Ísis tem dois anos e meio e, desde que nasceu, mudou minha vida por completo.
Outro dia estávamos brincando com um daqueles brinquedos de encaixe (a forma certa no buraco certo, tenho certeza de que todos conhecem…). O que temos tem forma pentagonal e cada face de uma cor diferente, para facilitar o aprendizado da criança.
Pois estávamos, eu e ela, de frente para o verde, com uma peça amarela nas mãos.
– Amarelo, papai.
– Amarelo, filha.
E eu giro o brinquedo, no sentido horário, até chegarmos à face amarela. Ísis reclama:
– Não, papai. O outro amarelo.
– Filha, só tem um amarelo.
-Não, papai. O outro amarelo.
E ela toma o brinquedo em suas mãos de criança e gira, desta vez no sentido anti-horário, até parar na mesma face amarela que eu mostrara há pouco.
– Este amarelo, papai. O outro não!
Fantástico! Na cabeça da minha filha, sentidos diferentes (horário e anti-horário) levam necessariamente a destinos diferentes (um amarelo e outro amarelo). Minha filha é euclidiana!
Mal posso esperar para ensinar a ela as outras geometrias…