Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...

Sempre ativado

Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.

Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.

Categories
Coluna do Astrônomo

Omega Centauri

Estamos numa época do ano em que a região das constelações do Cruzeiro do Sul e do Centauro chamam especial atenção. Nos últimos posts da sessão temos falado bastante dessa região, que é bastante fácil de ser reconhecida no céu logo no início da noite. Procure descobrir onde está o Sul (se o Sol se pôs à sua direita, o Sul estará à sua frente) e procure no céu a inconfundível cruz do Cruzeiro do Sul.

No que diz respeito a aglomerados estelares, essa região é muito interessante porque possui dois fáceis de serem observados, e cada um de um tipo diferente. Um deles é a Caixinha de Jóias, no Cruzeiro do Sul, sobre o qual já falamos um pouco nesse post recentemente. O outro fica na constelação que cobre o Cruzeiro, o Centauro, uma figura mitológica meio homem, meio cavalo.

Veja na carta abaixo, com o céu do Rio no dia 29 de maio de 2019 às 19h, a localização do aglomerado Omega Centauri.

Céu do Rio, 29 de maio de 2019, destacando a posição de Omega Centauri.

Aglomerados estelares são de dois tipos: abertos ou globulares; esses últimos também chamados fechados.

Aglomerados abertos, como a Caixinha de Jóias, são formados por estrelas novas, e localizam-se no plano da Galáxia. Aglomerados globulares, como Omega Centauri, são formados por estrelas mais antigas, e distribuem-se ao redor da Galáxia, numa região conhecida como halo. As estrelas da Caixinha têm aproximadamente 16 milhões de anos de idade, enquanto as de Omega Centauri aproximadamente 11,5 bilhões de anos.

Aglomerados globulares são mais populosos que os abertos. Enquanto Omega Centauri possui cerca de 10 milhões de estrelas, a Caixinha de Jóias possui pouco mais de 100 estrelas.

Uma frase muito comum em Astronomia é “os objetos estão próximos no céu”, ou “os objetos estão afastados no céu”. Isso se refere ao que chamamos distância aparente, aquela que leva em conta apenas a posição dos objetos no céu, e não a sua distância real. Podemos dizer que Omega Centauri e Caixinha de Jóias estão próximos no céu, mas suas distâncias a nós são: cerca de 15,8 anos-luz para Omega Centauri e cerca de 6,4 anos-luz para a Caixinha de Jóias.

A Caixinha de Jóias é mais brilhante que Omega Centauri e tem marcado sua presença nas observações do céu aqui no Planetário que acontecem às quartas e aos sábados.

Bons Céus!

Categories
Coluna do Astrônomo

Jóias no Céu

Olhando para céu no início das noites nessa época do ano, um pouco acima do horizonte sul, podemos ver uma das constelação mais representativas do céu brasileiro: o Cruzeiro do Sul.

Inicialmente tombada no começo da noite, ele vai se erguendo na medida que as horas passam. Nessa constelação encontramos um objeto extremamente interessante de se observar ao telescópio.

Aglomerado aberto da Caixinha de Jóias, ou NGC 4755 (ESO)

Trata-se de um aglomerado estelar formado por estrelas bastante coloridas, de onde vem seu bonito nome de Caixinha de Jóias. Está localizado a uma distância de cerca de 6.4 mil anos-luz e suas estrelas são bebês astronômicos, com apenas 16 milhões de anos de idade.

Nas estrelas, cores estão sempre associadas com temperaturas, sendo as mais azuladas mais quentes e as mais avermelhadas menos quentes (é o contrário do que diz nossa percepção que associa vermelho ao quente).

As estrelas de um aglomerado nascem da mesma nebulosa, e no mesmo período de formação estelar. Ou seja, possuem todas a mesma idade. O fato de terem cores diferentes indicam que se desenvolveram de maneiras diferentes, devido ás diferentes massas co que cada uma se formou. Por isso, os aglomerados são excelentes laboratórios para os astrônomos estudarem evolução estelar.

O brilho da Caixinha de Jóias está bem no limite do que olho humano consegue observar sem instrumentos, mesmo num céu ideal, longe da poluição luminosa. Mas pode ser encontrado facilmente na constelação do Cruzeiro do Sul. Veja a Carta Celeste abaixo, para a próxima quinta-feira, às 19h no Rio de Janeiro.

Carta Celestes para o Rio de Janeiro, dia 2 de maio de 2019 às 19h no Rio de Janeiro.

A Caixinha de Jóias fica nas proximidades da estrela que marca o braço esquerdo da cruz, a estrela conhecida como Mimosa.

Sempre que possível observamos a Caixinha aqui do Planetário, às quartas ou aos sábados.

Bons Céus!

Categories
Coluna do Astrônomo

Uma paisagem de formação estelar – NGC 3603 e NGC 3576

Novamente o ESO publica uma imagem espetacular do espaço. Todas essas imagens geradas pelos equipamentos do observatório mostram que, apesar de estarmos na era dos telescópios espaciais, muita coisa boa em termos de técnicas para se obter imagens astronômicas pode continuar sendo feita aqui do chão.

Nessa imagem, publicada hoje, aparece uma região de HII, sendo a parte da esquerda onde localiza-se o aglomerado estelar aberto NGC 3603, distante cerca de 20 mil anos-luz de nós, e a parte da direita onde está a nebulosa NGC 3576, distante de nós cerca de 9 mil anos-luz. Apesar da imagem, aparentemente, mostrar algo como uma estrutura única, existem duas regiões bastante distantes entre si.

O NGC 3603 tem em seu centro um sistema estelar Wolf-Rayet, conhecido como HD 97950, e é nesse aglomerado que está a maior concentração de estrelas massivas conhecidas na Via Láctea. Esse aglomerado está numa região de formação estelar muito ativa.

No entorno de NGC 3576 podemos ver alguns filamentos que são gás e poeira ejetados pelo vento estelar de estrelas jovens na região central da nebulosa. Esses filamentos estendem-se a centenas de anos-luz de distância.

Tanto o aglomerado NGC 3603 e como NGC 3576 foram descobertos por John Herschel, em 1834, durante sua expedição de três anos para mapear o céu do hemisfério sul. Você pode imaginar a satisfação que teria esse astrônomo do século dezenove de ver sua descoberta fotografada dessa maneira?

Categories
Coluna do Astrônomo

Bebês astronômicos em NGC 3293

Belas imagens captadas recentemente pelo observatório de La Silla, pertencente ao Observatório Europeu do Sul, ESO (do inglês European Southern Observatory), localizado no Chile, mostram as estrelas do aglomerado aberto  NGC 3293 com uma definição nunca antes obtida. Esse aglomerado está na constelação de Carina a uma distância de 8.000 anos-luz da Terra.

As estrelas desse aglomerado começaram a se formar a cerca de dez milhões de anos atrás, a partir do gás e poeira cujo restante ainda se vê na foto. O NGC 3293 é formado por um conjunto de mais de 50 estrelas e foi descoberto com um pequeno telescópio pelo astrônomo francês  Abbé Nicolas Louis de La Caille entre 1751 e 1752 na África do Sul.

Estrelas de um aglomerado nascem de uma mesma nuvem de gás e poeira, ou seja, têm todas a mesma composição química inicial. Por isso, aglomerados como esse são excelentes laboratórios para estudarmos a evolução estelar. É possível ver como estrelas de diferentes massas, mas mesma composição química inicial, evoluíram com o passar do tempo.

Para você ter uma ideia de como esse aglomerado, com menos de dez milhões de anos é um bebê, compare esse tempo com a idade do sol: 4,6 bilhões de anos.

Aglomerados abertos não possuem muitas estrelas e sua gravidade não é suficiente para manter todo o conjunto coeso na medida em que este interage com outros aglomerados e nebulosas. Por isso, aglomerados abertos como o NGC 3293 duram apenas algumas centenas de milhões de anos, enquanto os aglomerados globulares, com muito mais estrelas, duram milhares de milhões de anos.

Bom, de qualquer forma, ainda temos um bom tempo para observarmos o NGC 3293. Ele é fácil de ser visto no céu sem telescópio, e abaixo está uma carta celeste da região de Carina, ou Quilha, com a localização do aglomerado indicada. Não precisa se apressar.

 

Categories
Coluna do Astrônomo

Um Aglomerado no Rastro da Quilha

 

O European Southern Observatory (ESO) divulgou uma nova e bela imagem do aglomerado estelar [http://astronomia.blog.br/aglomerados-estelares/] NGC 3590. Está localizado a cerca de 7.500 anos-luz [http://astronomia.blog.br/ano-luz/] na constelação de Carina, ou Quilha, e sua idade é de aproximadamente 35 milhões de anos.

As estrelas de um aglomerado formam-se aproximadamente ao mesmo tempo e a partir do mesmo material, por isso, estudar os aglomerados é fundamental para construir e testar teorias de evolução estelar. A diferença inicial mais marcante entre as estrelas que nasceram juntas num mesmo aglomerado é sua massa inicial. Eles são laboratórios onde podemos ver como estrelas de massas diferentes, e mesma química inicial, evoluem com o passar do tempo.

 

Essa imagem do NGC 3590 nos mostra regiões escuras de poeira que bloqueiam a luz das estrelas que estão atrás, e regiões brilhantes que aparecem em tons avermelhados e alaranjados que estão refletindo a luz de estrelas próximas.

 

Os aglomerados abertos possuem estrelas jovens… sim, 35 milhões de anos é uma idade jovem em termos astronômicos. E as estrelas jovens formam-se no disco da Via Láctea, mais precisamente em seus braços espirais.

 

O vídeo abaixo faz uma rápida viagem pela região do céu onde foram obtidas as imagens que geraram esse belo resultado do NGC 3590, mostrando sua localização no disco galáctico.

https://www.youtube.com/watch?v=t1H27062tmk

 

Categories
Coluna do Astrônomo

Companheira de um Magnetar

 

Quando uma estrela com muita massa morre, ela passa pelo processo de supernova, e o que resta será uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Existem estrelas de nêutrons que possuem campos magnéticos extremamente fortes e são os mais poderosos imãs conhecidos na natureza: os magnetars ou estrelas magnéticas.

 

Existem poucos magnetars conhecidos na Via Láctea, pouco mais de 20 até agora, e um deles está no aglomerado aberto Westerlund 1, localizado a 16 mil anos-luz na constelação do Altar (Ara). O nome pelo qual os astrônomos chamam esse objeto é CXOU J164710.2-455216. O grande problema com esse magnetar (além do nome) é que ele nasceu da morte de uma estrela com mais de 40 vezes a massa do Sol. Uma estrela com essa massa daria origem a um buraco negro e não a uma estrela de nêutrons. Mas uma solução pode ter surgido num trabalho recente.

 

Uma das ideias era a de que a estrela que originou o CXOU J16… digo, esse magnetar, fazia parte de um sistema duplo, ou seja, não era uma estrela solitária mas possuía uma companheira. Ambas orbitavam uma em torno da outra e estariam mais próximas entre si do que a Terra está do Sol. Entretanto, até agora, a segunda estrela nunca tinha sido observada.

 

Uma possibilidade era a de que essa segunda estrela tivesse sido arremessada do aglomerado pela explosão da supernova que originou o magnetar. Recentemente, astrônomos procuraram por uma estrela que poderia ter fugido do aglomerado Westerlund 1 com alta velocidade, e encontraram a Westerlund 1-5.  Além da velocidade peculiar, essa estrela possui características químicas incomuns para estrelas isoladas, o que indica que ela deve ter feito parte de um sistema binário no passado.

 

Sendo essa estrela a antiga companheira daquela que deu origem ao magnetar, eis o que deve ter acontecido: a estrela com maior massa começou a ficar sem combustível, e o material de suas camadas mais externas foi gradativamente capturado pela estrela com menor massa. Essa estrela menor será o magnetar. Nesse processo, a velocidade de rotação da estrela que está recebendo material aumenta. Quanto mais massa agregada, maior a velocidade de rotação. A rotação rápida é o ingrediente fundamental da formação dos intensos campos magnéticos dos magnetars.

 

E justamente a rápida rotação pode ter lançado novamente para o espaço parte da matéria que estava sendo recebida, sendo que uma pequena quantidade voltou para sua estrela original. Isso explicaria alguns traços químicos da Westerlund 1-5 e o fato de termos tido a formação de uma estrela de nêutrons e não de um buraco negro.

 

A pequena quantidade de magnetars conhecidos não oferece muitas possibilidades de comparação desse modelo com outros objetos observados, o que seria um excelente teste. E, como os magnetars realmente não são muito comuns, um teste satisfatório talvez ainda esteja longe para esse modelo.