Seu primeiro telescópio
atualizado em junho de 2022
Sempre que alguém se inicia na observação do céu e pede sugestão de instrumento, nós astrônomos (amadores e profissionais) sugerimos começar com um binóculo de pequeno aumento e um mapa celeste. Uma boa especificação de binóculo inicial seria 7×50, onde o primeiro número indica o aumento (7x) e o segundo número o tamanho da objetiva (50mm de diâmetro).
Para iniciantes não é recomendado aumento maior que 10x e objetiva menor que 50mm. De tal modo, a pessoa começa com um investimento inicial menor (algo entre R$500,00 e R$800,00 – valores atualizados em junho de 2022, um 7X50 de marcas mais simples). Mas se você já tem alguma idade ou sua vista não é das melhores bom começar logo de cara com um 10×50, ai o preço sobe para algo entre R$600,00 e R$900,00 (junho de 2022). O uso do mapa permite acostumar com o céu, distinguindo estrelas, constelações e planetas. Mas se você já tem alguma intimidade com o céu (já consegue identificar os planetas no zodíaco, o Cruzeiro do Sul, Órion e o Escorpião) então já é hora de pensar em seu primeiro telescópio.
Como escolher um telescópio para um iniciante?
Duas coisas vão ajudar a responder esta pergunta: seu objetivo e seu conhecimento.
Para escolher bem é preciso ter em mente algumas perguntas simples: para que você quer um telescópio? Qual vai ser a sua disponibilidade de tempo e lugar para observar? Se você deseja só olhar de vez em quando, não precisa se preocupar tanto com a qualidade óptica e pode usar um instrumento mais barato. Mas se você quer mais do que isso, vai precisar aprender mais sobre telescópios antes de comprar qualquer um. Um telescópio simples para iniciante pode custar de R$700,00 a R$1200,00 nas lojas virtuais (junho de 2022). Mas esses valores e a qualidade do equipamento variam muito.
De uma forma bem geral você pode dividir um telescópio em uma parte óptica e uma parte mecânica.
A parte óptica também pode ser dividida em duas partes: objetiva e ocular.
A objetiva é um conjunto de lentes ou espelhos que recolhe a luz e a concentra no foco do instrumento.
Se a objetiva for composta de lentes dizemos que o telescópio é refrator (ou luneta). Eu considero uma luneta um bom começo para iniciantes uma luneta, pois é mais fácil de apontar (a ocular fica no final do tubo, oposta à entrada de luz, onde fica a lente objetiva). Devem-se escolher objetivas com, pelo menos, 60mm de abertura.
Se a objetiva for um espelho dizemos que é um telescópio refletor. O telescópio refletor mais popular é o newtoniano onde a ocular fica próxima da entrada de luz do telescópio formando um ângulo reto com o eixo do instrumento (ver figuras 1 e 2). Sugiro espelhos de pelo menos 100mm de abertura. Também existem telescópios que usam uma combinação de espelhos e lentes, mas esses são bem mais caros para um primeiro instrumento.
As oculares são intercambiáveis. Dê preferência a um instrumento que tenha pelo menos duas oculares para que possa variar o aumento. É a combinação da ocular com a objetiva é que nos dá o aumento efetivo.
A distância de um conjunto de lentes ou espelho até o seu foco é chamada distância focal (geralmente ela está escrita no telescópio e nas oculares). Divida a distância focal da objetiva pela distância focal da ocular e você obtém o aumento. Não leve em conta a propaganda de aumentos de 1.000 vezes ou mais. Isto é uma fantasia para vender. Aumentos entre 20 a 200 vezes são mais do que suficientes pra observar muitos objetos interessantes. Uma boa maneira de estimar o aumento máximo efetivo de um telescópio é multiplicar por 2,5 o valor do diâmetro da objetiva em centímetros. Assim, uma luneta de 60mm teria um aumento máximo efetivo de 60 x 2,5= 150 vezes. Com este aumento você pode distinguir as principais características da observação planetária (detalhes de crateras da Lua, luas de Júpiter, anéis de Saturno etc.).
Um telescópio refletor de 100mm pode aumentar bem até 250 vezes, que é mais do que satisfatório para observar as estrelas duplas mais notáveis, bem como nebulosas e aglomerados de estrelas. Se você tiver uma ocular de 6mm e outra de 12mm você já tem um bom começo.
É junto à ocular que fica o sistema de focalização. Sempre que possível teste girar o botão e note se há um movimento uniforme antes de comprar. Olhe sempre a objetiva em busca de manchas, bolhas, arranhões ou trincos. Se a lente se mostrar levemente azulada não há problema.
A parte mecânica do telescópio é tão importante quanto a parte ótica. É ela que permite apontar o instrumento. Tripés frouxos podem fazer a imagem tremer muito. Dê preferência a tripés de alumínio, pois são leves e estáveis.
A parte que move o equipamento é chamada de montagem (geralmente vai sobre o tripé). Uma montagem altazimutal (um eixo vertical e outro horizontal – ver figuras 1 e 2) é suficiente se não pretende fazer fotografia.
Tem um lugar fixo para observar? Geralmente as pessoas não dispõem de um lugar fixo e protegido para o seu instrumento. Logo, a portabilidade do equipamento deve ser levada em conta. Se você mora num apartamento, montagens pesadas vão te atrapalhar. O instrumento ideal deve ser leve, fácil de carregar e fácil de montar.
Quer tirar fotos do céu? Vai precisar de uma montagem firme com acompanhamento eletrônico e montagem equatorial (um eixo inclinado paralelo ao eixo da Terra na sua latitude e outro no plano do equador celeste – ver Fig. 3).
Quem sabe se você não quer se tornar um astrônomo amador? Procure um clube de Astronomia ou um planetário, faça cursos e participe de listas eletrônicas sobre o assunto. Abaixo seguem alguns endereços interessantes onde você pode encontrar informação sobre tudo o que falei aqui.
Céus claros para você!
Obs: os valores dos instrumentos sugeridos aqui são apenas referências que não levam em conta a qualidade técnica dos itens sofrendo muitas variações da relação custo-benefício.
Clubes de Astronomia pelo Brasil afora: http://sites.google.com/site/proflanghi/clubes
Links sobre Telescópios: http://sites.google.com/site/proflanghi/telescopios
Planetários no Brasil: http://planetarios.org.br/planetarios