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SOL A PINO?

Domingo passado, vendo um famoso programa de televisão noturno, minha atenção se prende em uma reportagem sobre o clima seco que se abateu sobre o Brasil. Especialistas discorrem sobre as consequências que a baixa umidade traz para o nosso organismo, gráficos mostram há quanto tempo não chove em determinadas regiões…

E eis que a bela repórter aparece, caminhando por uma rua movimentada de Brasília, e diz: “Uma e meia da tarde, sol a pino…” Pronto! Parei de escutar! Este erro foi a primeira vez que ouvi! Já estou acostumado a ouvir a expressão “sol a pino” atrelada ao meio-dia. Mas nunca antes de uma hora qualquer (uma e meia da tarde?!?).

sol a pino

De qualquer maneira, a expressão está errada em ambos os casos. Sol a pino é uma expressão popular que descreve uma situação astronômica bastante peculiar: o Sol no zênite. Zênite?!? Sim, o zênite. Esta palavra esquisita vem do árabe e descreve o ponto mais alto do céu, exatamente em cima das nossas cabeças. É o popular “a pino”. Ou seja, o Sol só está a pino quando ocupa este ponto específico do céu: o zênite.

E o Sol só fica a pino nas zonas tropicais (como é o caso de Brasília), em dois dias do ano. Um jeito bom de se perceber se o Sol está realmente a pino é olhar para a sombra das coisas. No fenômeno do Sol a pino, simplesmente não há sombras! (Quer dizer, as sombras estarão exatamente embaixo dos objetos que as produzem…).

No dia a dia, há uma tendência em se propagar um erro e as pessoas costumam usar a expressão “sol a pino” como sinônimo de “sol alto no céu” ou, pior (como a reportagem citada), “hora de muito calor”. Não é.

Sol a pino é um termo muito específico e deve ser usado com correção.

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Ísis fez mil dias!

Quando se nasce no dia oito de agosto, comemorar o próprio aniversário em pleno Dia dos Pais é apenas uma questão de tempo. Aconteceu em 2004 e agora em 2010. Vai acontecer de novo em 2021…

Mas a verdadeira celebração deste oito de agosto não foi nem o meu aniversário nem o Dia dos Pais.

Ísis, minha filha, completou mil dias de vida. E essa, sim, é uma celebração única, pois jamais acontecerá novamente!

Hoje em dia, com uma boa planilha de Excel (ou um similar opensource), é bem fácil calcular qualquer data em dias corridos. Mas astrônomo que sou, meu método preferencial é o do Dia Juliano.

O Dia Juliano foi criado na mesma época da reforma gregoriana do nosso calendário (1583). Como astrônomos geralmente precisam fazer cálculos usando datas (por exemplo: o eclipse de um sistema binário ocorre uma vez a cada 1.753 dias; o último eclipse aconteceu em 28 de outubro de 2007. Quando acontecerá o próximo?), uma ferramenta que transformasse qualquer data em um número sequencial seria de grande utilidade.

O Dia Juliano foi criado baseado em certos ciclos celestes que abrangem 7.980 anos! Na época de sua invenção, ficou decidido que o primeiro dia Juliano seria o primeiro de janeiro de 4.713 AEC. Assim, todos os dias a partir desta data são contados em ordem crescente.

O Dia dos Pais, este ano, aconteceu no dia Juliano 2.455.416; exatamente mil dias depois que minha filha nasceu!

 

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NADA

Certa vez, li em uma entrevista com um cosmólogo de renome (sinto muito, não vou saber citar exatamente quem foi…), que um dos grandes desafios mentais deste ramo da Astronomia é pensar em nada.

O nada metafísico, a ausência de qualquer coisa, é realmente um desafio intelectual! Para descontrair o clima, o entrevistado disse que ele mesmo não insistia muito nesse assunto com os alunos, pois alguns acabavam se empolgando e passavam o semestre inteiro com nada na cabeça!

Pois bem… Ontem eu saí em busca do nada. Ou, melhor, do N.A.D.A. Esse simpático acrônimo significa Núcleo de Arte Digital e Animação. Comandado com uma carinhosa mão de ferro pela professora Cláudia Bolshaw, o N.A.D.A. faz parte da PUC-Rio e é vizinho do Planetário aqui na Gávea.

Estamos trabalhando com o pessoal do N.A.D.A. em um novo programa de planetário, chamado Infinitum, que terá sua estreia em novembro deste ano, como parte das comemorações dos 40 anos do Planetário do Rio. Ontem estive lá no laboratório deles e assisti a um preview do que nos aguarda no futuro próximo.

Gostei muito. Estou animado. Que venha novembro!

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IPS Rio 2014

Na última vez em que escrevi neste espaço, comentei que havia estado no Egito para uma conferência. Falei isso, mas não disse o mais importante: que conferência foi essa?

Bem… a cada dois anos a International Planetarium Society (IPS) realiza sua conferência em algum lugar do mundo. Nestas reuniões, temos a presença de todos os “degraus” da cadeia produtiva do mundo dos planetários. Temos expositores, planetaristas, fabricantes de equipamentos, cientistas, jornalistas, redatores e produtores, além dos curiosos e apaixonados.

A reunião da IPS neste ano foi na belíssima Nova Biblioteca de Alexandria, em Alexandria, no Egito. Em 2012 será em Baton Rouge, nos EUA.

Em 2014, ainda não sabemos onde será. Mas se tudo der certo, será aqui no Rio de Janeiro. Isso mesmo! A minha missão principal e do Celso (Celso Cunha, presidente da Fundação Planetário) foi justamente esta: defender a candidatura do Rio a sede da IPS 2014.

Das nove cidades que ao longo de 2009 e 2010 apresentaram suas pré-candidaturas, apenas três passaram pela primeira peneira: Rio, Vancouver e Pequim. A competição vai ser dura, e por isso mesmo precisamos de sua torcida.

Rio 2014. Quem viver, verá!

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A Nova Biblioteca de Alexandria

Estive muito recentemente em Alexandria, no Egito, participando de um congresso da International Planetarium Society. Tirando todas as peculiaridades urbanísticas da cidade (dá pra acreditar que na cidade não existem sinais de trânsito?!?) e o fato de eu me chamar Alexandre (eu sempre ouvia piadinhas sobre ser um Alexandre em Alexandria…), o que eu sempre vou guardar na memória é a Biblioteca.

A Biblioteca de Alexandria original, em seu auge, ocupou três sítios distintos, independentes e simultâneos. Nada sobreviveu aos dias de hoje. Mas em um dos sítios originais, o governo egípcio, há sete anos, patrocinou a construção de um complexo majestoso que reúne uma suntuosa biblioteca, um planetário e um centro de convenções. O conjunto todo atende pelo nome de Bibliotheca Alexandrina, ou simplesmente, a Nova Biblioteca de Alexandria.

Falar sobre a Biblioteca não faz jus à sua beleza ou imponência. Mas conto aqui duas anedotas pescadas do discurso de abertura feito pelo Diretor-Geral, Ismael Serageldin…

Primeiro momento. “Gostaria de dar boas-vindas a todos aqui em nossa biblioteca, mundialmente famosa, e apresentar minhas mais sinceras desculpas pelo hiato em nosso atendimento… algo em torno de 1.600 anos…” Risos gerais na plateia.

Segundo momento. “Como meu antecessor, Eratóstenes, planejou…” Risos menos gerais, mas um sentimento de inveja palpável! Eratóstenes, para quem não ligou o nome à pessoa, foi quem mediu a circunferência da Terra usando sombras, no século II AEC. Não é qualquer um que pode se referir a Eratóstenes como “meu antecessor”.

Pano rápido!

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Minhas conversas com Ísis

Ísis tem dois anos e meio e, desde que nasceu, mudou minha vida por completo.

Outro dia estávamos brincando com um daqueles brinquedos de encaixe (a forma certa no buraco certo, tenho certeza de que todos conhecem…). O que temos tem forma pentagonal e cada face de uma cor diferente, para facilitar o aprendizado da criança.

Pois estávamos, eu e ela, de frente para o verde, com uma peça amarela nas mãos.

– Amarelo, papai.

– Amarelo, filha.

E eu giro o brinquedo, no sentido horário, até chegarmos à face amarela. Ísis reclama:

– Não, papai. O outro amarelo.

– Filha, só tem um amarelo.

-Não, papai. O outro amarelo.

E ela toma o brinquedo em suas mãos de criança e gira, desta vez no sentido anti-horário, até parar na mesma face amarela que eu mostrara há pouco.

– Este amarelo, papai. O outro não!

Fantástico! Na cabeça da minha filha, sentidos diferentes (horário e anti-horário) levam necessariamente a destinos diferentes (um amarelo e outro amarelo). Minha filha é euclidiana!

Mal posso esperar para ensinar a ela as outras geometrias…

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Chandra quem?

Leio hoje na coluna de ciências do jornal O Globo sobre uma estranha fonte de emissões de ondas de rádio descoberta pelo telescópio espacial Chandra. Sobre a notícia em si, não vou comentar. Gostaria, isso sim, de falar sobre o equipamento que fez a descoberta: o Chandra.

Em dias atuais, o paradigma de telescópio espacial é o Hubble, assim batizado em homenagem ao astrônomo americano Edwin Hubble (1889 – 1953), que, entre outras coisas, deduziu que o Universo estava em expansão. O Hubble (o telescópio) está há 20 anos em órbita da Terra e revolucionou a maneira como vemos o Universo.

Mas há outros telescópios espaciais menos famosos. O Chandra, por exemplo. O Chandra observa em uma faixa de comprimentos de onda que nossos olhos não captam: os raios X. Raios X são muito energéticos e são gerados, via de regra, por processos violentos que acontecem com certos objetos celestes.

O Chandra ganhou esse nome em uma homenagem ao astrônomo indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (e eu confesso que tive que usar uma “cola” para escrever seu nome corretamente).

Chandrasekhar (1910 – 1995) foi um dos pioneiros da Astrofísica e, entre outras contribuições à ciência, calculou o limite máximo de massa que uma estrela anã branca pode ter. Segundo seus cálculos, ajudado pelo físico brasileiro Mário Schenberg, uma estrela cujas camadas internas tenham mais do que 1,44 massas solares entrará em colapso violento e não formará uma anã branca, podendo dar origem a uma estrela de nêutrons ou a um buraco negro.

Chandra, o físico, ganhou o prêmio Nobel em 1983. Chandra, o telescópio, entrou em órbita em 1999.

 

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Universo em verso

Emulando o mestre Luis Fernando Veríssimo, com sua série bissexta “Poesia numa hora dessas”, inauguro aqui o “Universo em Verso”, uma despretensiosa brincadeira blogueira…

A trova que segue é para ser cantada ao ritmo de um antigo comercial de bala de leite, famoso aos que são da minha geração…

Roda, roda, roda, protinho, atenção!
Bate de frente com seu irmão.
É o choque mais famoso do planeta.
O Big Bang na sua prancheta.

LHC do CERN.
O maior choque que há.
LHC do CERN.
Vamos acelerar…

 

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Transição de Fase

A Wikipedia, este maravilhoso parque de diversão do conhecimento, define o termo “transição de fase” como “a transformação de um sistema termodinâmico de uma fase para outra. Uma característica distinguível de uma transição de fase é uma abrupta mudança em uma ou mais propriedades físicas, em particular a capacidade térmica, com uma pequena mudança em uma variável termodinâmica tal como a temperatura.”

Complicado? Creio que não…

Todo mundo que já encheu com água uma forminha de gelo e a colocou no congelador sabe muito bem como é isso. A água vai esfriando, grau a grau, e nada parece acontecer. Até que se aproxima um limiar específico, um “número mágico” — 0 grau Celsius, ou 32 graus Fahrenheit, ou 273 Kelvin — e, de repente, uma pequena mudança na temperatura provoca a tal mudança abrupta no sistema, como nos diz a Wikipedia. A água vira gelo!

Mudanças de estado físico (como esta, do líquido para o sólido) são as mais conhecidas transições de fase. Mas o termo — transição de fase, ou o mais coloquial, mudança de fase — já tem sido usado em outros contextos e a garotada hoje em dia (e já há algum tempo…) vibra em frente à TV ao mudar de fase em seu videogame preferido.

Pois é isso que estamos fazendo, aqui no Blog do Planetário. Estamos mudando de fase!

Se em nossa primeira fase o Blog estava sob meus cuidados exclusivos, agora estamos envolvendo praticamente toda a equipe da Astronomia, que vai postar duas vezes por semana uma pluralidade de vozes e ideias que promete ser estimulante. Somos, ao todo, 14 profissionais, nem todos astrônomos, acostumados a difundir a ciência e a colaborar com a educação em seu caráter não formal. Escrito assim, vê-se que o Blog é mais um braço deste caudaloso rio que alimentamos já há quase 40 anos… Esta é a nossa missão, esta é a nossa razão de ser.

Venha participar desta nova fase do nosso Blog. Todos são muito bem-vindos!

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Estatística?

Luciano Huck entra em minha sala para anunciar um complexo polivitamínico e diz: “pesquisas mostram que dois em cada três brasileiros podem não estar consumindo a quantidade necessária de vitaminas.” É isso mesmo? “Podem não estar consumindo”?!?

 

Quer dizer, então, que podem estar consumindo, certo? Podem estar ou podem não estar… Que raio de estatística é essa?

 

Não sou matemático, mas amo os números e suas aplicações. Além do mais, minha formação de astrônomo me torna um usuário contumaz de métodos estatísticos. Não há como estudar todas as estrelas da galáxia, ou todas as galáxias do Universo. Trabalhamos sempre com amostragem. Estatística pura.

 

Por isso mesmo me ressinto quando ouço a máxima “estatística é a arte de mentir com números”, e suas infinitas variações. Mas de fato, quando mal utilizada, torna-se realmente uma poderosa ferramenta a serviço da mentira!

 

Por exemplo: sem a menor cerimônia (e sem consulta prévia) eu posso afirmar que 100% dos leitores deste blog podem ter gostado deste artigo. E prove que eu estou errado!