O Planetário pausará as suas atividades no dia 16 de Dezembro para manutenção de equipamentos e retornará a partir do dia 03 de Janeiro de 2023.
Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante,
lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar
tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você
pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento
controlado.
Visão geral da privacidade
Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...
Sempre ativado
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.
Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.
Talvez você já tenha reparado um astro bem brilhante aparecendo ao Leste no início das noites. Mostra um brilho bem mais intenso que todas as estrelas naquela região. trata-se do planeta Júpiter, um dos objetos mais interessantes de se observar com um telescópio.
A carta Celeste mostra o céu do Rio de Janeiro para essa quarta, 12 de junho de 2019, às 19h no horário local.
Carta Celeste do Rio de Janeiro, 12 de Junho de 2019, às 19h, hora local.
Júpiter está na constelação do Ofiúco, ou Serpentário. Com um telescópio de médio porte é possível observar seus quatro maiores satélites: Io, Calisto, Ganimedes e Europa, conhecidos como satélites galileanos.
Essa é uma observação que possui um especial interesse histórico, pois foi observando esses satélites que Galileu viu, pela primeira vez, objetos girando não em torno da Terra, mas em torno de outro planeta. Isso foi um capítulo importante em nossa saga para obter o conhecimento sobre a Terra não ser o centro do Universo.
Nessa semana, teremos a Lua bastante brilhante e próxima a Júpiter no céu, o que atrapalha um pouco sua observação. Céu enluarado é bom para ser visto sem instrumentos, pois a própria Lua não fica bem no telescópio quando está muito iluminada.
Algumas pessoas também conseguem ver em Júpiter nuances que indicam as faixas coloridas de sua atmosfera. Note que ao telescópio, observando-se diretamente com os olhos, sem tirar uma fotografia, nenhum objeto aparece muito colorido. Mas ainda assim é possível ver as faixas coloridas e até a grande mancha vermelha se estiver voltada para a Terra no momento da observação.
Essa semana teremos duas coisas bastante interessantes no céu: o pico de atividade de uma chuva de meteoros e a Lua no quarto-crescente. Sim, são duas coisas bastante interessantes, mas são ainda mais interessantes quando não estão juntas no mesmo céu.
As chuvas de meteoros são muito comuns, e o que mais se destaca em Alpha Scorpiideas é sua fácil localização no céu logo no início da noite. Chuvas de meteoros acontecem quando a Terra cruza o rastro de poeira deixado por um cometa ou um asteroide. A grande maioria das chuvas é associada a algum cometa, mas há aquelas associadas a asteroides também.
O quarto crescente é a melhor fase para se observar a Lua ao telescópio, por ela estar alta no céu logo no início da noite e também pelo efeito causado pelas sombras das montanhas e crateras, que nos permite uma melhor percepção da superfície lunar. Essa percepção é bastante prejudicada na Lua Cheia, quando a luminosidade do Sol incide perpendicularmente sobre a superfície lunar e não temos sombras. Certamente a Lua estará em nossa próxima observação do céu aqui do Planetário.
A carta celeste abaixo é para o céu do Rio de Janeiro dessa próxima semana, no início da noite.
As chuvas de meteoros são caracterizadas pela posição de seu radiante, um ponto no céu de onde parecem sair os meteoros. A constelação onde está o radiante dá nome à chuva, de modo que Alpha Scorpiideas acontece na constelação do Escorpião. Procure essa constelação um pouco acima de onde você viu o Sol nascendo.
Note na carta celeste, que a Lua, já brilhante, saindo do quarto crescente e indo para a fase cheia, estará muito próximo, o que prejudicará a observação de Alpha Scorpiideas. O pico dessa chuva ocorre hoje, dia 13 de maio, mas será possível observar meteoros dela até por volta do dia 20 de maio. A taxa de meteoros esperada é de 5 por hora, num céu ideal, longe da poluição luminosa e sem Lua.
Apesar das condições não serem as ideais, temos a vantagem, do Escorpião estar no céu no início da noite, e de ser uma constelação especialmente fácil de se identificar. Portanto, fica a sugestão de tentar observar ao menos alguns meteoros nas próximas noites!
Ah, e não se esqueça de fazer um pedido para cada um que conseguir ver.
Nas proximidades do Cruzeiro do Sul, onde está a Caixinha de Jóias, sobre a qual conversamos semana passada, encontramos um sistema estelar muito interessante, que também faz parte da lista de objetos para os quais os observadores do céu gostam de apontar seus telescópios.
Normalmente não apontamos um telescópio para uma estrela por um motivo simples: estrelas estão tão tão distantes (pedindo licença ao Shrek), que mesmo no maior telescópio do mundo ela continua sendo observada como um pontinho. O telescópio pode te mostrar uma quantidade maior de estrelas do que a quantidade que você enxerga sem ele, mas nenhum telescópio pode te mostrar uma estrela maior do que você vê diretamente.
Entretanto, Alpha Centauri é uma exceção por se tratar de um sistema estelar que pode ser resolvido com o telescópio, ou seja, enquanto sem instrumento vemos apenas uma estrela, com um telescópio conseguimos ver duas, bem próximas uma da outra. As duas estrelas são chamadas Aplha Centauri A, também conhecida como Rigel Kentaurus ou Rigel Kent e Alpha Centauri B, também conhecida como Toliman.
A Carta Celeste dessa semana mostra os nomes de algumas estrelas notáveis. Procure por Rigel Kentaurus à esquerda do Cruzeiro do Sul, na região sul do céu (próximo á letra “S”).
Carta Celeste com o céu do Rio de Janeiro, dia 15 de maio de 2019 às 19h (horário local)
As estrelas do sistema Aplha Centauri são as mais próximas de nós depois do Sol. Estão a cerca de 4.4 anos-luz de distância.
Rigel Kentaurus e sua companheira Alpha Centauri B orbitam ao redor do seu centro de massa em cerca de 80 anos. Mas essas são as duas estrelas mais brilhantes do sistema… só que, na verdade, há ainda uma terceira estrela aí!
Curiosamente, essa terceira estrela, a Alpha Centauri C, também conhecida como Próxima Centauri, é a estrela mais próxima de nós e a única que não conseguimos ver nem com um telescópio de uso amador. Trata-se de uma anã vermelha, pequena e pouco brilhante.
Rigel Kentaurus, ou Alpha Centauri A é a estrela mais brilhante à esquerda. Toliman ou Alpha Centauri B está à direita e Próxima Centauri, a mais próxima de nós, está na região destacada pelo círculo vermelho (Wikimedia Commons)
O fato de Próxima Centauri ser de fato a estrela mais próxima de nós depois do Sol e ser tão difícil de ser observada nos lembra que apenas olhando para o brilho das estrelas não podemos dizer absolutamente nada sobre suas distâncias. Uma estrela mais brilhante que outra não está necessariamente mais próxima, assim como uma menos brilhante não está necessariamente mais distante.
Carta Celeste do céu do RIo de Janeiro, 17 de abril de 2019 ás 20h30 (horario local)
O céu que os rodeia está cheio de objetos interessantes e mistérios a serem desvendados. Nos últimos dias, por exemplo, tivemos a primeira foto do horizonte de eventos de um buraco negro, algo desejado pelos astrônomos há décadas!
Além dos mistérios aguardando o espírito humano os alcançarem, o espaço nos mostra cenas de beleza estonteante e guarda lendas criadas por nossos antepassados. Nessas noites, acontece no céu um belíssimo espetáculo teatral onde duas constelações são atores da representação de uma das mais belas lendas, que nos fala sobre uma mensagem que Zeus, o deus dos deuses na mitologia grega, queria que a humanidade recebesse e se recordasse constantemente. Essa mensagem fala sobre arrogância.
Órion era um gigante e um exímio caçador, muito corajoso e habilidoso. Mas também era pouco humilde e gostava de se gabar demais de suas proezas. Um dia, ele disse que era o maior dos caçadores e que não havia nenhum animal capaz de escapar à sua caçada. Dizendo isso, enfureceu Artemis, deusa da caça. Apesar de ser a deusa da caça, Artemis era protetora dos animais, e não gostou nada do que disse o gigante Órion. Assim, enviou um escorpião para duelar com o caçador. Na briga, Órion foi picado pelo escorpião e morreu.
Carta Celeste do céu do Planetário do Rio, 17 de abril de 2019 às 20h30min (horário local). Clique na Carta para ver maior
Para que os homens se lembrassem do caçador que foi morto por um escorpião em consequência de sua arrogância, Zeus os transportou para o céu de modo que a cena da perseguição se eternizasse sobre nossas cabeças.
Repare na Carta Celeste acima. No horizonte oeste (à direita marcado pela letra W) vemos o Órion se pondo. Do outro lado do céu, no ponto oposto, ao leste (à esquerda, onde está a letra E), vemos o Escorpião surgindo. (O Escorpião é a constelação que abriga o aglomerado estelar M4, em evidência na Carta Celeste.)
O movimento que vemos as estrelas fazendo ao longo de uma noite é o mesmo movimento que percebemos no Sol durante o dia. Chamamos esse movimento de movimento diurno, e ele é uma consequência do movimento de rotação da Terra. Nosso planeta gira e vemos tudo o que está fora dele se movendo no sentido oposto.
Graças ao movimento diurno, a constelação do Órion e a constelação do Escorpião nunca são vistas por inteiro juntas no céu. Apenas quando uma se põe a outra aparece.
Essa é apenas uma das várias versões que existem na mitologia para a morte de Órion e sua relação com Artemis, ou Diana, na mitologia romana.
E Zeus, além de nos deixar esse eterno lembrete numa encenação celestial, também nos deixou uma boa dica para quem busca conhecer o mapa das estrelas: se você estiver vendo o Órion no céu, não estará vendo o Escorpião; e se estiver vendo o Escorpião, pode ter certeza que não estará vendo o Órion.
Esse é o primeiro texto da coluna Segunda do Céu, que faz parte dessa nova fase do website do Planetário do Rio. Aqui, todas as segunda-feiras, conversaremos sobre coisas relacionadas ao céu e à sua observação. Falaremos sobre identificação do céu, astronomia fundamental, astronomia de posição, equipamentos de observação, técnicas observacionais e quaisquer outros assuntos que possam nos aproximar dessa deliciosa atividade de observação do céu.
Se você nunca teve o hábito de olhar para o céu, e está começando suas leituras por aqui, a primeira coisa que quero é: sinta o frio na barriga! Sinta o arrepio que olhar para o céu nos proporciona! E mantenha isso, nunca deixe de se admirar com o céu. Se a observação do céu já uma rotina para você, suponho que você conheça esse encanto produzido pelo céu, e quero que o cultive cada vez mais. Espero que esses textos possam estimular e dar aos leitores algumas informações sobre o céu que observamos. Espero também que esses textos sirvam de reforço ao permanente convite para você vir observar o céu com os telescópios do Planetário às quartas ou aos sábados.
Nessa semana de estréia, temos um céu cuja grande atração para observação será a Lua, que passa pelo quarto crescente dia 12 de abril, sexta-feira. A Lua próximo do Quarto Crescente aparece numa região alta do céu ainda no início da noite e está iluminada de forma a proporcionar a melhor observação ao telescópio.
Em geral, a Lua cheia é a mais bonita para contemplação, sem telescópios ou binóculos. Mas quando a Lua está próxima a um dos quartos, crescente ou minguante, temos apenas uma parte iluminada e outra parte sem receber luz do Sol. Nessa situação, o contraste entre a parte iluminada e a parte não iluminada nos permite ver com mais clareza num telescópio os detalhes de sua superfície. Na Lua Cheia sua superfície está tão iluminada que fica difícil perceber detalhes da superfície.
A Lua nessa semana em que entra no Quarto Crescente estará passando pela constelação do Touro. A Carta Celeste abaixo mostra o céu do Rio de Janeiro dia 10 às 18h30.
Rio de Janeiro, 10 de abril de 2019, 18h30 (hora local)
Um pouco mais baixo que da Lua, mais próximo ao horizonte, ainda podemos ver Marte no céu, já se tornando um planeta difícil de se observar. Objetos mais altos no céu são melhores de se observar por estarem numa posição com menos influência da poluição luminosa e com menos obstáculos, como prédios e montanhas.
Nas próximas semanas vamos ter a chance de falar sobre outros aspectos desse céu e, ao longo do ano, vamos acompanhando as mudanças celestes que ocorrem.
O segundo maior planeta do Sistema Solar é Saturno, um gigante gasoso. Sua densidade é menor que a da água, mas o que realmente o distingue dos demais é seu vasto sistema de anéis. Os anéis de Saturno são compostos por uma miríade de partículas de gelo e rocha que circundam seu equador em diversos anéis concêntricos. Existem, além de anéis, 62 satélites conhecidos até o momento. Entre estas luas saturnianas encontramos Titã, uma vez e meia maior que a nossa Lua. Várias sondas espaciais já visitaram Saturno e a maior parte das imagens deslumbrantes deste astro vieram destes encontros.
Saturno é considerado o planeta mais bonito visto ao telescópio. Depois da Lua Crescente, é o que há de melhor para começar a observar o céu ao telescópio. Nos dias de Lua Cheia, esta atrapalha um pouco. Se você nunca observou o céu ao telescópio, uma noite ideal é aquela que tenha uma lua crescente e Saturno no céu. As próximas noites de observação aqui no Planetário com estas duas joias no céu são: 18/07, 18/08 e 15/09. No próximo dia 27, uma quarta-feira, Saturno estará em oposição, a melhor época para observar planetas externos à órbita terrestre. Se não conseguir observar no dia não tem problema. Nos próximos dias ainda vai dar para ver bem. Saturno estará praticamente tão brilhante no próximo mês como no dia da oposição. É só torcer para o tempo ajudar e não nublar.
27/6/2018 – O céu no dia da oposição de Saturno (marcado com uma cruz vermelha). Saturno estará bem perto da Lua, na constelação do Sagitário e visível no início da noite na direção do nascente. Bem mais acima, na constelação da Libra (de frente ao Escorpião) estará, ainda bem brilhante, o planeta Júpiter.
Como falei acima, quando ocorre a oposição é a melhor época para ver um planeta externo à órbita da Terra (Marte, Saturno e Júpiter, só pra citar os mais brilhantes). Nesta época a distância do planeta à Terra é menor e, por consequência, o brilho e o tamanho da sua imagem são maiores. Além disso, o planeta fica mais tempo acima do horizonte: praticamente a noite toda. É o início do período bom para observar estes planetas na nossa atividade de observação do céu (às quartas 18h30min e sábados às 19h). Veja em http://www.planetariodorio.com.br/observacao-do-ceu/. Em julho será a vez de Marte, no dia 27. Por enquanto ele aparece como um astro brilhante e dourado durante as madrugadas mais limpas. Vamos aguardar.
Representação, fora de escala, das posições do Sol, da Terra e de Saturno durante a oposição.
No próximo dia 8 de maio, o planeta Júpiter estará em oposição, melhor época para observá-lo. Ele já está bem visível no céu e permanecerá assim por um bom tempo mas, no período da oposição, ele fica mais tempo no céu noturno.
A cada 13 meses Terra e Júpiter têm um “encontro” especial. Quando isso ocorre, o gigante gasoso apresenta as melhores condições de observação, ficando bem brilhante e podendo ser visto ao longo de toda a noite. Chamamos esse encontro de oposição, porque Júpiter estará oposto ao Sol no céu. Mas como ocorre a oposição de Júpiter, e porque o planeta fica mais brilhante?
Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, contendo uma gigantesca atmosfera gasosa que atua como um espelho refletindo a luz do Sol. Isso já garante que o belo planeta tenha um brilho considerável e constante. Não por acaso, este planeta recebeu na mitologia greco-romana o nome do Deus dos deuses.
As oposições planetárias só ocorrem com os planetas superiores (aqueles mais afastados do Sol do que a Terra, como é o caso de Júpiter). Na imagem abaixo, ilustramos as posições principais que um planeta superior pode ocupar para uma determinada posição da Terra. Como pode ser facilmente percebido, na época das oposições o planeta fica mais próximo da Terra e, além disso, visto da Terra, se encontra oposto ao Sol, garantindo a máxima condição de iluminamento pelo astro-rei.
Ilustração das órbitas da Terra e de um planeta superior em torno do Sol. Quatro possíveis posições estão destacadas, mas a que nos interessa é a da oposição. A melhor época para observar um planeta superior é quando ele se encontra em oposição ao Sol, pois está mais perto da Terra e numa posição favorável para a sua observação. Distâncias e tamanhos não estão em escala.
Este ano a oposição de Júpiter ocorrerá no dia 7 de abril às 18h (horário de Brasília), quando o planeta estará a 666,5 milhões de quilômetros da Terra.
E então, quer tentar identificar o planeta no céu? Uma vez que o planeta estará bem brilhante, será uma tarefa bem simples. A carta celeste abaixo ajuda a identificar o planeta por entre as constelações. Ela foi confeccionada para as 21h45min da noite da oposição (7 de abril de 2017), para a cidade do Rio de Janeiro. Ela poderá ser usada durante todo o mês de abril.
Carta celeste indicando a posição de Júpiter em 7/4/2017 às 21h45min, para a cidade do Rio de Janeiro.
Se você mora em outra cidade, pode obter uma carta adequada AQUI (lembre-se de definir sua cidade antes de gerar a carta). Não custa lembrar que o ideal é olhar para para o céu num lugar com pouca luz urbana, e que tenha o horizonte livre de prédios e montanhas.
Você está convidado a vir ao Planetário nas noites de quarta-feira, e observar o planeta ao lado da equipe de astrônomos da casa. A atividade de observação do céu começa às 18h30min e a entrada é franca. Lembre-se que se o céu estiver nublado ou chuvoso a observação será cancelada.
Não é necessário correr. Como o planeta se move lentamente no céu, as boas condições de visibilidade não estarão restritas à data da oposição. Ele permanecerá disponível no céu, e praticamente com mesmo brilho, nos dois próximos meses.
Será também uma excelente oportunidade para os astrônomos amadores que têm como hobby a fotografia dos fenômenos celestes. Que tal pegar a sua câmera e tentar umas fotos bacanas como a abaixo?
Júpiter é o ponto mais brilhante no meio da foto. Fotografado na Áustria. Crédito: Rudolf Dobesberger
Outra dica: alguns dias depois da oposição de Júpiter, teremos outro “encontro”: o de Júpiter com a Lua Cheia. Na noite de 10 de abril, os dois astros surgirão juntinhos no horizonte leste, e assim permanecerão a noite toda, montando um belo cenário para fotos, ou apenas para curtir com os amigos.
Uma das curiosidades celestes do verão pode ainda ser contemplada nas noites quentes do mês de março: o “Triângulo do Inverno”. Esse é o nome do grupo de estrelas tema deste blog. Opa, inverno?! Antes que você comece a se questionar, achando que o astrônomo “trocou as bolas”, já antecipo: não é um engano.
Enquanto é verão no nosso hemisfério (o sul), lá no hemisfério norte, é inverno. Triângulo do Inverno é como o nosso grupo de estrelas é conhecido no hemisfério norte. Já no nosso hemisfério ele não tem um nome específico.
Antes de mais nada, precisamos esclarecer, o Triângulo do Inverno não é uma constelação, mas um dos melhores exemplos de asterismo. Os asterismos são grupos de estrelas que formam padrões muitas vezes mais fáceis de identificar do que várias das 88 constelações. Um asterismo bem conhecido entre nós, é o grupo conhecido como “Três Marias”, na constelação do Órion.
Em nosso hemisfério, o Triângulo do Inverno é mais facilmente observado entre os meses de janeiro e março. É formado pelas estrelas Betelgeuse na constelação do Órion, Sírius em Cão Maior, e Procyon em Cão Menor. As três estrelas são bem brilhantes, e dispostas de maneira a formar um triângulo no céu. Por volta das 20h, nas noites do mês de março, a figura será facilmente identificada.
O que você acha de tentar identificar o Triângulo do Inverno no céu? Como bônus você poderá identificar as constelações onde estas estrelas estão localizadas, como um jogo de ligue os pontos. A carta celeste abaixo é para as 20h do dia 15 de março, e poderá ser usada sem problemas durante todo o mês de março, sempre por volta do mesmo horário.
Carta celeste para às 20h ao longo do mês de março. Nesse horário o grupo estará bem alto no céu. À medida que a noite avançar, a dica é olhar na direção oeste (poente). O Triângulo do Inverno está indicado em vermelho.
Mas por onde começar? Vá para um local onde você possa ver o céu, sem muita luz urbana, e com o horizonte bem amplo (sem prédios ou montanhas). Você provavelmente sabe identificar as “Três Marias”, certo? Então comece por elas, e estará na constelação de Órion. Ela está bem alta no céu, por volta das 20h. Encontre a estrela Betelgeuse, bem brilhante e de cor avermelhada, e você terá um vértice do triângulo. Agora não tem como errar: um pouco para o sul, e você chega na estrela Sirius. Ela é a estrela mais brilhante do céu noturno e é, também, o segundo vértice do nosso triângulo. Por fim, um pouco para o norte, você encontrará outra estrela brilhante, Procyon, e o triângulo estará completo.
Betelgeuse é uma estrela gigante vermelha que está a uma distância de 650 anos-luz. Quando estiver olhando para ela, estará diante de um gigantesco corpo celeste, que possui um diâmetro de 350 milhões de quilômetros. Tão grande que é maior que a órbita da Terra ao redor do Sol! Sírius está bem mais próxima de nós: “apenas” 8,6 anos-luz. Ela, na verdade, é uma estrela dupla, mas a companheira não é fácil de observar, pois é muito fraca e está muito perto da estrela principal. Procyon é uma estrela amarelada localizada a cerca de 11 anos-luz.
O Triângulo do Inverno é um dos alvos prediletos para os habitantes do hemisfério norte. Alguns mais entusiasmados, obtêm fotos bem bacanas, como a abaixo, usando a natureza como cenário. A propósito, você consegue identificar o Triângulo do Inverno na foto? Uma dica: a disposição das constelações muda radicalmente em função da latitude do observador, então não espere que o Órion esteja “deitado” como na carta celeste acima, que foi feita para a latitude do Rio de Janeiro!
Foto obtida em Lake Annette / Jasper National Park, Alberta, em 25/10/2015.
Todas as quartas-feiras, a partir das 18h30min, o Planetário disponibiliza, de forma gratuita, seus telescópios ao público para a observação de objetos celestes. Esta é uma de minhas atribuições mais prazerosas como astrônomo da Fundação Planetário: atuar na observação pública do céu. É uma atividade lúdica, que permite ao visitante a observação da Lua, dos planetas e das nebulosas, sob a supervisão de astrônomos. Durante as atividades, é comum as pessoas fazerem perguntas e surgir debates bem interessantes.
Cúpulas dos telescópios da Fundação Planetário.
Infelizmente, alguns fatores podem atrapalhar e inviabilizar a observação do céu: céu nublado ou parcialmente encoberto, que impedem a realização da atividade. Além disso, nem sempre temos no céu a Lua ou algum planeta. Foi esse o caso da observação no dia 22/02/17. Sem Lua, sem planetas e, ainda por cima, uma fina nebulosidade. Por sorte, estava prevista a passagem da Estação Espacial Internacional durante o horário da observação do céu, e o público foi brindado com uma bela e intrigante visão.
Estação Espacial Internacional – ISS
Pouca gente sabe, muitos talvez até já tenham visto sem saber o que era, mas é possível observar a Estação Espacial Internacional (ISS – sigla em inglês para International Space Station) numa noite de céu aberto. E o melhor, sem o auxílio de telescópio ou de binóculo.
Ela gira ao redor da Terra numa altitude de 400km, dando uma volta completa em cerca de 1h30m. Graças ao seu tamanho, essa “casa” espacial de mais de 500 toneladas, consegue refletir para a Terra uma boa quantidade da luz do Sol, tornando-a um alvo brilhante para o observador. Pois bem, na noite do dia 22 de fevereiro, por volta das 19h22min a estação surgiu bem visível rumando na direção Norte-Sul, e assim permaneceu por cerca de seis minutos, caminhando por entre as estrelas. Era como uma estrela, porém bem mais brilhante e em movimento. Uma visão inesquecível para quem estava no Planetário naquele momento.
Interessante não é? Que tal você tentar observar a passagem da ISS? Além de se aproximar um pouco do mundo da tecnologia espacial, você acabará aprendendo também um pouco sobre identificação das constelações e das estrelas mais brilhantes.
A órbita da ISS pode ser acompanhada por qualquer um que tenha um computador ou smartphone, e acesso à internet. Aliás, fique sabendo que não só a ISS pode ser vista. Outros satélites relativamente brilhantes podem ser observados num céu sem nuvens e, de preferência, sem Lua. O aplicativo que uso para monitorar a passagem dos satélites é o Heavens Above (http://www.heavens-above.com/), que produz uma carta celeste para o horário de cada passagem. A carta que ele gerou para esta passagem da ISS pode ser vista abaixo.
Trajetória da ISS para o dia 22 de fevereiro de 2017.
Repare que a trajetória da ISS no céu é identificada por uma linha que cruza toda a carta e passa por várias constelações, como o Touro, o Órion e o Cão Maior. Alguns horários são colocados, para ajudar a achar o satélite no céu. Como você já deve ter percebido, é necessário um conhecimento mínimo sobre as constelações. Nada muito complicado, uma vez que você pode imprimir a carta celeste e compará-la diretamente com o céu. Com o tempo, conhecendo melhor o céu e o aplicativo, você poderá se programar com antecedência e, quem sabe, capturar uma bela foto como a abaixo, obtida na Nova Zelândia, durante uma passagem da ISS em 2014.
Crédito: Andrew Caldwell
Em breve farei uma apresentação detalhada da versão do Heavens Above para computador, celulares e tablets, com dicas para o caçador de satélites iniciante.