SOL A PINO?
Domingo passado, vendo um famoso programa de televisão noturno, minha atenção se prende em uma reportagem sobre o clima seco que se abateu sobre o Brasil. Especialistas discorrem sobre as consequências que a baixa umidade traz para o nosso organismo, gráficos mostram há quanto tempo não chove em determinadas regiões…
E eis que a bela repórter aparece, caminhando por uma rua movimentada de Brasília, e diz: “Uma e meia da tarde, sol a pino…” Pronto! Parei de escutar! Este erro foi a primeira vez que ouvi! Já estou acostumado a ouvir a expressão “sol a pino” atrelada ao meio-dia. Mas nunca antes de uma hora qualquer (uma e meia da tarde?!?).
De qualquer maneira, a expressão está errada em ambos os casos. Sol a pino é uma expressão popular que descreve uma situação astronômica bastante peculiar: o Sol no zênite. Zênite?!? Sim, o zênite. Esta palavra esquisita vem do árabe e descreve o ponto mais alto do céu, exatamente em cima das nossas cabeças. É o popular “a pino”. Ou seja, o Sol só está a pino quando ocupa este ponto específico do céu: o zênite.
E o Sol só fica a pino nas zonas tropicais (como é o caso de Brasília), em dois dias do ano. Um jeito bom de se perceber se o Sol está realmente a pino é olhar para a sombra das coisas. No fenômeno do Sol a pino, simplesmente não há sombras! (Quer dizer, as sombras estarão exatamente embaixo dos objetos que as produzem…).
No dia a dia, há uma tendência em se propagar um erro e as pessoas costumam usar a expressão “sol a pino” como sinônimo de “sol alto no céu” ou, pior (como a reportagem citada), “hora de muito calor”. Não é.
Sol a pino é um termo muito específico e deve ser usado com correção.
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