Medida a duração do dia em um Exoplaneta
Um dos poucos exoplanetas dos quais temos uma imagem direta é Beta Pictoris b, que está a 63,4 anos-luz de nós, girando ao redor da estrela Beta Pictoris, na constelação de Pictor, ou Pintor. Essa estrela é visível a olho nu e fácil de se localizar partindo-se das Três Marias. E além de termos uma imagem de seu planeta, Beta Pictoria b, ele também é o primeiro exoplaneta cuja velocidade de rotação foi medida.
O trabalho foi feito por uma equipe de astrônomos holandeses com dados obtidos no VLT (Very Large Telescope) que faz parte do Observatório Europeu do Sul, ou ESO (European Southern Observatory), localizado no Chile. A técnica que eles utilizaram foi observar o efeito Doppler, que faz com que a luz de objetos que estejam se afastando fique mais avermelhada, e a luz de objetos que estejam se aproximando fique mais azulada.
Imagine que você esteja no parque de diversões olhando para o carrossel. Todos os cavalinhos estão presos numa plataforma que executa uma rotação ao redor de um eixo central, e você percebe que metade do carrossel tende a se aproximar de você, e a outra metade tende a se afastar. Não podemos perceber isso no carrossel, mas podemos perceber num planeta ou numa estrela: a metade que se move no sentido de se aproximar tem sua luz mais azulada e a metade que se move no sentido de se afastar tem sua luz mais avermelhada. Parques de diversões são um excelente lugar para pensar em Física e Astronomia.
Os astrônomos perceberam que a velocidade de rotação do planeta em seu equador é de 100.000 quilômetros por hora. A Terra tem velocidade de rotação no equador de apenas 1.700 quilômetros por hora. Apesar de Beta Pictoris b ser cerca de 16 vezes maior que a Terra, seu dia dura apenas 8 horas.
Além de ser grandão (o que facilitou muito seu estudo), Beta Pictoris b é pesadão, tem cerca de 3.000 vezes mais massa que a Terra. E é também um garotão com cerca de apenas 20 milhões de anos, em comparação com nosso planeta, que tem cerca de 4,5 bilhões de anos de idade.
Esse resultado confirma a tendência que já observamos aqui no Sistema Solar dos planetas de maior massa terem rotação mais rápida. Júpiter, o maior planeta do sistema solar, tem velocidade de cerca de 47.000 quilômetros por hora. Um dos autores do trabalho, Remco de Kok disse:
“Não sabemos porque é que alguns planetas giram mais depressa que outros, mas esta primeira medição da rotação de um exoplaneta mostra que a tendência observada no Sistema Solar, de que os planetas de maior massa giram mais depressa, pode aplicar-se de igual modo aos exoplanetas, o que nos leva a pensar que este efeito deve ser alguma consequência universal do modo como os planetas se formam”.
Esse foi mais um passo em nosso conhecimento sobre exoplanetas. Com o refinamento da técnica utilizada por esses astrônomos holandeses, poderemos ter medidas da rotação de outros planetas e compreender mais sobre a natureza e formação.
Da próxima vez que for a um parque de diversões, pense em astronomia (Credito: http://www.stpmo.com/olde_time_picnic.htm)