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Coluna do Astrônomo Conteúdo científico

James Webb, vendo mais longe e melhor

Naelton Mendes de Araujo

Demorou mas chegou…

Esq.: JW dobrado na coifa do foguete. Acima: Logo da missão. Ao fundo: lançamento do JW. DIr: Espelho do JW durante a montagem.

O mais esperado telescópio espacial, o James Webb (JW), é considerado o sucessor do Hubble Space Telescope (HST). Seu projeto começou em 1996 mas seu lançamento só ocorreu em dezembro de 2021. O lançamento correu bem, mas a equipe só relaxou após um período de mais de 15 dias, depois de complicadas manobras. Estas manobras levaram o veículo espacial até quase um milhão e meio de distância da Terra. O veículo foi todo dobrado dentro da coifa do foguete como se fosse um origami que se abriu no espaço. Este processo incluiu o desdobramento de painéis solares, para-sois e o próprio espelho do telescópio composto de várias células hexagonais.

Esq.: Aspecto do JW depois de desdobrado. Dir.: Comparação dos espelhos do HST com o JW.

Que comecem os trabalhos…

Na última terça feita (12 de julho de 2022) em uma conferência de imprensa global foram anunciadas as primeiras imagens que se mostraram mais nítidas do que qualquer outra já feita. Uma comparação do JW e o HST é um tanto forçada. O JW “enxerga” no infravermelho e HST cobre uma faixa mais ampla do espectro eletromagnético centrada no visível. Além disso o espelho do JW é quase o triplo do espelho do HST. Quanto maior espelho mais luz é captada e mais nitida é a imagem.

Infravermelho?

O infravermelho nos permite ver melhor através da poeira e o gás que envolve vários astros. Outra vantagem: devido ao desvio para o vermelho (efeito Doppler) objetos mais distantes tem sua cor deslocada para o infravermelho. Assim o JW pode ver mais longe e com melhor definição vários objetos de interesse: galáxias distantes, o centro da nossa galáxia e estrelas imersas em nebulosas.

Primeiras imagens

Os objetos escolhidos para inaugurar os trabalhos do JW representam o que há de mais interessante na astrofísica moderna. As imagens obtidas são coloridas artificialmente. As cores são obrigatóriamente falsas pois nossos olhos não enxergam no infravermelho. Assim foi preciso fazer uma adaptação da imagem ao que seria compreensível em uma foto no visível.

james webb
Esq.: SMACS 0723. Dir.: Quinteto de Stephan.

Grupo de galáxia SMACS 0723 – Esta foi a primeira imagem obtida pelo JW onde se pode ver diversas galáxias e imagens distorcidas por lentes gravitacionais. A resolução da imagem é surpreendente para objetos muito distantes: mais de 5 bilhões de anos-luz.

Quinteto de Stephan – Um grupo compacto de quatro galaxias, distantes de nós mais de 200 milhões de anos-luz. Uma quinta galaxia aparece no campo, esta está mais perto de nós (39 milhões de anos-luz) e sua proximidade ao quarteto é só aparente: uma coincidência de alinhamento. As fotos anteriores deste grupo foram realizada por outro telescópio infravermelho o Spitzer fora de ação desde janeiro de 2020.

james webb
Nebulosa Carina

Nebulosa Carina – É uma das maiores nebulosas da Via Láctea. Esta complexa e extensa nebulosa abriga diversos aglomerados de estrelas e umas das estrelas mais luminosas da nossa galáxia: Eta Carinae. Se encontra a mais de 6000 anos-luz de distância.

Esq.: Nebulosa do Anel Sul vista pelo JW. Dir.: mesmo objeto visto pelo Spitzer.

Nebulosa Anel do Sul – A aproximadamente 2000 anos-luz da Terra este tipo de nuvem de gás envolve estrelas mais antigas e chamamos de nebulosa planetária. Provavelmente o final da vida do nosso Sol será criar uma nebulosa deste tipo daqui a 5 bilhões de anos.

Nem só imagens …

james webb
Espectro da atmosfera de WASP-96 b

Espectro do Exoplaneta WASP-96 b – A maior parte dos dados realmente relevantes do ponto de vista científico nem sempre são imagens. Aqui vemos um espectro de um planeta gigante (pouco menor que metade do tamanho de Jupiter) a 1120 anos-luz da Terra. O espectro indica a presença de água na atmosfera do planeta. Apesar disso a atmosfera deste exoplaneta não se parece nada com a nossa. WASP-96 b se encontra muito perto da estrela principal e por isso é extremamente quente.

Vamos aguardar os dados que virão e que certamente vão redefinir nossa visão do cosmos.

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Coluna do Astrônomo Conteúdo científico Curiosidades

A matéria escura – introdução e primeiras observações

Hoje, dia 26 de março de 2020, diversas cidades e estados estão em quarentena devido ao surto do COVID-19. Um vírus que teve origem na China, mas se espalhou por todo o globo terrestre (sim, a Terra é redonda!). Escolas, centros comerciais e equipamentos culturais (como museus, teatros, cinemas, etc.) fecharam temporariamente suas portas para tentar minimizar a propagação do vírus.

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro está fazendo a sua parte!! Estamos fechados para a visitação presencial, mas toda a equipe continua trabalhando, principalmente em regime conhecido como home office, ou seja, em casa, para a segurança de nossos funcionários e mantendo a excelência de nossos serviços.

Com este intuito, a fim de manter a divulgação da Astronomia e do conhecimento científico de uma forma geral, farei uma série de pequenos artigos sobre o tema: “A Matéria Escura”. Este assunto gera enorme interesse em todas pessoas que gostam desta ciência. Assim, dividirei em pequenos tópicos que apresentarei semanalmente, para que nossos leitores possam ler, aprender um pouco mais e interagir através de perguntas enviadas para as nossas mídias sociais (Facebook, Twitter, Instagram, etc.)

Introdução

Para falar de matéria escura, primeiramente pedirei para o leitor fazer um pequeno exercício de imaginação.

Vocês gostam de filmes de terror? Lembram-se daqueles em que portas abrem e fecham sozinhas? Correntes são arrastadas e passos são ouvidos no sótão e no porão? Já adivinharam sobre o que estou falando? Claro que estou descrevendo efeitos observados de um personagem comum da imaginação popular: o fantasma! A menos que carregue um lençol branco, só poderemos constatar a presença desta entidade quando os efeitos acima descritos são percebidos.

Não querendo ofender nenhuma crença ou religião, para a Ciência, isto é apenas fruto de nossa imaginação e pode ser explicado de diversas formas, mas esta não é a intenção deste artigo.

Agora imagine uma “entidade” cuja presença é detectada pela forma como esta interage gravitacionalmente com os corpos em seu entorno, influenciando a movimentação e a forma da curva de rotação de galáxias, a velocidade de estrelas dentro de aglomerados estelares, a colisão de galáxias e até possibilitando observar objetos tão distantes que nem os melhores telescópios atuais possuem resolução espacial suficiente para enxergar!

Para esta “entidade” damos o nome de matéria escura!! Uma matéria que não pode ser verificada por nenhum detector de emissão eletromagnética, em nenhum comprimento de onda, nem no raio gama, no ultravioleta, no visível, no infravermelho, no micro-ondas, no raio X, etc., mas seus efeitos gravitacionais em materiais visíveis, chamados de matéria bariônica, são observados de maneira direta e contundente.

A matéria bariônica, para simplificar a compreensão do leitor, é aquela que podemos observar através de algum tipo de interação eletromagnética, que emite “luz” em algum tipo de comprimento de onda listado acima. Apesar de ser a matéria que observamos diariamente e através dela termos a noção da pequenez de nossa existência, observando as estrelas, os planetas e as galáxias, a matéria bariônica é apenas 5% da densidade de energia do Universo. O restante, aproximadamente 22%, é de matéria escura e 73% está na forma de energia escura (falaremos sobre isso em outros artigos).

Os primeiros observadores da matéria escura

Para iniciar esta série de textos, falarei sobre as observações e os trabalhos que foram feitos para a descoberta e a comprovação da matéria escura.

Fritz Zwick e o aglomerado de Coma

O primeiro cientista a propor a existência da matéria escura foi Fritz Zwick, um astrônomo suíço que, usando um teorema físico chamado Virial, observou o movimento das galáxias no aglomerado de Coma, em 1933. Zwick observou uma anomalia ao estimar a massa gravitacional do aglomerado, utilizando a velocidade rotacional das galáxias, em comparação à massa obtida através da observação direta da luminosidade emitida pelas estrelas, nebulosas e o envoltório de gás.

Figura 1 – Fritz Zwick primeiro astrônomo a observar a existência da matéria escura, além de ter cunhado este verbete em 1933.

Zwick estimou que existiria uma quantidade 400 vezes maior de massa que não emitia radiação eletromagnética, matéria escura, em relação à matéria bariônica. Hoje sabemos que 90% da massa do aglomerado é composta de matéria escura.

Vera Rubin e as curvas de rotação das galáxias

Figura 2 – Vera Rubin liderou diversos grupos de pesquisa sobre a curva de rotação das galáxias, levando ao reconhecimento da existência da matéria escura.

“Como é possível você viver no planeta Terra e não querer estudar o Universo”. Esta frase icônica da astrônoma norte-americana Vera Rubin exprime muito desta mulher pioneira em uma área dominada por homens nos anos de 1970.

No final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, Vera Rubin estudou a velocidade de rotação de galáxias próximas, de uma forma bem precisa e sistemática. Ao publicar seu trabalho, mostrou que existia uma discrepância entre o valor calculado, através da Lei de Kepler, e o valor observado. Ela encontrou uma constância na velocidade de rotação para as regiões mais afastadas do centro das galáxias.

Figura 3 – Curva de rotação da Via Láctea. Podemos ver neste gráfico duas linhas, uma calculada sem a matéria escura (linha que desce continuamente com a distância) em que o Sol, devido à distância, deveria girar ao redor do centro galáctico com uma velocidade de 160km/s, e a curva observada, em que temos a velocidade real de rotação de 220km/s. A explicação mais aceita é a presença de matéria escura.

Para tentarmos explicar esta constância, podemos tentar contornar utilizando uma teoria alternativa, chamada MOND ou Dinâmica Newtoniana Modificada, que não tem muita aceitação no meio acadêmico. Poderemos falar sobre ela em um outro momento, ou propor a existência da matéria escura. Esta última é muito mais aceita, não apenas pela simplicidade, mas também por ter mais evidências de sua existência.

O aglomerado da bala

Figura 4 – O aglomerado da bala, uma colisão de dois aglomerados de galáxias que mostra a separação entre o componente de gás (rosa) e a distribuição de galáxias e de matéria escura (azul).

Este objeto é o resultado de uma colisão de dois aglomerados de galáxias e nos mostra de forma clara como a matéria escura influencia no resultado de um encontro entre cada um dos componentes destes aglomerados.

A imagem mostra uma composição feita com observações do telescópio espacial em raio X, o Chandra, e do telescópio espacial, no comprimento de onda visível, o Hubble.

A observação em raio X nos mostra os componentes de gás intergaláctico que colidiram, aquecendo-se, e estão representados na imagem pela cor rosa. Observe que o gás está na região mais central, pois, por ser mais disperso e interagir de forma mais eficiente, “ficou para trás”.

A região azulada representa a distribuição de matéria escura na qual as galáxias estão imersas. Como as galáxias não se colidem individualmente, porque suas dimensões são bem menores em relação à separação entre elas, atravessaram a área central da colisão, acompanhando a matéria escura e separando-se do envoltório intergaláctico de gás.

Lentes gravitacionais

A distorção do espaço-tempo permite que façamos inúmeros trabalhos. Um deles é observar objetos que estão atrás de outros mais próximos (um exemplo foi a observação de uma estrela que se encontrava angularmente atrás do Sol durante o eclipse de 1919 em Sobral, no Ceará, e na Ilha do Príncipe, na costa da África, servindo para comprovar a Teoria da Relatividade Geral).

Figura 5 – Imagem da placa original do eclipse de Sobral que comprovou a Teoria da Relatividade Geral.
Figura 6 – Esquema da curvatura do espaço-tempo que explica a sua distorção.

Uma outra utilização é determinar a massa que está causando esta deformação, uma vez que algumas destas são provocadas por matéria que não emite nenhum tipo de radiação, ou seja, pela matéria escura, que pode estar em uma galáxia supermassiva ou em um aglomerado de galáxia.

Veja abaixo a imagem de lentes gravitacionais e a explicação gráfica do caminho percorrido pela luz. Existem diversos objetos que comprovam, tanto a existência das lentes gravitacionais, quanto da matéria escura que as provocam.

Figura 7 – Nesta imagem observamos como são formados a estrutura conhecida como Cruz de Einstein (a) e os Arcos galácticos (b). No lado esquerdo encontram-se as imagens reais, e no centro e na direita, como são formadas.

Estamos terminando este primeiro texto sobre a matéria escura. Colocarei semanalmente esta série de textos tentando elucidar, e até mesmo criar mais dúvidas, para os nossos leitores.

Continuem a nos seguir pelas diversas mídias sociais. Teremos novidades todos os dias.

Jorge Marcelino das Santos Junior

Astrônomo

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Coluna do Astrônomo

Observação Detalhada de Material Orbitando o Buraco Negro do Centro da Via Láctea

Buracos negros são astros que atraem muito a nossa curiosidade por seu aspecto desconhecido. Estudar o interior de um buraco negro leva os astrônomos a se depararem com o que chamamos de singularidade, uma situação em que a matemática não funciona mais. É o que acontece, por exemplo, quando uma conta nos leva a uma divisão por zero.

A característica mais marcante de um buraco negro é que nada escapa dele, nem mesmo a luz. Logo, buracos negros são inobserváveis… mas podemos observar coisas girando ao seu redor.

Observações feitas no Observatório Europeu do Sul (ESO, da sigla em inglês de European Southern Observatory), Chile, mostram nodos de gás espiralando em órbita circular a uma velocidade de cerca de 30% da velocidade da luz ao redor do provável buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. (Essa imagem utiliza dados de simulação – Fonte: ESO)

Observações anteriores de estrelas se deslocando velozmente na região central da Via Láctea e as observação de atividades com emissão de radiações de altas energias nos centros de outras galáxias já indicavam que a presença de buracos negros nos centros de galáxias espirais deve ser algo normal.

O que essas observações trazem de novidade é aumentar as evidências da existência do pesado morador do centro de nossa galáxia e o fato de, pela primeira vez, se observar material orbitando tão próximo do horizonte de eventos, que pode ser entendido como a região de fronteira entre o buraco negro e o exterior.

A animação abaixo fornece uma ideia melhor do que deve ser a movimentação do gás observado ao redor do buraco negro.

As melhores estimativas de massa em Astronomia são obtidas quando observamos movimentos. Isso permite relacionar as massas envolvidas com os movimentos observados e fazer boas estimativas. Através das observações já feitas de estrelas e, agora, do gás deslocando-se, a estimativa de massa para esse buraco negro é de cerca de quatro milhões de massas solares.

Apesar da grande massa e das expressões sempre associadas aos buracos negros como “altas energias”, “nada escapa”, “singularidade”, etc., sempre vale a pena desanimar os que adoram gerar material sensacionalista: não existe a mais remota chance desse buraco negro, ou qualquer outro, oferecer qualquer perigo à Terra ou ao Sistema Solar.

Leia mais sobre isso (em inglês): https://www.eso.org/public/news/eso1835/

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Coluna do Astrônomo

A astrofísica Jocelyn Bell

Jocelyn Bell e os astrônomos Luís Guilherme Haun, Wailã de Souza Cruz
e Alexandre Cherman (da esquerda para a direita) na reunião da IAU em 2009 no Rio de Janeiro

He stood there for a long Microsoft exam time. Tami Joan and John desperately retreated until they reached the other side of the door, holding two sweaty bodies tightly together. The drivers hand bent into the shape of a cup, blocking the lights shone on the street light, looked at them more carefully. Suddenly, a loud noise echoed in the air. Tameron could not help but constricted a while, and John made a short, screaming scream. Behind the driver, the air in the distance was filled with bright red and blue flame stripes instantly. Then again is 300-135 pdf a few roar and scream. The driver turns and looks up, just to see a huge, orange-red cobweb over the city. It was a fireworks, and Tamie remembered the news read in the newspaper. It is a gift from the host and the Secretary-General of the United Nations to the delegates attending the conference and welcomes them to this great city on Earth. The driver turned toward the taxi again. Pat soon, he opened the door lock, slowly opened the door. 2 As usual, the informant did not leave a name. Therefore, there is no other way to pour back into the past to understand what the reporter said is a piece of open space. The headquarters radio said He said it was on the 37th Street near Eleventh Street. Those at the Notification Center never figured out where http://www.bestexamview.com/ the exact location of the murder was. Although it is nine oclock in the morning, it has made people sweat more than hot. Emilia Microsoft exam Shakes lay aside a tall grass thatch. She is conducting a search of light – a jargon of crime scene investigators – searching for suspicious objects with an S-shaped route. Nothing at all She looked down at the intercom on the dark blue uniform shirt. Patrolman 5885 calls headquarters without any notice. Do you have any further news The dispatcher replied in a bumpy noise 5885, there is no more information about the scene of the crime at the moment, but one thing The informant said he hoped the Cisco exam victim was dead. 400-101 questions Please say it again, headquarters. The complainant said he hoped the victim was already dead. He said it would bestexamview be best if so. Finished. Hopefully the victim Dead Shakes struggled across a broken barbed wire and began searching for another piece of open space. Still not found. She wants to leave. Just call 10-90, report that without any discovery, you can return to the Si Si area, it is her daily patrol area. Her knees hurt and she felt as if she had been roasted on a terrible August day. She just wanted to slip to the Port Authority and get stuck with the Little Furrier there and come back to a large can of Arizona iced tea. Then, at eleven thirty – just two hours now – she was able to clear the drawers in the south 300-135 pdf section of Midtown and go to the lower town for training. But she finally did not do this. She can not leave this briefing without answering the phone call. As she continued to move on, she walked along the hot sidewalk through the path between the two abandoned apartments and into another covered, planted area. She slid her slender forefinger down into her flat-top hat and scratched it with irresistible restraints through layers of long, red hair on her head. In order to scratch more scalp, she simply faded her cap side, while crazy scratch. Sweat streaming down her forehead, itchy, so she fiercely blew a few brows.

She was thinking Only the last two hours of patrolling in the street were available, and I could survive. Shakes continued. The first time she felt uneasy this morning as she walked into a bush. Someone is watching me. The hot wind blew through the dry bushes and made the rustling sound. A car truck ran full steam ahead of the Lincoln Tunnel. She remembered one thing the patrolmen would often think of the city was so noisy that I could not detect if someone came back to me behind me and walked to lift me up with a knife. Or take my back as a target She turned quickly. Nothing except leaves, rusty machines and rubbish. When climbing a pile of stones, the knee pain so she could not help but shrink body. Emily Shakes, 31, is afflicted with joint inflammation – her mother often says youre 31 It is inherited from her grandfather, just as she inherited her mothers good figure, her fathers good looks and occupation as long as the red hair no one can say it. She slowly passed through a cluster of dead shrubs, a sharp pain on her knees. Thanks to her prompt closing, she did not drop a steep 30-foot deep slope. Below her was a gloomy gorge that cut deeply through the bottom of the West End. The railroad tracks of the U.S. Railroad Passenger Transport Company run through the canyon and the train goes to the north. She narrowed her eyes and looked to the bottom of the canyon not far from the tracks. what is that Is inserted in a circle of soil has been turned over the twigs It looks like Europe, my god The sight of her made her shiver. Nausea suddenly rose, burning like a flame burning her skin. For a moment she really wanted to turn around and escape, pretended nothing was seen. But she tried hard to suppress the idea in my heart. He hopes the victim is dead. This is the best. She runs to an iron staircase that leads from the sidewalk to the canyon. She stopped in time as she grabbed the balustrade of the iron staircase. bad The murderer has escaped in all likelihood, and is likely to have left the ladder. If she touches the railings, she may undermine the mark he left behind when he ran away. Okay, then well waste something. She took a deep breath and held back the pain of the knee joint. She inserted the deliberately polished bright boot into bestexamview the crevice of the stone on the first day of her new job and began to climb down the rock wall. She was still four feet off the ground and jumped straight to the place where it was buried. My God It is not a branch that extends from under the ground it is a mans hand. The body of this man was buried vertically in the earth, leaving only the arm, wrist and palm Cisco exam left outside. She stared at the ring finger of the hand all the muscles had been cut off, the red of the bones of the fingers, set with a huge female diamond ring. Shakes knelt on the ground, began digging down. The soil fluttered under her hands as a dog. She 400-101 questions found that those fingers that had not been cut were wide open, pointing in the direction that their fingers would not normally bend. This shows that the victim was still alive when the last shovel of mud buried his face. Maybe its still alive now. Shakes desperately dug soft soil, her hands were shattered by pieces of glass, dark red blood and dark red soil mixed together. This persons hair is exposed, followed by a bluish, gray forehead due http://www.bestexamview.com/ to lack of oxygen. She continued digging until she saw the dull eyes and mouth of the man. The mans mouth twisted into horrible curvature, indicating that in the last few seconds of life the victim struggled to keep his mouth through the rising black soil. This is not a woman. Despite the finger on the set of a diamond ring. He was a big man in his fifties and was as angry as the soil surrounding him. She took a few steps back, her gaze never leaving that person, almost tripped over by the tracks behind her. For a while, her mind was empty and could not think of anything, only knowing that a man was buried to die like this. Then she reminded herself Be strong, baby. In front of you is the scene of a homicide together, and you are the first police officer present. You know what to do ADAPT, adapt. A is the current arrest of Arrest. D is a major eyewitness and suspect to Detain. A is Assess murder scene. P is P what is it She bowed her head towards the walkie-talkie Patrolman 5885 calls headquarters.

A irlandesa Jocelyn Bell é uma das mais brilhantes astrofísicas de nossa época. Seus estudos e observações nos radiotelescópios levaram à descoberta de um tipo de astro que somente era conhecido por teorias matemáticas e físicas.

Mesmo sendo uma cientista da era atual, ainda enfrentou dificuldades, principalmente quando era nova, por ser mulher e gostar de ciências.

Jocelyn nasceu em uma pequena cidade chamada Lurgan. Seu interesse por Astronomia vem desde a infância. Seu pai era arquiteto e ajudou no projeto do planetário do lugar, chamado de Planetário de Armagh, e logo ela se interessou pelos livros de Astronomia dele. Mas, nas escolas não permitiam que as meninas estudassem ciências. As aulas para elas eram de culinária e costura, e a família teve que brigar pra que ela pudesse fazer o que mais gostava: aprender Astronomia.

Cresceu frequentando o observatório astronômico, onde o Planetário de Armagh se localiza, e foi a própria equipe de lá, além da família, que a incentivou a estudar Astronomia. Naturalmente, a escolha dela por esta área, ao entrar numa universidade, não foi surpresa para ninguém. Formou-se em física em 1965 e continuou seus estudos na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma das mais importantes e prestigiadas universidades do mundo.

Neste período, ela começou a trabalhar ajudando na construção do equipamento que iria permitir fazer sua grande descoberta. Levou dois anos para o radiotelescópio ficar pronto. Ele foi projetado para captar sinais de quasares ‒ objetos que estão muito distantes e que emitem muita energia. Ao entrar em operação, em 1967, foi Jocelyn que passou a utilizá-lo. Só de gráficos eram 30 metros de papel por dia que ela precisava analisar, mas foi assim que ela encontrou alguns sinais estranhos. Avaliou que não era possível serem emitidos por antenas de televisão, satélites ou radares. Os sinais apareciam em pulsos espaçados em 1,33 segundo e, por isso, também não podia ser um quasar. Sem saber a origem dos sinais, Jocelyn chegou a cogitar a hipótese de que era de alguma civilização extraterrestre, chamando-os de “pequenos homens verdes”.

Entretanto, pesquisando em trabalhos de outros cientistas, descobriu que aqueles sinais se pareciam com estrelas muito densas que giravam rapidamente, como já havia sido previsto em teoria. Jocelyn, na verdade, havia detectado as primeiras evidências das estrelas de nêutrons ou, como também são conhecidos, os pulsares.

Por seus trabalhos, em 1974, seu professor e orientador, que publicou a descoberta junto com Jocelyn, ganhou o prêmio Nobel de Física. Ao fim de seu doutorado, continuou seus estudos e trabalhou em várias universidades na Europa e nos Estados Unidos. Não se limitou apenas a trabalhos com radiotelescópios. Trabalhou com outros tipos de telescópios e acabou desenvolvendo uma vasta experiência nesta área.

Apesar de não ganhar o prêmio Nobel, foi muitas vezes condecorada, em diversas instituições, por seus feitos profissionais. Continua, até hoje, sendo uma importante voz nas conquistas das mulheres, sempre defendendo mais espaço para elas no meio científico, principalmente em cargos relevantes.

Em 2002, chegou à presidência da Royal Astronomical Society, de Londres, permanecendo por dois anos. Também foi presidente do Instituto de Física na Inglaterra de 2008 a 2010. Atualmente, é professora de astrofísica da Universidade de Oxford.

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Teste de uma Teoria Alternativa à Matéria Escura: Gravidade Emergente, de Erik Verlinde

A Ciência deve, com toda certeza, ser ousada. Uma manifestação dessa ousadia necessária é confrontar teorias antigas com novas, que podem fornecer uma melhor explicação a um certo fenômeno. Algumas vezes novas teorias substituem antigas; outras vezes, as novas se mostram insuficientes e se perdem pelo caminho, sendo esquecidas. Nas últimas décadas, poucas teorias têm sido tão confrontadas com teorias alternativas como a Matéria Escura.

Várias observações astronômicas não podem ser explicadas apenas com a matéria que emite luz e conseguimos observar diretamente. Por exemplo, alguns aglomerados de galáxias não conseguiriam manter suas galáxias juntas apenas com a gravidade da matéria que observamos. A velocidade do Sol ao redor do centro da Via Láctea é maior do que deveria ser se considerarmos apenas a matéria luminosa. Para resolver esses e outros problemas, formulou-se a hipótese da Matéria Escura Não Bariônica, ou apenas Matéria Escura. Ela seria formada por coisas bastante diferentes das partículas que formam nossa matéria comum de prótons e elétrons. (Leia mais sobre matéria escura aqui e aqui).

Devido ao caráter exótico da Matéria Escura, muitos cientistas não gostam dela e buscam explicações alternativas. Uma delas é a Gravidade Entrópica ou Gravidade Emergente do físico teórico holandês Erik Verlinde. Essa teoria diz que a gravidade não se comporta em grande escala da mesma forma que se comporta aqui na superfície da Terra.

NASA's Galaxy Evolution Explorer found a tail behind a galaxy called IC 3418. The star-studded tail can be seen on the left, as detected by the space telescope in ultraviolet light. The tail has escaped detection in visible light, taken by a visible-light telescope on the ground. This tail was created as the galaxy plunged into gas in a family of galaxies known as the Virgo cluster. This image is a composite of data from the Galaxy Evolution Explorer (far-ultraviolet light is dark blue and near-ultraviolet light is light blue); and the Sloan Digital Sky Survey (visible light is colored green and red). Other galaxies and stars can be seen scattered throughout the image. Another galaxy called IC 3413, which is part of the Virgo cluster, can be seen to the right of IC 3418 as an oval-shaped blob. The bright large dot at upper right is a star in our Milky Way galaxy.
A teoria da Gravidade Emergente diz que a gravidade comporta-se de maneira diferente aqui na superfície da Terra e em escala galáctia e cosmológica ( Imagem: NASA)

Uma fórmula clássica da física diz que a intensidade da força gravitacional entre dois corpos de massa m1 e m2 é dada por:

F=G(m1 e m2)/r2

onde G é uma constante e r a distância entre os dois corpos. Essa equação está nos dizendo que a força gravitacional cai com o quadrado da distância, ou seja: se a distância aumenta 2, a força cai 4; se a distância aumenta 3, a força cai 9; se a distância aumenta 4, a força cai 16 e assim por diante.

A teoria de Verlinde diz que o comportamento da gravidade é esse apenas para distâncias curtas, mas que precisa ser alterado quando lidamos com escala galáctica e intergaláctica ou cosmológica. Nessas escalas, uma interação entre a Energia Escura e a matéria comum faria a gravidade cair menos, produzindo um excesso de gravidade. Tal excesso de gravidade é o que estaríamos atribuindo à ação da Matéria Escura.

Não confunda Energia Escura com Matéria Escura. A Energia Escura é uma energia, cuja fonte não conhecemos,  responsável pela aceleração da expansão do Universo. Há alguns anos atrás um grupo de pesquisadores do Observatório Nacional e o Planetário realizaram uma palestra que abordou uma inciativa internacional para pesquisa da Energia Escura e outros tópicos.

Um grupo de astrônomos comparou a observação de lentes gravitacionais com as densidades de matéria comum prevista pela teoria da Gravidade Emergente para um conjunto de 33.613 galáxias (veja uma explicação sobre lentes gravitacionais aqui). A comparação entre as densidades superficiais de massa observadas e as previstas pela teoria mostraram grande concordância, e esse foi o primeiro teste favorável à teoria.

Mas, como os próprios autores do trabalho dizem bem no começo do trabalho:

“Apesar dessa performance ser notável, esse estudo é apenas um primeiro passo. Mais avanços tanto no campo teórico como no dos testes observacionais da teoria da Gravidade Emergente são necessários antes dela ser considerada uma teoria completamente desenvolvida e solidamente testada.”

Esse foi, portanto, um ponto para a teoria, mas ainda estamos muito longe de podermos descartar a Matéria Escura. Ela ainda encontra-se nas bases de nossa atual compreensão do Universo.

Leia Mais:

Artigo original (em inglês):

First test of Verlinde’s theory of Emergent Gravity using Weak Gravitational Lensing measurements : https://arxiv.org/abs/1612.03034https://arxiv.org/pdf/1612.03034v2.pdf

Críticas à Gravidade Emergente (em inglês):

Why gravity can’t be entropichttp://motls.blogspot.com.br/2010/01/erik-verlinde-why-gravity-cant-be.html

Once more: gravity is not an entropic forcehttp://motls.blogspot.com.br/2011/08/once-more-gravity-is-not-entropic-force.html

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Mapeando Assimetrias no Núcleo de uma Supernova

Dados da missão NuSTAR permitiram mapear pela primeira vez a distribuição de material radioativo em uma remanescente de supernova, fornecendo as imagens mais próximas do momento da explosão obtidas até agora.

 

O objeto estudado foi a bela Cassiopéia A, ou Cas A, na constelação de Cassiopéia. Localizada a 11 mil anos-luz da Terra, a supernova foi observada em 1671, e redescoberta em 1947 como uma das primeiras fontes de rádio detectadas. Os dados do NuSTAR permitiram a um grupo de astrônomos observar radiação emitida pelo titânio 44, ou 44Ti, um isótopo radioativo formado no núcleo da estrela enquanto ela colapsa para formar uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. A energia liberada nesse processo faz a estrela explodir suas camadas externas. Dessa forma, os astrônomos puderam, pela primeira vez, ver algo acontecendo exatamente dentro do núcleo estelar durante o evento da supernova.

Esse estudo e os próximos na mesma linha nos permitirão compreender melhor o que acontece naquele rápido e energético evento, onde são formados diversos elementos pesados da tabela periódica. Além disso, as supernovas são também as responsáveis pelo espalhamento de elementos químicos, o que é fundamental para vida, e pela perturbação gravitacional de nebulosas que pode dar início à formação de novas estrelas e sistemas planetários – também fundamentais para a vida.

Um dos problemas envolvendo supernovas é a assimetria. Apesar de serem objetos esféricos, a expansão do material ejetado não se mostra uniforme, como a radiação emitida pela estrela antes dela explodir.  O telescópio espacial Chandra já tinha mostrado jatos de silício saindo de Cas A – veja na imagem acima. Uma das pesquisadoras do NuStar, Fiona Harrison, acha que essa anisotropia pode ocorrer porque regiões internas se espalham, ou se misturam, antes da detonação (veja vídeo abaixo).

O NuSTAR é o primeiro telescópio espacial com o objetivo de captar raios-X de altas energias (6-79KeV), fundamentais para a compreensão de remanescentes de supernovas e buracos negros. Cas A é um objeto interessante para esse tipo de trabalho porque desde sua primeira detecção, mais de 340 anos atrás, até hoje, ela se expandiu por cerca de 10 anos-luz, amplificando o padrão da explosão.

Outras remanescentes de supernovas próximas da Terra também estão na lista do NuStar. Para trabalhos como esse é necessário usar remanescentes próximos, para que o material visto seja suficientemente jovem para ainda mostrar a emissão de raios-X de altas energias de elementos radioativos. A emissão do titânio, por exemplo, perde metade de sua intensidade em apenas 60 anos.

Os resultados de trabalhos seguindo essa linha de pesquisa permitirão se fazer simulações 3D em computador para mostrar o que acontece nesses incríveis momentos da detonação de uma supernova. Enquanto essas simulações não vêm, veja abaixo um vídeo simples (com legendas e narração em inglês) mostrando a mistura que se especula que deva acontecer nas regiões centrais da supernova antes da explosão.

 

https://www.youtube.com/watch?v=J37cgldLMYU

Leia Mais:
Artigo científico original na revista Nature (inglês) http://www.nature.com/nature/journal/v506/n7488/full/nature12997.html
Post no site da University of California – Berkeley (inglês) http://newscenter.berkeley.edu/2014/02/19/nustar-takes-first-peek-into-core-of-supernova/
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Efeito Doppler

O efeito Doppler é característico de ondas emitidas por uma fonte em movimento. Foi proposto por Johann Christian Andreas Doppler, em 1842, e encontra aplicações importantíssimas na Astronomia. O efeito Doppler é uma alteração na onda percebida por um observador em relação ao qual a fonte emissora da onda se move. A maneira mais simples de compreender o efeito Doppler é pensarmos numa experiência bastante comum em um centro urbano movimentado.

Imagine que você chegou numa rua para atravessá-la exatamente no momento em que o sinal de trânsito mudou para dar passagem aos veículos. Havia um automóvel parado com a sirene ligada, a alguns metros de distância. É fácil notar que quando o automóvel começa a se aproximar, o som da sirene parece ficar mais agudo. A sirene não muda o som que produz enquanto se desloca. Depois que o automóvel começa a se afastar, o som torna-se mais grave. Perceba que não estamos falando de volume alto ou baixo, mas de som agudo e grave.

Essa diferença só é percebida por um observador que não se desloca com a fonte sonora. O motorista do automóvel não percebe nenhuma variação no som emitido pela sirene que se desloca com ele. Essa experiência nos mostra que quando uma fonte emissora de onda seja sonora ou qualquer outro tipo de onda se aproxima de um observador, este percebe ondas com um comprimento de onda menor do que notaria se a fonte não estivesse em movimento. Ondas de som com comprimentos de onda curtos produzem som agudo. Por outro lado, se a fonte de onda se afasta, o observador percebe comprimentos de onda maiores som mais grave.

Quando falamos em ondas de luz, pequenos comprimentos de onda estão associados a cores mais azuladas e grandes comprimentos de onda a cores mais avermelhadas. Com isso, encontramos aplicação do efeito Doppler na Astronomia.

Da luz que observamos dos astros podemos tirar várias informações. A composição química é obtida através de linhas que são como “impressões digitais” dos diferentes elementos químicos, conhecidas como linhas espectrais. Devido ao efeito Doppler, essas linhas aparecem deslocadas para o vermelho, caso o astro observado esteja se afastando, o que chamamos de desvio para o vermelho ou redshift , ou deslocadas para o azul, no caso do astro estar se aproximando de nós, desvio para o azul ou blueshift.

Detalhes do espectro visível do Sol (acima) e do superaglomerado de galáxias BAS11. Conhecendo o efeito Doppler, verificamos que o superaglomerado se afasta da nossa Galáxia.

Uma fonte de ondas movendo-se para a esquerda. À frente da fonte, temos menores comprimentos de onda, e atrás, temos maiores comprimentos de onda. 

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Galáxias

Nossa Galáxia – Breve Histórico

Em locais distantes das grandes cidades onde é menor o índice de poluição, é possível observar-se uma extensa faixa nebulosa que atravessa o céu. Nas noites límpidas e escuras de um passado distante, esta região do céu instigou a imaginação do homem antigo, dando subsídios para muitas lendas.

Para os gregos, a origem da Via Láctea estaria no leite da deusa Juno, derramado e espalhado pela abóboda celeste quando amamentava Hércules. Segundo outros, esta seria a estrada que conduzia à morada dos deuses.

Os aborígenes do deserto do Kalahari tinham ainda uma interpretação bem diferente para a Via Láctea. Chamavam-na de “a espinha dorsal da noite”, como se o céu fosse um grande animal dentro do qual vivêssemos.

Até 1610, todas as interpretações da natureza da Via Láctea eram meramente especulativas. Neste ano, a primeira observação científica foi realizada por Galileu, que, através de sua luneta, constatou que aquela região esbranquiçada nada mais era do que uma infinidade de estrelas.

Em 1750, o filósofo Thomas Wright descreveu nosso sistema de estrelas como sendo um sistema achatado. Sua descrição soa como nossos modernos conceitos da nossa galáxia, mas o modelo de Wright se baseava apenas em sua imaginação, não tendo sido, por isto, considerado com seriedade.

A primeira tentativa séria e sistemática de mapeamento da distribuição espacial das estrelas foi feita por William Herschel. Seu mapa revelava uma distribuição achatada de estrelas com o Sol próximo ao centro do sistema, e uma extensão estimada em 9.000 anos-luz.

Este modelo e outros que se seguiram foram descartados após o trabalho do astrônomo Shapley, que propõe um modelo alternativo onde o Sol se encontrava na periferia, e não mais no centro de nossa galáxia.

Seu estudo foi baseado na distribuição dos aglomerados globulares, que são objetos de fácil identificação, constituídos de agrupamentos de formato esférico com centenas de milhares de estrelas. Shapley, através de uma classe especial de estrelas variáveis, conseguiu determinar distâncias para estes objetos e construir um mapa tridimensional de sua distribuição. Ele constatou, então, que os aglomerados globulares estavam distribuídos não em torno do Sol, mas sim em torno de um ponto na direção da constelação de Sagitário, onde deveria então estar o centro da Via Láctea.

Entretanto, um erro de Shapley foi superestimar o tamanho de nossa galáxia, pois desconhecia o meio interestelar e o efeito que este tem de absorver a luz das estrelas, fazendo com que estrelas próximas pareçam fracas, dando a impressão de estarem mais distantes.

Já com algumas idéias e conceitos formados a respeito da Via Láctea, começaram então a surgir entre os astrônomos novas questões. Certas “nebulosas” em formato espiral passaram a despertar uma enorme curiosidade: seriam elas pequenos objetos próximos pertencentes à Via Láctea ou objetos externos e distantes comparáveis em grandeza a nossa galáxia?

Com o advento de maiores telescópios, os astrônomos verificaram que estas nebulosas eram também constituídas de uma infinidade de estrelas. Medidas feitas por Hubble, nos anos 20, de distâncias de estrelas variáveis cefeidas em algumas destas “nebulosas” colocaram estes objetos em seus devidos lugares – muito além da Via Láctea.

Esta descoberta permitiu ao homem do século XX compreender que a Via Láctea, a nossa galáxia, é apenas uma entre bilhões e bilhões de muitas outras galáxias que povoam um imenso universo!

Estrutura da Via Láctea

A galáxia em que vivemos possui em torno de 200 bilhões de estrelas, além de extensas nuvens de gás e poeira. Trata-se de uma galáxia de formato espiralado, com um diâmetro de aproximadamente 100.000 anos-luz.

Nosso Sol se encontra a 26.000 anos-luz do centro da Via Láctea, ligeiramente fora do plano do disco, na periferia de Órion, um dos braços da espiral, girando em torno do núcleo a uma velocidade de 250 km/s. Isto significa que levamos nada menos que cerca de 200 milhões de anos para darmos uma volta completa em torno da galáxia. Desde que se formou, estima-se que o Sol já deve ter completado cerca de 20 voltas em torno do núcleo galáctico.

Na estrutura de nossa galáxia, podemos distinguir principalmente duas partes: a esferoidal e o disco. Estes dois subsistemas diferem tanto na composição química quanto nas propriedades físicas, dinâmicas e na história evolutiva.

É no disco que se encontram aglomerados jovens, conhecidos como abertos, contendo estrelas recém-formadas, algumas com grande brilho e curto período de vida. Como exemplo de um aglomerado aberto temos as Plêiades na constelação do Touro. A observação no plano do disco foi sempre limitada, pois é nesta região que se concentram também grandes complexos de nuvens de gás e poeira, responsáveis pelo obscurecimento da luz de estrelas mais distantes.

Grãos de poeira compreendem apenas 1% da massa de nossa galáxia, mas em suas viagens de milhares de anos-luz, os fótons têm grande chance de se deparar com algum grão que o desvia de seu destino original. A poeira mascara nossa visão do plano e do núcleo galáctico de maneira tão eficiente que a cada 100 bilhões de fótons de luz, apenas um consegue chegar até nós.

Entretanto, os avanços da Astronomia têm nos permitido ultrapassar este obstáculo. Observações em rádio e infravermelho, radiações transparentes à poeira interestelar têm nos revelado recantos escondidos, regiões anteriormente inacessíveis ao nosso conhecimento.

A estrutura em espiral de nossa galáxia, por exemplo, foi verificada pela observação de uma radiação de 21cm, pertencente à região rádio do espectro, emitida pelo hidrogênio neutro.

Os braços espirais são o principal cenário da formação estelar, daí serem repletos de estrelas jovens e de alto brilho. A rotação dos braços ocorre no sentido em que eles tendem a se enrolar, e pelos cálculos da idade da galáxia é surpreendente que ainda existam.

Uma das tentativas de explicação da permanência da estrutura em espiral foi a teoria das ondas de densidade, segundo a qual os braços são interpretados como sendo os picos de ondas de densidade que se deslocam mais lentamente que as estrelas em torno do núcleo galáctico. Assim, as estrelas não formariam os braços espirais, mas apenas passariam temporariamente por eles. Na passagem pelos braços, o meio interestelar é comprimido ocasionando uma intensa formação estelar.

A componente esferoidal apresenta uma população mais antiga de estrelas. Dela fazem parte os subcomponentes: núcleo, bojo e halo da galáxia. O núcleo possui dimensões pequenas, talvez 10 anos-luz de extensão e uma densidade de estrelas assustadora, cerca de um milhão de vezes maior que a densidade nas vizinhanças do Sol. Em média, a luz deve levar apenas 10 dias para ir de uma estrela a outra. Em comparação, temos que a estrela mais próxima do Sol se encontra a 4,2 anos-luz de distância.

A existência de um buraco negro com um milhão de massas solares no núcleo é uma hipótese não descartada.

Os aglomerados globulares, já anteriormente mencionados, com suas órbitas excêntricas e população de estrelas bem evoluídas, povoam a componente esferoidal.
Sabe-se da existência de 140 aglomerados globulares em nossa galáxia, mas estima-se que ela contenha em torno de 200, lembrando que alguns deles devem estar obscurecidos pelas extensas nuvens de poeira encontradas no disco galáctico.

Acredita-se que a Via Láctea esteja imersa num halo extenso e com muita massa, constituído principalmente pela misteriosa matéria escura. Existem fortes evidências de que a matéria visível dentro de nossa galáxia possa se responsabilizar por apenas 10% da massa real da galáxia.

Assim, segundo esta concepção, as estrelas e nebulosas que observamos podem representar apenas a ponta de um imenso “iceberg” de matéria invisível. Por mais estranho que pareça, a noção de que a maior parte da massa de nossa galáxia consiste de uma matéria escura e desconhecida, é atualmente muito bem aceita entre os astrônomos. Mas em que se baseiam para defender esta estranha teoria?

Curva de Rotação de Nossa Galáxia

Uma das mais fortes evidências para esta defesa é o estudo do movimento das estrelas em volta do núcleo galáctico. A uma boa distância do centro, a dinâmica da galáxia deveria ser análoga ao movimento dos planetas em torno do Sol, ou seja, apresentaria velocidade decrescente com a distância.

Entretanto, podemos ver que não é isto o que ocorre. As estrelas mais distantes giram muitíssimo depressa em relação à massa galáctica visível, apresentando velocidades bem superiores aos valores previstos. Assim fica a evidência de que a Via Láctea se acha imersa num halo com muita massa, invisível, que se estende talvez por uns 300.000 anos-luz.

Mas, afinal, de que poderia ser feita esta exótica e misteriosa matéria escura? A natureza desta matéria constitui ainda uma questão em aberto. Estrelas mortas, anãs marrons, planetas e buracos negros são alguns candidatos, mas teorias de evolução estelar indicam que a quantidade destes objetos é muito pequena para dar conta da grande quantidade de matéria que falta. Provavelmente representam apenas uma pequena contribuição.

Partículas como os neutrinos, áxions, gravitinos, fotinos e outras são mais uma sugestão. Os neutrinos interagem muito pouco com a matéria e, portanto, são extremamente difíceis de se detectar. Se estas partículas realmente tiverem massa, mesmo que seja muito pequena, devido à sua grande abundância (a teoria do Big Bang prevê a existência de um bilhão de neutrinos para cada próton no Universo), elas devem constituir uma boa parcela da matéria do Universo.

As outras partículas mencionadas, apesar de previstas teoricamente, têm a grande desvantagem de não terem sido ainda observadas. Uma melhor compreensão a respeito da matéria escura seria de grande importância, visto que a densidade média de matéria no Universo é um parâmetro fundamental para o estudo da Cosmologia.

Classificação Morfológica de Galáxias

Ao contrário das estrelas que produzem imagens puntiformes e, portanto, todas iguais, as galáxias se mostram como objetos extensos e com morfologias complexas. Segundo o critério de Hubble, as galáxias são classificadas em três principais tipos segundo suas formas: elípticas, espirais e irregulares.

Para a classificação das galáxias elípticas emprega-se a letra E seguida por um número entre 0 e 7 equivalente a 10 (1-b/a), onde a e b correspondem aos eixos maior e menor respectivamente. Assim, estas galáxias vão de quase esféricas, chamadas E0, a bem achatadas, onde o eixo maior é três vezes maior que o eixo menor. Vale lembrar que observamos apenas o achatamento aparente, e não sua estrutura intrínseca. Uma galáxia muito achatada vista de frente pode parecer esférica.

As espirais podem ser normais ou barradas. No primeiro caso, os braços espirais originam-se do núcleo, enquanto nas barradas eles se desenvolvem a partir dos extremos de uma barra luminosa que atravessa o núcleo.

As espirais, tanto normais quanto barradas, são divididas em subclasses a, b ou c, que indicam diferentes graus de enrolamento dos braços, e diferentes proporções de tamanho do bojo em relação à galáxia. As irregulares, por sua vez, são galáxias cujas formas não se enquadram nos casos acima.

Nossa galáxia, a Via Láctea, segundo esta classificação, é considerada uma espiral intermediária entre os tipos Sb e Sc. Além disto, possui um leve esboço de uma estrutura barrada com talvez mais de 14.000 anos-luz de extensão.

Galáxias são feitas de estrelas, gás e poeira em quantidades diversas. As proporções destes ingredientes mudam muito de tipo para tipo.

Classificação Morfológica de Galáxias, segundo Hubble

Nas espirais que contêm extensas nuvens de gás e poeira, os objetos mais velhos estão concentrados no núcleo e no halo, e as estrelas mais jovens, fruto de novas gerações, se encontram no disco e nos braços espirais.

As elípticas são pobres em gás e apresentam uma população de estrelas velhas, já em estágios avançados de evolução. É importante ter em mente que o diagrama mostrado anteriormente não representa de maneira nenhuma um esquema evolutivo, como já se pensou no passado, mas constitui apenas uma simples classificação morfológica. Os diferentes formatos devem corresponder, de maneira geral, não a estágios evolucionários distintos, mas principalmente a uma diversidade de condições iniciais nos tempos de formação destes objetos.

Além de variarem na forma, as galáxias variam muito em tamanho. As menores galáxias, conhecidas como anãs, podem conter poucos milhões de estrelas, enquanto as maiores chegam a uma população que atinge uns poucos trilhões.

Assim como existem muito mais estrelas de pouca massa em uma galáxia, também existem muito mais galáxias anãs que gigantes no Universo.

Galáxias Peculiares

Uma pequena fração das galáxias no céu apresenta formatos por demasiado estranhos. Estas galáxias pertencem ao grupo denominado de peculiares, que perfazem 1 ou 2% da população total de galáxias.

Provavelmente as peculiares tiveram suas formas alteradas por interações ou colisões com outras galáxias. Colisões entre galáxias são fenômenos bem mais prováveis de ocorrer do que colisões entre estrelas. Nenhuma colisão entre estrelas foi jamais observada ou fotografada. A distância média entre as estrelas é milhões de vezes maior que o tamanho de uma delas. Isto torna as colisões estelares acontecimentos de extrema raridade.

Já as galáxias apresentam uma distância média apenas 10 vezes maior que o diâmetro de uma galáxia típica. Sob estas circunstâncias, não é nenhuma surpresa que centenas de aparentes colisões entre galáxias já tenham sido fotografadas.

Mesmo em uma colisão frontal entre duas galáxias, a probabilidade de colisão entre suas estrelas é ínfima. Entretanto, se participarem da colisão galáxias espirais ou irregulares, ricas em gás, choques entre extensas nuvens irão desencadear uma formação em massa de novas estrelas.

Os efeitos de interações e colisões serão sentidos na estrutura global das galáxias envolvidas, produzindo fortes distorções e formação de peculiaridades morfológicas.
A colisão e a posterior fusão entre galáxias espirais podem gerar, após milhões e milhões de anos de reorganização deste material, galáxias de formato elíptico.

Galáxias com Núcleos Ativos

As galáxias também podem ser classificadas em normais ou ativas, segundo sua emissão de energia.

Uma galáxia normal pode ser regular ou irregular em formato, mas tem em geral as propriedades que se esperaria de um conjunto formado por bilhões de estrelas, ou seja, a energia emitida por uma galáxia normal é o que esperaríamos obter se adicionássemos a radiação emitida por reações nucleares de estrelas isoladas de diferentes massas.

Já a emissão de energia das galáxias ativas não pode ser explicada desta maneira. Elas podem emitir muito mais energia que uma galáxia comum e a emissão se estende por diferentes freqüências do espectro, incluindo raios g, raios x, radiação visível, infravermelho e rádio.

Algumas emitem, a partir de uma pequena região central, enormes jatos de matéria que se estendem muito além da galáxia visível.

Como explicar a produção de tamanha quantidade de energia? Uma vez que as quantidades de energia envolvidas são imensas, as teorias propostas como tentativa de explicação recorrem aos buracos negros – objetos extremos no limite entre a ciência e a ficção. Buracos negros gigantescos com bilhões de massas solares estariam alojados no interior destas galáxias devorando a matéria ao seu redor.

Alguns exemplos de galáxias ativas são as radiogaláxias, as galáxias Seyfert e os quasares, que só mais recentemente passaram a ser reconhecidos como tais.

Radiogaláxias
Todas as galáxias emitem um pouco de radiação rádio, entretanto esta emissão em uma galáxia normal é milhões de vezes mais fraca que a emissão de luz visível. As radiogaláxias são galáxias anômalas que emitem intensos sinais de rádio. A emissão só em rádio das mais potentes equivale e pode superar o total de energia emitida pela nossa galáxia em todos os comprimentos de onda.

Algumas apresentam enormes jatos de matéria que são geralmente lançados ao espaço em duas direções opostas, formando dois grandes lóbulos, que às vezes chegam a conter 100 milhões de massas solares.

Estima-se que a velocidade média com que estes lóbulos se separam do núcleo é menor ou igual a 30.000 km/s (um décimo da velocidade da luz). Os maiores jatos podem se estender por mais de um milhão de anos-luz (10 vezes o diâmetro da Via Láctea). Estas grandes extensões nos indicam que esta emissão vem ocorrendo por centenas de milhares de anos. O exemplo mais próximo de nós é a radiogaláxia Centaurus A, a uma distância de 15 milhões de anos-luz.

Galáxias Seyfert
Primeiramente descritas por Carl Seyfert em 1943, se distinguem pelo fato de que sua emissão total de energia é 100 vezes superior à emissão total de energia de uma galáxia comum como a nossa, e o que é mais esquisito, esta energia é emitida de um núcleo brilhante, porém extremamente pequeno. Seus espectros mostram largas linhas de emissão. A porcentagem das galáxias espirais Seyfert é de 1%.

Quasares
Mesmo quando observados através dos melhores telescópios, os quasares têm aparência de pontos luminosos de fraquíssimo brilho, daí terem sido confundidos a princípio com estrelas. O termo quasar se origina da expressão quasi-stellar astronomical radiosource, isto é, fonte de rádio astronômica quase estelar.

Os primeiros astrônomos que os observaram ficaram intrigados com a intensidade de emissão de energia em comprimento de onda rádio, uma vez que estrelas normais não apresentam este comportamento.

Seus espectros despertaram ainda mais a atenção. Eram estranhíssimos e não correspondiam a nenhum elemento conhecido. Levou algum tempo para que o mistério fosse desvendado. Seus espectros haviam se tornado irreconhecíveis devido ao enorme desvio para o vermelho que suas linhas apresentavam.

Se, como se acredita, a origem destes desvios for cosmológica, ou seja, devido à expansão do Universo, então estes são os objetos mais distantes jamais observados.
Se somos capazes de observá-los a tão grandes distâncias, isto significa que eles devem emitir uma enorme quantidade de energia, com luminosidades cerca de 100 vezes superior à luminosidade das galáxias mais brilhantes conhecidas. Isto os torna de longe os objetos mais luminosos do Universo.

Flutuações de brilho nos permitem colocar restrições aos tamanhos máximos dos quasares. Grandes variações de brilho têm sido observadas em curtos períodos de tempo, indicando dimensões muito pequenas. Se realmente estão a estas distâncias, eles devem produzir o brilho de centenas de galáxias em volumes não muito maiores que nosso Sistema Solar.

Qual a natureza destes estranhos objetos? Atualmente, tendo em vista semelhanças destes objetos com radiogaláxias e galáxias Seyfert, acredita-se que sejam casos extremos de núcleos ativos de galáxias, responsáveis pelos eventos mais violentos acessíveis à observação no Universo.

Outro fato interessante a respeito destes objetos é que um único quasar pode aparecer em duas ou mais imagens em nosso céu – efeito conhecido como lentes gravitacionais.
Segundo a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, a presença de massa deforma o espaço ao seu redor, e a luz que percorre este espaço segue então não mais em linha reta, mas em curvas, conforme as deformações produzidas.

Os raios de luz que saem dos quasares viajam por bilhões de anos antes de chegar à Terra, e assim têm uma grande chance de encontrar pelo caminho grandes concentrações de massa, como galáxias e aglomerados de galáxias. Estes raios percorrem então caminhos curvos, e o efeito final será a visão de mais de uma imagem do mesmo objeto.

Quando observamos um objeto a bilhões de anos-luz de distância, estamos, na realidade, investigando como este objeto era há bilhões de anos. Neste sentido, os quasares têm para nós um valor inestimável, uma vez que nos revelam um passado distante. Representam, para os astrônomos, verdadeiros fósseis do Universo, enviando informações dos tempos primordiais, próximos da criação.

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Supernovas

Voltemos no tempo. Vamos, mais precisamente, para o século XI. Pela primeira vez se afirmou que a visão não era conseqüência da emissão de raios luminosos pelos olhos, e sim pela luz incidindo sobre eles. As guerras eram freqüentes entre povos sedentos por um domínio territorial cada vez maior, e a besta foi a primeira arma manual mecanizada. Os garfos começaram a ficar populares, pelo menos entre a aristocracia européia. A Astronomia ainda ia ter que esperar mais de 500 anos pela invenção do telescópio e sua utilização por Galileu, em 1610.

É neste cenário que um fantástico fenômeno celeste ocorreu causando espanto e admiração. Surge no céu uma estrela de brilho incomparável. Sua intensidade era tamanha que, mesmo durante o dia, com a presença do Sol, podia ser observada. Mais brilhante que Vênus, chamou a atenção de vários povos. Os chineses, há muito, estudiosos do céu, deixaram descrições detalhadas deste novo habitante da esfera celeste. Os índios norte-americanos também se manifestaram, deixando sua impressão sobre o fenômeno em rochas. Só em 1937 o astrônomo suíço Fritz Zwicky sugeriu o termo supernova para a explosão de estrelas.

A supernova de 1054, na constelação do Touro, pode ser vista por 23 dias durante o dia e durante à noite por mais de um ano. Imaginem a surpresa dos povos daquela época ao virem uma nova estrela no céu e com um brilho tão intenso. Talvez por não saberem explicar como isso poderia ter ocorrido numa esfera imutável, a esfera celeste, os europeus não tenham nos deixado nenhum registro de sua ocorrência.

Este fenômeno já era conhecido, apesar de sua explicação ser muito recente. Só na nossa galáxia, a Via Láctea, já foram registradas quatro supernovas, nos anos de 1006, 1054, 1572 e 1604.

A supernova de 1006 foi a mais brilhante de todas e os chineses a observaram por cerca de dois anos. O que restou da supernova de 1054, a nebulosa do Caranguejo, é um dos objetos mais estudados. Tycho Brahe, em 1572, descobriu uma supernova, imortalizada pelo escritor Euclides da Cunha com o nome de Peregrina, no artigo “Estrelas Indecifráveis”, de 1909.

A última supernova visível em nossa galáxia foi a de 1604, também conhecida como supernova de Kepler.

Por serem muito brilhantes, as supernovas são visíveis em galáxias distantes. Pelo menos uma dúzia delas são observadas todo ano. Cálculos estatísticos nos levam à ocorrência de uma supernova por século em cada galáxia. A nossa, portanto, está com um débito de 400 anos.

A supernova mais próxima de nós, desde que desenvolvemos uma tecnologia avançada (com a construção de potentes telescópios e técnicas de observação), ocorreu no ano de 1987, numa galáxia satélite à nossa – a Grande Nuvem de Magalhães. A luz desta explosão deixou sua origem há 170.000 anos, época em que os mamutes peludos dominavam os campos da Terra e o Homo Sapiens ainda não reinava absoluto.

Sabemos hoje que supernova é a explosão de uma estrela que possuía muitas vezes mais a massa do Sol. Essas estrelas massivas, com mais de dez massas solares, vivem muito pouco, alguns milhões de anos, e morrem de uma forma muito violenta, explodindo e lançando para o espaço um material rico em elementos pesados. Esses elementos podem encontrar nuvens de formação estelar e contribuir para a formação de sistemas planetários e são similares aos que encontramos na Terra.

Supernovas podem também ocorrer em sistemas estelares binários. Uma das estrelas pode estar capturando matéria de sua companheira e ficar com uma massa tão grande que acaba por explodir.

Esses fenômenos produzem duas categorias de objetos celestes: as estrelas de nêutrons e os buracos negros. Mas isso falaremos em outra oportunidade.

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Três sóis e um mistério

Você já se imaginou em um planeta iluminado por três sóis? A 145 anos-luz da terra (cerca de 1.370.000.000.000.000 de quilômetros) existe um lugar assim, numa direção que aponta para a constelação do Cisne.

Foi descoberto um planeta gigante pertencente ao sistema triplo de estrelas HD 188753, localizado no pedaço do céu indicado na figura ao lado. Esse é o único caso até agora em que um planeta orbita internamente um sistema múltiplo de estrelas.

Chamamos de sistema duplo duas estrelas que orbitam um centro de massa comum. O sistema triplo HD 188753 é composto por uma estrela primária em torno da qual gira um sistema duplo a uma distância média de 12,3 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é a distância média da Terra ao Sol, aproximadamente 150.000.000 de quilômetros).

A estrela primária tem 1,06 vezes a massa do Sol, e o sistema duplo que gira em torno dela tem uma massa total de 1,63 massas solares. Além das duas estrelas, também gira em torno da primária o planeta, que completa uma volta a cada 3,35 dias terrestres e que tem pelo menos 1,14 vezes a massa de Júpiter.

Abaixo há um esquema do sistema HD 188753 (fora de escala!!!). Essa descoberta trouxe uma questão que desafia o conhecimento que temos sobre formação planetéria. Um planeta como esse se forma a uma distância de pelo menos 2,7 unidades astronômicas da estrela primária, e depois migra para órbitas mais internas. No caso de HD 188753, o sistema duplo que também orbita a estrela primária, por sua massa e distância, teria limitado o disco de gás e matéria condensada onde se formou o planeta a um raio de apenas 1,3 unidades astronômicas, e o teria aquecido de maneira a tornar impossível a formação de um planeta gigante.