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Coluna do Astrônomo

Histórias de Natal e História do Natal

Papai Noel

O Natal é provavelmente a época mais mágica do ano. Não há quem não se enterneça com as músicas, cores e mensagens natalinas. Mas o aspecto mais interessante do Natal talvez seja sua abrangência, que ultrapassa limites territoriais, culturais e religiosos. E esse alcance pode ter raízes nas origens da festa natalina, que são muito anteriores ao cristianismo.

Natal é também uma época de se contar histórias. Mas façamos algo diferente hoje: em vez de contarmos histórias de Natal, vamos lembrar um pouco da história do Natal.

Nossa história começa no frio, mais precisamente no inverno do hemisfério Norte. Muitas culturas antigas mantinham festividades de inverno que, em geral, eram as mais populares de todas que aconteciam durante o ano. O inverno era uma época em que não se tinha grandes necessidades de dedicação aos trabalhos agrícolas, e havia a alegre expectativa por dias mais longos e noites mais curtas após o solstício de inverno. É exatamente no solstício do inverno no hemisfério Norte que está uma das origens do nosso atual Natal.

À medida que a Terra executa sua revolução (ou translação), vemos o Sol se deslocar no céu. Esse deslocamento não é o ciclo diário de nascer e ocaso, conseqüência da rotação terrestre, mas a mudança de posição que faz com que vejamos o Sol nascer em um lugar diferente a cada dia.

Ao longo do caminho percorrido pelo Sol na abóboda celeste, temos quatro instantes importantes nos quais acontecem os inícios das estações do ano. Dois são chamados de equinócio e ocorrem quando o Sol cruza o equador celeste, projeção do equador da Terra no céu. Os outros dois instantes são os solstícios, que marcam o início do verão e do inverno, e acontecem quando o Sol atinge seu máximo afastamento do equador celeste.

Nos dias dos equinócios, o dia tem exatamente a mesma duração da noite. A palavra vem do latim “aequus”, que significa igual, e “nox”, que significa noite. Após o equinócio de setembro, os dias no hemisfério Norte passam a ser mais curtos que as noites, e a diferença continua aumentando. Isso é causado pelo movimento gradual do Sol, que diariamente se afasta do equador celeste adentrando o hemisfério Sul celeste. Quando o afastamento chega em seu limite, o Sol pára de se afastar, e temos um solstício. A palavra solstício também vem do latim e significa “Sol estático”. Nesse momento, o Sol volta a se aproximar novamente do equador celeste, e os dias começam a ter maior duração, enquanto as noites passam a ser mais curtas.

Para comemorar o aumento da duração dos dias e a diminuição das noites, os romanos festejavam no dia 25 de dezembro o “Dies Natalis Solis Invicti”, ou o “Dia do Nascimento do Sol Invencível”. Quando Julio Cesar instaurou o calendário juliano em 45 a.C., o solstício de inverno do hemisfério Norte (ou seja, solstício de verão no hemisfério Sul) acontecia próximo a 25 de dezembro (nos dias atuais acontece em 21 ou 22 de dezembro). Nesse dia, nascia o Sol invencível, que não foi vencido pelas trevas, e irá proporcionar dias mais longos dali em diante, até o próximo solstício. O festival parece ter sido instaurado pelo imperador romano Elagabalus, que governou de 218 a 222. Perceba que a palavra “Natalis” está associada ao nascimento do Sol, não de Jesus Cristo.

Duas festas de inverno do hemisfério Norte ainda mais antigas estão também associadas ao nosso atual Natal. Uma delas é a Saturnália, uma festa dedicada ao deus Saturno. Inicialmente, acontecia em 17 de dezembro, sendo depois prolongada até o dia 23 do mesmo mês. Durante a Saturnália, trabalhos eram suspensos e até escravos participavam. Pessoas bebiam, cantavam e dançavam. Havia um aumento exagerado da informalidade, lembrando muito as nossas atuais festas de Carnaval. Mas também fazia parte da Saturnália troca de pequenos presentes ou lembranças entre as pessoas, tradição que foi herdada por nossa atual festa de Natal.

Outra celebração relacionada ao nosso atual Natal é a Yule, de origem escandinava. Era uma festividade dedicada a Thor, deus do trovão, que durava cerca de 12 dias e acontecia entre o fim de dezembro e o início de janeiro. Entre as práticas da Yule, havia o sacrifício de um porco, cujo reflexo histórico vemos hoje em nossas mesas sob a forma do pernil de Natal. Ainda hoje, a palavra “yule” é usada para fazer referência à época do Natal na língua inglesa.

As velas que usamos hoje para decorar nosso Natal podem estar associadas a antigas fogueiras acesas durante festividades de inverno. Elas tinham como objetivo incentivar ou alimentar o Sol que estava voltando a brilhar por mais tempo. Acender uma fogueira dentro de casa é uma péssima idéia, mas a tradição continuou viva através das bonitas velas de Natal que usamos hoje.

E falando de Natal não podemos de maneira alguma esquecer dele, o Papai Noel! A lenda do bom velhinho parece ter origem em um bispo chamado Nicolau, nascido por volta do ano de 280 onde hoje é a Turquia. Com vários exemplos de boa vontade no currículo, sua figura foi associada ao Natal, a festa mais mundialmente fraterna que temos até os dias de hoje. Desenhos de São Nicolau o mostram usando barba.

As origens da árvore de Natal são bem mais incertas, mas devem estar relacionadas com antigos rituais de decorar árvores com símbolos que representavam o Sol, a Lua, almas de pessoas falecidas, e também com prendas. Apesar desses rituais serem bastante antigos, a “National Christmas Association” diz que o primeiro registro escrito de uma árvore de Natal decorada foi feito em 1510.

Percebam que não é simples traçar o desenvolvimento histórico de tradições modernas, ainda mais quando suas raízes são tão antigas como as festas e tradições que deram origem ao nosso Natal. Para vocês terem uma idéia de como é complicado termos certeza da origem de uma tradição dessas, vamos falar sobre outro assunto pertinente e de origem bem mais recente: a roupa de Papai Noel.

Como vimos, o Natal teve sua origem no inverno do hemisfério Norte, então, é natural que Papai Noel use pesados agasalhos e use um trenó de neve. A “Coca-Cola”, sim, do famoso refrigente, diz que foi a inventora da roupa vermelha do bom velinho quando, em um anúncio do refrigerante na década de 1930, Papai Noel aparecia vestido com as cores do produto. Mas uma outra empresa americana, a “White Rock Beverages”, já tinha usado a figura de Papai Noel vestida com as roupas que conhecemos hoje num anúncio de 1923, depois de já ter usado a mesma figura para vender água mineral em 1915! Voltando ainda mais no tempo, há ilustrações de Papai Noel do século XIX, que o mostram usando roupas bem parecidas com as que conhecemos hoje.

Podemos perceber como é complicado construir o conhecimento histórico de nossa cultura. Existem origens incertas, opiniões divergentes por parte dos historiadores. Mas o que sabemos com certeza, é que o Natal tem origem astronômica: a celebração do solstício de inverno no hemisfério Norte.

Com o império romano adotando o cristianismo como religião oficial, houve um grande esforço para propagá-lo. Em vez de abolir as antigas festas ditas pagãs, o império sabiamente as assimilou, forçando apenas algumas alterações. Em vez de comemorar o solstício, as festas podiam continuar, mas o motivo da comemoração passaria a ser o nascimento de Cristo. Sabemos hoje que o homem Jesus Cristo de Nazaré não nasceu no dia 25 de dezembro, e nem no ano atribuído ao seu nascimento. Jesus Cristo deve ter nascido entre 5 a.C e 7 a.C. É estranho falar que Cristo nasceu “antes de Cristo”, não é? Mas é verdade, houve um erro na determinação do verdadeiro ano do nascimento de Cristo. Atualmente, alguns autores utilizam aEC e EC, que significam, respectivamente, “antes da Era Comum” e “Era Comum” para substituir o a.C. e o d.C.

O melhor de toda essa confusão histórica é que o Natal relembra a todos os homens que é muito melhor cultivarmos o amor que qualquer sentimento contrário a ele. Dar presentes, ou simplesmente um aperto de mão ou uma palavra amiga é a melhor mostra de reverência que podemos mostrar pelo Sol, que nos fornece energia essencial para a vida, por Jesus Cristo, que nos deixou inúmeras parábolas e exemplo de amor, ou simplesmente aos outros homens que compartilham conosco a vida nesse belo planeta azul.

Feliz Natal!

Uma versão resumida desse texto foi publicada no folder e site da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 2007

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100 Anos do Nascimento de Arthur C. Clarke

Apesar de mais famoso por sua participação fundamental no filme de Stanley Kubrik – 2001, Uma Odisseia no Espaço (1968), o escritor Arthur C. Clarke tem uma obra riquíssima. Clarke escreveu dezenas de livros, contos e artigos em áreas desde a ciência aplicada, passando pela divulgação científíca e aportando na ficção científica. Junto com Isaac Asimov e Ray Bradbury, Clarke formou o que foi conhecido com o ABC da era dourada de ficção científica.