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Caçadores de satélites: ISS, Júpiter e Saturno juntos no céu

O alvorecer do dia 20 de março será bem bacana para quem gosta de acompanhar as passagens de satélites. A Estação Espacial Internacional (ISS – International Space Station) terá uma passagem bem favorável para os moradores do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Goiás. Além disso, os planetas Júpiter e Saturno estarão visíveis nas proximidades.


Quando a passagem da estação se dá em condições favoráveis, qualquer pessoa pode observar usando seus próprios olhos. Isso mesmo, não há necessidade de telescópio. Na verdade, já que o evento é relativamente curto, o telescópio pode até atrapalhar. Basta apenas pegar a carta celeste e se dirigir para um local onde você tenha acesso ao céu e, de preferência, com o horizonte livre e sem luz urbana.

Passagem da ISS entre Vênus e Marte na França, em 15/02/2017. Crédito: David Duarte.

A ISS é visível porque reflete a luz do Sol, da mesma forma que a Lua. Ao contrário da Lua, ela não pode ser observada durante o dia mas, sob certas circunstâncias, momentos antes do amanhecer ou após o pôr do Sol. Para alguns, ela lembra uma estrela, só que em movimento. Para outros, um avião, com a exceção de que a ISS não apresenta luz piscando.

A carta celeste abaixo indica a passagem da ISS por entre as constelações, para o amanhecer do dia 20 de março. Ela foi confeccionada para a Cidade do Rio de Janeiro e arredores. Se você estiver em outra cidade, poderá obter uma carta adequada AQUI (lembre-se de informar a sua cidade antes de gerar a carta). Note que alguns horários estão indicados na carta, uma vez que precisamos saber não somente para onde olhar, mas também, quando!


Carta celeste para a passagem da ISS no amanhecer do dia 20 de março, para a Cidade do Rio de Janeiro e arredores. Norte está em cima e sul embaixo. Leste à esquerda.

Aproveite a oportunidade e acompanhe o início da temporada de visibilidade dos planetas gigantes Júpiter e Saturno. Eles estarão bem visíveis no horizonte leste, momentos antes do Sol nascer, na constelação do Capricórnio. A passagem da ISS é também uma excelente ocasião para aprender a identificar algumas das principais constelações usando a carta celeste.

Viajando a 440km do solo, e incríveis 27.000km/h, a ISS completa uma volta ao redor da Terra em apenas 93 minutos. Isso significa que esses eventos não são raros. Então não fique triste caso não consiga acompanhar dessa vez. No caso de alguém tirar foto do evento e desejar compartilhar conosco, fique à vontade!

Vamos torcer para o céu colaborar. Boa caçada!

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Estrela de Natal: Conjunção entre Júpiter e Saturno

O final do ano reserva um fenômeno astronômico marcante para a noite do dia 21 de dezembro, quando os dois maiores planetas do Sistema Solar estarão muito próximos no céu, durante o fenômeno da conjunção. Trata-se de um “presente de natal” antecipado para os amantes da astronomia. Os planetas Júpiter e Saturno estarão tão próximos que parecerão formar um “planeta duplo”. Trata-se de um evento único na vida da maioria das pessoas. Saiba um pouco mais sobre o fenômeno, e como observá-lo.

Quando acontece uma conjunção, dois ou mais corpos celestes aparecem próximos no céu. Os corpos celestes envolvidos numa conjunção podem ser: Sol, Lua, planetas, estrelas e satélites artificiais.

Conjunção de Vênus (mais brilhante) com o aglomerado aberto das Plêiades em abril de 2012. Crédito: Bob King.
Conjunção entre Vênus e Marte (avermelhado) em 20/02/2015.

Uma conjunção muito importante é a Sol-Marte. Nessas ocasiões, que ocorrem a cada 26 meses, o planeta vermelho fica praticamente atrás do Sol do ponto de vista da Terra. Nessa geometria celeste, além de não podermos observar Marte no céu, as comunicações com as sondas em solo marciano são reduzidas, ou até mesmo, interrompidas. A razão é que por conta do alinhamento, as comunicações de rádio são perturbadas pelo Sol, e mensagens distorcidas devem ser evitadas a todo custo, para preservar os equipamentos.

Ilustração das posições de Marte (órbita mais externa), Sol (posição central) e Terra durante a conjunção Sol-Marte. Durante essas ocasiões, que ocorrem a cada 26 meses, Marte passa praticamente atrás do Sol para um observador na Terra. Crédito: NASA/JPL – Caltech.

A astronomia tem uma definição precisa para conjunção de corpos celestes, que não se resume ao “estar próximo” no céu, mas tem a ver com o sistema de coordenadas celestes adotado. Por exemplo, se o sistema de coordenadas adotado for o Eclíptico, o plano de referência é o plano da órbita da Terra ao redor do Sol. Assim, qualquer objeto celeste pode ser localizado pelas coordenadas latitude eclíptica e longitude eclíptica, e por definição uma conjunção ocorre quando dois ou mais corpos têm a mesma longitude eclíptica. Essa definição técnica é interessante, pois evita uma definição vaga de conjunção, baseada em proximidade: afinal, se a condição necessária for simplesmente a proximidade de dois corpos no céu, qual seria a distância máxima para o evento ainda ser chamado de conjunção?

Então nem sempre uma aglomeração de astros no céu é de fato uma conjunção? Isso mesmo, vai depender da tal coordenada eclíptica. Por acaso, a conjunção Júpiter-Saturno (eclíptica) desde ano ocorrerá por voltas das 15h20min, praticamente na mesma hora da máxima aproximação. Mas deixemos esse detalhe técnico para os técnicos, afinal a beleza do fenômeno não se altera com essa informação. E não se preocupe com o horário, pois como veremos mais a frente, os planetas são muito lentos e não fará muita diferença observar o evento algumas horas depois, ao anoitecer.

As conjunções Júpiter-Saturno são bem impressionantes, pois os planetas se destacam no céu pelos seus brilhos intensos. Uma vez a cada 20 anos, os dois maiores planetas do Sistema Solar parecem se encontrar no céu do ponto de vista do observador na Terra. Durante a próxima conjunção Júpiter-Saturno, que acontecerá no dia 21 de dezembro, os planetas parecerão estar se tocando. Mas não se iluda, a proximidade é um efeito de perspectiva, e será apenas aparente. Na verdade eles estarão afastados entre si mais 700 milhões de quilômetros!

Ilustração (fora de escala) da configuração dos planetas durante a conjunção. Crédito: Lowell Observatory.

Mas qual o motivo do intervalo de 20 anos? Júpiter e Saturno são planetas bem distantes do Sol e, portanto, se movem bem lentamente no céu: enquanto a Terra leva um ano para completar uma volta ao redor do Sol, Júpiter precisa de cerca de 12 anos e Saturno cerca de 30 anos. Tais órbitas longas fazem com que, do ponto de vista da Terra, encontros entre os dois só sejam possíveis a cada 20 anos*. É como se fosse uma corrida de Fórmula 1 e Júpiter, por estar mais próximo do Sol e, portanto mais rápido, desse uma volta em Saturno a cada 20 anos.

Ilustração da conjunção Júpiter-Saturno em 21 de dezembro de 2020. Por causa do alinhamento, do ponto de vista da Terra, os planetas Júpiter e Saturno aparecem próximos no céu.

Na maioria das conjunções a separação entre Júpiter e Saturno é de cerca de 1 grau, o que corresponde a aproximadamente duas Luas Cheias lado a lado. Neste ano eles estarão separados por apenas 6 minutos de arco, ou 1/10 do grau. Isso corresponde a apenas 1/5 do tamanho da Lua.

Na maioria das conjunções Júpiter-Saturno, os dois planetas se encontram afastados cerca de 1 grau, o que corresponde a duas Luas lado a lado. Crédito: Lowell Observatory.
Na conjunção do dia 21 de dezembro de 2020, os planetas estarão separados por apenas 6 minutos de arco, ou 1/10 do grau. Isso corresponde a apenas 1/5 do diâmetro da Lua. Crédito: Lowell Observatory.

Alguns estudiosos especulam que a história bíblica da Estrela de Belém que conduziu os Três Reis Magos do Oriente ao encontro do menino Jesus, está associada a uma conjunção Tripla de Júpiter e Saturno. Isso mesmo, você leu direito. Em intervalos de tempos irregulares, podem ocorrer ao longo de meses, uma sequência de três conjunções Júpiter-Saturno. A última conjunção tripla foi em 1981, enquanto a próxima é esperada para 2238**. No ano 7 a.C., ocorreram conjunções em 29 de maio, 30 de setembro e 5 de dezembro, tempo suficiente para os três viajarem de sua terra natal, no Oriente, até encontrar a criança na manjedoura. Os dois planetas brilhantes convergindo num ponto perto do horizonte, certamente indicaria uma direção a ser seguida. Por essa razão, a conjunção desde ano tem sido frequentemente chamada de “Estrela de Natal”.

Será fácil acompanhar a bela dança do par de planetas até o seu ápice por ocasião da conjunção. Basta olhar para a direção do poente, logo após o pôr do Sol, nas próximas noites. Como os planetas estarão próximos do horizonte, teremos cerca de uma hora para observar antes do desaparecimento no horizonte, e lugares com montanhas ou prédios devem ser evitados. Na noite do dia 16 de dezembro, a Lua Crescente estará próxima aos dois, numa bela configuração.


Ilustração do céu voltado para o horizonte oeste, para a noite do dia 16 de dezembro, por volta das 19h30. Crédito: Stellarium Web Online Star Map.

A conjunção anterior entre Júpiter e Saturno ocorreu no ano 2000, mas foi um desastre para o observador: além de os planetas estarem mais afastados entre si (cerca de 2,5 vezes o diâmetro da Lua), a observação era quase impossível pois o Sol se encontrava nas proximidades.

A última conjunção Júpiter-Saturno com proximidade entre os planetas similar à de 2020, ocorreu em 1623, alguns anos após as primeiras observações telescópicas de Galileu Galilei. No entanto, mais uma vez o Sol estava próximo, impedindo a observação do fenômeno.

A mais espetacular conjunção dos planetas gigantes nos últimos 1.000 anos ocorreu em 1226, quando os planetas estiveram 3 vezes mais próximos entre si do que no evento de 2020. Isso ocorreu quase 400 anos antes do surgimento do telescópio.

Você quer mais motivos para não perder a próxima conjunção envolvendo Júpiter e Saturno? Nas conjunções que ocorrerão em 2040 e 2060, as separações entre os planetas serão bem maiores. Somente em 2080 teremos uma conjunção tão espetacular quanto a deste ano, com uma separação similar entre os planetas. Ou seja, o evento do dia 21 de dezembro de 2020 será único para a maioria de nós.

Feliz Natal!

*O intervalo médio mais exato entre cada conjunção de Júpiter e Saturno é de 19,85 anos, sendo determinado principalmente pelos períodos orbitais de Júpiter (11,86 anos) e de Saturno (29,46 anos).

**Fonte: “Conjunctions of Jupiter and Saturn”, The Journal of Royal Astronomical Society of Canada (2000), p. 174.

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Júpiter Soberano

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

Depois de Marte, além do cinturão de asteroides, nós vamos encontrar o planeta Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro de uma outra categoria de planetas. Enquanto os planetas mais internos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são planetas densos e pequenos, os planetas externos são chamados de gigantes gasosos: muito maiores, menos densos e compostos basicamente de gases. Destes o maior é Júpiter.

Júpiter é conhecido desde a antiguidade pois é fácil vê-lo no céu. Ele é um dos cinco planetas visíveis à vista desarmada: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Pelo seu movimento lento e o brilho intenso (é o quarto objeto natural mais brilhante visível no céu da Terra), várias civilizações antigas atribuíram grande destaque a Júpiter. Foi associado à maior divindade do Panteão grego: Zeus, o Deus dos Deuses e o rei do Olimpo. Muitos povos associaram-no ao seu deus do trovão.

Da esquerda para a direita: Júpiter (Roma), Thor (Escandinávia) e Zeus (Grécia).

Em 1610, o sábio italiano Galileu Galilei (1564-1642) registrou suas observações de Júpiter no livro Mensageiro Sideral. Este livro foi o primeiro registro metódico de observações celestes feitas através de um instrumento óptico: a recém-inventada luneta astronômica. Observando Júpiter, Galileu percebeu quatro pontos luminosos alinhados com o disco do planeta. Ao observar por um período notou um movimento pendular ao redor do astro maior. Não poderiam ser estrelas: eram os quatro maiores satélites de Júpiter. Mais tarde receberam a denominação de luas galileanas, em homenagem a Galileu.
Mesmo com um telescópio com baixo aumento é possível vê-las. Essa descoberta foi muito importante para a determinação de que a Terra não era o centro do Sistema Solar.

Luas Galileanas: no alto uma imagem telescópica. Abaixo fotos obtidas por sondas espaciais (da esquerda para a direita): Io, Europa, Ganimedes e Calixto.

Essas luas são Io, Europa, Calixto e Ganimedes. Cada uma destas é um pequeno mundo particular. A cada dia se descobre mais coisas interessantes sobre cada uma delas. Io é vulcânica e Europa tem um oceano recoberto de gelo que pode abrigar condições de vida. Esta é um dos mais esperados alvos de missões futuras.

Neste momento nós sabemos que existem pelo menos 79 luas jovianas, mas pode ser que existam mais. Como Júpiter tem uma gravidade muito intensa, ele recolheu muito material ao seu redor durante a sua formação bilhões de anos atrás. Algumas dessas luas podem ter se formado junto com o planeta. Outras luas podem ter sido asteroides ou cometas capturados ao longo da história do Sistema Solar.

Sendo essencialmente gasoso fica estranho falar em uma atmosfera joviana. O planeta, em termos de massa, é composto por 75% de hidrogênio e 24% de hélio. O 1% restante é composto de metano, amônia, fósforo e vapor de água, nesta ordem de abundância. O planeta gira rapidamente em torno do seu próprio eixo num período de quase 10 horas. Mas o ano joviano dura um pouco menos que 12 dos nossos anos terrestres.

Rotação da atmosfera joviana. Note a grande mancha vermelha um pouco à esquerda do centro.

Várias sondas espaciais já visitaram Júpiter. Algumas sobrevoaram e outras ficaram em órbita. A maior parte do que sabemos hoje deste planeta devemos a estes aparatos espaciais.

Primeiras sondas a sobrevoar Júpiter: Pioneer 10 e 11

As primeiras sondas a ultrapassar o cinturão de asteroides foram as Pioneer 10 (1973) e 11 (1974). Esta última chegou a meros 34.000 km da superfície nebulosa do planeta gigante. As primeiras fotos detalhadas de Júpiter e suas luas foram obtidas naquela época.

Voyager 1 e 2: primeira parada Júpiter.

Cinco anos mais tarde, duas sondas Voyager visitaram o planeta em um intervalo de poucos meses. Estas sondas sobrevoaram o planeta gigante e depois prosseguiram para outros destinos, como as sondas Ulysses (1992), Cassini (2000) e New Horizon (2007).

Sobrevoando Júpiter de passagem: Ulysses foi para o Sol, Cassini para Saturno e a New Horizon para Plutão e além.

A primeira sonda a orbitar Júpiter foi a Galileu (1995) que, apesar de uma problema na sua antena, transmitiu dados até 2003. Esta missão também incluiu um pequena sonda atmosférica que penetrou o envoltório gasoso do planeta e transmitiu dados antes de ser esmagada. Em 2016 a sonda Juno entrou em órbita do planeta. Particularmente interessantes foram a fotos de alta resolução dos polos jovianos com seus inúmeros vórtices de gás. Até o momento Juno ainda transmite dados.

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O Deus dos Deuses Chegando

Talvez você já tenha reparado um astro bem brilhante aparecendo ao Leste no início das noites. Mostra um brilho bem mais intenso que todas as estrelas naquela região. trata-se do planeta Júpiter, um dos objetos mais interessantes de se observar com um telescópio.

A carta Celeste mostra o céu do Rio de Janeiro para essa quarta, 12 de junho de 2019, às 19h no horário local.

Carta Celeste do Rio de Janeiro, 12 de Junho de 2019, às 19h, hora local.

Júpiter está na constelação do Ofiúco, ou Serpentário. Com um telescópio de médio porte é possível observar seus quatro maiores satélites: Io, Calisto, Ganimedes e Europa, conhecidos como satélites galileanos.

Essa é uma observação que possui um especial interesse histórico, pois foi observando esses satélites que Galileu viu, pela primeira vez, objetos girando não em torno da Terra, mas em torno de outro planeta. Isso foi um capítulo importante em nossa saga para obter o conhecimento sobre a Terra não ser o centro do Universo.

Nessa semana, teremos a Lua bastante brilhante e próxima a Júpiter no céu, o que atrapalha um pouco sua observação. Céu enluarado é bom para ser visto sem instrumentos, pois a própria Lua não fica bem no telescópio quando está muito iluminada.

Algumas pessoas também conseguem ver em Júpiter nuances que indicam as faixas coloridas de sua atmosfera. Note que ao telescópio, observando-se diretamente com os olhos, sem tirar uma fotografia, nenhum objeto aparece muito colorido. Mas ainda assim é possível ver as faixas coloridas e até a grande mancha vermelha se estiver voltada para a Terra no momento da observação.

Bons Céus!

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Oposição de Júpiter

No próximo dia 8 de maio, o planeta Júpiter estará em oposição, melhor época para observá-lo. Ele já está bem visível no céu e permanecerá assim por um bom tempo mas, no período da oposição, ele fica mais tempo no céu noturno.

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Como encontrar os planetas no céu

O céu do começo das próximas noites terá vários planetas visíveis a olho nu. Ao longo dos próximos dias, poderemos ver cinco planetas ao entardecer, mas dois deles serão bem difíceis de observar.

Começando pelos mais fáceis: Júpiter, o mais brilhante de todos, será visível no começo da noite, a oeste, na constelação do Leão. O maior planeta do Sistema Solar, será visível até às 21h30min. Marte, o planeta vermelho, surge bem alto no céu no começo da noite, na constelação de Libra, podendo ser observado até às 2h da madrugada. Ele está bem brilhante, embora não tanto quanto Júpiter.

Bem perto de Marte, encontramos o planeta Saturno, na constelação do Serpentário. O planeta dos anéis poderá ser observado até às 3h da madrugada. Marte, Saturno e Antares, uma estrela avermelhada e a mais brilhante da constelação do Escorpião, formarão um triângulo no céu nas próximas noites.

Agora os planetas mais complicados para observar: Mercúrio e Vênus. Ao longo de julho eles aparecerão no céu do entardecer por alguns minutos, na direção oeste, logo após o pôr do Sol, com o céu ainda não totalmente escuro. Estes dois planetas serão um desafio para os aficionados.

A disposição que os planetas terão no céu leva as pessoas a dizerem que os mesmos estarão alinhados. Do nosso referencial, na Terra, os planetas sempre parecerão estar alinhados no céu, uma vez que todos giram ao redor do Sol em planos orbitais relativamente próximos. O que muda, de tempos em tempos, é a separação destes no céu (que também é influenciada pelo nosso referencial). No caso presente, os cinco planetas estão bem espalhados no céu, indo de oeste até leste. Boas observações!

Leia também:

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Juno chega a Júpiter

Chegou a Júpiter a sonda Juno, lançada em 5 de Agosto de 2011 pela agência espacial norte americana NASA (do inglês National Aeronautic and Space Administration). Essa é a segunda sonda do programa New Frontiers (inglês para Novas Fronteiras), do qual fez parte a primeira sonda enviada a Plutão, a New Horizons (inglês para Novos Horizontes), que chegou ao planeta-anão em 2015 (leia mais sobre New Horizons – Mesma Rota Mas Outro Destino e Sonda New Horizons Chegando em Plutão). O sinal de confirmação da chegada de Juno a Júpiter foi recebido à 00h53min do dia 5 de Julho de 2016, no horário de Brasília.

A missão Juno foi planejada para aumentar nosso conhecimento sobre o maior planeta que gira ao redor do Sol. Júpiter teve importante participação no arranjo dinâmico do Sistema Solar, com sua gravidade atuando de forma decisiva para distribuir planetas, cometas, asteroides, objetos do cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort em suas órbitas atuais.

Dentre os objetivos principais da Juno estão:

  • Determinar quanta água há na atmosfera de Júpiter, o que ajudará a refinar nossa compreensão sobre a formação planetária;
  • A região próxima ao Sol é muito quente para se formar água. A distância apartir da qual a formação de moléculas de água é possível variou com o tempo, na medida em que o Sistema Solar se desenvolvia. Após a formação planetária, e até hoje, essa distância é de cerca de 5UA., aproximadamente a distância média de Júpiter ao Sol. A quantidade de água encontrada no planeta vai verificar se o Sistema Solar se desenvolveu como é previsto pelas teorias mais aceitas.
  • Medir a composição, temperatura, movimentos e outras propriedades das nuvens da atmosfera do planeta;
  • As cores características de Júpiter evidenciam as diferentes composições químicas de suas nuvens. Nunca chegamos tão perto delas antes! Os movimentos da atmosfera de qualquer planeta são bastante complexos, e isso se acentua quando se trata de planetas gasosos. Compreender essa dinâmica atmosférica em Júpiter vai contribuir para compreendermos nossa própria atmosfera, incluindo formação de ciclones e furacões.
  • Mapear os campos magnético e gravitacional de Júpiter, permitindo que conheçamos melhor sua estrutura interna. Estudando o campo gravitacional de Júpiter poderemos entender sua distribuição interna de matéria. Através do campo magnético podemos supor sua estrutura interna, pois ela é a origem da parte mais importante desse campo. A combinação disso pode, finalmente, resolver a dúvida sobre Júpiter ter ou não um núcleo sólido.
  • Explorar e estudar a magnetosfera próxima aos polos do planeta, especialmente as auroras, permitindo compreender como o campo magnético de Júpiter afeta sua atmosfera.

Magnetosfera é a região em torno de um astro onde partículas carregadas são capturadas por seu campo magnético. A aceleração dessas partículas para os polos magnéticos do astro produzem as auroras. Altas camadas da atmosfera em geral interagem com essas partículas, e compreender essa interação é fundamental para compreender a estrutura da atmosfera em altas regiões.

Se tudo der certo, teremos nos próximos dias imagens obtidas pela Juno, que nos permitirá ver Júpiter como nunca foi visto antes. Segundo a mitologia romana, Júpiter era o deus dos deuses, e protegeu-se sob um véu de nuvens para esconder suas imperfeições morais. Foi sua esposa, Juno, quem conseguiu olhar por debaixo dessas nuvens e ver a verdadeira natureza de Júpiter.

Leia Mais:
Site da NASA (em inglês): https://www.nasa.gov/mission_pages/juno/overview/index.html
Site da Missão Juno (em inglês): https://www.missionjuno.swri.edu/#/mission

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O olhar de Juno

Sucesso! Assim podemos declarar a manobra de inserção da sonda Juno na órbita do gigante dos planetas, Júpiter. A partir de agora é esperar pelas imagens e dados científicos que ela nos enviará.

Júpiter está cerca de 820.000.000 quilômetros de distância, pouco se compararmos com a imensidão do Universo. Mas para nós humanos, um enorme passo para a pesquisa espacial.

Agora, o quê esperar de Juno? Sua missão é, principalmente, entender a origem e a evolução de Júpiter. Conhecendo Júpiter, podemos conhecer outros planetas fora do Sistema Solar.
Com este objetivo, Juno vai olhar no interior da atmosfera e medir a sua temperatura, os movimentos das nuvens, conhecer a sua composição, além de outras propriedades.

Irá determinar o quanto de água existe em sua atmosfera, o que permitirá saber qual a teoria de formação planetária está correta, ou se teremos que fazer uma nova.

Além disso, Juno irá explorar a magnetosfera jupteriana, principalmente próxima aos polos, onde ocorrem as auroras, para conhecer melhor como isso afeta a sua atmosfera.

Importantíssimo, também, é vasculhar o seu interior, através do mapeamento magnético e do campo gravitacional, para desvendar sua estrutura interna. Procurar por um núcleo rochoso, quem sabe?

Todas essas pesquisas são fundamentais, não só para conhecer o planeta gigante, mas para aprimorarmos nossa compreensão de como o Sistema Solar foi formado e a importância de Júpiter neste contexto.

Estamos ansiosos pelas notícias de Juno! (A título de curiosidade, as informações demoram pouco mais de 45 minutos para chegar até nós.)

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Júpiter em oposição

 

Por Paulo Cesar R. Pereira, astrônomo

 

 

Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, e também, o segundo planeta mais brilhante, depois de Vênus. A observação por meio de um pequeno telescópio permite a observação da sua atmosfera, totalmente coberta por nuvens que envolvem o planeta, inclusive a grande “mancha vermelha”. 

 

Com pequenos instrumentos é também possível observar seus quatro maiores satélites (Io, Europa, Ganimedes e Calisto), e refazer as famosas observações realizadas por Galileu Galilei em 1609.

 

Ao longo dos meses de março e abril, teremos condições bem favoráveis para a observação desse belo planeta. Isso por conta do fenômeno chamado “oposição de Júpiter”, que atingirá o seu ápice no dia 8 de março próximo.

 

Durante a “oposição de Júpiter”, que ocorre a cada 13 meses aproximadamente, Júpiter fica oposto ao Sol em relação à Terra. Como resultado, Júpiter fica bem mais brilhante e o seu tamanho aparente aumenta como resultado da aproximação (Júpiter estará a 663 milhões de quilômetros da Terra). Além disso, o fenômeno faz com que o planeta gigante seja visível ao longo da noite inteira.

 

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O planeta poderá ser observado mesmo sem o uso de instrumentos, bastando olhar na direção do leste (nascente), a partir das 19h15min. A carta celeste abaixo apresenta a localização de Júpiter no dia 8 de março às 21h. Aproveite a ocasião para identificar algumas constelações. Boa observação!

 

Por Paulo Cesar R. Pereira, astrônomo

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Mudança de tamanho na grande mancha vermelha de Júpiter

 

A famosa Mancha Vermelha de Júpiter ou a Grande Mancha de Júpiter está diminuindo de tamanho. Ela é uma tempestade anticiclônica, ou seja, os ventos fluem em sentido contrário àquele de um ciclone normal. Apesar da gradativa diminuição de tamanho, essa tempestade continua sendo bem maior que a Terra.

 

Desde que seu tamanho começou a ser acompanhado, esses foram aproximadamente os tamanhos estimados:

 

• Século XIX – estimado através de observações telescópicas: 41.040km

• 1979 – medidas feitas pelas Voyager 1 e Voyager 2: 23.335.5km

• 1995 – estimativa através de fotografia: 20.953.66km

• 2009 – estimativa através de fotografia: 17.912km

 

Essas medidas são feitas ao longo do eixo maior da grande mancha, que tem uma forma elíptica. Na medida em que seu tamanho diminui, a mancha torna-se também cada vez mais circular, como pode ser visto na imagem abaixo.

Nosso planeta, que possui cerca de 12 mil quilômetros de diâmetro, continua cabendo inteiro dentro da Grande Mancha. A imagem abaixo mostra uma comparação interessante, em escala aproximada, entre os dois tamanhos no final do ano 2000.

 
Comparação entre os tamanhos da Terra e da Grande Mancha Vermelha de Júpiter em 29 de dezembro de 2009. (Crédito: Wikimedia Commons)
 
Tempestades gigantes são esperadas nos planetas gasosos do Sistema Solar e já foram observadas também em Saturno e Urano. A atmosfera de Júpiter em especial, por possuir detalhes facilmente identificáveis, é um excelente laboratório para percebermos o comportamento de uma atmosfera turbulenta. A animação seguinte foi feita com 14 imagens obtidas pela sonda Cassini, mostrando 24 dias de Júpiter, aproximadamente 10 dias terrestres. Foram obtidas entre 31 de outubro e 9 de novembro de 2000.
 
Sequência de 14 imagens obtidas pela sonda Cassini, mostrando 24 dias em Júpiter, aproximadamente 10 dias da Terra. Percebe-se nitidamente o movimento das estruturas de sua atmosfera (Crédito: NASA [http://photojournal.jpl.nasa.gov/catalog/PIA02863 ])
 
Como acontece com toda tempestade, a tendência da Grande Mancha é mesmo se dissipar. Mas a taxa de encolhimento dessa tempestade de Júpiter, mais de 930km por ano, parece ter alguma razão especial. Amy Simon, do Goddard Space Flight Center, que estuda a Grande Mancha acredita na hipótese de que pequenos redemoinhos estejam mudando a dinâmica interna dessa grande tempestade.
 
 
Tempestades em Júpiter não atrapalham ninguém, mas entender as tempestades de lá pode aumentar nossa compreensão sobre nossas próprias tempestades. Esse é mais um exemplo prático de como a astronomia nos ensina sobre nós mesmos.
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