Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...

Sempre ativado

Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.

Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.

Categories
Coluna do Astrônomo Curiosidades

Vamos falar sobre a (Super) Lua?

Em 14 de novembro, precisamente às 9h24min pelo horário de verão, a Lua estará em seu perigeu. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que ela estará em seu ponto de máxima aproximação com o nosso planeta.

A órbita da Lua ao redor da Terra (assim como as órbitas dos planetas ao redor do Sol) não é um círculo perfeito; é uma elipse. Assim, é natural que ela se afaste e se aproxime regularmente. O ponto mais distante é chamado de apogeu; o mais próximo, perigeu.

microsupermoon-sciarpetti-nasa-photo-of-the-day

Lua no perigeu não é exatamente uma novidade. Acontece todos os meses, já que esse é o tempo aproximado que a Lua leva pra completar uma órbita. Mas como nem Terra nem Lua são objetos perfeitos, as forças gravitacionais que elas trocam entre si flutuam um pouco. Isso faz com que cada perigeu aconteça a uma distância diferente, dentro de uma certa margem. Neste perigeu de novembro, a Lua vai estar o mais próximo que já esteve neste século!

Em 14 de novembro, precisamente às 11h54min pelo horário de verão, a Lua estará alinhada com o Sol (mas não no mesmo plano), cada um em lados opostos do céu. Isso é o tão comum fenômeno da Lua Cheia. E isso também não é lá uma novidade…

Mas Lua Cheia acontecendo a pouco mais de duas horas do perigeu, isso sim é um fato inusitado! A Lua Cheia, que tanto chama a nossa atenção todos os meses, acontecerá com a Lua muito próxima do seu perigeu. Ou seja, a Lua estará mais próxima da Terra e, portanto, estará maior e mais brilhante! E é esse fenômeno que acabou ganhando o nome popular de Superlua.

O brilho da Lua aumentará em 30%, quando comparado a uma Lua Cheia fora do perigeu, e seu tamanho aumentará em 14%. Dificilmente isso será percebido pela vista humana, especialmente porque não teremos como comparar, de forma imediata, duas Luas Cheias (elas acontecem com o intervalo de um mês!). Mas ainda que não possamos, de forma incontestável, afirmar que, visualmente, estamos observando uma Lua maior do que a do mês anterior, isso não nega o fato científico: a Lua realmente ficará maior no céu, por estar mais próxima.

Agora é torcer para o tempo colaborar…

Leia mais sobre o assunto nos artigos abaixo:

Categories
Coluna do Astrônomo

Ondas gravitacionais

LIGO quer dizer Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory, que em livre tradução seria Observatório de ondas gravitacionais por interferometria a laser. Sua missão: detectar distorções no próprio espaço-tempo que o contém (e contém a todos!). Essas distorções são chamadas de “ondas gravitacionais” e, após mais de uma década de buscas, elas finalmente foram encontradas!

Gerido por um consórcio de universidades e centros de pesquisa dos EUA, encabeçado pela CalTech e pelo MIT, o LIGO são na verdade dois observatórios: um no estado de Washington, costa oeste norte-americana, e outro no estado da Louisiana, no Golfo do México. Ambos consistem em grandes construções em forma de “L”, cada braço, com cerca de 4km, abrigando um delicado feixe de laser que se mantém em contínuo vaivém graças a espelhos nas extremidades. A esperança – comprovada- era de que uma onda gravitacional mudasse, ainda que por frações de segundo, a posição desses espelhos, causando uma interferência nos feixes luminosos.

Não custa lembrar: ondas gravitacionais são distorções no espaço. A passagem de tais ondas por nossa vizinhança causaria distorções em tudo: no planeta, nas cidades, nas pessoas. Mas como essas distorções são infinitamente sutis, e quando acontecem, acontecem em uníssono ao nosso redor, nós não as percebemos. De fato, para que o LIGO pudesse detectar estas ondas, e foi isso que ele fez em setembro passado (e que foi anunciado hoje), foi necessário um choque colossal entre dois buracos negros, que aconteceu há cerca de um bilhão de anos, muito, mas muito longe daqui!

As ondas gravitacionais foram previstas por Einstein em 1915, mas só agora foram finalmente detectadas pelo LIGO. Estamos abrindo uma nova janela de observação do Universo! Nas palavras dos cientistas do LIGO, é como se Galileu estivesse usando seu telescópio para ver os céus pela primeira vez novamente!

É a história da Ciência sendo construída bem em frente de nós…

Categories
Coluna do Astrônomo

O dia que não existiu

De todas as curiosidades que podemos relacionar ao dia de hoje (sejam elas o nascimento do astrônomo americano Neil de Grasse Tyson, a estréia mundial do primeiro filme de James Bond ou a promulgação de nossa constituição federal), talvez a mais inusitada de todas remonte ao distante ano de 1582.

O que aconteceu naquele dia 5 de outubro? Nada. Literalmente nada. Absolutamente nada. Simplesmente porque este dia não existiu! Ou, ao menos, não existiu em nosso calendário vigente.

Foi neste dia que entrou em vigor o calendário gregoriano, que nos serve até hoje. Decretado pelo Papa Gregório XIII, entrou imediatamente em vigor na Itália, Espanha, Portugal e Polônia. O Brasil, colônia portuguesa na época, só precisou esperar a novidade atravessar o Atlântico, na velocidade das caravelas, para adotar aqui também a novidade.

O calendário gregoriano surgiu de uma necessidade de adequar o ano civil ao ano astronômico com uma precisão maior do que a existente no calendário juliano. Este último, imposto por Julio César no ano 44 AEC, criava o recurso do ano bissexto: assim, após três anos com 365 dias cada, haveria um quarto ano com 366 dias. Na média, a duração de um ano segundo o calendário Juliano é de 365,25 dias. Ou 365 dias e seis horas (que é o que aprendemos na escola, quando crianças).

Mas o ano astronômico, que nada mais é do que o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol, dura um pouco menos do que isso. Dura 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 47,5 segundos. Repito: não são 365 dias e seis horas! A diferença, de pouco mais de 11 minutos entre o ano astronômico e o ano do calendário juliano, é pequena, mas cumulativa. Em um único ano pode passar despercebida, mas e ao longo de mil anos?

O papa Gregório XIII, bem assessorado por estudiosos do assunto, enfrentou este problema. Ele entendeu que, por mais de 1.600 anos, a duração do ano civil estava um pouquinho maior do que a duração do ano real. O ano civil tinha “acumulado gordura”. E para “queimar esta gordura”, Gregório XIII precisou eliminar dez dias do ano. Por decreto papal, no ano de 1582, ao dia 4 de outubro sucedeu-se o dia 15, suprimindo-se assim 10 dias do calendário!

Para evitar novas defasagens, uma nova regra para os anos bissextos foi criada. Mas isso é assunto para um outro dia. Quem sabe um dia 29 de fevereiro…

Categories
Coluna do Astrônomo

O Marciano

Estreou ontem nos cinemas brasileiros o filme “Perdido em Marte” (“The Martian”, 2015, de Ridley Scott). Estrelado por Matt Damon e ambientado, obviamente, no Planeta Vermelho, o filme é muito bom. Simples assim!

Mas ele é cientificamente correto? Incrivelmente, sim! Digo “incrivelmente” porque a última fanfarra que tivemos no cinema que se vendia como um filme altamente científico (sim, estou falando de “Interestelar”, do Christopher Nolan) era bem pretensioso e, ao final (sem spoilers por aqui… vá ver o filme!), jogava fora a boa ciência para abraçar uma reviravolta improvável e inverossímil.

A ciência em “Perdido em Marte” é sólida e as pequenas concessões feitas foram publicamente admitidas pelo diretor e “abençoadas” pela NASA que, em última análise, declarou: “se isso é tão importante para a trama, vá em frente. Afinal é só um filme”. O fato em questão (que é realmente o catalisador do filme inteiro, então é MUITO importante para a trama) é a violência da tempestade marciana, que deixa nosso herói sozinho em Marte.

Outro pequeno buraco científico, que não afeta em nada a história, mas definitivamente afetaria o orçamento da produção, é a questão da gravidade local. Vemos os atores caminhando em Marte como se tivessem o mesmo peso que teriam na Terra, e isso não é correto. Mas, como já disse, isso não afeta a trama e de modo algum atrapalha o filme.

O que eu menos gostei foi a tradução do título para o português! “O Marciano”, que seria a tradução literal e correta, diz muito mais sobre a trama e o estado de espírito do personagem vivido por Matt Damon do que “Perdido em Marte”. Em momento ele se sente “perdido”! Apesar dos percalços e revezes, ele sempre busca soluções lógicas e científicas para seus problemas, e sempre as encontra, de forma por vezes inusitada.

Que soluções são essas? Não digo para não estragar as surpresas do filme. O que digo é o que já disse: o filme é muito bom! Recomendo!

Categories
Coluna do Astrônomo

Antes, um planeta. Agora, a anã marrom.

 

Parece consenso, embora nada ainda seja oficial, que o objeto do qual falei em um post desta semana não será, de fato, reconhecido como planeta. Os meios de comunicação, orientados por suas fontes na comunidade científica, estão usando agora o termo “anã marrom” para descrever o tal objeto.

O que é uma anã marrom?

Resumidamente, é uma estrela que “não deu certo”.

Estrelas e planetas têm origem comum. Começam a partir de nebulosas (grandes nuvens de gás e poeira que existem no espaço); parte destas nebulosas começa a se adensar, de forma mais ou menos aleatória. Esse adensamento faz crescer a força da gravidade naquela região específica, o que, por sua vez, faz com que mais matéria se aproxime daquela região, que fica mais e mais densa e atrai mais e mais matéria. É um círculo virtuoso que dá origem aos objetos celestes.

À medida que esta matéria se aglutina, o centro desta região vai ficando mais e mais apertado; as camadas externas exercem pressão nas partes internas, o que faz aumentar a temperatura local. Dependendo de quanta matéria foi aglutinada, a temperatura será maior ou menor. No caso das estrelas, há tanta matéria apertando o núcleo central que este chega a temperaturas na ordem de milhões de graus. Isso é mais do que o suficiente para provocar a fusão de núcleos de hidrogênio. É esta geração de energia que caracteriza uma estrela.

Quando a massa que se aglomera é pouca, o núcleo central esquenta, mas não o suficiente (por exemplo, o núcleo da Terra, que é quente, mas está longe de favorecer a fusão nuclear). Temos, então, um planeta.

Mas há uma zona cinzenta que divide planetas e estrelas. Objetos muito maiores que planetas, mas que não chegam a ser estrelas, estrito senso. Estes objetos são chamados de estrelas anãs marrons. Sua característica principal é que não fazem a fusão do hidrogênio, como as estrelas, mas já conseguem fazer a fusão do deutério (um isótopo do hidrogênio, também chamado de hidrogênio pesado). Muito grandes para serem um planeta, pequenas demais para serem uma estrela, as anãs marrons vivem no limiar destas duas classificações, e por isso mesmo causam uma certa confusão, até mesmo dentro da comunidade científica.

O que se anunciou como um “planeta sem sol” agora está sendo reconhecido como uma anã marrom. Mas como eu disse em meu post anterior, “mais importante do que inventarmos um nome para classificá-los, como [este objetos] se formaram e como foram parar ali, isolados de tudo?”

Categories
Coluna do Astrônomo

O que é um planeta?

Em 2006, a União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) definiu uma série de critérios para classificar um objeto como “planeta”. Apesar de já terem se passado quase 10 anos desta decisão, ainda há muita polêmica sobre o assunto.

Eis os critérios:

1. O objeto deve orbitar o Sol;

2. O objeto deve ter atingido o equilíbrio gravitacional hidrostático;

3. O objeto deve ser o corpo dominante em sua região orbital.

O mais simples de todos, o primeiro, para mim, é o mais polêmico. A menção ao Sol, especificamente, impossibilita a existência de planetas fora do nosso Sistema Solar! Creio que o texto deveria se referir a “uma estrela”, mas vá lá… os objetos que preencherem os dois outros critérios, mas não o primeiro, não são planetas. São exoplanetas. Questão de semântica…

O segundo critério parece complicado, mas não é. É um critério que tem a ver com o tamanho. Como os objetos celestes estão sujeitos à força de sua própria gravidade, apenas os que tiverem massa suficiente (ou gravidade suficiente), atingirão o tal equilíbrio hidrostático. E o que é isso? Basicamente, ter uma forma próxima a da esfera.

O terceiro é o que acabou causando a reclassificação de Plutão. Ser o corpo dominante de uma região orbital é ter mais massa do que todos os seus vizinhos juntos. A Terra compartilha sua região orbital com a Lua, mas certamente tem mais massa do que ela; isso vale para todos os outros planetas que têm luas. Mas Plutão, por exemplo, orbita em uma região rica em asteroides; somadas as massas destes asteroides, o resultado é maior do que a massa de Plutão. Plutão não é o corpo dominante de sua região. Logo, não é planeta!

Mas a Natureza desafia sempre nossas definições. E eis que agora estão sendo descobertos “planetas” que não orbitam estrela alguma! Pela definição da IAU, certamente não são planetas (nem mesmo exoplanetas!). Mas o que seriam, então? E, mais importante do que inventarmos um nome para classificá-los, como se formaram e como foram parar ali, isolados de tudo?

 

Perguntas, perguntas, perguntas. É isso o que faz a ciência avançar.

Categories
Coluna do Astrônomo

“Pedra que Rola não Cria Limo”

 

O ditado popular que dá título a este post causou uma certa polêmica aqui na “redação” (“redação”, no caso, é a Diretoria de Astronomia e Cultura do Planetário). Sempre o entendi como um conselho para alguém “se mexer”, “ir à luta”. Algo como: “se você ficar aí parado, vai criar limo, vai estagnar…”

 

Mas os colegas da “redação”, que eu respeito muito, entendem justamente o oposto. O “limo” proverbial é bom. “Criar limo” é “ter bagagem”, se aprofundar em algo. Ou seja, o ditado adota o sentido oposto! “Se você ficar rolando por aí, nunca vai criar limo, nunca vai ter conteúdo”.

 

Mas por que falar sobre isso em um blog de Astronomia? Ora, esse ditado simplesmente não me sai da cabeça desde que vi a notícia sobre a pedra que rolou em Marte!

 

Em um primeiro momento, os amantes das teorias de conspiração se animaram bastante. Uma pedra se moveu em Marte! O que os cientistas (e, por que não?, os militares) sabem e não estão nos contando?

 

Ora, parafraseando Sherlock Holmes, uma vez que descartamos o impossível, a solução que restou, por mais improvável que seja, é a correta. O impossível é uma pedra se mexer sozinha em Marte. Não que isso fosse impossível; pequenos tornados são comuns em Marte. Mas, como não houve registro de nada dessa natureza, a pedra teria que ter se movido na ausência de um vento qualquer. Impossível.

 

Então vamos ao improvável. Os cientistas acreditam que a pedra foi rolada pela própria sonda robótica Opportunity, que tirou a foto. Possuindo seis rodas e vários pontos cegos devido aos seus painéis solares, não é nem tão improvável assim a sonda ter revirado uma pedra em solo marciano.

 

E, desmentindo nosso ditado, a pedra (que estava parada a milhões de anos) não tinha limo! Talvez ditados terrestres não sejam válidos em Marte…

 
Categories
Coluna do Astrônomo

Explosão Solar

 

A manchete sensacionalista poderia muito bem ser “O SOL EXPLODIU!” De fato, houve uma explosão solar, mas isso não quer dizer que o Sol explodiu, espalhando inúmeros pedaços de si pelo espaço. Não. Não é isso que faz uma explosão solar.

 

O Sol é uma imensa bola de gás ionizado (o nome técnico desse material é plasma, e em física o plasma é reconhecido como o quarto estado da matéria). O Sol é uma imensa bola de plasma. Este fluido quente e borbulhante recobre toda a sua superfície.

 

Além disso, o Sol possui um forte campo magnético. Este gás ionizado, que pela própria definição é um gás composto por partículas eletricamente carregadas, está sujeito a uma forte interação com o campo magnético solar.

 

Por razões mais complicadas que estas breves linhas me permitem explicar, o campo magnético do Sol se enovela, se enrola, dá nós, se estica e se contorce. E o plasma responde a tudo isso, criando terremotos, ondas gigantes e furacões na superfície do Sol. Vez ou outra, há até uma erupção, com matéria sendo jogada rumo ao espaço. O nome técnico deste fenômeno é “ejeção de massa coronal”, mas o chamamos popularmente de “explosão”.

 

Uma explosão dessas joga uma quantidade incomum de partículas ionizadas rumo ao espaço. Parte deste jato de matéria pode vir parar em nossa vizinhança terrestre. Aqui, estes íons vão interagir com os campos magnéticos locais, tanto o natural (o campo magnético do nosso planeta), quanto os campos criados pelo homem. E quantas coisas, nos dias atuais, não dependem da eletricidade (e, por tanto, de campos magnéticos) para funcionar?

 

Quanto mais forte for a explosão solar, mais sentiremos os seus efeitos. Em 1989, mais de seis milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica em uma parte do Canadá por conta de uma explosão solar! Ontem, 9/1, foi o pico do bombardeio sofrido pela Terra, por conta de uma recente explosão no Sol. Por sorte, os efeitos foram quase imperceptíveis. Mas nem sempre isso é assim…

 

Em casos como esse, só nos resta torcer!

 
Categories
Coluna do Astrônomo

De novo?!

 

Quando vejo este tipo de notícia, “Einstein certo de novo…” sempre me vem um certo estranhamento. Como assim, de novo? Quando falou sobre a curvatura da luz, sobre a natureza da gravidade e a relação entre tempo, espaço, matéria e energia (e fez isso no começo do século passado), Einstein acertou. E acertou lá atrás. Não há novidades sobre isso. Há cem anos sabemos isso. Teste após teste…

 

A experiência chinesa é bacana e não é desprovida de méritos. A notícia é essa: a experiência. Se ela tivesse provado que Einstein tinha errado, aí seria uma GRANDE notícia. Já imaginou: “Einstein estava errado!” Isso seria notícia. É como se ensina nas faculdades de jornalismo. “Cachorro morde menino” não é notícia. É cotidiano. “Menino morde cachorro”… isso sim é notícia!

 

Mas a experiência chinesa comprovou o que Einstein disse há quase cem anos, e o que já sabíamos teste após teste após teste. “Cachorro morde menino”. Cotidiano…

 

E, afinal, o que fez a experiência? Criaram em laboratório um efeito que já é bem conhecido (e comprovado desde 1919, graças à observação de um eclipse em Sobral, no Ceará): a lente gravitacional. A luz faz uma curva na presença de um campo gravitacional intenso. Isso Einstein previu em 1915 e foi observado em 1919. Agora foi feito em um laboratório chinês. (E, certamente, não foi a primeira vez que isso foi feito em laboratório. Talvez tenha sido a primeira vez com este método, com um chip.)

 

Einstein acerta de novo. Muito bom. E vai continuar acertando enquanto os cientistas continuarem construindo experimentos para comprovar a curvatura dos raios de luz.

 
Categories
Coluna do Astrônomo

A Vida Secreta das Estrelas

 

Como funciona uma estrela? Ou, uma pergunta anterior a essa, o que são as estrelas?

Estrelas são grandes bolas de plasma. O plasma pode ser considerado o quarto estado da matéria. Todo mundo conhece da escola os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso). Mas pouca gente sabe que são cinco, na verdade. Quando aquecemos um sólido, ele derrete e vira líquido. Se continuarmos aquecendo este material, o líquido evapora e vira gás. Se a temperatura continuar subindo, as moléculas do gás vão desorganizar, o material vai se ionizar e teremos um plasma. É disso que as estrelas são feitas.

O núcleo da estrela é muito denso e compacto; suas camadas externas são etéreas, diáfanas. A grande quantidade de matéria que compõe uma estrela é mantida coesa devido à força da gravidade. Esta força quer, em última análise, que tudo fique concentrado no centro do objeto. Mas à medida que essa concentração é provocada pela gravidade, as regiões mais internas vão sendo espremidas cada vez mais. Isso aumenta a pressão e, por tabela, a temperatura. Passado um determinado limite, o núcleo da estrela fica tão quente que passa a fazer a fusão do hidrogênio. Isto gera uma quantidade absurda de energia. E a tendência é o material explodir pra todos os lados!

A vida da estrela é um grande cabo-de-guerra. A gravidade quer jogar tudo pra dentro; as explosões nucleares internas querem jogar tudo pra fora. Enquanto estas forças estiverem em equilíbrio, a estrela não sofrerá nenhuma mudança brusca em seu estágio evolutivo.

Mas a fusão nuclear consome a matéria da estrela. Eventualmente, o combustível que alimenta esse processo acaba. Quando cessa a força que aponta pra fora, sobre somente a gravidade, que aponta pra dentro. A estrela começa a desabar sobre si mesma, em um colapso que a levará ao seu próximo estágio de evolução. Quanto maior a massa da estrela, maior o colapso e mais intensas são as transformações (e mais rápidas também). Estrelas de muita massa vivem pouco.

E como as estrelas nascem? Nascem a partir de grandes nuvens de gás, ricas em hidrogênio. Genericamente conhecidas como “nebulosas de formação”, algumas delas ganharam o apelido carinhoso de “piscinas”. São verdadeiros reservatórios de combustível estelar. Uma dessas piscinas gigantescas acaba de ser descoberta em nossa galáxia!