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Vênus Misterioso

No dia 24, terça-feira, o planeta Vênus estava em sua elongação máxima. O que isso significa? Como Vênus está em uma órbita interior à órbita terrestre ele sempre está muito próximo ao Sol: ou à tarde ou pela manhã. Dia 28 Vênus fica bem do lado do crescente lunar. É fácil identificar Vênus no céu: é o astro mais brilhante do céu depois do Sol e da Lua.

O planeta é acompanhado pela humanidade desde que alguém começou a notar a diferença do movimento de cinco dos astros mais brilhantes do céu. As estrelas pareciam estar fixas, umas em relação às outras, permitindo formar desenhos imaginários: as constelações. Já os planetas se moviam de forma complicada através da faixa do zodíaco. Pela proximidade de Vênus com o Sol muitos povos pensaram ser dois planetas diferentes: um vespertino e outro matutino. Os gregos chamavam de Fosforus e Hesperus; os romanos de Lúcifer e Vésper; já os egípcios chamavam de Tioumoutiri e Ouaiti . Os maias acompanharam e registraram os movimentos venusianos e os usaram em seus calendários.

Com a invenção do telescópio, Vênus se mostrou ainda mais misterioso. Galileu identificou suas fases em 1610. Em 1761, durante um trânsito (quando o planeta cruza o disco solar visto da Terra), Mikhail Lomonosov descobriu evidências da existência de atmosfera.

Mais de 40 sondas foram enviadas a este planeta desde a década de 1960. Algumas sobrevoaram, outras colidiram, outras lançaram sondas atmosféricas e poucas pousaram em sua superfície. Algumas falharam, mas as que nos enviaram dados nos ajudaram muito a compreender mais sobre este misterioso vizinho. A sonda Magellan, por exemplo, mapeou a sua superfície usando radar pois as nuvens de Vênus encobrem tudo.

Vênus tem quase a mesma massa e o mesmo tamanho da Terra, o que faz com que sua gravidade seja praticamente a igual a nosso planeta. Por outro lado, a pressão da atmosfera marciana é enorme, capaz de nos esmagar se estivéssemos em sua superfície. Isso acontece devido à composição química da atmosfera venusiana. O principal componente é o dióxido de carbono (CO2); quase 97% da atmosfera. Isto torna a atmosfera mais densa e mais opaca à radiação infravermelha. A luz solar penetra nas camadas gasosas, aquece a superfície, se torna infravermelha (forma de propagar calor por radiação) e esta radiação fica presa no planeta através do que se usou chamar de efeito estufa. Em decorrência disso, Vênus é o planeta mais quente do Sistema Solar, mesmo estando mais longe do Sol que Mercúrio (que não tem atmosfera).

Mas a atmosfera venusiana não é só densa e quente. Ela gira muito mais rápido que o planeta em seu movimento de rotação. Vênus, este estranho, gira ao contrário dos demais planetas e faz isso muito lentamente: mais de 200 dias terrestre pra dar uma volta. Mas a atmosfera gira no sentido oposto, em torno de quatro dias terrestres. Isto gera ventos que podem atingir 300km/h ou mais, compatíveis com os furacões da Terra. Este fenômeno, chamado de super-rotação, tem intrigado pesquisadores que hoje geram modelos de computador para simular o que está acontecendo no planeta. Este modelos levam em consideração não só a densidade e a temperatura dos gases, mas sua viscosidade e o transporte de calor nas diversas latitudes venusianas.

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Apollo 11: Módulo Lunar

Modulo
Lunar

Para pousar na Lua a NASA precisava de um nave totalmente nova capaz de pousar e decolar em um ambiente de quase vácuo e um sexto da gravidade terrestre. Isso nunca havia sido tentado.

Em 1958 a empresa escolhida para desenvolver o LEM (Lunar Excursion Module ou simplesmente Módulo Lunar) foi a Grumman Aircraft. Esta empresa aeroespacial já tinha no currículo emblemáticos aviões de combate aeronavais americanos. Para citar só dois temos, no período inicial da Segunda Grande Guerra, o caça a pistão F4F Wildcat e durante a Guerra Fria o jato supersônico F-15 Tomcat

No alto a esquerda: simulador do módulo lunar usado para treinar astronautas em terra. No alto a direita: Diagrama do módular lunar. Abaixo: os quatro designs do modulo lunar feitos pela Grumman : de 1962, 1963, 1965 e 1969 (da esquerda pra direita).

O projeto foi sendo modificado indo de um montagem mais robusta para algo mais leve.  Cada missão Apollo deu nomes diferentes aos seus Módulos Lunares. O primeiro vôo de um LEM foi na Apollo 5 em janeiro de 1968, missão de teste, não tripulada. Em março de 1969 a tripulação da Apollo 9 testou o primeiro LEM ao redor da Terra. Foi o primeiro destes módulos a receber um nome: Spider (Aranha em inglês devido a semelhança do veículo com os trens de pouso estendidos). Em novembro de 1969 o LEM Snoopy (Apollo 10) chegou a pouco mais de 10 km da superfície lunar antes de ser descartado e entrar em órbita ao redor do Sol, onde ainda está até hoje.

Esquerda: modelo 3D de um LEM visto de frente. Direita: foto do Eagle.

O veículo que pousou na Lua em 21 de julho de 1969 recebeu o nome de Eagle. Estamos acostumados a um gravidade seis vezes mais intensa que a lunar. Além da gravidade intensa temos atmosfera oferecendo resistência a qualquer movimento. Na Lua nada isso não existe. Isto faz toda diferença: não precisa aerodinâmica, não precisa estrutura muito resistente. Por isso o módulo Eagle é tão diferente do Columbia (Módulo de Comando).

Módulo Ascendente

Como todas as naves do Programa Apollo, a Eagle tinha dois estágios. A nave pousou inteira mas, na volta, só a parte superior retornou. É esta parte que era tripulada, onde os astronautas descansavam entre um passeio lunar e outro. Não era muito maior que o espaço interno de um carro de passeio ou cabine de um caminhão.

Esquerda: representação da separação dos módulos durante a decolagem. Direita: fotos recentes tiradas por sondas do módulo de descida na superfície da Lua.

Módulo de Descida

O motor presente neste módulo permitiu o pouso controlado. Um motor que pode variar a potência e desta maneira controlar a velocidade de descida. Todas as missões Apollo deixaram módulos de descida na superfície lunar. Hoje em dia, sondas orbitando a Lua fotografam os locais de pouso com detalhes, e não deixam dúvidas sobre a sua veracidade.

Acima e à direita: sítios de pouso de algumas missões Apollo indicando seu módulos de pouso.
Abaixo à esquerda: indicação do módulo de descida (em verde) e astronautas (em vermelho).

Um módulo lunar extraordinário

O Módulo Lunar Aquarius teve seu momento de glória ao ser usado como salva-vidas durante o acidente da Apollo 13. Como o motor do Módulo de Comando e Serviço Odissey foi atingido por uma explosão, foi preciso usar o propulsores do Aquarius para trazer os astronautas para casa.

Venha conhecer a nossa réplica do módulo lunar
na exposição “Um gigantesco salto: a jornada para a Lua”.

Dica de filme: Apollo 13 – Do Desastre ao Triunfo (1995)

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Apollo 11: Nave Columbia

Capsula Apollo resgatada no Pacífico: note o anel inflável laranja já destacado da cápsula.

O veículo Columbia da missão Apollo 11 foi lançado naquele 21 de julho de 1969 no topo de um foguete Saturno V. O Columbia contava com um Módulo de Comando (cônico) e um Módulo de Serviço (cilíndrico).

Módulo de Comando

Capsula Apollo posta em exposição em museu

A única parte pressurizada de todo o conjunto era um cone truncado de três metros de altura e três metros de diâmetro na sua base. Neste espaço exíguo três astronautas passaram os quatro dias da viagem até a Lua. Esta é única parte de todo o conjunto que é desenhada para voltar a Terra.

Ao redor da capsula formasse uma espécie de “bola de fogo”, formada por ar ionizado produzido pela onda de choque hipersônica da reentrada na atmosfera terrestre. Na parte inferior, a base mais larga do cone, é onde está o escudo térmico que permite que os astronautas sobrevivam neste momento.
O material que o constitui o escudo é denominado ablativo. Ao se queimar o escudo ablativo vai largando pedaços incandescentes. Estes pedaços levam consigo a maior parte do calor sem deixar que o interior da capsula se aqueça perigosamente.

Depois de vencer a reentrada atmosférica a velocidade diminui, a bola de fogo se apaga e ai os três paraquedas podem se abrir. Assim a capsula pousa suavemente no mar. A Columbia desceu no Oceano Atlântico e foi recolhida pela tripulação do porta-aviões Hornet.

Módulo de Serviço

Detalhes dos Módulos de Comando e Serviço Apollo

Logo atrás do Módulo de Comando se encontrava um cilindro cheio de equipamentos: o Módulo de Serviço. Neste módulo é onde estão o motor, propelentes, baterias, tanques de água, cilindros de oxigênio, sistemas de absorção de gás carbônico e tudo o mais que permite tanto a vida dos astronautas como as mudanças de órbita durante a viagem a Lua e de volta. Na volta este módulo é descartado e se incinera na atmosfera.

Mais tarde o primeiro onibus espacial a viajar no espaço recebeu o nome de Columbia.

Dica de filme: O Primeiro Homem (2018)

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Apollo 11: O Foguete

Neste mês comemoramos 50 anos do primeiro pouso tripulado na Lua. Para que esta façanha fosse realizada a NASA (National Aeronautics and Space Administration ou Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) teve que desenvolver o foguete mais potente até então já feito, o Saturno V (o V é o algarismo romano: lê-se Saturno cinco). Com seus 110 metros de comprimento, diâmetro máximo de 10 metros e quase 3 mil toneladas de peso, o Saturno V foi, e ainda é, o maior foguete totalmente operacional já lançado. Seu nome tem relação com a família de foguetes anteriores: os Júpiter. Foi um foguete Júpiter que levou o primeiro astronauta norte-americano ao espaço. Como Saturno é o planeta que vem logo depois de Júpiter, em ordem de distância ao Sol, essa foi a nomenclatura adotada.

Um Saturno V consegue levar até 120 toneladas de material a órbitas baixas e até 45 toneladas para a Lua.

As várias missões bem sucedidas do poderoso Saturno V. Dos 13 lançamentos só um teve falha.

Três Estágios

O foguete Saturno V em configuração de lançamento e detalhes dos estágios com seus anéis de conexão.

O primeiro estágio (um cilindro de 10 metros de diâmetro e 42 metros de altura) ficava na base onde cinco motores Rocketdine F1 consumiam dois propelentes: RP-1 (Refined Petroleum, um tipo de querosene usado em jatos agindo como combustível) e LOx (Liquid Oxygen, oxigênio líquido que serve de oxidante). Este estágio funcionava apenas por 2,8 minutos. A função principal do primeiro estágio é tirar o conjunto da plataforma e colocá-lo a uma altura de 67 quilômetros. Esta altura, onde a resistência do ar é bem menor, facilita o desempenho do próximo estágio. O motor central era fixo, mas os quatro ao redor poderiam ser movidos por dispositivos hidráulicos para ajustar a inclinação. Quando exauria o propelente, o estágio caía e se incinerava na atmosfera.

O segundo estágio ficava logo acima e também contava com cinco motores. Estes motores Rocketdyne J2 usavam hidrogênio líquido como combustível. Este estágio atuava até a altura de 184 quilômetros e depois reentrava na atmosfera vaporizando-se.

O terceiro estágio também usava hidrogênio líquido para abastecer um único motor Rocketdyne J2. É logo acima deste estágio que vão o Módulo Lunar (dentro de uma seção cônica que se abre como pétalas no espaço) e o Módulo de Comando e Serviço (onde os astronautas ficam durante o lançamento). Este é o estágio que insere os astronautas na órbita de transferência lunar.

Para saber mais:

Infográfico detalhado do Saturno V:

https://s29877.pcdn.co/wp-content/uploads/2019/02/saturn-v-rocket-explained-infographic.jpg.webp

https://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_V

50 anos da conquista da Lua – Estadão

https://www.estadao.com.br/infograficos/ciencia,50-anos-da-conquista-lunar,878058?fbclid=IwAR2fcqxHcEX343PEL0O4x5HNNXqB9jtbmiettAZQ_uamTTd5i3n1wvTwYfs

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Contato Radiotelescópico

Acima: Ellie Arroway (Jodie Foster) e o VLA. Abaixo a esquerda: a protagonista do filme Contato e detector focal do Radiotelescópio de Arecibo. Abaixo e direita: cartaz do filme com o VLA ao fundo.

Uns dias atras tive a alegria de rever um filme que super adoro:
Contato (Robert Zemeckis, 1997) . Baseado num livro de Carl Sagan fala da convulsão social que seria a recepção de um mensagem de rádio vinda de uma civilização extraterrestre. O filme aborda dilemas éticos e o conflito entre fé e razão. Entretanto quero me centrar na ferramenta tecnológica que o filme utiliza para desenrolar sua trama: o radiotelescópio.

Embora no filme a radioastrônoma Eleanor “Ellie” Arroway (Jodie Foster) ficar com fones de ouvido “ouvindo estrelas” não há som sendo captado pelos radiotelescópios. As ondas de rádio não são captadas por nenhum sentido humano. Esta imagem é um resquício da época no início das transmissões de som através do rádio. Ondas de rádio são de origem eletromagnética não precisam de meio (ar, por exemplo) para se propagar; fazem isso no vácuo.

Antenas: varetas e parabólicas

Primeiros Radiotelescópios.

Um radiotelescópio é uma antena altamente direcionável que se utiliza para captar emissões de rádio proveniente de corpos celestes. A antena mais simples que podemos imaginar é um dipolo: duas hastes metálicas colineares separadas por um pequeno vão onde se coloca um cabo conectado ao um detector/amplificador para medir a diferença de potencial elétrico entre elas. Um arranjo assim capta quase tudo no plano que separa as duas varetas, não é bem diretivo. Acrescentando mais varetas na direção que se quer aumentar a sensibilidade (com aquelas antenas de tv uhf) você torna o sinal bem diretivo. Colocando mais um par de varetas na direção oposta (chamadas de refletoras) você torna ainda mais diretivo. Se você usar uma superfície parabólica com refletor você consegue um feixe de sensibilidade ainda mais direcionado. Assim a figura mais emblemática de radiotelescópio é aquela que grandes refletores parabólicos (que aparecem no filme). Data de 1930 a primeira detecção de sinais de rádio provenientes centro da nossa galáxia, a Via Láctea. O primeiro arranjo de varetas (ver figura acima) foi usado pelo físico e engenheiro Karl Jansky (EUA, 1905-1950) um dos primeiros pioneiros da Radioastronomia. Grote Reber (1911-2002) usando um radiotelescópio de espelho parabólico pode mapear o céu com grande resolução a partir de 1937. Emissões de rádio provindas do Sol foram detectadas em 1942 por um oficial de pesquisa do exercito britânico: James Stanley Hey (1909-2000). Em 1964, os engenheiros Arno Penzias e Robert Woodrow Wilson foram os primeiro a detectar a radiação cósmica de fundo.

Grandes Refletores: quanto maior melhor

Quanto maior o espelho refletor mais energia é captada vinda de uma região ainda menor do céu. Ou seja: maior o espelho: mais sensível e diretivo é o radiotelescópio.

Grandes Refletores. Acima: Arecibo é o primeiro radiotelescópio que aparece no filme Contato. Abaixo: Construção de um enorme refletor na China.

Muitas Antenas juntas

Quanto mais antenas melhor…

No final da década de 60 e início dos anos 70 do século passado os computadores permitiram combinar sinais provenientes de diversas antenas como se fossem uma só. Tal técnica é conhecida como interferometria. O Very Large Array (VLA) é o conjunto de antenas que aparece no cartaz do filme (ver figura acima). Na trama do filme é onde os sinais de vida extraterrestre são captados. O ALMA será um interferômetro muitas vezes mais poderoso que o VLA.

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Telescópios: Maior é Melhor

Existe aquele ditado popular: tamanho não é documento. No caso de telescópios a coisa é diferente. Quanto maior a objetiva (que concentra a luz recebida no foco) maior a quantidade de luz recolhida. Isto faz com que objetos mais tênues possam ser vistos claramente. Outro aspecto interessante ligado ao tamanho da objetiva é a capacidade de distinguir pontos próximos chamada de resolução.

Os maiores telescópios usam espelhos como objetiva (chamamos de telescópios refletores). É muito mais prático de construir e polir espelhos pois a luz interage apenas com uma superfície. Além disso, no caso dos telescópios refratores (que usam lentes como objetiva) a luz tem que atravessar o vidro. A imagem produzida assim perde parte da luminosidade e ainda sofre mais distorções geométricas e cromáticas.

Além destas vantagens um espelho de grandes dimensões pode ser composto de espelhos separados formando um mosaico que na prática funciona como um único espelho muito mais dificil de fazer.

Os maiores espelhos já instalados em telescópios são mosaicos.

O maior telescópio de espelho único em funcionamento é o Gran Telescopio Canárias (GTC). O espelho deste instrumento é composto por um mosaico de 36 elementos que formam um superfície refletora de 10.4 m de diâmetrop. O GTC se encontra nas Ilhas Canárias e foi inaugurado em 2006.

Outros exemplos de telescópios refletores que possuem espelhos da ordem de 10 metros de diâmetro são:

GTC é um telescópio administrado conjuntamente pelo México, Espanha e EUA. Fica na Ilha de Las Palma.

Hobby-Eberly Telescope (HET, 1997, EUA) – 91 segmentos formando 10 mts de espelho.

Cúpula do HET,
A Alemanha e os EUA são responsáveis por este instrumento que fica McDonald Observatory, Texas, EUA.

Keck 1 e 2  (1993 e 1996, EUA) – espelhos de 10 mts respectivamente compostos de 36 segmentos cada.

As duas cúpulas que protegem os dois telescópios Keck no Hawaii.

O maior projeto de espelho é o do European Extremely Large Telescope (E-ELT) está previsto para 2024 que terá diâmetro de 39 mts e será composto de 798 elementos hexagonais.

O E-ELT está sendo construído no Chile pelo European South Observatory (ESO).

Para saber mais:

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_largest_optical_reflecting_telescopes

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Dilemas éticos no espaço

No início da exploração espacial, nos anos 60 e 70, várias discussões éticas e ecológicas começaram, e estão longe de acabar. Os aspectos tecnológicos desta discussão ainda repercutem nos programas espaciais mais recentes. Até onde vai nosso poder de intervenção no espaço extraterrestre? Como explorar o espaço sem comprometer o nosso meio ambiente? Como explorar um planeta sem contaminá-lo? Se tiver vida num planeta podemos colonizá-lo? E o lixo espacial?

Terraformação de Marte

Se algum dia quisermos colonizar o planeta vermelho teremos que intervir fortemente para torná-lo habitável. A atmosfera marciana é muito rarefeita e pobre em oxigênio. O efeito estufa é muito pequeno e, juntamente com a maior distância ao Sol, tornam Marte um planeta gelado. Gelado mas seco demais. Assim, a ideia é aumentar a densidade da atmosfera e enriquecê-la com oxigênio e vapor d´água. Pensou-se até em explodir bombas atômicas nos polos para transformá-los em atmosfera. Mas imagine se encontrarmos amanhã provas de existência de vida microbiana no nosso planeta vizinho. Ah, mas são só micróbios. E se fossem crustáceos? E se fossem insetos? Qual o limite de complexidade biológica dos seus habitantes para pensarmos que um planeta esteja à nossa disposição?

Sondas Radioativas

Uma limitação tecnológica importante para lançarmos sondas ao espaço: energia. Para missões no Sistema Solar interior (de Mercúrio até Marte) podemos contar com a energia da luz captada por painéis solares.

Entretanto, ao ir mais longe (Júpiter, Saturno e além),  o Sol não fornece luz suficiente para os atuais painéis solares funcionarem. As sondas Pioneer, Voyager, Cassini, Galileu, Ulisses, Curiosity e New Horizon usam pilhas termonucleares. Um elemento radioativo com o passar do tempo emite radiação que aquece pares termoelétricos que geram energia elétrica para o funcionamento da sonda. O melhor elemento para esta finalidade é o Plutônio, elemento muito radioativo.

Em 1978, o satélite Kosmos 965 (russo) caiu em uma parte deserta do Canadá, espalhando detritos radioativos por centenas de quilômetros.

Em 1997 muitos defensores do meio ambiente protestaram contra o lançamento da sonda Cassini. A NASA garantiu que, se o foguete lançador Titan IV explodisse, a sonda continuaria com seus três geradores termoelétricos de radioisótopos (GTR) intactos. No caso da Cassini os GTRs  continham cerca de 33kg de plutônio-238 (em forma de dióxido de plutônio).

Hoje em dia a Nasa está preocupada com a falta de plutônio para futuras missões.

Esterilizando Sondas

No princípio da exploração espacial, quando as primeiras sondas pousaram em Marte, havia uma discussão muito grande sobre como esterilizar os veículos espaciais. Os soviéticos usavam gases esterilizantes e os norte-americanos insistiram por um tempo em fazer isso a quente. Claro que os delicados circuitos eletrônicos não resistiriam se colocados numa autoclave a mais de 100 graus. Hoje já existem técnicas bem avançadas de esterilizar sondas automáticas. Mas ainda temos um problema: como “esterilizar” uma astronauta que vá pisar em Marte ou outro mundo? As missões tripuladas são potencialmente muito mais arriscadas de contaminação de outros mundos. Assim daqui a um tempo pode ser que encontremos micróbios terrestres em Marte que nós levamos para lá.

Links interessantes:

https://diariodovale.com.br/colunas/coisas-que-caem-do-ceu/

https://www.csmonitor.com/1997/1010/101097.opin.opin.1.html

https://www.newscientist.com/article/mg14419490-900-nasa-shrugs-off-plutonium-risk/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cassini-Huygens#Fonte_de_alimenta%C3%A7%C3%A3o_de_plut%C3%B4nio

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Fotometria – medindo a luz das estrelas (parte 2)

Alguns metais ao serem iluminados em condições específicas emitem elétrons; isso foi chamado de efeito fotoelétrico. Este efeito foi observado e confirmado pela primeira vez por A. E. Becquerel em 1839 e Heinrich Hertz em 1887. A partir desta propriedade desenvolveu-se o fotômetro fotoelétrico. Em 1916, o astrônomo norte-americano Harlan True Stetson desenvolveu o primeiro fotômetro moderno. Em 1934, Harrison, NJ. Harley Iams e Bernard Salzberg desenvolveram a primeira fotomultiplicadora que torna o fotômetro extremamente mais sensível. O funcionamento da fotomultiplicadora pode ser descrito da seguinte maneira. Dentro de um válvula a vácuo, cada fóton recebido por um fotossensor emite um elétron que arranca mais dois eletróns de uma placa metálica posterior. Este par de elétrons, por sua vez, arranca o dobro de elétrons mais adiante. Entram num arranjo de placas que multiplicam várias vezes a corrente elétrica resultante numa espécie de cascata de elétrons. Um sensor deste tipo além de muito sensível é capaz de detectar variações luminosas praticamente em tempo real: isso permitiu registrar as curvas de luz de estrelas variáveis muito rápidas.

Uma fotomultiplicadora só pode indicar medidas luminosas ponto a ponto. Para observar objetos extensos, ou várias estrelas, ele precisa deslocar-se para varrer o campo estelar visível e fazer uma espécie de mapa de nível.

Com o advento da eletrônica digital os semicondutores miniaturizaram o que aquelas enormes válvulas faziam. Montando uma matriz de sensores minúsculos podemos fotografar, ou melhor, filmar um campo estelar de uma vez em tempo real, montando uma imagem virtual pixel por pixel. Chamamos este tipo de sensor de CCD (Couple Charge Device – Dispositivo de Carga Acoplada). Hoje a fotometria CCD permite acompanhar ocultações de estrelas por exoplanetas e mapear grandes estruturas espaciais.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dispositivo_de_carga_acoplada

Usando filtros coloridos a fotometria ganha ainda mais recursos próximos ao que a espectroscopia é capaz de fazer. Esta fotometria por banda de cor permite determinar temperaturas, composições químicas e outros comportamentos intrínsecos dos astros. Assim podemos ter fotometria ultravioleta, visível e infravermelha combinadas, fornecendo informações preciosas sobre a natureza das estrelas.

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Gemini – altas aventuras no espaço

1965 – O programa Gemini, de naves para dois astronautas, é sucessor das cápsulas Mercury (para um só tripulante). A primeira Gemini a levar astronautas ao espaço foi a de número 3, lançada em março de 1965. Por insistência do comandante Virgil Grissom, foi a única nave Gemini a ser batizada: Molly Brown. A referência foi a cápsula Mercury “Liberty Bell” 7 (todas Mercury eram numeradas de 7) que pilotou e que afundou ao amerissar no Pacífico. Molly Brown, chamada de insubmersível, teria sido uma das poucas sobreviventes do naufrágio do Titanic. O copiloto da Gemini 3 foi John Young.

As Gemini, ao contrário das Mercury, tinham capacidade de realizar manobras complicadas em órbita. Seriam as naves que realmente poderiam colocar os norte-americanos em pé de igualdade dos cosmonautas soviéticos. Até aquele momento a URSS estava realizando várias proezas espaciais. A bordo da nave Voskhod o cosmonauta Alexei Leonov foi o primeiro homem a passear no espaço em março de 1965. O primeiro passeio espacial norte-americano só viria acontecer em junho do mesmo ano com Edward H. White na Gemini 4. Neste período, enquanto os soviéticos lutavam com o desenvolvimento das suas naves Soyuz, as Gemini se destacaram em missões orbitais.

Março de 1966 – A nave Gemini 8 tinha uma missão ousada: interceptar e se acoplar a um veículo não tripulado intitulado Agena. Neil Armstrong (ainda novato naquela época) foi o piloto e o copiloto foi David Scott (ambos tripularam naves Apollo que iriam à Lua mais tarde). No momento em que as duas naves se acoplaram, começaram a rodopiar vigorosamente no espaço sem controle. Foi preciso desconectar a Gemini da Agena, mas esta continuava a girar loucamente. A solução encontrada foi acionar os retrofoguetes e tirar a nave de órbita antes do tempo previsto e realizar um pouso de emergência. Estas cenas são reproduzidas de forma vertiginosa no filme O Primeiro Homem (Damien Chazelle, 2018). Recomendo para quem curte espaço, mas não para quem tem vertigens.

Gemini foi o projeto que realmente alavancou os EUA para superar a URSS durante a Corrida Espacial.

Estas e outras histórias você poderá conhecer no Curso de Astronáutica do Planetário do Rio.

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Fotometria – medindo a luz das estrelas (parte 1)

Junto com a espectroscopia, a fotometria forma a base da astrofísica moderna. Fotometria astronômica é essencialmente medir a intensidade da luz que vem dos astros. As primeiras medidas de luminosidade usavam o conceito de magnitude visual. As estrelas mais brilhantes eram consideradas de primeira magnitude; as menos brilhantes, de segunda magnitude, e assim respectivamente: em uma escala inversa. Tudo isso a olho nu. Mesmo visualmente já se notava variações da intensidade luminosa de planetas e de algumas estrelas. Foi o caso da Estrela Algol, Beta de Perseu, chamada olho do demônio pela sua inexplicável variação de brilho.

Com a invenção da fotografia podemos tirar o fator subjetivo da determinação de magnitude estelar. Agora há um registro da observação. As primeiras placas astrofotográficas surgiram a partir de 1840. Eram de feitas de vidro coberto de emulsão fotográfica a base de nitrato de prata. Geralmente se usava imagens negativas direto pois, quanto menos processos de revelação, menos interferência e ruídos apareciam. Estrelas mais brilhantes produzem imagens mais negras e maiores diretamente proporcionais à intensidade luminosa. O principal problema do processo fotográfico é a questão do tempo de exposição (de algumas horas) que limita acompanhar eventos mais rápidos (de alguns segundos, por exemplo).

Típico campo estelar em negativo fotográfico. Note a diferença dos tamanhos dos pontos
pretos. Estrelas brilhantes produzem imagens maiores.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fotometria_(astronomia)