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Coluna do Astrônomo

Gaia produz o mais detalhado mapa da Galáxia

A sonda espacial Gaia foi lançada em 2013 e, desde então, vem dando voltas ao redor do Sol e obtendo imagens da Via-Láctea (nossa galáxia). A sonda carrega a maior câmera já colocada no espaço, capaz de detectar o fio de cabelo humano numa distância de 1.000 quilômetros. Ao longo de quase dois anos, Gaia já observou cerca de 1 bilhão de estrelas, gerando o mapa mais detalhado de nossa galáxia (até agora).

A sonda está localizada no chamado ponto L2: um local situado a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, ao longo da linha imaginária Sol-Terra. O que é importante de se entender sobre o ponto L2 é que nele, as força gravitacionais produzidas pela Terra, Lua e o Sol se anulam. Desta posição privilegiada, a sonda pode observar todo o céu sem interrupções, ao longo de um ano inteiro.

A missão Gaia é de responsabilidade da ESA (European Space Agency/Agência Espacial Europeia). O que se espera de Gaia afinal?

Ao final dos processos de coleta e tratamento de dados, nos próximos anos, teremos uma quantidade inimaginável de informação. Preste atenção para não se perder.

Dados sobre a temperatura, luminosidade e composição química das estrelas serão coletados, ampliando enormemente nosso conhecimento atual.

Milhares de objetos serão descobertos, incluindo asteroides que possam no futuro ameaçar o nosso planeta.

Algumas das estrelas observadas pertenciam, num passado remoto, à outras galáxias bem menores, antes de serem “sugadas” pela nossa. Seu estudo permitirá investigar a origem e evolução de nossa galáxia.

A lista não para. Espera-se que os dados permitam compreender melhor a distribuição de matéria escura, uma substância invisível que mantém o universo coeso, bem como fornecer uma comprovação (mais uma!) da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

Provavelmente, milhares de novos planetas serão descobertos.

Muito? Nem perto disso: a quantidade de estrelas que serão observadas corresponde a apenas 1% da população estimada de estrelas da Via-Láctea.

Essa é a parte boa da Astronomia: o trabalho nunca acaba!

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Coluna do Astrônomo

Em posição! Um, dois, três, quatro….

 

Quantas estrelas uma pessoa conseguiria contar em um minuto? Com uma certa velocidade e dedicação, provavelmente, umas 120. Claro que depois de um certo tempo (bem curto, acredito!) qualquer “contador de estrelas” iria ficar irritado e parar. Então, como sabemos quantas estrelas existem?

Em uma galáxia podemos utilizar a força gravitacional que a sua massa exerce sobre as galáxias satélites ou próximas e estimar estatisticamente o  número de estrelas através de uma distribuição de massas observadas. Mas, e se quisermos contar individualmente? Será que é possível fazer isto?

A resposta é fácil, sim! É claro que ninguém ficará contando uma por uma as estrelas. Com a tecnologia atual é inimaginável alguém ficar do anoitecer até o amanhecer contando estrelas e marcando a sua posição como feito por Hiparcos, um grande astrônomo grego, cerca de 150 anos antes de Cristo.

Atualmente, com os computadores, telescópios, câmeras imageadoras, programas de identificação de objetos e satélites espaciais, nosso problemas ficaram menores. Podemos utilizar estes aparelhos para cumprir esta missão e não nos cansarmos. Eles fazem tudo automaticamente, claro que existe um certo custo nisto.

O mais moderno equipamento para o obtenção da posição dos astros tem o nome de Gaia. Este é um observatório espacial que foi lançado no dia 19 de dezembro de 2013 e encontra-se atualmente orbitando uma região denominada L2, ou ponto de Lagrange 2. O L2 fica a cerca de 1,5 milhões de quilômetros da Terra e sua importância vem do fato que a ação da força gravitacional da Terra e do Sol, neste ponto, se equilibram.

A partir deste ponto, cerca de um bilhão de estrelas serão observadas pelos equipamentos do satélite espacial Gaia e nos fornecerá informações de suas posições e movimentos próprios. Este número enorme de estrelas é menor que 1% da quantidade de estrelas da nossa Galáxia. O leitor poderá perguntar: Por que parar em apenas 1% da Via Láctea? A resposta é: existem limitações visuais. Assim como o nosso olho pode observar até 6.000 estrelas sem equipamentos, número aproximado de estrelas até a magnitude 6, o telescópio espacial poderá observar, confiavelmente, até a magnitude 14 (quanto maior a magnitude, menor o brilho), limitando o número até o apresentado acima.

Para fazer isto, o telescópio espacial Gaia irá fazer uma rotação em torno do seu próprio eixo em um período de seis horas e utilizará a câmera espacial atualmente em utilização. Como uma pequena comparação, uma câmera de celular possui algum em torno de oito milhões de pixels, já a Gaia tem uma câmera com quase um bilhão de pixels. Apenas como ilustração, os equipamentos são capazes de observar um fio de cabelo a uma distância de 2.000 quilômetros.

Além de medir as posições, Gaia irá nos fornecer dados como luminosidade, temperatura e composição química dos objetos. Estas informações nos permitirão construir um mapa tridimensional muito preciso, pois as posições das estrelas são medidas com uma acurácia incrível, e tentar esclarecer dúvidas sobre a composição e a história do desenvolvimento de nossa galáxia.

Como o Gaia já encontra-se em posição, esperamos para breve um número enorme de dados que chegarão e darão trabalho para astrônomos do mundo todo por muito tempo.