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Coluna do Astrônomo

O Sol dos últimos quatro anos

 

 

Ao visitar a Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, o público tem a opção de interagir com os experimentos diretamente ou pedir auxílio aos monitores. Estes são mediadores treinados para solucionar alguns pequenos questionamentos acerca do funcionamento dos equipamentos e direcionar para sua melhor utilização, no intuito de otimizar a visita.

 

Estes monitores são selecionados em escolas do ensino médio e passam por um curso onde são apresentados os diversos temas mostrados no Museu do Universo.

 

Para o curso deste semestre recebi a solicitação de apresentar a aula sobre o Sol e a Lua. O tema inclui formação, estrutura, composição química, características externas e evolução. Após a confecção da apresentação, fui buscar algumas imagens e vídeos para enriquecer e facilitar a compreensão sobre a estrela central de nosso sistema planetário.

 

Fui diretamente a uma excelente fonte de informação, o Solar Dynamics Observatory (SDO) da NASA. Ele foi posto em órbita com o objetivo de estudar o Sol e a sua influência no Sistema Solar. Após uma pesquisa na área de mídias da página, deparei-me com um vídeo maravilhoso que mostra diversas características presentes na superfície e atmosfera da estrela.

 

Convido todos a visualizar este vídeo. Ele mostra alguns eventos observados nos últimos quatro anos. Aproveitem, e da próxima vez que tiverem a oportunidade de visitarem o Museu do Universo, solicitem a mediação dos monitores. Eles poderão auxiliar durante toda a visita.

 

O vídeo encontra-se no link abaixo:

 

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NAg4qXsk99c

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Coluna do Astrônomo

Bólido em São Paulo

 

 

No dia 15 de fevereiro fez um ano que ocorreu o fenômeno em Tcheliabinsk, na Rússia. Para quem não se lembra, um bólido rasgou o céu e, ao explodir, criou uma onda de choque gigantesca que causou ferimentos em mais de 1.000 pessoas desta cidade. Foi muito bem documentado por várias câmeras de vídeo (na época, fiquei me perguntando o porquê de tanta gente estar com a câmera ligada, mas, posteriormente, descobri que alguns espertalhões estavam se jogando na frente dos carros e, para evitar um processo por atropelamento, os motoristas dirigiam com uma câmera no para-brisa do carro).

 

Aqui no Brasil, por enquanto, não temos (pelo menos que eu saiba) casos de pessoas se jogarem na frente dos carros e depois pedirem indenização. Por isto, poucas foram as pessoas que registraram um enorme bólido cortar o céu do litoral de São Paulo. Era manhã, 5h50min do dia 12 de fevereiro de 2014, quando as câmeras all-sky da Rede Brasileira de Observadores de Meteoros (Bramon) detectaram o rastro de luz que chegou à magnitude -4,7.

 

A primeira câmera a registrar o fenômeno encontra-se na cidade litorânea de São Sebastião e uma segunda câmera, localizada em Mogi Guaçu – SP, confirmou a observação e permitiu, através do método de triangulação, determinar a trajetória do objeto. Como pode ser visto na imagem acima, o objeto deslocou-se praticamente paralelo ao litoral paulista sobre a cidade de Caraguatatuba.

 

Estimativas iniciais feitas pelos pesquisadores da Bramon encontraram um valor de 25kg para a massa do objeto que viajou à velocidade de 15.000km/h.

 

Os vídeos podem ser vistos nos links abaixo:

 

http://www.youtube.com/watch?v=UAWdFXKj95I&feature=player_embedded

 

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=grYsN1EgmTc

 

Nenhum resquício deste objeto foi encontrado, que provavelmente foi destruído pela atmosfera ou seus fragmentos caíram no mar. Mas, o que aconteceria se fosse um objeto de grande massa como, por exemplo, um asteroide? Teríamos chances de escapar ou de mudar a órbita deste objeto? Dependendo da antecedência com que saibamos, poderemos agir de maneiras diferentes. Mas esse é assunto para o próximo post, que vai ao ar ainda essa semana. Fiquem de olho no nosso blog, Twitter e Facebook, e não perca as novidades e notícias do mundo da Astronomia. espaço.

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Coluna do Astrônomo

Como destruir a Terra?

 

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro é, como todos sabem, um órgão de divulgação de Astronomia e recebe milhares de visitantes todos os anos. Temos diversas atividades e, uma das mais gratificantes é o contato direto com as pessoas e a possibilidade de conversar sobre assuntos astronômicos.

 

Na última semana fui chamado pelas recepcionistas para atender e tentar dirimir algumas dúvidas de um visitante. Como qualquer um dos astrônomos da instituição poderia fazer, prontamente atendi ao chamado. E, antes mesmo que fosse devidamente apresentado, o visitante perguntou: “Como destruir a Terra?” Parei. Respirei e milhares de figuras vieram a minha cabeça. Nesta época de vandalismos, terrorismos e todos os outros “ismos”, esta pergunta nos leva a pensar. Minha reação foi manter dois braços de distância dele e dizer: “Acho que não entendi a sua pergunta, vamos tentar novamente?”

 

O visitante sorriu e começou a explicar que tinha visto um documentário sobre dinossauros e choque de asteroides e gostaria de saber mais detalhes. Fiquei mais confiante e me aproximei um pouco. Falei sobre a hipótese da aniquilação dos dinossauros, o iridium da camada geológica KT e a cratera de Chicxulub no México (podemos falar sobre isto em outra postagem).

 

O próximo assunto foi colisão de planetas e por último ele me pediu – Explique-me sobre estes “aspiradores de pó” gigantescos e como podem destruir a Terra. Com o espírito mais calmo pedi que explicasse sobre o que estava falando. O senhor, mais que depressa disse: “Buracos Negros”, com um ar de sapiência, como quem diz: “Você não sabe que os buracos negros são aspiradores de pó gigante?”.

Passei uma boa parte da minha tarde desconstruindo este conceito. Falamos sobre tipos de buracos negros – Schwarzschild, Kerr, Nordstrom –, massa, singularidade, horizonte de eventos, espaguetificação, localização nos núcleos de galáxias e a possibilidade infinitamente pequena, praticamente zero, de um buraco negro absorver o nosso planeta pois não se observa nenhum objeto deste tipo próximo a nós.

 

Após esta conversa ele me prometeu nunca mais chamar um buraco negro de aspirador de pó e agradeceu pelos novos conhecimentos adquiridos.

Devo confessar que esta é a parte mais gratificante da nossa profissão, ver um visitante interessado em aprender, apresentar suas dúvidas e seus conceitos prévios e aceitar novos modelos, saindo satisfeito e agradecendo. Alguns podem dizer que perdi uma tarde com este senhor. Na verdade, tive um prazer enorme em poder ensinar.

 

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Telescópio Gigante e o Brasil

 

Estupendo! Extraordinário! Assombroso! Magnífico! Portentoso! Quantos são os adjetivos que devo utilizar para um telescópio de proporções que supera em muito os atuais e cujos resultados levarão a Astronomia a outro patamar? E o melhor disto é que os pesquisadores brasileiros poderão ter acesso.

 

É isto mesmo, meu caro leitor, parece incrível, mas existe uma enorme possibilidade do Brasil fazer parte do consórcio – atualmente conta com instituições de nove países – que irá administrar e utilizar este gigante instrumento.

 

Um workshop de apresentação do projeto foi realizado na semana passada para pesquisadores brasileiros e administradores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Esta instituição está avaliando a possibilidade de aplicar 115 milhões de reais, ou 50 milhões de dólares, para uma participação de 5% nos custos do projeto.

 

Denominado Giant Magellan Tellescope (GMT), este telescópio terá sete espelhos de 8,4 metros de diâmetro que, combinados, equivalem a um de 25 metros de diâmetro, e uma resolução dez vezes superior a do telescópio Hubble, em órbita da Terra. O GMT será instalado no Chile, mais precisamente no Deserto do Atacama, no Observatório Las Campanas.

 

Com este investimento, os pesquisadores patrocinados pela Fapesp poderão ter acesso a um instrumento de ponta, possibilitando estar na vanguarda das pesquisas astronômicas.

 

Este é apenas um dos gigantescos telescópios em fase de projeto. O Brasil assinou um acordo para a entrada no consórcio do Observatório Europeu do Sul (ESO) que tem o projeto do E-ELT ou Telescópio Extremamente Grande, de 39 metros, mas, devido a entraves burocráticos, ainda não foi apreciado pelo Senado Federal.

 

Esperamos que este consórcio não tenha o mesmo fim da participação do Brasil na construção e utilização da Estação Espacial Internacional que fez 15 anos ontem (20 de novembro de 2013).

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Coluna do Astrônomo

Mais um?

 

Se você tivesse alguns milhões de dólares e fosse fazer uma aposta única, colocaria seu dinheiro em uma empreitada que falhou 30% das vezes que foi tentada, ou procuraria algum investimento com um risco menor? Talvez fosse mais seguro, como fizeram alguns incautos, apostar nas empresas de um certo eX-bilionário. Afinal o dinheiro é seu…

 

No estudo e busca pela exploração do planeta Marte, o número de falhas ocorridas foi de 13 em 43 missões enviadas desde o ano de 1960. São 30%, um número elevado se levarmos em conta a quantidade de pessoas envolvidas, o tempo gasto e a tecnologia envolvida. Alguns conhecidos utilizaram até o termo “urucubaca” para tentar explicar este número tão elevado.

 

A última falha ocorreu no dia 11 de novembro de 2013 durante a tentativa de colocar o satélite indiano da Missão orbital de Marte em uma órbita a 100.000km de altitude da superfície terrestre. Atualmente ele se encontra a 78.278 km.

 

Esta missão foi lançada no dia 5 de novembro de 2013 com o objetivo de estudar o planeta vermelho; uma missão de baixo custo (73 milhões de dólares). Pela falta de um lançador que pudesse colocar diretamente o satélite em uma órbita em direção a Marte, está sendo necessário que este seja reposicionado em órbitas cada vez mais altas até atingir a altitude correta para o seu envio.

 

Os cientistas indianos esperavam que o motor de propulsão funcionasse corretamente. Porém, após uma breve falha no motor em uma tentativa anterior, a nave espacial indiana foi conduzida “com êxito” para uma órbita mais elevada da Terra. Na falta de um grande foguete para enviá-la diretamente para fora da atmosfera terrestre e seu empuxo gravitacional, a nave ficará na órbita da Terra até o fim do mês, à medida que desenvolve velocidade suficiente para se libertar.

 

 

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Coluna do Astrônomo

Metano em Marte

 

Ao chegar ao Planetário hoje pela manhã, vi um comunicado da Agência espacial norte-americana (NASA) sobre a quantidade de metano encontrada na atmosfera do planeta Marte. Para as pessoas que chegam ao Rio de janeiro é fácil identificar este gás ao atravessar a Linha Vermelha, uma linha expressa da cidade, na área próxima à ilha do Fundão, onde sentirá o odor nauseabundo emanado daquela região da Baía da Guanabara.

 

Alguns tipos de micro-organismos produzem metano em seu metabolismo. Sendo assim, este gás pode ser utilizado como marcador da presença de vida em atmosferas planetárias, embora possa ser produzido independentemente.

 

A quantidade de metano encontrada pelo laboratório Curiosity no planeta Marte, utilizando o espectrômetro a laser, foi seis vezes inferior às medições anteriores feitas por satélites e observações terrestres.

 

Segundo o principal autor da pesquisa, Chris Webster, do laboratório de Propulsão a Jato da NASA, as medições de metano na atmosfera de Marte foram realizadas a partir da primavera marciana até o final do verão, sem resultados relevantes. Segundo o pesquisador, a descoberta teria sido emocionante, mas existe muita confiança nos valores obtidos e o mais importante é a expansão do conhecimento científico obtido.

 

Segundo Michael Meyer, cientista-chefe para a exploração de Marte, este resultado irá ajudar a direcionar os esforços pela busca de vida no planeta Marte, pois reduz a probabilidade de possíveis micro-organismos produtores de metano. Como existem diferentes tipos de metabolismos microbianos conhecidos, que não produzem metano, os pesquisadores buscarão outros marcadores de vida.

 

Para as pessoas que posteriormente irão questionar os gastos com uma pesquisa com resultado negativo, devo lembrá-los o que disse Thomas Edison, inventor do gramofone, da lâmpada incandescente, entre outros aparelhos: “Se eu encontrar 10.000 maneiras que algo não vai funcionar, eu não falhei. Eu não estou desanimado, porque cada tentativa errada descartada é outro passo à frente.”

 

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Limites alcançados

 

Os Hobbits, seres pequenos, com pés gigantes e peludos, são frutos da imaginação do grande escritor J. R. Tolkien. Além de adorarem comer, beber e farrear, tinham uma característica própria: não saíam do Condado. Gostavam de ficar em casa e não se preocupavam com o mundo ao seu redor.

 

Diferentemente dos hobbits, o homem sempre buscou saber o que existe fora de seus domínios. Alguns acreditam até que a verdade está lá fora – não resisti, risos. Inicialmente, a imaginação foi utilizada para modelar o mundo em que vivemos. Mitologias e religiões foram criadas para tentar explicar a nossa origem e existência. Só mais recentemente a ciência passou a fornecer dados para tentar elucidar algumas perguntas existenciais.

 

Neste último mês, mais precisamente no dia 12 de setembro de 2013, após análises dos dados de densidade do plasma ao redor da Voyager I, mais um passo em direção ao espaço interestelar foi dado. Este viajante encontra-se atualmente na Heliopausa. A característica principal desta região é que a pressão do vento solar não é intensa o suficiente para repelir o vento interestelar.

 

Um fato importante foi a maneira como a região onde se encontra a espaçonave foi determinada. Como o sensor de densidade de plasma da Voyager I não está funcionando, um caminho alternativo foi utilizado. Em abril de 2013, chegou à espaçonave o material ejetado pelo Sol 13 meses antes, fazendo o plasma vibrar como uma corda de violino. Através da frequência de vibração obtida por um detector de ondas de plasma foi possível determinar que a espaçonave recebeu um jato de material 40 vezes mais denso que o meio em que se encontra, permitindo determinar a densidade local e chegar à conclusão de que está na Heliopausa.

 

A Voyager I, lançada em 1977, e sua irmã gêmea Voyager II, lançada 16 dias depois, foram enviadas originalmente para estudar os planetas gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Em 1990, após completarem a missão original, foram enviadas em uma nova empreitada: descobrir a transição entre a Heliosfera e a Heliopausa. Esta nova etapa está cumprida.

 

Vejam no vídeo, em inglês (não se esqueça que é possível colocar legenda), a animação com as várias etapas da missão da Voyager I e escute as ondas sonoras obtidas pelo detector de ondas de plasma.

 

Nosso mensageiro espacial ainda tem milhares de anos para chegar próximo de outra estrela, tendo que passar primeiramente pela Nuvem de Oort, a região povoada pelos núcleos de cometas que eventualmente se desgarram e se precipitam em direção ao centro do nosso sistema planetário.

 

A genialidade de Tolkien criou todo um mundo, uma mitologia, línguas e personagens como hobbits, elfos, trolls, criaturas maléficas e objetos mágicos no início do século passado. Hoje temos conhecimentos de coisas e lugares que nos permitem elaborar teorias diversas e nos levar, se não pessoalmente, pelo menos através de mensageiros como as Voyagers, inimagináveis há poucos anos.

 

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Reversão Magnética Solar

 

A cada 11 anos, aproximadamente, o Sol passa por um fenômeno incrível: a mudança de seus polos magnéticos. Apesar de quase imperceptível no nosso dia a dia, o comportamento de reversão dos polos magnéticos, a presença de manchas solares e de protuberâncias são resultados do comportamento variável do campo magnético de nossa estrela central.

 

O Sol, devido à sua alta temperatura, tem sua matéria no estado de gás e plasma. Esta característica faz com que as linhas de campo magnéticas fiquem “congeladas”, ou seja, são arrastadas juntamente com o material que o cerca. Este arraste é responsável pelo enrolamento das linhas, uma vez que o Sol apresenta uma rotação diferencial. A parte equatorial dá uma volta a cada 25 dias aproximadamente, e as regiões polares demoram cerca de 30 dias, gerando as estruturas acima mencionadas e uma reorganização interna que irá implicar na reversão dos polos magnéticos a cada 11 anos.

 

De acordo com o pesquisador Todd Hoeksema, do Observatório Solar Wilcox, da Universidade de Stanford, a reversão se dará em até quatro meses e poderá ser sentido em todo o Sistema Solar, marcando o meio do ciclo de número 24.

 

Esperem notícias para breve e continuem visitando as páginas da Fundação Planetário, pois, assim que acontecer a reversão magnética solar, você será informado. Enquanto isso, vejam a animação (em inglês, mas lembrem-se das legendas em português) deste fenômeno solar.

 

 

 

 

 

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Bambolê Estelar

 

Gravidade. Esta força primordial é responsável por quase tudo o que vemos em grande escala no Universo. Formações de estrelas, galáxias, buracos negros… Todos os corpos sofrem a sua ação.

 

Esta semana, a Agência Espacial Norte-Americana publicou uma notícia que mostra mais um efeito gravitacional interessante, a formação de um sistema triplo de estrelas em que duas estrelas são circundadas por um gigantesco disco de gás e poeira.

 

O mais interessante é que o plano em que as estrelas giram em torno de si não é o mesmo do plano do disco de gás e poeira, fazendo com que o brilho do sistema varie periodicamente (cerca de 93 dias). Imagina-se que a configuração do sistema se deva à presença de uma terceira estrela, que orbita na periferia dele, agindo gravitacionalmente, moldando-o.

 

Observado no infravermelho pelo telescópio espacial Spitzer, e por outros telescópios baseados na Terra, o grupo de estrelas foi denominado YLW 16A. É o quarto sistema estelar que apresenta este comportamento, sendo o segundo na região de Rho Ophiucus. De acordo com Peter Plavchan, o cientista responsável pela pesquisa, a variabilidade no brilho comprova a presença das duas estrelas envoltas por um disco de gás e poeira que pode dar origem a planetas.

 

Talvez estejamos vendo a formação de um planeta semelhante ao planeta Tatooine, lar da família Skywalker, dos filmes “Blockbusters” Guerra nas Estrelas, onde temos dois nasceres e pores das estrelas às quais o planeta circunda. No sistema estelar do filme temos uma estrela amarela e outra mais fria, vermelha. Esperemos que o Darth Vader não venha até a Terra.

 

 

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Planeta Azul

 

Desde 12 de abril de 1961, como muitos acreditam, erroneamente, que o cosmonauta Yuri Gagarin tenha dito ─ A Terra é azul! ─, o imaginário popular concebe que um planeta habitável deve ter esta cor. Isto até pode ser verdade, mas, até agora, não temos nenhum planeta candidato, na zona de habitabilidade de uma estrela, com estas características. 

No dia 11 de julho de 2013, a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) comunicou a descoberta da cor real de um exoplaneta pela primeira vez. Obtida pelo Telescópio Espacial Hubble, o planeta HD189733b encontra-se a 63 anos-luz de distância, sendo um dos mais próximos onde é possível observar o seu trânsito. 

Segundo Frederic Pont, da Universidade Exeter, na Inglaterra, ao observar todas as fases de uma ocultação do planeta por sua estrela, notou-se uma alteração na cor azul durante o fenômeno, ou seja, quando o planeta encontrava-se eclipsado pela estrela, ocorreu uma diminuição significativa da cor azul, evidenciando a cor do planeta, enquanto as cores verde e vermelho mantiveram-se inalteradas.

O planeta HD189733b encontra-se muito próximo de sua estrela, apenas 4,7 milhões de quilômetros, fazendo com que o planeta não apresente rotação devido a interações gravitacionais, semelhante ao fenômeno observado em nossa Lua: um dos lados está sempre apontado para a Terra. No caso do planeta, apenas um dos lados fica iluminado enquanto o outro encontra-se em completa escuridão.

A temperatura do lado iluminado é de aproximadamente 1.100ºC com a ocorrência de chuvas de vidro. Isto mesmo! Vidros! A combinação do calor associado ao fato das nuvens serem saturadas de silicatos faz com que sejam criadas gotas de vidro que caem como chuvas na superfície do planeta. A luz ao passar pelas gotículas de vidro é dispersada, privilegiando a luz azul na atmosfera em detrimento da vermelha, dando a cor azulada ao planeta. 

Em 2007, foi possível obter o primeiro mapa de temperaturas em infravermelho para este planeta, produzido pelo telescópio Spitzer. A diferença entre o lado iluminado e o lado escuro é de cerca de 260ºC. Esta diferença de temperatura causa ventos de até 7.000km/h que produzem silvos na atmosfera. 

Todas estas características inóspitas, aliada ao fato desse planeta estar classificado como do tipo Júpiter quente, ou seja, planeta gigante gasoso muito próximo da estrela central, eliminam qualquer chance de podermos habitar este mundo. Continuemos nossas buscas!