Teremos duas superluas em breve, dia 14 de junho e 13 de julho!
Vale a pena ver? Sim!
Será bonito? Sim!
Exatamente como toda Lua Cheia.
Temos uma superlua quando a Lua Cheia ou a Lua Nova coincide com o perigeu, o ponto na órbita em que a Lua está mais próxima da Terra. A superlua nova não chama a atenção porque nesta fase a face oculta de nosso satélite está sendo iluminada enquanto a face voltada para a Terra não recebe luz do Sol. Logo, exatamente na lua nova, não vemos a Lua no céu. Por outro lado, na Lua Cheia, a face lunar voltada para a Terra está totalmente iluminada. Assim, normalmente, quando se fala em superlua está sendo feita referência a uma superlua cheia, raramente se utiliza a expressão para uma superlua nova.
Tudo o que está mais próximo parece maior e mais brilhante, certo? Isso acontece também com a Lua durante uma superlua cheia. Mas essa diferença não pode ser percebida diretamente com os olhos. É preciso fazer uma comparação do tamanho e brilho da Lua durante e fora de uma superlua com fotografias para notarmos a diferença. Veja essa imagem comparando o tamanho de uma Lua Cheia tradicional com o tamanho de uma superlua:
Perceba que essa diferença de tamanho é imperceptível aos nossos olhos, e a diferença de brilho também é.
Portanto, em vez de esperar uma Lua Cheia muito diferente das outras e certamente se frustrar, sempre observe as superluas pelo que elas trazem no invisível: a informação sobre sua distância. Apesar de você não conseguir de fato perceber a diferença, você sabe que ela está mais próxima do que o normal! E esse conhecimento vem de um longo desenvolvimento que partiu de antes dos babilônios, passou por diversas culturas, avanços tecnológicos e chegou até você.
E lembre-se que a natureza nos oferece mais espetáculos do que normalmente percebemos. Celebrar as superluas é ótimo, mas celebremos também as outras Lua Cheias! E celebremos também os Quartos Crescentes e Minguantes, quando nossa Lua fica linda para ser observada com um telescópio. E por que não celebrar a tímida Lua Nova que marca o início de um novo ciclo de fases?
Durante a superlua de 13 de julho, nosso satélite estará cerca de 240 km ainda mais próximo que em 14 de junho. Faça uma experiência de observar essas duas superluas e compare com a outra lua cheia que acontece em agosto. Se puder tirar uma foto, envie para o Planetário!
Lua de Morango e de Cervo
Especificamente as próximas superluas de 14 de junho e 13 de julho estão sendo chamadas respectivamente de superlua de morango e superlua de cervos. Esses apelidos são dados a algumas Luas Cheias, não necessariamente superluas, e tem origem em uma tradição norte-americana.
Nos Estados Unidos, desde 1792 é publicado um almanaque que hoje chama-se The Old Farmers Almanac (O Velho Almanaque do Fazendeiro, em tradução livre. Evidentemente, no início chamava-se apenas O Almanaque do Fazendeiro). Esta publicação trazia previsão do tempo, receitas, dicas para plantação e efemérides astronômicas, entre outras coisas. Este almanaque foi responsável por popularizar ainda mais nomes folclóricos para alguns momentos astronômicos.
A Lua Cheia do mês de Junho, normalmente a última da primavera ou a primeira do verão no hemisfério norte da Terra, é chamada de Lua de Morango porque marca a época da colheita do morango. As frutas estão lindas esperando para serem colhidas. Não tem nada a ver com a Lua propriamente dita. Nem com a cor da Lua, nem com o sabor dela (?)
De forma semelhante, a Lua Cheia de Julho é chamada de lua de cervo ou de bode porque os animais estão com seus chifres totalmente renovados em um processo natural que ocorre com o passar dos anos.
Por acaso essas duas luas cheias serão superluas em 2022. Mas note que o apelido “morango” ou “cervo” refere-se à Lua Cheia desses meses, não ao fato de serem superluas.
Há ainda outros nomes folclóricos popularizados pelo Old Farmer’s Almanac para essas luas cheias. A de junho, por exemplo, além de Lua de Morango pode se chamar Lua de Florescer ou Lua do Milho Verde. A Lua Cheia de julho pode também ser chamada de Lua da Muda de Penas e Lua de Salmão, sempre com um correspondente a algo que observamos na fauna e na flora devido às mudanças climáticas das estações.
Esses nomes todos só fazem sentido para a cultura do hemisfério norte, não há um correspondente aqui para nós no hemisfério sul. Em junho e julho temos carambola no Brasil, portanto, se quiser um apelido saboroso, lua de carambola seria mais adequado. Ou de banana, que temos quase o ano todo.
Por que a Lua Fica Maior no Horizonte?
Já que estamos falando sobre superlua, e sobre distância da Lua, é interessante falar sobre a famosa questão do tamanho da Lua quando está próximo ao horizonte. De fato ela parece maior, mas apenas parece. E ela não está mais perto, na verdade, quando você vê a Lua no horizonte ela está mais distante de você que quando a vê sobre sua cabeça, alta no céu.
A sensação de parecer maior quando a vemos no horizonte tem várias explicações, uma delas envolvendo os efeitos chamados micropsia e macropsia que estão associados ao ângulo que um objeto ocupa em nosso campo de visão. Mas uma outra explicação mais simples para entendermos é pensar que quando vemos a Lua perto do horizonte, normalmente há outros elementos no mesmo campo, como prédios, árvores ou montanhas. Nesse contexto, ela vai parecer maior porque há objetos de comparação, diferente de quando a vemos isolada no céu sem algum objeto na mesma direção.
A mesma coisa acontece quando vemos um quarto vazio, sem móveis. Ele parece pequeno… mas quando o mobiliamos, decoramos e colocamos objetos dentro dele, automaticamente ele parece maior. Mas só parece! O tamanho do quarto permaneceu o mesmo.
Anotem na agenda:
- Terça, 14 de Junho
- Quarta, 13 de Julho
Texto Astrônomo Leandro L S Guedes
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