O Planetário pausará as suas atividades no dia 16 de Dezembro para manutenção de equipamentos e retornará a partir do dia 03 de Janeiro de 2023.
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Dando continuidade à série de
artigo sobre matéria escura, neste segundo, falarei sobre sua composição e a
importância na formação de estruturas.
A primeira pergunta que podemos fazer é: A matéria escura existe? E uma vez que exista, do que é composta?
O modelo MOND (discutiremos em um post posterior) prevê uma modificação das leis da mecânica newtoniana para objetos em grande escala e a grandes distâncias.
O problema é que isso viola os princípios de Homogeneidade e de Isotropia do Universo, que dizem: se o Universo for visto em uma grande escala, as propriedades do Universo são as mesmas para todos os observadores. Isto se chama princípio cosmológico. Simplificando ainda mais, podemos dizer que a parte observável é representativa do todo e as leis que valem aqui, valem para todo o Universo.
Assim, mantendo o princípio cosmológico, precisamos encontrar algum “material”, “entidade” ou “ser”, como queiram chamar, para explicar a existência de uma gravidade superior àquela encontrada apenas observando a matéria bariônica (que simplificaremos com sendo aquela que absorve e emite algum tipo de radiação).
Existem dois tipos, a chamada matéria escura quente e a matéria
escura fria.
A matéria escura quente é aquela composta por partículas, como os neutrinos, que viajam à velocidade ultrarrelativística, ou seja, próxima à velocidade da luz e possuem uma massa pequena. Existem equipamentos, como o Observatório de Neutrinos Super-Kamiokande, em Gifu, no Japão, que procuram estas partículas.
Já a matéria escura fria, mais massiva, possui uma velocidade relativamente menor em comparação à quente. Pode ser encontrada na forma de Objetos Massivos do Halo (MACHOs, em inglês), como os buracos negros; Associações Robustas de Objetos Bariônicos Massivos (RAMBOs, em inglês), como aglomerados de anãs marrons; e/ou uma classe de partículas pesadas denominadas WIMPS, ou Partículas Massivas de Fraca Interação, (é, eu sei que os astrônomos adoram estes acrônimos!), além dos áxions, uma partícula elementar ainda hipotética.
A importância em sabermos qual o tipo de matéria escura existente está no fato em que esta fornece a explicação de como se deu a formação de estruturas do Universo.
Se a matéria escura for quente, sua interação e velocidade
impediriam a formação de estruturas em escalas menores que superaglomerados.
Posteriormente estes superaglomerados se fragmentariam em aglomerados e finalmente
em galáxias individuais.
O modelo mais aceito para a formação de estruturas de
galáxias é exatamente o contrário. Chamado de Modelo Hierárquico. Protogaláxias
em regiões centrais de halos de matéria escura fria colidem para formar
estruturas cada vez maiores. De protogaláxias para galáxias, depois formariam aglomerados
e superaglomerados.
Além da matéria escura quente e fria, alguns trabalhos recentes especulam a existência de um terceiro tipo, a matéria escura morna. Composta de partículas de massa intermediária, ainda não descobertas, parecem adequar-se a algumas estruturas observadas.
Diversos autores produzem modelos computacionais de formação
de estruturas em que porcentagens diferentes de matéria escura são adicionadas
para conseguir explicar o Universo observável.
Sei que acrescentei muito mais dúvidas que explicação, mas espero que tenham gostado desta discussão sobre a composição da matéria escura. Na próxima semana falaremos um pouco mais sobre esta “entidade”.
Hoje, dia 26 de março de 2020, diversas cidades e estados estão em quarentena devido ao surto do COVID-19. Um vírus que teve origem na China, mas se espalhou por todo o globo terrestre (sim, a Terra é redonda!). Escolas, centros comerciais e equipamentos culturais (como museus, teatros, cinemas, etc.) fecharam temporariamente suas portas para tentar minimizar a propagação do vírus.
A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro está fazendo a sua parte!! Estamos fechados para a visitação presencial, mas toda a equipe continua trabalhando, principalmente em regime conhecido como home office, ou seja, em casa, para a segurança de nossos funcionários e mantendo a excelência de nossos serviços.
Com este intuito, a fim de manter a divulgação da Astronomia e do conhecimento científico de uma forma geral, farei uma série de pequenos artigos sobre o tema: “A Matéria Escura”. Este assunto gera enorme interesse em todas pessoas que gostam desta ciência. Assim, dividirei em pequenos tópicos que apresentarei semanalmente, para que nossos leitores possam ler, aprender um pouco mais e interagir através de perguntas enviadas para as nossas mídias sociais (Facebook, Twitter, Instagram, etc.)
Introdução
Para falar de matéria escura, primeiramente
pedirei para o leitor fazer um pequeno exercício de imaginação.
Vocês gostam de filmes de terror? Lembram-se daqueles em que portas abrem e fecham sozinhas? Correntes são arrastadas e passos são ouvidos no sótão e no porão? Já adivinharam sobre o que estou falando? Claro que estou descrevendo efeitos observados de um personagem comum da imaginação popular: o fantasma! A menos que carregue um lençol branco, só poderemos constatar a presença desta entidade quando os efeitos acima descritos são percebidos.
Não querendo ofender nenhuma crença ou
religião, para a Ciência, isto é apenas fruto de nossa imaginação e pode ser
explicado de diversas formas, mas esta não é a intenção deste artigo.
Agora imagine uma “entidade” cuja presença é
detectada pela forma como esta interage gravitacionalmente com os corpos em seu
entorno, influenciando a movimentação e a forma da curva de rotação de
galáxias, a velocidade de estrelas dentro de aglomerados estelares, a colisão
de galáxias e até possibilitando observar objetos tão distantes que nem os
melhores telescópios atuais possuem resolução espacial suficiente para
enxergar!
Para esta “entidade” damos o nome de matéria
escura!! Uma matéria que não pode ser verificada por nenhum detector de emissão
eletromagnética, em nenhum comprimento de onda, nem no raio gama, no
ultravioleta, no visível, no infravermelho, no micro-ondas, no raio X, etc.,
mas seus efeitos gravitacionais em materiais visíveis, chamados de matéria
bariônica, são observados de maneira direta e contundente.
A matéria bariônica, para simplificar a compreensão do leitor, é aquela que podemos observar através de algum tipo de interação eletromagnética, que emite “luz” em algum tipo de comprimento de onda listado acima. Apesar de ser a matéria que observamos diariamente e através dela termos a noção da pequenez de nossa existência, observando as estrelas, os planetas e as galáxias, a matéria bariônica é apenas 5% da densidade de energia do Universo. O restante, aproximadamente 22%, é de matéria escura e 73% está na forma de energia escura (falaremos sobre isso em outros artigos).
Os primeiros observadores da matéria escura
Para iniciar esta série de textos, falarei
sobre as observações e os trabalhos que foram feitos para a descoberta e a
comprovação da matéria escura.
Fritz Zwick e o aglomerado de Coma
O primeiro cientista a propor a existência da
matéria escura foi Fritz Zwick, um astrônomo suíço que, usando um teorema
físico chamado Virial, observou o movimento das galáxias no aglomerado de Coma,
em 1933. Zwick observou uma anomalia ao estimar a massa gravitacional do
aglomerado, utilizando a velocidade rotacional das galáxias, em comparação à
massa obtida através da observação direta da luminosidade emitida pelas
estrelas, nebulosas e o envoltório de gás.
Zwick estimou que existiria uma quantidade
400 vezes maior de massa que não emitia radiação eletromagnética, matéria
escura, em relação à matéria bariônica. Hoje sabemos que 90% da massa do
aglomerado é composta de matéria escura.
Vera Rubin e as curvas de rotação das galáxias
“Como é possível você viver no planeta Terra
e não querer estudar o Universo”. Esta frase icônica da astrônoma
norte-americana Vera Rubin exprime muito desta mulher pioneira em uma área
dominada por homens nos anos de 1970.
No final dos anos de 1960 e início dos anos
de 1970, Vera Rubin estudou a velocidade de rotação de galáxias próximas, de
uma forma bem precisa e sistemática. Ao publicar seu trabalho, mostrou que
existia uma discrepância entre o valor calculado, através da Lei de Kepler, e o
valor observado. Ela encontrou uma constância na velocidade de rotação para as
regiões mais afastadas do centro das galáxias.
Para tentarmos explicar esta constância,
podemos tentar contornar utilizando uma teoria alternativa, chamada MOND ou
Dinâmica Newtoniana Modificada, que não tem muita aceitação no meio acadêmico.
Poderemos falar sobre ela em um outro momento, ou propor a existência da
matéria escura. Esta última é muito mais aceita, não apenas pela simplicidade, mas
também por ter mais evidências de sua existência.
O aglomerado da bala
Este objeto é o resultado de uma colisão de
dois aglomerados de galáxias e nos mostra de forma clara como a matéria escura influencia
no resultado de um encontro entre cada um dos componentes destes aglomerados.
A imagem mostra uma composição feita com observações
do telescópio espacial em raio X, o Chandra, e do telescópio espacial, no
comprimento de onda visível, o Hubble.
A observação em raio X nos mostra os
componentes de gás intergaláctico que colidiram, aquecendo-se, e estão
representados na imagem pela cor rosa. Observe que o gás está na região mais
central, pois, por ser mais disperso e interagir de forma mais eficiente,
“ficou para trás”.
A região azulada representa a distribuição de
matéria escura na qual as galáxias estão imersas. Como as galáxias não se
colidem individualmente, porque suas dimensões são bem menores em relação à
separação entre elas, atravessaram a área central da colisão, acompanhando a
matéria escura e separando-se do envoltório intergaláctico de gás.
Lentes gravitacionais
A distorção do espaço-tempo permite que
façamos inúmeros trabalhos. Um deles é observar objetos que estão atrás de
outros mais próximos (um exemplo foi a observação de uma estrela que se
encontrava angularmente atrás do Sol durante o eclipse de 1919 em Sobral, no
Ceará, e na Ilha do Príncipe, na costa da África, servindo para comprovar a
Teoria da Relatividade Geral).
Uma outra utilização é determinar a massa que
está causando esta deformação, uma vez que algumas destas são provocadas por
matéria que não emite nenhum tipo de radiação, ou seja, pela matéria escura, que
pode estar em uma galáxia supermassiva ou em um aglomerado de galáxia.
Veja abaixo a imagem de lentes gravitacionais
e a explicação gráfica do caminho percorrido pela luz. Existem diversos objetos
que comprovam, tanto a existência das lentes gravitacionais, quanto da matéria
escura que as provocam.
Estamos terminando este primeiro texto sobre
a matéria escura. Colocarei semanalmente esta série de textos tentando
elucidar, e até mesmo criar mais dúvidas, para os nossos leitores.
Continuem a nos seguir pelas diversas mídias sociais.
Teremos novidades todos os dias.
Observar planetas extrassolares, ou exoplanetas, é uma pesquisa que requer um grau de precisão e um tempo de telescópio tão grandes que grupos numerosos de pesquisadores são necessários.
Hoje, dia 5 de julho de 2019, apenas um pouco mais de 4.000 exoplanetas foram confirmados.
As técnicas observacionais são variadas. Podemos citar como as mais eficientes atualmente a de medir a velocidade radial da estrela alvo em relação à Terra. Como a estrela e o planeta giram ao redor de um centro de massa em comum, a luz da estrela exibirá um deslocamento das linhas espectrais devido ao efeito Doppler. Serve principalmente para exoplanetas com grande massa e estrelas com baixa massa.
Outro método bem eficiente é o de trânsito fotométrico. Este depende fortemente da inclinação do plano da órbita do exoplaneta em relação à Terra. O exoplaneta passa em frente ao disco da estrela, para um observador terrestre, permitindo estimar o período e o raio do objeto. O método anterior é mais eficiente para a estimativa da massa do planeta.
Existem outros métodos como modulações de refletividade, variação de período de pulsares, microlenteamento gravitacional, etc. Não iremos nos ater a estes métodos pois falaremos do processo de imageamento direto.
Sabemos que os planetas não possuem luz própria e apenas refletem a luz emitida pela estrela hospedeira. Por isso, a luz refletida é muito mais fraca comparada à luz emitida pela estrela. Para conseguirmos observar planetas diretamente é necessário bloquear a fonte intensa de luz utilizando um equipamento chamado coronógrafo.
O primeiro exoplaneta observado diretamente teve sua imagem captada por um grupo de astrônomo utilizando o Very Large Telescope (VLT), do European Southern Observatory (ESO), em 2004. Outros exemplos de observação direta são os exoplanetas da estrela HR8799 e do planeta próximo a Beta Pictoris.
Como podemos perceber, a observação direta de exoplanetas necessita de equipamentos de grande porte e resolução espacial. Por isso, o ESO, juntamente com o programa de busca de planetas do tipo terrestre Breakthrough Watch, estão testando um novo instrumento para a busca de exoplanetas na zona de habitabilidade do sistema planetário mais próximo de nós, Alpha Centauri.
O sistema Alpha Centauri localiza-se a 4,3 anos-luz de distância da Terra e possui uma estrela anã vermelha denominada Proxima Centauri e duas estrelas do tipo solar, chamadas de Centauri A e B.
Para
obter a imagem direta dos possíveis planetas tipo terrestre, os
proponentes do projeto NEAR (Near Earth in the AlphaCen
Region) construíram um coronógrafo infravermelho térmico.
Este instrumento foi projetado para bloquear a maior parte da
radiação emitida pelas estrelas e capturar a emissão infravermelha
refletida pelo planeta.
Uma das grande vantagens de utilizar este instrumento no VLT do ESO é a oportunidade de aplicar conjuntamente a técnica de óptica adaptativa. Esta tem a vantagem de corrigir as distorções provocadas pela atmosfera terrestre, permitindo melhorar a resolução espacial e por consequência, aumentando a chance de observar os possíveis exoplanetas.
Com
a melhoria dos equipamentos e detectores, esperamos que, em breve,
possamos aumentar de 52 para um número bem maior os exoplanetas
potencialmente habitáveis que poderemos estudar.
Na crendice popular, após a observação de um bólido ou uma estrela cadente (meteoro), deve ser feito um pedido e ele será realizado… tenho certeza que isso não acontece!! Pois, se acontecesse, tudo seria uma maravilha: os astrônomos teriam os melhores telescópios, o Brasil estaria no consórcio do ESO e muitas pessoas estariam ricas, pois alguém tem dúvida que nós, os observadores do céu, já observamos centenas ou milhares de estrelas cadentes?
Então, vamos falar sério.
Na madrugada do dia 12 de abril de 2019, um belo espetáculo foi observado: um bólido cruzou o céu do Rio Grande do Sul!
Bólido é o fenômeno causado pela passagem de um meteoroide ou asteroide pela atmosfera, transformando parte de sua energia de movimento (energia cinética) em um rastro brilhante, terminando em uma explosão luminosa. Alguns autores ainda classificam os bólidos com brilho superior ao da Lua como superbólidos.
Vejam abaixo uma classificação deste e de outros objetos, traduzida da Agência Espacial Canadense, para que não tenham dúvidas.
Este fenômeno não é raro em todo o planeta. Diversos objetos como estes são observados regularmente por pesquisadores e astrônomos amadores. Existem diversas equipes que dedicam parte de seus dias a coletar e analisar imagens e vídeos obtidos diuturnamente.
Os equipamentos das estações de monitoramento são precisamente orientados de modo a possibilitar a combinação das imagens, fornecendo dados de trajetória, duração, velocidade e estimativa de massa, entre outras informações.
No dia 24 de março, outro bólido foi observado nos céus do estado de Santa Catarina. Este também chamou muita atenção da população local e, além das estações terrestres, foi observado pelo satélite meteorológico GOES-16.
A BRAMON é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é desenvolver e operar uma rede para o monitoramento de meteoros, com o objetivo de produzir e fornecer dados científicos à comunidade através da análise de suas capturas, que são realizadas por estações de monitoramento. Desta forma, ela visa figurar como a maior rede de monitoramento de meteoros do hemisfério sul e entre as maiores do mundo, além de tornar-se uma referência como uma rede que alia a qualidade ao uso de equipamentos acessíveis e de baixo custo.
Leitor, caso tenha interesse no assunto e deseje saber mais detalhes sobre o funcionamento do grupo, a instalação de câmeras e a análise de imagens, sugiro que entrem em contato com o BRAMON. Seus componentes estão sempre dispostos a ajudar novos integrantes e a instalar novas estações de monitoramento em todo o país.
Apesar dos meteoros não concederem desejos, a observação destes permite o cálculo de trajetórias, indicando possíveis locais de queda de meteoritos que poderão ser recuperados e servirão para estudos da composição química dos componentes do Sistema Solar.
Continuem a nos acompanhar. Aqui uma novidade astronômica se transforma em uma notícia em nosso blog Super Novas.
Estamos sós no Universo? Esta pergunta intriga a todos. Em maior ou menor grau, a descoberta de seres vivos fora do planeta Terra será um fato transformador para toda a raça humana.
Estatisticamente é muito provável que exista vida extraterreste. Só na nossa galáxia são mais de 100 bilhões de estrelas! Será que apenas um planetinha, girando ao redor de uma estrelinha tem condição de ter vida? A famosa equação de Drake (aquela que calcula a probabilidade de encontrarmos vida e até mesmo vida inteligente) nos fornece um valor diferente de zero.
Porém, as distâncias são enormes entre a Terra e os possíveis planetas que possam abrigar vida. Para se ter uma ideia, a luz da estrela mais próxima de nós, depois do Sol, demora quatro anos e quatro meses para chegar à Terra. Além disto, como estes supostos ETs enviariam um sinal que fosse interpretado por nossos receptores?
Todas as questões apresentadas precisam ser respondidas! Mas, por que começar a busca de vida em exoplanetas? É muito mais inteligente e produtivo começarmos a testar todas as técnicas de busca por vida nos planetas e luas do Sistema Solar.
Um dos experimentos de busca de vida consiste na localização de fontes de moléculas residuais de processos biológicos. Estas moléculas são utilizadas como marcadores de vida, e uma destas moléculas é a do metano.
A formação desta molécula passa por processos biológicos (decomposição de lixo orgânico, digestão de animais, metabolismo de certos tipos de bactérias), também chamada de metanogênico e por processos não biológicos (vulcões, processos industriais, etc.) ou abióticos.
No último dia primeiro de abril (e isso não foi pegadinha do dia da mentira) pesquisadores anunciaram a detecção da presença de metano na atmosfera de Marte. A observação foi realizada em plumas acima da cratera de impacto Galle, realizadas no dia 16 de junho de 2016.
Esta não foi primeira vez que este gás tinha sido detectado. A sonda Mars Express, utilizando seu espectrômetro de infravermelho PFS já havia detectado indícios desta molécula, em 2004, na mesma região marciana. Porém os resultados eram inconclusivos. O robô Curiosity, também detectou em 2013, linhas espectrais do metano em análises realizadas no local, que foram também questionadas sob a alegação da amostra ter sido contaminada pelo próprio robô.
O pesquisador Marco Giurama e sua equipe do Instituto Italiano de Astrofísica (Roma), voltaram a se debruçar sobre os dados da Mars Express em 2018 e início de 2019. Utilizando uma nova técnica de análise, Giurama conseguiu aprimorar os resultados, levando à diminuição na incerteza dos dados de 2016. Concomitantemente, o robô Curiosity também fez observações deste mesmo gás nos mesmos dias.
Agora, dois equipamentos, o robô Curiosity e a sonda Mars Express, detectaram independentemente a presença de metano no planeta vermelho, respondendo ao questionamento sobre a presença ou não de marcadores de vida no planeta.
Espere um pouco, quer dizer que tem vida em Marte? Bom, vamos com calma…. A presença de marcadores não significa que exista vida. Sabe-se agora que este indicador foi encontrado no planeta, acima de uma falha tectônica coberta por uma fina camada de gelo que, esporadicamente, libera o metano em forma de plumas. Se este gás é de origem biológica ou não, permanece o mistério.
Novas observações e análises serão realizadas nos próximos anos. A expectativa quanto à descoberta de vida é enorme. Esta é uma busca incessante e incansável de diversos pesquisadores.
Quem sabe, em breve, encontraremos os primeiros seres vivos extraterrestes?
Acompanhe-nos no site do planetário, porque aqui as notícias mais interessantes e supernovas aparecerão na velocidade da luz!
No dia 6 de junho de 1971, 45 anos atrás, aconteceu o lançamento da nave Soyuz 11, no Cosmódromo de Baikonur. Os tripulantes tinham uma missão muito especial, acoplar e realizar experimentos na estação espacial soviética Salyut 1. Após uma decolagem bem sucedida e um acoplamento perfeito no dia seguinte, os cosmonautas Georgi Dobrovolski, Vladislav Volkov e Viktor Pastayev permaneceram durante 22 dias em intensos trabalhos científicos.
O drama dos cosmonautas começou com a reentrada na atmosfera, em 30 de junho. Ao pousar, a equipe de resgate percebeu que os ocupantes estavam imóveis. Uma tentativa de reanimá-los foi em vão.
A hipótese mais provável para explicar o ocorrido foi uma falha em duas minúsculas válvulas que serviriam para homogeneizar a pressão da cabine durante o pouso. Estima-se que a localizaçãoo da válvula não permitiu a percepção da ausência de ar, levando os cosmonautas à óbito.
Os tripulantes tiveram um funeral com honras de estado e uma extensa reformulação nas cabines das naves espaciais foram realizadas para evitar um novo acidente.07
A cada dia a pesquisa astronômica nos presenteia com descobertas incríveis, que superam até mesmo os filmes de Hollywood. Para quem gosta e se lembra, Tatooine, o planeta natal do personagem Anakin Skywalker – da saga Star Wars, orbitava um sistema duplo de estrelas. Era um planeta rochoso, desértico e com vários perigos, mas não vamos nos estender sobre este assunto.
Pesquisadores do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) encontraram um sistema planetário incrivelmente interessante, principalmente pela dinâmica envolvida. Trata-se da descoberta de um planeta com 1,7 vezes o tamanho de Júpiter e a massa quase igual (0,902MJ), que gira ao redor de uma estrela um pouquinho mais quente que o Sol, com cerca de 6.206K. Isto não seria nenhuma novidade, já que um pouco mais de dois mil planetas já foram descobertos ao redor de outras estrelas. Porém, este planeta está orbitando uma estrela que se encontra em um sistema triplo de estrelas. Apenas três outros sistemas planetários foram associados a sistemas estelares triplos.
Denominado KELT-AB, o planeta citado orbita a estela KELT-A, dando uma volta a cada três dias! Ou seja, sua translação é de apenas três míseros dias! Uma pergunta que ainda não foi respondida é: como um planeta gasoso consegue suportar todas as forças que atuam sobre ele estando tão próximo e com uma velocidade tão grande?
E esta pergunta é apenas uma das curiosidades, pois o sistema estelar completa-se com a presença de outras duas estrelas ‒ KELT-B e KELT-C, que orbitam entre si a cada 30 anos e num período de 4.000 anos ao redor de KELT-A. Por ser um planeta gasoso, não apresenta superfície, mas se tivesse uma estação espacial ao redor deste planeta, um visitante veria uma das estrelas cerca de 40 vezes maior angularmente que vemos na Terra e as outras estrelas do tamanho da Lua cheia, ou seja do tamanho que vemos o Sol. Estes objetos encontram-se cerca de 680 anos-luz da Terra, sendo o sistema triplo com planetas mais próximo encontrado.
Como iniciei, desejo terminar com a mesma ideia: apesar de toda a nossa imaginação, o Universo é capaz de nos surpreender a cada dia. E, apesar disso e contando com isso, estaremos aqui no Planetário da Cidade do Rio de Janeiro para nos surpreender e ajudar a dirimir qualquer questão que possa surgir.
A última semana foi movimentada! Com a detecção de ondas gravitacionais, propostas por Albert Einstein há 100 anos, houve um grande rebuliço midiático. Todas as formas de comunicação passaram horas explicando, e até mesmo desenhando, esta descoberta, conseguindo que o tema fosse discutido pelas mais diferentes pessoas, em ambientes com todos os graus de instrução.
Além do gigantesco valor científico, abrindo uma nova forma de estudar e compreender o Universo em que vivemos, a divulgação científica desta descoberta alcançou todo o espectro possível de pessoas. Deste modo, conseguiu mostrar que o interesse pelas Ciências e a busca por respostas sobre o Universo independe de fatores financeiros, educacionais, religiosos ou étnicos.
Diariamente, diversas descobertas e confirmações de teorias são publicadas em revistas científicas. Como no caso das ondas gravitacionais, grande parte dos artigos são referentes a pesquisas de base que irão gerar, no futuro, novas formas de se aprender mais sobre o mundo em que vivemos, nas mais diferentes áreas do conhecimento.
A Fundação Planetário, como um órgão de divulgação das Ciências em geral, é responsável por levar a você, de uma maneira mais palatável, estas descobertas na área da Astronomia (e temos conseguido, graças a uma equipe muito bem preparada e especializada, executar nossa missão com resultados excelentes).
Você, leitor, sinta-se à vontade para nos procurar pessoalmente, escrever, mandar mensagens, que estaremos preparados para lhe proporcionar respostas (caso existam) e um conhecimento sobre a mais bela das Ciências: a Astronomia!!
Desde o fim de semana passado, quando a Agência Espacial Norte Americana (NASA) anunciou que faria um comunicado sobre uma grande descoberta em Marte, várias pessoas especulavam o que seria. Surgiram as mais diferentes teorias: a descoberta de vida extraterrestre, uma base alienígena, egípcios marcianos (para compensar os incas venusianos) e a presença de água líquida na superfície.
Ontem, 28 de setembro de 2015, por volta de 12h30min, no horário de Brasília, terminou este mistério. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, sob a coordenação de Lujendra Ojha, utilizando equipamentos a bordo do MRO (Mars Reconnaissance Orbiter), confirmaram a presença de indícios de água extremamente salgada descendo pela encosta de uma cratera do planeta vermelho.
Conhecidas como linhas de encostas recorrentes, estas marcas de pouco menos de cinco metros de largura sempre intrigaram os pesquisadores que estudam Marte. De acordo com o pesquisador, os sais são formados na presença de água que pode ser encontrado na superfície e um pouco abaixo desta, fazendo com que as linhas sejam observadas durante as estações mais quentes do planeta e desapareçam durante os períodos mais frios.
Isto era esperado, uma vez que a presença de sais faz com que a temperatura de congelamento da água seja menor do que a da água pura, possibilitando encontrar-se no estado líquido. O leitor desavisado poderia pensar que estes sais seriam como a de nossas casas (cloreto de sódio), porém são os sais, cloreto de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio.
Os pesquisadores ainda não sabem qual a origem desta água. Uma hipótese bem aceita seria a de derretimento de gelo superficial e de pouco abaixo da superfície. Provavelmente, o planeta vermelho, muito tempo atrás, teria uma atmosfera muito diferente da atual e possuía uma quantidade enorme de água na superfície, mas alguma coisa aconteceu (muitos acreditam em uma colisão com algum objeto) e perdeu parte significativa de sua atmosfera e, com isso, a pressão atmosférica na superfície tornou-se muito baixa, fazendo com que temperatura de ebulição (evaporação da água) fosse tão baixa que a água superficial evaporasse.
A vida como conhecemos necessita de água para sobreviver e a presença desta pode sugerir a existência de algum tipo de micoorganismo vivo. Nos dias atuais, a busca de vida em qualquer local, seja nos planetas e luas do Sistema Solar ou em planetas extrassolares, passa inicialmente pela busca de sinais de água e, com esta descoberta, a procura será mais intensa em Marte.
A observação de cometas é uma das mais prazerosas ações dos astrônomos amadores. No imaginário popular, a simples menção a cometas leva o leitor a acreditar que verá um grande objeto difuso deslocando-se no céu com uma grande cauda. A realidade é um pouco diferente. Apesar de existirem vários relatos de cometas brilhantes, observar um com brilho significativo não é rotineiro.
Na antiguidade, a observação de um cometa era vista como um presságio, positivo e, algumas vezes, negativo. Por exemplo, na conquista normanda da Inglaterra, antes da batalha de Hastings, em 1066, o Rei Harold foi informado do avistamento do cometa Halley e, no dia 14 de outubro perde o combate para o duque normando Guilherme. Este evento foi retratado na tapeçaria Bayeux.
Parte da tapeçaria Bayeux onde o cometa é representado.
Nos últimos anos, a descoberta de novos cometas é comumente feita utilizando-se os telescópios robotizados do projeto LINEAR, uma parceria entre a NASA (Agência Espacial Norte-Americana), a Força Aérea Americana e o Laboratório Lincoln do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), mas não se resume a apenas astrônomos profissionais. Diversos grupos de astrônomos amadores de diferentes partes do mundo dedicam grandes esforços para encontrar NEOs (objetos com órbitas próximas da Terra), principalmente asteroides e eventualmente cometas.
O grupo brasileiro SONEAR (Observatório austral para pesquisa de objetos próximos da Terra, em inglês) do astrônomo amador Cristovão Jacques, em colaboração com João Ribeiro de Barros e Eduardo Pimentel, faz parte da rede de observatórios que se dedicam à busca de asteroides e cometas. No início do ano de 2014, após a comparação de imagens feitas do mesmo campo estelar em diferentes datas, foi encontrado o cometa, inicialmente denominado S002692 e posteriormente C/2014 E2 Jacques, seguindo a tradição de denominar o cometa com o nome de seu descobridor.
Durante o mês de setembro, o cometa Jacques poderá ser observado nas constelações do Cisne, Raposa e Águia (vide ilustração abaixo). Utilizando um telescópio de pequeno porte ou um bom binóculo será possível notar a sua presença. Para se ter uma ideia da necessidade de instrumentos, estima-se que no dia 14/09 terá uma magnitude aparente de 9, muito acima do limite da visão humana desarmada.
Como passa próximo de estrelas brilhantes, sua posição no céu não será muito difícil de localizar se o observador tiver o horizonte Norte e Nordeste livre no início da noite.