Antes, um planeta. Agora, a anã marrom.
Parece consenso, embora nada ainda seja oficial, que o objeto do qual falei em um post desta semana não será, de fato, reconhecido como planeta. Os meios de comunicação, orientados por suas fontes na comunidade científica, estão usando agora o termo “anã marrom” para descrever o tal objeto.
O que é uma anã marrom?
Resumidamente, é uma estrela que “não deu certo”.
Estrelas e planetas têm origem comum. Começam a partir de nebulosas (grandes nuvens de gás e poeira que existem no espaço); parte destas nebulosas começa a se adensar, de forma mais ou menos aleatória. Esse adensamento faz crescer a força da gravidade naquela região específica, o que, por sua vez, faz com que mais matéria se aproxime daquela região, que fica mais e mais densa e atrai mais e mais matéria. É um círculo virtuoso que dá origem aos objetos celestes.
À medida que esta matéria se aglutina, o centro desta região vai ficando mais e mais apertado; as camadas externas exercem pressão nas partes internas, o que faz aumentar a temperatura local. Dependendo de quanta matéria foi aglutinada, a temperatura será maior ou menor. No caso das estrelas, há tanta matéria apertando o núcleo central que este chega a temperaturas na ordem de milhões de graus. Isso é mais do que o suficiente para provocar a fusão de núcleos de hidrogênio. É esta geração de energia que caracteriza uma estrela.
Quando a massa que se aglomera é pouca, o núcleo central esquenta, mas não o suficiente (por exemplo, o núcleo da Terra, que é quente, mas está longe de favorecer a fusão nuclear). Temos, então, um planeta.
Mas há uma zona cinzenta que divide planetas e estrelas. Objetos muito maiores que planetas, mas que não chegam a ser estrelas, estrito senso. Estes objetos são chamados de estrelas anãs marrons. Sua característica principal é que não fazem a fusão do hidrogênio, como as estrelas, mas já conseguem fazer a fusão do deutério (um isótopo do hidrogênio, também chamado de hidrogênio pesado). Muito grandes para serem um planeta, pequenas demais para serem uma estrela, as anãs marrons vivem no limiar destas duas classificações, e por isso mesmo causam uma certa confusão, até mesmo dentro da comunidade científica.
O que se anunciou como um “planeta sem sol” agora está sendo reconhecido como uma anã marrom. Mas como eu disse em meu post anterior, “mais importante do que inventarmos um nome para classificá-los, como [este objetos] se formaram e como foram parar ali, isolados de tudo?”