O Brasil fará parte de uma missão importante na História da Astronomia, no que diz respeito à busca de planetas extrassolares. É uma missão classificada como de médio porte pela ESA (Agência Espacial Europeia), mas essa classificação não tem nada a ver com sua importância científica.
A missão PLATO (Planetary Transits and Oscillations of Stars) vai contar com um satélite que será lançado em 2024. Além de países europeus, participam da missão Brasil e Estados Unidos da América.
As imagens serão coletadas por 34 pequenos telescópios, com 12 centímetros de diâmetro cada, totalizando uma área coletora de pouco mais de 4 metros. O método utilizado pela PLATO para detectar planetas extrassolares será o de verificar oscilações no brilho da estrela causadas pela passagem de um planeta bem na frente dela quando observado da Terra. Toda vez que o planeta em sua órbita se coloca entre a estrela e nós, ele bloqueia parte do brilho que recebemos dela. Quando ele continua seu caminho e sai da frente da estrela, o brilho que vemos volta a aumentar. Através do período dessa oscilação de brilho e do deslocamento na posição da estrela causados pelo planeta, conhecendo a massa da estrela, podemos inferir a massa do planeta e sua distância à estrela.
Na Astronomia chamamos a essa passagem, de um corpo aparentemente menor na frente de um corpo aparentemente maior, de trânsito (http://astronomia.blog.br/transito/). Evidentemente, utilizar trânsitos para estudar planetas extrassolares só funciona com sistemas planetários cujas órbitas estejam posicionadas de maneira a torná-los possíveis. Em um sistema onde as órbitas planetárias estejam posicionadas de maneira que os planetas não passem entre a Terra e a estrela nunca teremos trânsitos, e esse método não funciona. A imagem acima ilustra o posicionamento aleatório das órbitas planetárias em diferentes estrelas.
Os diversos sistemas planetários existentes na maioria das estrelas são posicionados aleatoriamente no espaço. Nem todos permitem detecção por trânsito (Fonte: (http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fwww.esa.int%2FOur_Activities%2FSpace_Science%2FESA_selects_planet-hunting_PLATO_mission&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNH7NcuiCOECzw6beIU_7lUcTLusqA).
O satélite estudará cerca de um milhão de estrelas e poderá identificar com grande precisão planetas rochosos na zona de habitabilidade que serão alvos de futuros telescópios que estudarão suas atmosferas, como o ELT e o James Webb. Além disso, PLATO irá também melhorar o mapeamento dos vários sistemas planetários existentes na Galáxia.
É muito bom ver o Brasil engajado numa missão que atuará em uma das questões mais importantes da Astronomia moderna. Agora estaremos procurando extraterrestres no lugar certo… no espaço, não na cidade de Varginha, em Minas Gerais.
Leia Mais:
Site da Agência Espacial Europeia, ESA (em inglês)
Boletim Eletrônico da Sociedade Astronômica Brasileira N. 657 em 22/02/2014 – enviado para astrônomos membros da Sociedade.