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Coluna do Astrônomo

Teste de uma Teoria Alternativa à Matéria Escura: Gravidade Emergente, de Erik Verlinde

A Ciência deve, com toda certeza, ser ousada. Uma manifestação dessa ousadia necessária é confrontar teorias antigas com novas, que podem fornecer uma melhor explicação a um certo fenômeno. Algumas vezes novas teorias substituem antigas; outras vezes, as novas se mostram insuficientes e se perdem pelo caminho, sendo esquecidas. Nas últimas décadas, poucas teorias têm sido tão confrontadas com teorias alternativas como a Matéria Escura.

Várias observações astronômicas não podem ser explicadas apenas com a matéria que emite luz e conseguimos observar diretamente. Por exemplo, alguns aglomerados de galáxias não conseguiriam manter suas galáxias juntas apenas com a gravidade da matéria que observamos. A velocidade do Sol ao redor do centro da Via Láctea é maior do que deveria ser se considerarmos apenas a matéria luminosa. Para resolver esses e outros problemas, formulou-se a hipótese da Matéria Escura Não Bariônica, ou apenas Matéria Escura. Ela seria formada por coisas bastante diferentes das partículas que formam nossa matéria comum de prótons e elétrons. (Leia mais sobre matéria escura aqui e aqui).

Devido ao caráter exótico da Matéria Escura, muitos cientistas não gostam dela e buscam explicações alternativas. Uma delas é a Gravidade Entrópica ou Gravidade Emergente do físico teórico holandês Erik Verlinde. Essa teoria diz que a gravidade não se comporta em grande escala da mesma forma que se comporta aqui na superfície da Terra.

NASA's Galaxy Evolution Explorer found a tail behind a galaxy called IC 3418. The star-studded tail can be seen on the left, as detected by the space telescope in ultraviolet light. The tail has escaped detection in visible light, taken by a visible-light telescope on the ground. This tail was created as the galaxy plunged into gas in a family of galaxies known as the Virgo cluster. This image is a composite of data from the Galaxy Evolution Explorer (far-ultraviolet light is dark blue and near-ultraviolet light is light blue); and the Sloan Digital Sky Survey (visible light is colored green and red). Other galaxies and stars can be seen scattered throughout the image. Another galaxy called IC 3413, which is part of the Virgo cluster, can be seen to the right of IC 3418 as an oval-shaped blob. The bright large dot at upper right is a star in our Milky Way galaxy.
A teoria da Gravidade Emergente diz que a gravidade comporta-se de maneira diferente aqui na superfície da Terra e em escala galáctia e cosmológica ( Imagem: NASA)

Uma fórmula clássica da física diz que a intensidade da força gravitacional entre dois corpos de massa m1 e m2 é dada por:

F=G(m1 e m2)/r2

onde G é uma constante e r a distância entre os dois corpos. Essa equação está nos dizendo que a força gravitacional cai com o quadrado da distância, ou seja: se a distância aumenta 2, a força cai 4; se a distância aumenta 3, a força cai 9; se a distância aumenta 4, a força cai 16 e assim por diante.

A teoria de Verlinde diz que o comportamento da gravidade é esse apenas para distâncias curtas, mas que precisa ser alterado quando lidamos com escala galáctica e intergaláctica ou cosmológica. Nessas escalas, uma interação entre a Energia Escura e a matéria comum faria a gravidade cair menos, produzindo um excesso de gravidade. Tal excesso de gravidade é o que estaríamos atribuindo à ação da Matéria Escura.

Não confunda Energia Escura com Matéria Escura. A Energia Escura é uma energia, cuja fonte não conhecemos,  responsável pela aceleração da expansão do Universo. Há alguns anos atrás um grupo de pesquisadores do Observatório Nacional e o Planetário realizaram uma palestra que abordou uma inciativa internacional para pesquisa da Energia Escura e outros tópicos.

Um grupo de astrônomos comparou a observação de lentes gravitacionais com as densidades de matéria comum prevista pela teoria da Gravidade Emergente para um conjunto de 33.613 galáxias (veja uma explicação sobre lentes gravitacionais aqui). A comparação entre as densidades superficiais de massa observadas e as previstas pela teoria mostraram grande concordância, e esse foi o primeiro teste favorável à teoria.

Mas, como os próprios autores do trabalho dizem bem no começo do trabalho:

“Apesar dessa performance ser notável, esse estudo é apenas um primeiro passo. Mais avanços tanto no campo teórico como no dos testes observacionais da teoria da Gravidade Emergente são necessários antes dela ser considerada uma teoria completamente desenvolvida e solidamente testada.”

Esse foi, portanto, um ponto para a teoria, mas ainda estamos muito longe de podermos descartar a Matéria Escura. Ela ainda encontra-se nas bases de nossa atual compreensão do Universo.

Leia Mais:

Artigo original (em inglês):

First test of Verlinde’s theory of Emergent Gravity using Weak Gravitational Lensing measurements : https://arxiv.org/abs/1612.03034https://arxiv.org/pdf/1612.03034v2.pdf

Críticas à Gravidade Emergente (em inglês):

Why gravity can’t be entropichttp://motls.blogspot.com.br/2010/01/erik-verlinde-why-gravity-cant-be.html

Once more: gravity is not an entropic forcehttp://motls.blogspot.com.br/2011/08/once-more-gravity-is-not-entropic-force.html

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Coluna do Astrônomo

Novas Imagens da Pata do gato e da Lagosta

Em uma das maiores imagens feitas por eles até hoje, com 49.511 por 39.136 pixels, o ESO (do inglês, European Southern Observatory), produziu o mais belo registro das nebulosas da Pata do Gato (NGC 6334) e da Lagosta (NGC 6357). Ambas são compostas predominantemente de hidrogênio e são regiões de intensa formação estelar. O brilho que percebemos é devido à radiação ultravioleta de estrelas nascidas ali que ioniza o hidrogênio ao redor. Nebulosas que emitem luz devido ao processo de ionização provocado por estrelas próximas são chamadas de nebulosas de emissão.

É fácil na imagem identificar quem é a Pata do Gato e quem é a Lagosta na imagem abaixo, não é?

Nebulosas da Pata do Gato (NGC 6334, na arte superior direita) e da Lagosta (NGC 6357, abaixo à esquerda). Ambos objetos são ativas regiões de formação estelar iluminados pela ação produzida pela radiação de estrelas jovens formadas ali. A imagem tem cerca de dois bilhões de pixels e é uma das maiores produzidas pelo ESO.
Nebulosas da Pata do Gato (NGC 6334, na arte superior direita) e da Lagosta (NGC 6357, abaixo à esquerda). Ambos objetos são ativas regiões de formação estelar iluminados pela ação produzida pela radiação de estrelas jovens formadas ali. A imagem tem cerca de dois bilhões de pixels e é uma das maiores produzidas pelo ESO.

As duas nebulosas encontram-se na constelação do Escorpião. A Pata do Gato está a cerca de 5.500 ano-luz da Terra e a Lagosta a uns 8 mil anos-luz. Foram primeiramente registradas em 1837 por John Herschel, que com toda certeza adoraria ver essa imagem!

São milhares as estrelas nascidas dessas nebulosas, e a Pata do Gato é uma das regiões de formação estelar mais ativas que conhecemos.  Além das regiões brilhantes, vemos na imagem que existem também nuvens escuras que obscurecem a luz vinda de trás.

Avanços tecnológicos na Astronomia trazem conhecimentos, e, com eles, belezas que nem sequer pensamos que existe.

Leia Mais:

Site do ESO (em inglês): https://www.eso.org/public/news/eso1705/

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Juno chega a Júpiter

Chegou a Júpiter a sonda Juno, lançada em 5 de Agosto de 2011 pela agência espacial norte americana NASA (do inglês National Aeronautic and Space Administration). Essa é a segunda sonda do programa New Frontiers (inglês para Novas Fronteiras), do qual fez parte a primeira sonda enviada a Plutão, a New Horizons (inglês para Novos Horizontes), que chegou ao planeta-anão em 2015 (leia mais sobre New Horizons – Mesma Rota Mas Outro Destino e Sonda New Horizons Chegando em Plutão). O sinal de confirmação da chegada de Juno a Júpiter foi recebido à 00h53min do dia 5 de Julho de 2016, no horário de Brasília.

A missão Juno foi planejada para aumentar nosso conhecimento sobre o maior planeta que gira ao redor do Sol. Júpiter teve importante participação no arranjo dinâmico do Sistema Solar, com sua gravidade atuando de forma decisiva para distribuir planetas, cometas, asteroides, objetos do cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort em suas órbitas atuais.

Dentre os objetivos principais da Juno estão:

  • Determinar quanta água há na atmosfera de Júpiter, o que ajudará a refinar nossa compreensão sobre a formação planetária;
  • A região próxima ao Sol é muito quente para se formar água. A distância apartir da qual a formação de moléculas de água é possível variou com o tempo, na medida em que o Sistema Solar se desenvolvia. Após a formação planetária, e até hoje, essa distância é de cerca de 5UA., aproximadamente a distância média de Júpiter ao Sol. A quantidade de água encontrada no planeta vai verificar se o Sistema Solar se desenvolveu como é previsto pelas teorias mais aceitas.
  • Medir a composição, temperatura, movimentos e outras propriedades das nuvens da atmosfera do planeta;
  • As cores características de Júpiter evidenciam as diferentes composições químicas de suas nuvens. Nunca chegamos tão perto delas antes! Os movimentos da atmosfera de qualquer planeta são bastante complexos, e isso se acentua quando se trata de planetas gasosos. Compreender essa dinâmica atmosférica em Júpiter vai contribuir para compreendermos nossa própria atmosfera, incluindo formação de ciclones e furacões.
  • Mapear os campos magnético e gravitacional de Júpiter, permitindo que conheçamos melhor sua estrutura interna. Estudando o campo gravitacional de Júpiter poderemos entender sua distribuição interna de matéria. Através do campo magnético podemos supor sua estrutura interna, pois ela é a origem da parte mais importante desse campo. A combinação disso pode, finalmente, resolver a dúvida sobre Júpiter ter ou não um núcleo sólido.
  • Explorar e estudar a magnetosfera próxima aos polos do planeta, especialmente as auroras, permitindo compreender como o campo magnético de Júpiter afeta sua atmosfera.

Magnetosfera é a região em torno de um astro onde partículas carregadas são capturadas por seu campo magnético. A aceleração dessas partículas para os polos magnéticos do astro produzem as auroras. Altas camadas da atmosfera em geral interagem com essas partículas, e compreender essa interação é fundamental para compreender a estrutura da atmosfera em altas regiões.

Se tudo der certo, teremos nos próximos dias imagens obtidas pela Juno, que nos permitirá ver Júpiter como nunca foi visto antes. Segundo a mitologia romana, Júpiter era o deus dos deuses, e protegeu-se sob um véu de nuvens para esconder suas imperfeições morais. Foi sua esposa, Juno, quem conseguiu olhar por debaixo dessas nuvens e ver a verdadeira natureza de Júpiter.

Leia Mais:
Site da NASA (em inglês): https://www.nasa.gov/mission_pages/juno/overview/index.html
Site da Missão Juno (em inglês): https://www.missionjuno.swri.edu/#/mission

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Primeira detecção de metanol num disco de formação planetária

Um grupo de astrônomos, utilizando telescópios do observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array), observou a presença de metanol em forma gasosa (CH3OH) no disco onde planetas estão se formando ao redor da estrela TW Hydrae, na constelação da Hydra. O metanol é uma molécula orgânica complexa, uma das maiores já observadas em discos protoplanetários, e encontrá-lo significa um passo adiante no caminho de compreender como esses componentes fundamentais da vida participam no processo de formação de um sistema planetário. Moléculas orgânicas contêm em sua estrutura carbono, hidrogênio e, normalmente, átomos característicos como oxigênio, nitrogênio, enxofre e outros. A vida como conhecemos possui uma química fundamental baseada nas moléculas orgânicas, portanto, encontrá-las no espaço é motivo de festa para quem acredita em vida extraterrestre.

A estrela TW Hydrae é extremamente jovem e ainda possui ao seu redor o disco de gás e poeira onde se formarão planetas, cometas, asteroides. Como está a apenas 170 anos-luz de nós, ela é um excelente objeto desse tipo para ser estudado, nos permitindo ver algo muito semelhante ao Sistema Solar em seu estágio inicial. Os anéis escuros da imagem abaixo mostram regiões onde planetas estão efetivamente sendo formados e limpando o material em sua órbita.

Imagem obtida pelo ALMA de TW Hydrae e seu disco protoplanetário (Fonte: ESO)
Imagem obtida pelo ALMA de TW Hydrae e seu disco protoplanetário (Fonte: ESO)

Os astrônomos observaram uma maior concentração do metanol entre 30 e 100 unidades astronômicas da estrela. Como o metanol é um composto orgânico complexo formado no gelo da superfície de grãos de poeira, sua observação em estado gasoso a essa distância do centro indica que há migração de grãos de regiões mais frias para regiões mais internas do sistema, onde ocorre a transição gelo-gás do metanol. Isso já era esperado pelos modelos de formação planetária.

Um dos autores do trabalho, Ryan A. Loomis, disse que “a existência de metanol gasoso no disco é um indicador inequívoco de processos químicos orgânicos ricos numa fase inicial de formação estelar e planetária. Este resultado é importante no sentido de compreendermos como é que a matéria orgânica se acumula em sistemas planetários muito jovens”. Cada vez mais, a noção de que vida é algo comum e abundante no Universo se torna mais e mais evidente.

 

Leia mais no site do ESO:
Conteúdo em inglês: https://www.eso.org/public/news/eso1619/
Conteúdo em português: https://www.eso.org/public/brazil/news/eso1619/
Saiba o que é Unidade Astronômica: http://astronomia.blog.br/unidade-astronomica/

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2015 TB145 – O Asteroide do Dia das Bruxas

Geralmente, a máxima aproximação com a Terra de um asteroide grande é prevista com décadas de antecedência. Isso nos garante especial conforto para agir no caso de um objeto perigoso em rota de colisão ser detectado.

Apesar de não ter tamanho para gerar uma catástrofe global, e de não estar em rota de colisão com a Terra, o asteroide 2015 TB145 causou muita surpresa por ter sido descoberto poucos dias antes do momento em que estará passando pelo ponto mais próximo de nosso planeta em sua trajetória.

No próximo dia 31 de outubro (2015), dia das bruxas, ou Halloween, o 2015 TB145 estará passando a apenas 490.000 Km de nós, ou cerca de 1,3 vezes a distância da Terra à Lua. E ele foi descoberto dia 10 de outubro, 21 dias antes da máxima aproximação.

A dificuldade em se observar antes esse asteroide se deve ao fato de órbita ser muito excêntrica e inclinada. A excentricidade mede o achatamento de uma elipse, e varia entre zero e um. Zero seria um círculo perfeito e 1 uma linha reta. A excentricidade da órbita do 2015 TB145 é de aproximadamente 0,86. A excentricidade da órbita da Terra é de 0,017 , ou seja, a órbita da terra é muito mais próxima de um círculo do que a deste asteroide. A inclinação é de cerca de 40 graus em relação ao plano médio das órbitas dos planetas.

Sua velocidade é bastante alta, 35 Km/s. Seu tamanho pode ser estimado pela magnitude absoluta que é de 19.8 e mais um parâmetro chamado albedo (que mede a luz refletida pelo astro). Não há informações seguras do albedo desse asteroide, mas considerando-se os limites usuais para asteroides, de 0,25 e 0,05 , estimamos que seu tamanho esteja entre cerca de 290 metros e cerca de 650 metros.

A máxima aproximação ocorre dia 31 de outubro de 2015 à 17h UTC, que equivale a:
15h em Brasília (já considerando o horário de verão);
17h em Lisboa;
18h em Luanda.

Um estudo da órbita desse objeto, em particular do chamado parâmetro Tisserand, sugere que possa ter uma origem cometária, ou seja, ter sido um cometa que já extinguiu seu material volátil que forma a cauda e a coma.

A próxima aproximação de um objeto semelhante ocorrerá 2027, quando o 1999 AN10 passará por aqui e chegará à mesma distância da Lua. A última foi em 2006, quando o 2004 XP14 passou um pouco mais distante, a 1,1 vezes a distancia da Terra à Lua.

Não há qualquer perigo de colisão com o 2015 TB145. Podemos ter um dia das bruxas normal e nos assustar com as fantasias de fantasmas, nada de medo desse asteroide.

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Eclipse de Superlua dia 27 de Outubro de 2015

Eclipses da Lua não são raros, tampouco a Superlua, porém as duas efemérides acontecendo juntas formam algo que poderíamos chamar de raro na Astronomia.

No próximo domingo (27), teremos a Lua Cheia no ponto mais próximo da Terra em sua órbita, o que chamamos de Superlua. Esse não é um fenômeno raro e nem algo que chame a atenção visualmente. E apesar da diferença não ser notável a olho nu, a imagem abaixo mostra que, de fato, a Lua fica um pouco maior neste período.

Comparação entre o tamanho aparente da Lua cheia comum e o tamanho da Super Lua de março de 2011. Perceptível com uma máquina fotográfica, mas imperceptível à vista desarmada (foto de Marcoaliaslama)
Comparação entre o tamanho aparente da Lua cheia comum e o tamanho da Super Lua de março de 2011. Perceptível com uma máquina fotográfica, mas imperceptível à vista desarmada (foto de Marcoaliaslama)

Além da Superlua, acontece, também, o eclipse total, onde a Lua mergulha na sombra da Terra e sua cor branca será gradativamente modificada para um belo vermelho.

 Comparação entre o tamanho aparente da Lua cheia comum e o tamanho da Super Lua de março de 2011. Perceptível com uma máquina fotográfica, mas imperceptível à vista desarmada (foto de Marcoaliaslama)

A imagem acima mostra as áreas na Terra onde será possível ver o eclipse, ou em sua totalidade, ou apenas uma parte dele. Como podem ver, Brasil e Portugal poderão assistir ao fenômeno em sua totalidade. Já Angola terá a Lua bem baixa no horizonte, quase no poente, mas ainda assim, poderá ver grande parte do eclipse.

Esses são os horários do eclipse para três países de língua portuguesa: Brasil, Portugal e Angola.

Portugal, horário de Lisboa (UTC+0). Todo o eclipse acontece dia 28.
P1=00:11:47 UT
U1=01:07:11 UT
U2=02:11:10 UT
U3=03:23:05 UT
U4=04:27:03 UT
P4=05:22:27 UT

Brasil, horário de Brasília (UTC-3). O eclipse começa dia 27 e termina dia 28.
P1=21:11:47 – dia 27
U1=22:07:11 – dia 27
U2=23:11:10 – dia 27
U3=00:23:05 – dia 27
U4=01:27:03 – dia 28
P4=02:22:27 – dia 28

Angola, horário de Luanda (UTC+1). Todo o eclipse acontece dia 28.
P1=01:11:47
U1=02:07:11
U2=03:11:10
U3=04:23:05
U4=05:27:03
P4=06:22:27 (lua no poente)

Os últimos eclipses de Superlua foram em 1910, 1928, 1946, 1964 e 1982. O próximo será somente em 2033. Vale a pena ficar acordado até mais tarde esse domingo, não?

Enquanto esperamos imagens desse belo eclipse, ficamos com uma essa bela foto de um eclipse de 2010.

Eclipse de 15 de Abril de 2014, por entre a copa de uma árvore em Tyler, Texas (EUA) (Credito: Dr. Scott M. Lieberman/AP)

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Sonda New Horizons chegando em Plutão

Dia 19 de Janeiro de 2006 foi lançada a sonda New Horizons rumo ao então planeta Plutão. Mais tarde, no mesmo ano, Plutão mudou de classificação e passou a ser planeta anão. Isso fez com que a New Horizons tenha tido a curiosa situação de sair para um lugar (um planeta) chegando em outro (um planeta-anão) sendo que esse outro era o mesmo lugar para onde ela ia quando saiu (leia mais aqui).

Dia 13 de Julho de 2015, a sonda capturou as primeiras imagens de seu sobrevoo do planeta-anão, a cerca de 12.500km de altura, sua máxima aproximação. A imagem ficou famosa por mostrar um “coração de Plutão”.

As sondas espaciais ajudaram a conhecermos com muito maior precisão os tamanhos e massas de planetas, como aconteceu com a Voyager mostrando que Netuno tinha menos massa do que se supunha, acabando de vez com a busca pelo famoso Planeta X. Dessa vez, a New Horizons mostrou que Plutão é 80km maior do que se especulava, tendo um diâmetro de 2.370km. A discussão sobre sua mudança de classificação, que o fez deixar de ser planeta, ganhou tremenda força com a descoberta de Éris, um objeto que era maior que Plutão… era, porque agora a New Horizons nos mostra que Plutão é maior que Éris (leia mais aqui).

A sonda carrega as cinza do descobridor de Plutão, o astrônomo Clyde Tombaugh, mais um sepultado no espaço como Gene Shoemaker, descobridor, entre outros, do cometa cuja colisão com Júpiter foi amplamente observada em 1994.
A sonda New Horizons ainda irá coletar dados sobre Plutão e seus cinco satélites. Depois disso deve visitar um ou dois objetos do Cinturão de Kuiper, quando terminará sua missão.

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Uma paisagem de formação estelar – NGC 3603 e NGC 3576

Novamente o ESO publica uma imagem espetacular do espaço. Todas essas imagens geradas pelos equipamentos do observatório mostram que, apesar de estarmos na era dos telescópios espaciais, muita coisa boa em termos de técnicas para se obter imagens astronômicas pode continuar sendo feita aqui do chão.

Nessa imagem, publicada hoje, aparece uma região de HII, sendo a parte da esquerda onde localiza-se o aglomerado estelar aberto NGC 3603, distante cerca de 20 mil anos-luz de nós, e a parte da direita onde está a nebulosa NGC 3576, distante de nós cerca de 9 mil anos-luz. Apesar da imagem, aparentemente, mostrar algo como uma estrutura única, existem duas regiões bastante distantes entre si.

O NGC 3603 tem em seu centro um sistema estelar Wolf-Rayet, conhecido como HD 97950, e é nesse aglomerado que está a maior concentração de estrelas massivas conhecidas na Via Láctea. Esse aglomerado está numa região de formação estelar muito ativa.

No entorno de NGC 3576 podemos ver alguns filamentos que são gás e poeira ejetados pelo vento estelar de estrelas jovens na região central da nebulosa. Esses filamentos estendem-se a centenas de anos-luz de distância.

Tanto o aglomerado NGC 3603 e como NGC 3576 foram descobertos por John Herschel, em 1834, durante sua expedição de três anos para mapear o céu do hemisfério sul. Você pode imaginar a satisfação que teria esse astrônomo do século dezenove de ver sua descoberta fotografada dessa maneira?

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Chuva de Meteoros Perseídeas – Agosto de 2014

 

Depois da Superlua do último dia 10 de agosto de 2014 (aproveito para avisar que em setembro haverá outra!), o céu nos oferece agora a chuva de meteoros Perseídeas, cujo máximo de atividade deve ocorrer entre 12 e 13 de agosto. Essa chuva é melhor observada do hemisfério norte, mas pode ser observada de alguns lugares abaixo do equador, bem próxima ao horizonte.

Esse ano, o Google resolveu homenagear as Perseídeas fazendo uma menção a ela em seu logo com uma bonita animação.

As Perseídeas acontecem quando a Terra cruza o rastro do cometa Swift-Tuttle, e as partículas de poeira deixadas no espaço por ele entram em nossa atmosfera. Como o nome da chuva diz, seu radiante está na constelação de Perseu, que pode ser vista baixa no céu em algumas cidades do Brasil e muito melhor observada em cidades no hemisfério Norte.

A quantidade média de meteoros das Perseídeas é de 80 por hora. Lembre-se que é apenas uma média e não garante que essa taxa aconteça cada ano. Não é fácil prever com boa exatidão se haverá muitas ou poucas partículas nem seus tamanhos e velocidades. Todos esses fatores contribuem para a chuva de meteoros ser bela, média, ou um fiasco. Ok, nunca é um fiasco observar o céu!

Aliás, para garantir que não haverá fiasco, há a Lua cheia no céu. Bom, talvez a Lua cheia garanta que a chuva será um fiasco… afinal, Lua cheia é bonita mas atrapalha qualquer outra observação do céu, e seu brilho ajudará a ofuscar os meteoros mais fracos das Perseídeas.

Não espere muito das Perseídeas esse ano, mas, caso você se anime mesmo assim, abaixo estão duas Cartas Celestes do dia 12 de agosto de 2014, uma para Brasília e outra para Paris, ambas às 2 horas da madrugada (no horário local de cada cidade, 5h UTC e 00hUTC).

 
 
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Coluna do Astrônomo Curiosidades

No próximo dia 10, domingo, haverá uma Superlua no céu!

 

Nesse domingo, 10 de agosto de 2014, teremos outra Superlua. O fenômeno não é nada extremamente raro, mas é sempre legal olhar para ela e saber que está cheia e em seu ponto mais próximo da Terra.

Dizemos que uma Superlua acontece quando está em sua fase Cheia ou Nova, e encontra-se no ponto de maior aproximação com a Terra, o perigeu. Nesse domingo, a distância entre Terra e Lua será cerca de 356.900 quilômetros.

Apesar de estar em sua maior aproximação com a Terra, não é possível perceber nenhuma mudança no tamanho da Lua com nossos olhos. Apenas uma fotografia pode mostrar essa diferença, como nessa montagem acima, feita em 2011.

 Comparação entre o tamanho aparente da Lua cheia comum e o tamanho da Superlua de março de 2011. Perceptível com uma máquina fotográfica, mas imperceptível à vista desarmada .

foto de Marcoaliaslama

A Lua entra no perigeu às 15h09m, no horário de Brasília, mas durante toda a noite a consideramos ainda uma Superlua. Quem puder, tire fotos para comparar com o tamanho de uma Lua Cheia que não seja superlua.

E, para deixar claro, Superlua não produz NENHUM efeito especial na Terra, não desencadeia terremotos ou maremotos e o dragão de São Jorge não vai cair aqui.

Nesse domingo, a Lua estará passando no limite entre as constelações de Capricórnio e Aquário.

Leia mais sobre o assunto nos artigos abaixo:

 

Boa observação!