Em uma época e lugar remotos, uma bola de fogo risca o céu e choca-se contra o solo. As pessoas vêem o clarão e ouvem um ruído assustador. Os moradores da aldeia, temerosos, vão ao campo. Lá uma enorme cratera fumegante guarda em seu interior uma “rocha” brilhante e duríssima.
O mais sábio da tribo pega a “pedra do céu” e forja uma espada melhor do que as demais. Ninrode, o mais bravo da aldeia, recebe a espada e a apelida de “Flama Celeste”. Ao lutar pela primeira vez com esta arma brilhante, acontece um milagre. Logo no primeiro encontro de espadas, Ninrode despedaça a arma de cobre do inimigo que foge aos gritos.
Parece fantasia ou ficção? Eu acabei de criar o enredo, entretanto, muitas histórias reais podem ter acontecido mais ou menos desta maneira.
Foi muito difícil para os primeiros naturalistas aceitar que podem cair rochas do céu. Hoje sabemos que o espaço interplanetário extraterrestre é povoado de corpos rochosos de tamanhos variados em órbitas erráticas que os levam mais cedo ou mais tarde às proximidades de um planeta como o nosso. Quando estes corpos se aproximam, a gravidade terrestre os traz para dentro da atmosfera em alta velocidade. O atrito com o ar nestas condições é tão alto que volatiliza este corpo fazendo-o brilhar num rastro que as pessoas chamam de estrela cadente, e que é batizado de meteoro pela ciência. Se o corpo for pequeno, consome-se todo na atmosfera. Por outro lado, se for grande e resistente o suficiente, pode atingir a superfície da Terra, e aí recebe o nome de meteorito.
Os meteoritos mais interessantes e os mais fáceis de se identificar são compostos principalmente de metais, como o ferro e o níquel. São denominados sideritos, que significam, literalmente, “pedras do céu”. É daí que surge a semelhança entre as palavras sideral e siderurgia. De fato, os primeiros trabalhos em ferro podem ter vindo de sideritos. O metal destes visitantes celestes era de qualidade muito superior aos minérios de ferro disponíveis. Muitos sideritos devem ter servido para confeccionar espadas com nomes sugestivos como a nossa imaginária “Flama Celeste”.