era um planeta pequeno e rochoso que aparecia logo após planetas gigantes e gasosos. Recentemente, graças à melhoria das técnicas de observação, começamos a verificar que após as proximidades da órbita de Netuno existem vários corpos bastante semelhantes a Plutão, inclusive maiores que ele. A existência desses pequenos e gelados objetos já havia sido prevista teoricamente. Eles compõem duas regiões conhecidas como cinturão de Kuiper e como disco disperso.

Assim, surgiu a questão: esses corpos semelhantes a Plutão devem também ser chamados de planetas, uma vez que Plutão o é, ou devemos criar uma nova classificação para eles e colocar o próprio Plutão também nessa nova classificação? Na primeira hipótese, o número de planetas do Sistema Solar sempre aumentaria, pois estamos continuamente observando novos corpos pequenos e distantes. A comunidade astronômica optou por criar a categoria de Planetas Clássicos (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) e Planetas Anões (Plutão, 2003 UB 313 e outros). Sempre que for utilizada apenas a palavra planeta, fica subentendido que está sendo feita referência aos planetas clássicos.

A New Horizon foi lançada com o prestígio de estar indo ao único planeta que nunca tinha recebido a visita de uma sonda enviada da Terra. Esse prestígio ela não tem mais, pois seu destino não é mais um planeta, mas um planeta anão. OK, mas ela pode ter, então, o prestígio de ser a primeiríssima missão lançada rumo a um planeta anão! Sim, pode até ser a primeira missão lançada para um planeta anão… mas, provavelmente, não vai ser a primeira a chegar a um planeta anão…

O antigo asteróide Ceres1 é agora também classificado como planeta anão. A NASA tem uma missão, chamada Dawn, programada para ser lançada em 20 de junho de 2007 rumo a Ceres. Se tudo correr como planejado, Dawn chegará a Ceres em fevereiro de 2015, cinco meses antes da New Horizon chegar a Plutão.

Parece difícil de acreditar, mas certamente não existe nenhuma conspiração astronômica contra o prestígio da audaciosa New Horizons. Muito pelo contrário! Apesar desses contratempos em seu currículo, a New Horizons promete trazer algumas das melhores imagens já obtidas de regiões tão remotas em nosso Sistema Solar.

1 Leia sobre Ceres na Curiosidade do Mês do Planetário no folder de julho de 2006, ou em nosso site, seguindo os links : Astronomia/Curiosidades/Meses Passados.