1965 – O programa Gemini, de naves para dois astronautas, é sucessor das cápsulas Mercury (para um só tripulante). A primeira Gemini a levar astronautas ao espaço foi a de número 3, lançada em março de 1965. Por insistência do comandante Virgil Grissom, foi a única nave Gemini a ser batizada: Molly Brown. A referência foi a cápsula Mercury “Liberty Bell” 7 (todas Mercury eram numeradas de 7) que pilotou e que afundou ao amerissar no Pacífico. Molly Brown, chamada de insubmersível, teria sido uma das poucas sobreviventes do naufrágio do Titanic. O copiloto da Gemini 3 foi John Young.
As Gemini, ao contrário das Mercury, tinham capacidade de realizar manobras complicadas em órbita. Seriam as naves que realmente poderiam colocar os norte-americanos em pé de igualdade dos cosmonautas soviéticos. Até aquele momento a URSS estava realizando várias proezas espaciais. A bordo da nave Voskhod o cosmonauta Alexei Leonov foi o primeiro homem a passear no espaço em março de 1965. O primeiro passeio espacial norte-americano só viria acontecer em junho do mesmo ano com Edward H. White na Gemini 4. Neste período, enquanto os soviéticos lutavam com o desenvolvimento das suas naves Soyuz, as Gemini se destacaram em missões orbitais.
Março de 1966 – A nave Gemini 8 tinha uma missão ousada: interceptar e se acoplar a um veículo não tripulado intitulado Agena. Neil Armstrong (ainda novato naquela época) foi o piloto e o copiloto foi David Scott (ambos tripularam naves Apollo que iriam à Lua mais tarde). No momento em que as duas naves se acoplaram, começaram a rodopiar vigorosamente no espaço sem controle. Foi preciso desconectar a Gemini da Agena, mas esta continuava a girar loucamente. A solução encontrada foi acionar os retrofoguetes e tirar a nave de órbita antes do tempo previsto e realizar um pouso de emergência. Estas cenas são reproduzidas de forma vertiginosa no filme O Primeiro Homem (Damien Chazelle, 2018). Recomendo para quem curte espaço, mas não para quem tem vertigens.
Gemini foi o projeto que realmente alavancou os EUA para superar a URSS durante a Corrida Espacial.
Estas e outras histórias você poderá conhecer no Curso de Astronáutica do Planetário do Rio.