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Novas luas colocam Júpiter como o recordista do Sistema Solar

No fim do ano passado as órbitas de 12 novas luas de Júpiter foram calculadas e publicadas, elevando o número de seus satélites para 92. Antes Júpiter possuía 80 e disputava com Saturno, que contabiliza 83, para ver quem seria o recordista do Sistema Solar.
Este diagrama mostra as órbitas das luas em torno de Júpiter: roxo para as luas galileanas, amarelo para Themisto, azul para o grupo Himalia, ciano e verde para Carpo e Valetudo, respectivamente, e vermelho para luas retrógradas distantes. (Nota: o número de luas neste diagrama não está atualizado.) Scott Sheppard
Porém, a busca por novas luas em Saturno pode destronar Júpiter em breve. Pequenos objetos, com tamanhos de até três quilômetros, podem ser oriundos de uma colisão que impediu a formação de uma lua maior de Saturno e ainda não foram devidamente rastreados. As chances de Saturno ser o planeta com o maior número de luas é grande.

Todas essas novas luas de Júpiter estão bem distantes, levando mais de 340 dias para completar uma órbita. Algumas foram capturadas pelo planeta, outras são restos de colisões e outras foram formadas onde se encontram hoje.

Algumas destas luas poderão ser alvo de pesquisa com missões programadas: a Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE) da Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para abril; a Europa Clipper da NASA, com lançamento previsto para o final do ano que vem; e uma missão chinesa sendo considerada para a década de 2030.
Embora não esteja atualizado com todas as 92 luas conhecidas de Júpiter, este diagrama, no entanto, ajuda a visualizar o agrupamento de luas por suas órbitas: as luas galileanas são as luas mais internas e massivas (roxo). As luas progressivas do planeta (roxo, azul) orbitam relativamente perto de Júpiter, enquanto suas luas retrógradas (vermelhas) estão mais distantes. Uma exceção é Valetudo (verde), um corpo em movimento progressivo que está longe. Carnegie Inst. para a Ciência / Roberto Molar Candanosa
Fonte: https://skyandtelescope.org/astronomy-news/astronomers-find-a-dozen-more-moons-for-jupiter/
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Tau-Herculídes de 2022, Chuva ou Tempestade?

As chuvas de meteoros são um fenômeno celeste que causa grande interesse e uma de suas características mais marcantes é a imprevisibilidade quanto à taxa de meteoros que será observada. Em especial a Tau-Herculídeas que terá pico na madrugada de 30 para 31 de maio está causando alvoroço

Dada sua imprevisibilidade característica, a regra de ouro para as chuvas de meteoros é: vai ser boa? Não sabemos, mas, se possível, assista.

Chuvas de Meteoros acontecem quando a Terra cruza o rastro de poeira deixado por um cometa ou asteroide. A grande maioria das chuvas está associada a algum cometa mas há algumas associadas a um asteroide. Na medida em que o objeto segue sua órbita ele deixa poeira por onde passa e, a Terra, ao cruzar essa órbita, recebe em sua atmosfera parte da poeira deixada para trás. Estamos falando de fragmentos bem pequeninos, portanto, nenhuma chuva de meteoros representa qualquer risco.

Para cada chuva há uma taxa de meteoros esperada, e essa taxa é calculada por uma série histórica. Ou seja, em cada chuva observa-se a quantidade de meteoros por hora e anota-se. Esse número anotado ano após ano indica uma tendência que nos faz esperar chuvas mais intensas ou menos intensas.

Compreendendo o mecanismo de formação das chuvas de meteoros, podemos verificar uma informação importante: chuvas de meteoros acontecem todo ano, e são várias, de modo que não estamos falando de um fenômeno exatamente raro.

Agora, vejamos o nome das chuvas. Elas são batizadas utilizando-se o nome da constelação onde está o radiante (ponto no céu de onde parecem estar saindo os meteoros) e a letra grega que indica a estrela mais próxima naquela constelação. Portanto, o radiante da chuva Tau-Herculídeas está(ria) posicionado próximo à estrela Tau da constelação de Hércules. Entretanto, especialmente esta chuva, que foi originalmente prevista para ser observada em Hércules, acontece na constelação do Boieiro.

No Rio de Janeiro, a constelação do Boieiro pode ser vista desde o início da noite de 30 de maio para quem tem o horizonte nordeste livre. Estará em sua melhor condição de observação por volta das 22h. É uma constelação do hemisfério Norte, portanto, estará baixa no horizonte carioca. A região norte do Brasil é a melhor para assistir à Tau-Herculídeas. O radiante da chuva está posicionado próximo à estrela Arcturus, a mais brilhante da constelação do Boieiro.

Constelação de Boieiro bem ao norte no céu do Rio de Janeiro. Carta Celeste do Rio de Janeiro às 22h00 de 31 de maio de 2022.

Boieiro em melhor condição de observação no Norte do Brasil. Carta Celeste de Manaus ás 23h30 de 30 de maio de 2022.

E por que estão chamando essa chuva de tempestade? Acontece que o cometa 73/P Schwassman-Wachmann 3, ou SW 3, passou por um processo de fragmentação em 1995. E os fragmentos dessa fragmentação também se fragmentaram posteriormente e o cometa “pai” deixou em seu caminho até agora 69 fragmentos conhecidos. Fragmentação de cometas também não é algo raro de acontecer, principalmente com os de curto período, como o é o caso de SW3.

Assim, se os detritos resultantes da fragmentação de 1995 tiverem sido ejetados com uma velocidade acima do normal, cerca de duas vezes e meia, é possível sim que tenhamos sim, uma chuva mais intensa porque teríamos uma quantidade maior de fragmentos atingindo a Terra. Apenas essa a razão. 

Imagem obtida pelo Telescópio Espacial Hubble em 2006, mostrando fragmentos do SW3 se fragmentando em pedaços ainda menores. NASA / ESA / H. Weaver (JHU / AP) / M. Jäger / G. Rhemann.

Mas, como em todas as chuvas de meteoros, a palavra de ordem é imprevisibilidade. Não temos nenhuma razão para supor que os detritos da fragmentação do SW3 em 1995 estejam viajando acima da velocidade normal. Mas, quem sabe?

De qualquer forma, tome um cuidado importante. As “chuvas” de meteoros não são exatamente chuvas… são uma oportunidade de observar mais meteoros que em outras noites, mas, em geral, observa-se alguns meteoros por hora. Diferente de uma chuva propriamente dita em que temos milhares de pingos de água por hora.

Outro detalhe importante é que serão observados aqueles meteoros que puderem ser vistos com a luminosidade do seu céu. Em um centro urbano, tipicamente muito iluminado, só serão observados os mais brilhantes, enquanto numa região afastada da iluminação serão observados os mais brilhantes e os menos brilhantes. Portanto, seu local de observação também vai influenciar em quantos meteoros você observará.

Então, mesmo não tendo certeza se teremos uma chuva ou uma tempestade, eu não apostaria na tempestade. Aposto numa chuva, bonita, como todas as outras.

Para observar a Tau-Herculídeas:

Melhor localização: Onde se tenha o horizonte norte e nordeste livres de prédios, montanhas ou árvores, e afastado da iluminação urbana. As cidades mais ao norte do país têm melhores condições de observação para essa chuva de meteoros.

Para onde olhar no céu: Utilize as cartas celestes acima colocando-as sobre sua cabeça, coincidindo os pontos cardeais da Carta com os pontos cardeais do seu local de observação e procure a estrela mais brilhante da constelação do Boieiro. O radiante de Tau-Heruclídeas estará ali perto.

Equipamento para observação: Toalha para deitar no chão, cadeira, esteira e travesseiro (esqueça telescópio ou binóculo).

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Dia dos Povos Indígenas

O dia 19 de abril é o Dia dos Povos Indígenas e celebra a resistência dos povos originários do Brasil. De acordo com a Funai, atualmente encontramos em território brasileiro 305 povos indígenas, falantes de 274 línguas, porém, infelizmente, ainda conhecemos e valorizamos muito pouco os seus conhecimentos sobre a natureza, especialmente as suas cosmo percepções.

Crescemos ouvindo falar das constelações do Escorpião, do Centauro, do Cruzeiro do Sul, entre outras. Estas visões celestes chegaram até nós por milenares e tortuosos caminhos, desde os Babilônios, Egípcios e Assírios, passando pelos antigos Gregos e por astrônomos e cartógrafos celestes europeus dos séculos XVI e XVII, até finalmente serem reconhecidas pela União Astronômica Internacional em 1922. O que poucos sabem é que este panteão celeste que herdamos da nossa colonização europeia é apenas uma das múltiplas formas de se olhar e conhecer o céu. Se perguntarmos a um Guarani o que ele vê na região do céu em torno do Cruzeiro do Sul, ele provavelmente nos dirá que vê uma Ema. Se perguntado a um Ticuna, ele poderá lhe falar sobre o Tamanduá e a Onça celestes. De cada povo ouviremos novos nomes de constelações e mitos que narram seus feitos e histórias, que muitas vezes estão refletidos também em seus artefatos e em suas manifestações artísticas, como cantos e pinturas.

Todas as culturas humanas, antigas e atuais, têm o seu próprio céu. Ao longo da história da humanidade, diversos povos perceberam os ciclos e fenômenos celestes e os interpretaram, relacionando-os com suas atividades sociais. Essa busca por conhecimento e entendimento do Cosmos foi utilizada para manter os ciclos de subsistência sazonal, mas em alguns casos também ajudaram a manter ideologias dominantes e hierarquias sociais complexas. Percepções do céu muito diferentes, em natureza, daquela oferecida pela ciência moderna Ocidental são encontradas em muitas culturas indígenas ao redor do mundo.

Do ponto de vista epistemológico, há muita diversidade para ser analisada e compreendida em todo o território brasileiro, apontando-nos um painel étnico e epistemológico muito mais complexo e rico do que se pensaria à primeira vista. Estes conhecimentos, porém, não estão na escola, nem nos livros, pois foram silenciados e invisibilizados pelo racismo epistêmico.

O próprio termo “índio” carrega estereótipos sobre indígenas e é racista, como afirma Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB): “uma data com esse nome não alcança a diversidade dos 305 povos indígenas do Brasil e, ao romantizar a figura do indígena, invisibiliza os povos originários”.

O “Dia do Índio” foi uma data alusiva criada no Brasil por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1943 (Decreto-Lei 5.540/43). No entanto, os termos “índio” e “tribo”, impostos pelos colonizadores, vêm sendo questionados há anos pelos povos originários. Segundo a APIB, a adoção de 19 de abril como dia para celebrar a cultura dos povos indígenas do Brasil foi resultado de debates realizados no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano em 1940, no México.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou no ano passado o projeto de lei que muda o nome do “Dia do Índio”, celebrado em 19 de abril, para “Dia dos Povos Indígenas”. A proposta é de autoria da deputada Joenia Wapichana. Segundo ela, a intenção ao renomear a data é ressaltar, de forma simbólica, não o valor do indivíduo estigmatizado “índio” mas o valor dos povos indígenas para a sociedade brasileira.

Quantas belíssimas histórias e saberes os povos originários têm para nos ensinar! Precisamos ouvir, mais do nunca, sua sabedoria ancestral e aprender com eles novas formas de estar no mundo, em harmonia e respeitando todos os seres vivos. Como diz Ailton Krenak, a vida tem que ser uma fruição, uma dança cósmica!

Para saber mais:

Imagem capa: Stellarium

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A Lua Cheia Pascal

No próximo dia 17 de abril, cristãos em todo o mundo celebrarão a Páscoa. A data relembra a ressurreição de Cristo, sendo também momento de reflexão e convite à renovação da fé. A Páscoa é uma festa móvel, ou seja, não tem uma data fixa para acontecer, e todos os anos precisamos recorrer ao calendário para saber quando acontecerá. A única coisa que as pessoas em geral sabem é que sempre cai num domingo. Falando nisso, você sabe como se calcula a data da Páscoa? A data da Páscoa tem raízes na tradição judaica e na Astronomia.

Segundo a Bíblia, a morte e a ressurreição de Jesus ocorreram na época da Páscoa Judaica (Pessach), que celebra a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito e, tradicionalmente, ocorria na primeira Lua Cheia depois do equinócio da primavera no hemisfério norte. Por volta do século 2, alguns lugares celebravam a Páscoa Cristã junto com a Páscoa Judaica, enquanto outros, buscando uma independência dos eventos, transferiam a data para o domingo seguinte. Uma confusão que gerava discórdia dentro da própria Igreja.

Era necessário estabelecer uma regra unificadora, e para isso recorreu-se aos cálculos dos astrônomos. Assim, no ano 325 realizou-se o Primeiro Concílio de Niceia, quando se definiu que a Páscoa aconteceria no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia após o equinócio da primavera no hemisfério norte (adotou-se 21 de março).

Afresco do Primeiro Concílio de Niceia. Capela Sistina, Vaticano.

Havia um problema. O calendário adotado na época – o calendário juliano, promulgado por Júlio César em 46 a.C. – tinha um ano com duração média 11 minutos maior do que o ano das estações. Gerava um erro de 1 dia em 128 anos. Pode parecer pouco, mas provocava um deslocamento de todas as datas, inclusive a da Páscoa, por entre as estações. No século 16, o equinócio da primavera no hemisfério norte estava acontecendo no dia 11 de março, 10 dias antes da data original. Ou seja, a festividade da Páscoa estava sendo realizada na data incorreta, uma heresia das grandes!

Era necessário um calendário consistente e capaz de unificar a data da Páscoa. Após algumas idas e vindas, no século 16, o Papa Gregório XIII estabeleceu uma comissão que contava com astrônomos (sempre eles!) e matemáticos para estudar o caso. Para apoiar o projeto, bem no meio do Vaticano, um observatório foi construído na Torre Gregoriana (também conhecido como “Specola Astronomica Vaticana”.

Torre Gregoriana, Vaticano. Construída entre 1578 e 1580, forneceu dados astronômicos para a construção do calendário Gregoriano, adotado até hoje.

Como resultado do esforço, foi criado o calendário Gregoriano que adotamos atualmente. Bem mais preciso, o ano do calendário tem uma diferença de apenas 26 segundos em relação ao ano das estações, implicando numa defasagem de 1 dia em 3.323 anos. A Páscoa estava salva.

Discussão da reforma do calendário conduzida pelo Papa Gregório XIII.
Página da bula papal Inter gravissimas, onde se apresentou o calendário Gregoriano adotado ainda hoje pela maioria dos países. Crédito:Max Planck Institute for the History of Science, Library/ECHO.

Assim, a data da Páscoa Cristã ocorre, desde o decreto do Papa Gregório XIII, em 1582, no primeiro domingo depois da Lua Cheia, que ocorre em ou depois de 21 de março. A Lua Cheia do decreto não é a astronômica, mas a Lua Cheia eclesiástica, cuja data é definida pelas Tabelas Eclesiásticas, e que é bem próxima da Lua Cheia real, afastando-se dela no máximo dois dias. Já o dia 21 de março foi escolhido para representar o equinócio da primavera no hemisfério norte. Mas não é necessariamente a data astronômica, que pode ocorrer nos dias 19, 20 ou 21 de março. Em 2022, por exemplo, o equinócio da primavera no hemisfério norte ocorreu no dia 20 de março. Portanto, o equinócio adotado no cálculo da Páscoa Cristã é também eclesiástico.

Como já ficou claro, existem razões históricas para o decreto papal. Uma delas seria manter a ocorrência da Páscoa Cristã próxima da Páscoa Judaica, que é definida num calendário baseado simultaneamente nas fases da Lua e no ciclo das estações. Outra razão, não menos importante, é garantir que a data da Páscoa seja única para todo o planeta, com a adoção arbitrária do equinócio e da Lua Cheia eclesiásticos.

Se você acha meio confusa essa história de calendário eclesiástico, relaxe. Geralmente a regra para o cálculo da data da Páscoa se resume ao “primeiro domingo depois da primeira Lua Cheia após 21 de março”, uma vez que as Luas eclesiástica e real geralmente são bem próximas. Como consequência das regras do decreto, a Páscoa Cristã nunca acontece antes de 22 de março nem depois de 25 de abril.

A Páscoa Cristã ocorre no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre em ou logo após o dia 21 de março.

Mosaico da sinagoga Beit Alpha, do século VI. As 12 constelações zodiacais rodeiam o Sol no centro. Nos quatro cantos, as quatro estações: verão, outono, inverno e primavera.

O ciclo das fases da Lua tem papel fundamental na determinação das principais festividades das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Quem acompanhou minha postagem recente, “A Lua e o Ramadã”, sabe que a referência para o início do principal mês muçulmano é a Lua Crescente, algumas horas após a Lua Nova. Como acabamos de ver, na tradição judaico-cristã, a referência da Páscoa é a Lua Cheia. Neste ano a chamada Lua Cheia Pascal ocorrerá no dia 16 de abril, véspera da Páscoa, às 15h55min.

O ciclo lunar tem papel fundamental nas festividades religiosas dos muçulmanos, judeus e cristãos.

Neste ano a Lua Cheia Pascal ocorrerá no dia 16 de abril, véspera da Páscoa, às 15h55min.

Uma última curiosidade. As demais datas móveis do nosso calendário são conhecidas uma vez calculada a data da Páscoa. Por exemplo, a quarta-feira de cinzas, que acontece ao final do carnaval, ocorre 46 dias antes do Domingo de Páscoa, e o Corpus Christi, 60 dias depois do Domingo de Páscoa.

Feliz Páscoa e Feliz Pessach!

Paulo Cesar R. Pereira

Astrônomo

Foto de capa: Fernando Braga

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A Lua e o Ramadã

No próximo dia 2 de abril, para a maioria dos países muçulmanos, terá início o mês do Ramadã. Durante todo o mês, o fiel deve observar o jejum durante a parte clara do dia, e aprofundar sua vida espiritual por meio da oração, louvor e reflexão. Além de momento para lembrar daqueles que passam fome, o Ramadã é também ocasião para reunião familiar e congraçamento nas mesquitas. É também uma boa ocasião para conhecermos um pouco melhor o calendário adotado no mundo islâmico e o fundamento astronômico envolvido.

O calendário islâmico, que é estritamente lunar, tem 12 meses perfazendo 354 ou 355 dias. Cada mês começa no início de um novo ciclo lunar, e tem 29 ou 30 dias de duração de maneira intercalada. O calendário lunar é o oficialmente adotado em alguns países muçulmanos, como a Arábia Saudita, enquanto em outros se usa o gregoriano para finalidades civis e o islâmico para as datas religiosas.

A previsão da primeira visibilidade do crescente lunar logo após a Lua Nova é um problema astronômico complexo, que tem desafiado a astronomia por vários séculos. Em 500 a.C., na Babilônia, os astrônomos já tinham desenvolvido métodos numéricos sofisticados para prever o movimento da Lua, os instantes das fases e da ocorrência da primeira visibilidade do crescente lunar logo após o pôr do sol. Com o passar do tempo, procedimentos mais precisos foram desenvolvidos pelos astrônomos hindus, muçulmanos e judeus, e o refinamento do processo continua até hoje.

Sentado ao lado do símbolo do crescente lunar, vemos Ur-Nammu, primeiro rei da Terceira Dinastia de Ur (c. 2500 a.C.), um dos maiores centros de adoração da deusa lunar Sin (British Museum, Londres).

Como percebemos, o uso da Lua para medir a passagem do tempo fazia parte da cultura dos povos do Oriente Médio. Com o surgimento do Islã, a prática de se usar a Lua ganhou status de obrigatoriedade a partir da seguinte passagem do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos:

““Perguntar-te-ão sobre os novilúnios. Dize-lhes: servem para auxiliar o homem no cômputo do tempo e no conhecimento da época da peregrinação…”(2:189)

No começo era comum cada localidade designar um grupo de pessoas treinadas para observar o crescente lunar e determinar a duração de cada mês no calendário islâmico. Essa necessidade de se registrar visualmente o crescente, gerava dificuldades na previsão da duração do mês, pois fatores como a presença de nuvens, condições atmosféricas, baixa altura da Lua em relação ao horizonte e o seu afastamento do Sol, podem inviabilizar a observação do tênue fino crescente. Caso a Lua não fosse observada na data esperada, o mês ganhava um dia adicional. Em 2019 obtive uma fotografia da Lua no ano novo islâmico, alguns minutos após o pôr do sol (abaixo). Repare como ela estava muito próxima do horizonte, como sempre acontece no início de cada mês muçulmano.

Crescente lunar no ano novo islâmico em 1º de setembro de 2019 (1 Muharram 1441). Crédito: autor do texto.

A necessidade de se elaborar um calendário lunar rigoroso estimulou o desenvolvimento da Astronomia no mundo islâmico a partir do século 8, gerando uma grande quantidade de tratados sobre a Lua e seus movimentos, culminando com modelos matemáticos extremamente complexos, que viriam a influenciar Nicolau Copérnico no século 16, em plena Europa Renascentista.

As fases da lua durante o Ramadã
Estudo das fases da Lua de al-Biruni (973-1048), famoso astrônomo persa.
Aparência do fino crescente para cada mês de 1614. Cairo. MS Cairo DM
141,3. Egyptian National Library

É fácil entender o motivo dos meses do calendário muçulmano terem alternadamente, 29 e 30 dias. Para isso temos que lembrar a origem das fases da Lua. Uma vez que nosso satélite natural não possui luz própria e orbita a Terra, observamos a sua parte iluminada em diferentes ângulos, fazendo com que a aparência lunar se modifique (imagem abaixo).

Ciclo das fases da Lua. A imagem não está em escala, e o Sol se encontra à direita com os raios solares indicados.

O intervalo de tempo para a ocorrência de duas fases idênticas é chamado Período sinódico e tem o valor médio de 29d 12h 44min 3s = 29,53059 dias. Ora, o calendário lunar se baseia justamente nesse ciclo. Naturalmente, não é nada prático criar um calendário onde cada mês tenha a duração de 29 dias e “meio”. Assim, foi criando um calendário com 12 meses lunares com durações alternadas de 29 e 30 dias, o que na prática, a longo prazo, dá um mês com duração média de 29,5 dias. Genial não é? Quase! Perceba que ainda assim, 29,5 é diferente de 29,53059 (a duração real do mês sinódico) e, por isso, de tempos em tempos, se faz a inserção de um dia no último mês do ano. Essa é a razão do ano lunar muçulmano ter 354 ou 355 dias.

Países diferentes podem celebrar o Ramadã e outras datas religiosas em dias diferentes. O motivo é simples: o início de cada mês depende da visibilidade do crescente lunar, enquanto que a hora que a Lua se põe num lugar particular, depende da longitude. Assim não se espante se ao fazer pesquisa no Google sobre a data do Ramadã, vier a encontrar datas diferentes.

Atualmente várias comunidades se utilizam do calendário lunar estabelecido por critérios astronômicos bem definidos, e não mais dependentes da visibilidade do crescente lunar. No entanto, para muitos muçulmanos, a primeira visibilidade do crescente lunar no começo de cada mês é ainda uma questão sensível. Particularmente no início e fim do Ramadã e do Hajj (mês da peregrinação à cidade sagrada de Meca), ocasiões em que o crescente lunar é ansiosamente aguardado por muçulmanos em toda parte do mundo.

Acompanhar o ciclo das fases da Lua era uma tarefa necessária para os povos nômades do deserto bem antes do advento do Islã. A importância da Lua nas sociedades muçulmanas pode ser percebida nas suas bandeiras, arte em geral e na rica arquitetura das mesquitas.

Bandeira da Argélia.
Mesquita Karaganda, no Cazaquistão.

Quem quiser poderá acompanhar nos próximos dias a contínua e bela mudança da aparência da Lua. No dia 2 de abril, às 17h40min, a Lua estará bem fininha e próxima de onde o Sol se pôs. No início das noites seguintes, será fácil perceber a mudança da sua aparência em direção ao Quarto Crescente. Aliás, essa é a melhor fase da Lua para se observar ao telescópio. Fica aqui o convite para vir até o Planetário na próxima quarta-feira, dia 6 de abril. A distribuição de senhas para a observação do céu tem início às 18h30min.

Feliz Ramadã!

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Lua Gigante ou Fake News?

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

O vídeo que está circulando nas redes sobre uma imagem da lua nascendo enorme  é na verdade uma montagem bem fácil de ser identificada. O vídeo mostra a Lua nascendo cheia de um lado do horizonte e se pondo nova do outro lado. Muitos têm compartilhado a mensagem que alega ser na Rússia ou no Alasca ou em outros lugares remotos.  

Se prestar a atenção o vídeo tem duas partes: a parte de baixo que é uma paisagem comum e a parte de cima um céu azul onde foi sobreposta uma animação. A animação parece feita por algum software, talvez até um aplicativo astronômico. Talvez o Sol que aparece seja da imagem original mas certamente a imagem da lua foi colocada ali sobreposta. A Lua do vídeo se move muito rápido para ser real. Em nenhum momento nosso satélite aparece tão grande. Na verdade, nenhum astro se move tão rápido a não ser que fosse um satélite artificial que é muitas vezes menor que a Lua e está muitas vezes mais perto de nós. 

A lua está a uma distância de 400000 km e não varia muito essa distância ao longo do seu movimento ao redor da Terra. O tamanho aparente (não o real) do Sol e da Lua são quase iguais, isto ocorre porque o Sol é 400 vezes maior que a Lua e está a aproximadamente 400 vezes mais distante, fazendo com que o tamanho angular seja quase o mesmo o que não acontece no vídeo. Para que ela aparecesse daquele tamanho teria que haver um cataclismo. A lua influencia na terra através das marés; se ela estivesse aquela distância a sua força gravitacional produziria maremotos e terremotos. Isso não aconteceu: aquela é só uma imagem muito bem montada muito bem desenhada num software.

Outro detalhe importante é o tempo.  Demoraria mais de 28 dias para que ela passasse todas as fases que aparece no vídeo: cheia, minguante, nova e crescente e ali acontecem alguns segundos (inclusive um eclipse). Algo assim não poderia ter acontecido nunca mesmo num lugar remoto.

Para terminar: a lua do vídeo está rodando, isto não corresponde a realidad pois a Lua mostra sempre a mesma face para nós. Note a cratera escura na borda esquerda do vídeo assim que a Lua “nasce” ela vai sumindo depois de alguns segundos.

Se você um dia ver imagens como essas, sempre desconfie. Não passe adiante.  Não vamos alimentar a moda dos fake news.

Contribuíram com este texto os astrônomos: Jorge Marcelino dos Santos Junior e Flavia Pedroza Lima

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Marte: Esperança, Questões Celestiais e Perseverança

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

Marte sempre foi o maior alvo da pesquisa espacial e este mês de fevereiro de 2021 recebe três visitas, quase simultâneas, de três missões de exploração.

Esperança Arábe

Acima e a esquerda representação da sonda em modo de cruzeiro, abaixo e a esquerda sonda sendo preparada antes do lançamento, a direita diagrama das etapas da missão

A missão inaugural do programa de exploração planetária dos Emirados Árabes chama-se Hope (em árabe Al Amal que siginifica Esperança) e foi lançada com sucesso em 20 de junho de 2020. O programa, orçado em US$200 milhões, foi produto de uma colaboração com o Japão (que forneceu o foguete lançador) e três universidades americanas. Trata-se de um sonda orbital para estudar a atmosfera marciana através de câmeras de alta resolução no infravermelho e ultravioleta. Espera-se coletar uma enorme quantidade de dados da dinâmica atmosférica marciana. A previsão é de que a sonda entre e órbita no próximo dia 09 de fevereiro de 2021.

ver https://www.emiratesmarsmission.ae/

Questões Celestiais Chinesas

A esquerda representação do rover em funcionamento, ao centro as três partes da missão: orbiter, rover e lander; a direita acima sonda em modo de cruzeiro, a direita abaixo sonda antes do lançamento

A China tem se tornado um potência espacial inquestionável desde que lançou sua missões tripuladas ao redor da Terra e sondas a Lua. A primeira missão chinesa a Marte foi em parceria com a Rússia em 2011 que não obteve sucesso.
Agora chegou a hora de mirar Marte novamente. A sonda chinesa chama-se Tianwen (Questões Celestes) e trata-se de uma missão completa: orbiter, lander e rover. Foi lançada em 23 de julho de 2020 e deve chegar a Marte no dia 10 de fevereiro de 2021. O lugar de pouso programado chama-se Utopia Planitia, famoso na série Star Trek por ser o lugar ficticio onde a Enterprise-D e a Voyager foram construídas: nos estaleiros da Federação dos Planetas. O principal objetivo da sonda é buscar evidências de vida (passada ou atual) e avaliar o meio ambiente marciano, incluíndo sondas de penetração do solo. O primeiro vôo tripulado chinês ao planeta está agendado para as próximas décadas.

ver https://en.wikipedia.org/wiki/Tianwen-1

Perseverança e Engenhosidade Americanas

A esquerda a sonda em modo de cruzeiro, acima drone Ingenuity, abaixo a direita: rover Perseverance.

O Programa de Exploração de Marte da Nasa já enviou quatro rovers ao planeta que se tornaram famosos: Sojourner (1997), Spirit (2004), Oportunity (2004) e o Curiosity (2012). O rover Perseverance (Perseverança) vai a bordo da sonda Mars2020 junto com um companheiro pioneiro: o drone Ingenuity (Engenhosidade). O local de pouso é a Cratera Jezero que há 3.7 bilhões de anos atrás deve ter abrigado um um lago no um delta de rio onde acumulou sedimentos que podem ter preservado bem bioassinaturas (sinais químicos da presença de vida). A sonda custou algo em torno de US$2,1 bilhão e traz uma quantidade enorme de instrumentos. O drone Ingenuity é um helicóptero robótico que pretende escoltar o Perseverance, procurando locais promissores para prospectar. Essa será a primeira experiência de um objeto voador em outro planeta testando estabilidade e manobrabilidade. A previsão de chegada é dia 18 de fevereiro. Outra expectativa desta missão é recolher amostras para, em uma futura missão, retornar a Terra.

ver https://mars.nasa.gov/mars2020/

Teremos em breve muitas informações interessantes sobre o planeta Marte. Fiquem atentos.

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Eclipse Solar de 14 de dezembro de 2020

O que é um eclipse solar?

A condições de ocorrência do eclipse solar: lua nova no mesmo plano que contem o Sol e a Terra. Nas regiões de penumbra só podemos ver uma parte do Sol ocultada pela Lua.

Na próxima segunda (14/12), a Lua vai cruzar a eclíptica (plano da órbita da Terra ao redor do Sol) e será Lua nova (a Lua vai estar na direção do Sol). Por isso a sombra da Lua vai percorrer uma estreita faixa da superfície da Terra. Isto é um eclipse solar.

Região onde a sombra (mais escuro: onde ocorre o eclipse solar total) e a penumbra (mais claro: onde acontece o eclipse parcial) da Lua vão percorrer a superfície da Terra.
https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2020-december-14 .
A totalidade será numa estreita faixa que vai do Chile à Argentina. Quase toda América do Sul vai estar na penumbra. No Brasil somente o Norte e metade da região Nordeste não verão o eclipse parcial. No gráfico vemos a porcentagem de máxima ocultação do disco solar.

Aqui no Brasil: Onde vai ser visto e quando?

Para cada região a duração e a parcela do disco solar ocultado são diferentes. Os estados da Região Norte e boa parte do Nordeste não verão este eclipse. Alagoas e Sergipe vão ter menos de 5% de superfície ocultada (uma pequenina mordida num dos cantos do disco solar). Bahia, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso vão ver algo em torno de 8%. A região Sudeste e Mato Grosso do Sul verão algo entre 24% e 31%. Os estados da região Sul verão mais de 37% do disco solar ocultado. No extremo sul do Rio Grande do Sul a ocultação será maior que 50%.

Na cidade do Rio de Janeiro o evento começa as 12h57min. Teremos 31% do disco solar ocultado no momento do máximo, em torno das 14h14min, quando o Sol atinge uma altura de uns 56 graus. Às 15h23min já estará encerrado para os cariocas. Claro que dependemos do tempo abrir. As previsões meteorológicas não são as melhores.

Momento do início do eclipse (horário local) e ocultação máxima para diversas capitais no Brasil.

Como observar com segurança?

Óculos escuros e chapas de radiografia não são recomendados.

Observar o Sol, mesmo eclipsado, é muito perigoso. A melhor maneira (mais segura e mais prática) é por projeção. Você pode usar um espelho, uma lente ou uma câmara escura, chamada de pin hole. Use estes recursos para projetar a imagem numa tela improvisada (uma folha de papel branco por exemplo).

Projetando dentro de uma caixa você pode ver a evolução do fenômeno em segurança. Quanto maior a caixa maior o tamanho da imagem. Quanto maior o tamanho do orifício mais luz entra, entretanto piora a imagem. Sugestão: comece com um furo de agulha e não passe muito da espessura de um prego.
Diagrama simplificado para projetar a imagem do Sol. Note o detalhe de que a imagem tem que ser formar no centro da sombra. Mova o anteparo olhando para essa sombra, de costas para o Sol,
Você pode usar um lado de um binóculo simples (que não use prismas) ou uma luneta. Um para-sol também é preciso para fazer sombra na folha.


Para observação existem dois tipos de filtros importados seguros: 1) folhas metalizadas do tipo mylar intituladas solar screen; 2) filmes de um polímero sintético chamada de baader. Se não dispõe destes produtos ou tem dúvidas quanto procedência NÃO IMPROVISE. Existe uma opção mais acessível e razoavelmente confiável: o filtro de soldador número 14 (não use números menores). Você obtém facilmente nas lojas de ferragens em retângulos ou círculos.

Filtros de soldador número 14 (ou maior) e películas aluminizadas especiais (Mylar, SolarScreen ou Baader) pode ser usados como filtros eficientes. Não use filtros feitos para rosquear na ocular (podem rachar) . Se não tem um filtro confiável use seu telescópio para projetar a imagem. NUNCA OLHE PARA O SOL COM INSTRUMENTO ÓPTICO sem um filtro aluminizado.
Exemplos da imagem do disco solar parcialmente ocultado com filtros de soldador (abaixo à esquerda) e mylar (abaixo à direita) em outro eclipse solar parcial.
(Eclipse solar parcial 11/09/07 visto no Planetário do Rio.)

Quando e onde vai ter eclipse de novo?

Todo ano tem eclipse solar. Raro é a sombra passa perto de onde você mora.

Referências:

https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2020-december-14
https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEgoogle/SEgoogle2001/SE2020Dec14Tgoogle.html
https://www.deviante.com.br/noticias/ciencia/eclipse-solar-de-carnaval-e-como-observa-lo/
https://www.vercalendario.info/pt/lua/brasil-14-dezembro-2020.html
https://www.businessinsider.com/every-total-solar-eclipse-until-2040-video-2017-8
http://oal.ul.pt/observar-o-sol-em-seguranca/
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000017087.pdf
https://www.businessinsider.com/every-total-solar-eclipse-until-2040-video-2017-8
http://oal.ul.pt/observar-o-sol-em-seguranca/
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000017087.pdf
https://www.vercalendario.info/pt/lua/brasil-14-dezembro-2020.html
https://www.businessinsider.com/every-total-solar-eclipse-until-2040-video-2017-8
http://oal.ul.pt/observar-o-sol-em-seguranca/
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000017087.pdf

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Dragon, a volta ao espaço

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

Hoje, 27 de maio de 2020, está previsto o lançamento da nave Dragon pela SpaceX em torno das 17h30min (horário de Brasília). A nave parte dos Estados Unidos da mesma plataforma 39A, de onde foram lançadas as missões Apollo para a Lua e os ônibus espaciais. Este lançamento tem uma importância muito grande, pois desde que os ônibus espaciais foram aposentados, em 2011, não se lança uma nave tripulada a partir dos Estados Unidos.

Este momento é parecido com o que aconteceu em 1981 com o lançamento do primeiro ônibus espacial Columbia. Com o fim do programa Apollo, em 1975, os EUA ficaram cerca de seis anos sem que um astronauta pudesse sair do território norte-americano para o espaço. Até o momento os norte-americanos, para alcançar a ISS, precisam partir de bases do Cazaquistão (Rússia) através das cápsulas Soyuz, um modelo de nave espacial criado na década de 70.

Depois da aposentadoria dos ônibus espaciais houve uma certa para paralisação do avanço espacial. Não desenvolveram um sucessor para o ônibus espacial: um veículo reutilizável de pouso aerodinâmico, um avião foguete ou algo semelhante. De certa maneira voltamos no tempo com o uso de cápsulas espaciais. Era de se esperar que houvesse ônibus espaciais mais modernos, capazes inclusive de levantar voo de solo sem ajuda de foguetes decolando de aviões de pistas comuns. Os acidentes com os ônibus espaciais Challenger e Columbia, somados à complexidade e custo dos lançamentos, desencorajaram o desenvolvimento de novos veículos deste tipo.

A cápsula Dragon.

A diferença agora é que a Dragon é recuperável (tanto a parte do foguete, como a cápsula). Se a missão denominada Demo 2 for um sucesso, estaremos presenciando mais um marco na história da conquista espacial: o retorno do voos norte-americanos em órbita da Terra. A empresa americana SpaceX é uma empresa particular, do bilionário Elon Musk, que já fez grandes avanços no uso comercial do espaço.

A missão Demo-2 tem como objetivo que a Dragon se acople à estação ISS. Uma cápsula Dragon já fez isso automaticamente na missão Demo-1, em março de 2019.

A missão Demo 2 na fase inicial: a ida.
A volta.

A Janela de lançamento — período em que se pode lançar a missão com a configuração atual — vai até domingo, 31/05/2020. Se algo não estiver 100% o lançamento pode ser adiado até esta data.

O Foguete Falcon 9.
Os astronautas Bob Behnken and Doug Hurley.

O foguete usado será um Falcon 9. Na primeira etapa o estágio inicial volta automaticamente. Os astronautas deste voo histórico chamam-se Bob Behnken and Doug Hurley e são da NASA. Vamos torcer para que dê certo! Está previsto para ser lançado hoje, dia 27 às 17h30min.


Link para assistir ao vivo no site da SpaceX: https://www.spacex.com/launches/

ao vivo do site da Spacex
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Conte Com os Maias – Atendimento SME

Aqui estará a Live da quarta-feira, dia 29, com a astrônoma Flávia Pedroza sobre o texto Conte com os Maias, disponibilizado pelo aplicativo SME Carioca. Você pode encontrar o texto abaixo nessa página.

Participe da live enviando suas perguntas no chat!

Conte com os Maias

Errata:
1) Onde se lê “(3x10x10)+(6×10)+(5×1)=111”, leia-se “(3x10x10)+(6×10)+(5×1)=365”;
2) Onde se lê “Um dos calendários que os ss de 20 dias…”, leia-se “Um dos calendários que os maias utilizavam tinha 18 meses de 20 dias…”.