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Coluna do Astrônomo

O ecossistema artificial da Ilha da Ascensão: uma experiência de Terraformação

Recentemente li um artigo muito interessante sobre Charles Darwin, um dos personagens da História da Ciência que eu mais admiro. O texto falava da Ilha da Ascensão, uma pequena e remota ilha vulcânica na região da Dorsal Meso Atlântica. Há duzentos anos, Ascensão era um lugar desolado e estéril. Hoje, seus picos estão cobertos por florestas úmidas de altas altitudes, e Darwin tem um papel importante nesta história.

Em 1836, ao final da sua missão de cinco anos a bordo do H.M.S. Beagle, o jovem Darwin ancorou na Ilha da Ascensão, e em meio a toda aquela solidão e aridez, pode ter começado a arquitetar um plano brilhante, executado posteriormente com a ajuda de seu intrépido companheiro de viagem, o botânico e explorador Joseph Hooker. Alguns anos depois, em 1843, no retorno de uma viagem à Antartica, Hooker também parou em  Ascensão, um estratégico entreposto da Marinha Real Britânica, mas que sofria pela escassez de água potável. Constantemente varrida pelos ventos secos do sul da África e desprovida de árvores, a pouca chuva que caía rapidamente evaporava.

Em 1847, encorajado por Darwin, Hooker aconselhou a Marinha Real a colocar em prática um elaborado plano: com a ajuda do Jardim Botânico Kew Gardens, navios carregados de árvores seriam enviados a Ascensão. As árvores ajudariam a capturar mais chuva, a reduzir a evaporação e a criar solos férteis. A partir de 1850, navios chegavam constantemente a Ascensão, com plantas de Jardins Botânicos da Europa, África do Sul e Argentina. Em poucos anos, grandes mudanças aconteceram no pico mais alto da ilha, de 859 metros de altura, onde, ao final da década de 1870, floresciam abundantemente eucaliptos, pinheiros, bambus e bananeiras.

O que se vê hoje em Ascensão é uma floresta artificial, onde crescem lado a lado plantas que não são encontradas juntas na natureza. No pico mais alto, hoje conhecido como Green Mountain (Montanha Verde), as árvores capturam a umidade vinda do mar, formando um oásis no meio da aridez da ilha. Estes tipos de ecossistemas, que normalmente se desenvolvem ao longo de um lento processo evolutivo de milhões de anos, foi executado pela Marinha Real em apenas algumas décadas. Para alguns pesquisadores, Darwin, Hooker e a Marinha Real realizaram em Ascensão o primeiro experimento em Terraformação, ou seja, a modificação deliberada de um ambiente para torná-lo habitável.  Através do estudo do ecossistema da ilha, um sistema auto sustentável e que se auto reproduz, os princípios que dali emergem poderiam contribuir para transformar Marte em um lugar habitável. Devemos mais essa a Darwin…

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Coluna do Astrônomo

O encanto dos Planetários

No meu último fim de semana de trabalho no Planetário, me dei conta de algo que me emocionou profundamente. Desde o início deste ano, tenho reparado em uma mãe e um menino que são assíduos frequentadores. Já os vi assistindo sessões em uns três ou quatro fins de semana em que eu trabalhei.

Sempre no final da sessão, quando começa a tocar a música de encerramento, o menino se levanta da cadeira e começa a dançar empolgadamente. Apesar de tantas ofertas de diversão pela cidade, aquela mãe dedicada traz sempre seu filho aqui. É emocionante ver o encantamento que o Planetário exerce sobre este menino e, certamente, sobre muitas outras crianças que não me chamaram tanto a atenção.

Lembrei de mim mesma, quando minha mãe me trouxe pela primeira vez ao Planetário, na minha adolescência, para assistir a uma sessão com o saudoso Spacemaster na cúpula Galileu. Este dia, que eu nunca vou esquecer, foi muito especial, numa época em que eu sonhava em fazer parte de uma frota estelar para conhecer outros mundos, embalada pelos desenhos animados e filmes de ficção científica da década de 1980…
De onde vem todo este fascínio pela Astronomia que encanta tanto os jovens de nossa época? Será o mesmo fascínio pelo desconhecido que movia os navegadores do século XVI e os naturalistas do século XIX, agora direcionado a outros destinos além Terra?

O que eu posso dizer é que fico feliz em poder contribuir para proporcionar estes momentos felizes para estas famílias de pequenos sonhadores, que, espero, um dia, serão também grandes realizadores!
Um grande abraço à mãe deste menino, que ainda não tive a oportunidade de conhecer, à minha mãe, que me incentivou nos meus mais loucos sonhos, e a todas as mães que viajam pelo Universo junto com seus pequenos. Espero também fazer parte deste grupo em breve!

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A Sociedade Astronômica Brasileira (SAB)

No período de 7 a 12 de setembro deste ano, astrônomos de todo o Brasil estarão reunidos em Passa Quatro, MG, para a XXXV Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira. Este encontro é uma oportunidade única para a comunidade de astrônomos brasileiros, onde podemos divulgar e discutir os trabalhos que estamos desenvolvendo diante de astrônomos de diversas áreas, bem como assistir a conferências de especialistas convidados do Brasil e do exterior.

A SAB é uma sociedade científica sem fins lucrativos, fundada em 1974 pela comunidade de astrônomos brasileiros, e desde então tem promovido reuniões anuais para discussão de trabalhos científicos, além da promoção de simpósios, reuniões de trabalho e discussão de temas importantes para o futuro da Astronomia no Brasil. Atualmente, a SAB conta com aproximadamente 400 sócios, sendo cerca de 200 com título de doutor ou em vias de obter a titulação.

A SAB tem os seguintes objetivos:
·    Congregar os astrônomos do Brasil;
·    Zelar pela liberdade de ensino e pesquisa;
·    Zelar pelos interesses e direitos dos astrônomos;
·    Zelar pelo prestígio da ciência do País;
·    Estimular as pesquisas e o ensino de Astronomia no País;
·    Manter contato com institutos e sociedades correlatas no País e no exterior;
·    Promover reuniões científicas, congressos especializados, cursos e conferências;
·    Editar um boletim informativo sobre as atividades da SAB e assuntos gerais relacionados com a Astronomia.

Todos os anos, alguns dos astrônomos do Planetário vão à Reunião da SAB para apresentar trabalhos, trocar experiências e participar das discussões e decisões sobre as pesquisas em Astronomia no Brasil e no mundo.

A SAB possui uma Comissão de Ensino e Divulgação que discute assuntos de interesse para nós, particularmente, astrônomos do Planetário. Nas reuniões desta Comissão, são definidas estratégias para aprimorarmos a difusão e o ensino não formal da Astronomia no Brasil, e, por conseguinte, nosso trabalho no Planetário.

 

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As conferências Oxford de Arqueoastronomia

Nos últimos meses, tenho sido procurada por estudantes universitários com uma pergunta recorrente: como faço para iniciar uma carreira de pesquisa em Etnoastronomia ou Arqueoastronomia? Um dos principais conselhos que dou é: participe da próxima conferência Internacional Oxford de Arqueoastronomia!
As conferências Oxford de Arqueoastronomia são realizadas a cada três ou quatro anos com o objetivo de reunir pesquisadores de diferentes países para uma discussão interdisciplinar no campo da arqueoastronomia e da etnoastronomia, sobre as práticas astronômicas, mitos celestes e visões de mundo de povos antigos e povos aborígenes contemporâneos.
Eu tive a oportunidade de participar da VII Oxford International Conference on Archaeoastronomy, em 2004, na cidade de Flagstaff, no Arizona (EUA), e da VIII Oxford International Conference on Archaeoastronomy and Astronomy in Cultures, em 2007, na cidade de Klaipeda, na Lituânia. Na VII, foi a primeira vez que tive contato com arqueo e etnoastrônomos de outros países, e pude me interar dos debates metodológicos e dos mais recentes trabalhos realizados nos vários continentes, o que me deu motivação para continuar minhas pesquisas na área. Em ambas, fui a única representante do Brasil, o que demonstra que o número de pesquisadores em Etnoastronomia aqui ainda é muito pequeno e poucos trabalhos vêm sendo desenvolvidos, apesar da enorme diversidade étnica e cultural que há no país e que carece de estudos aprofundados quanto aos seus conhecimentos sobre a natureza. Minha participação nestes dois congressos foi fundamental para a minha carreira acadêmica, uma vez que vários trabalhos e mesas redondas abordaram a questão da metodologia para se trabalhar com Etnoastronomia, as dificuldades e a importância do tema.
O próximo Oxford Conference será no Peru, em janeiro de 2011, o primeiro a ser realizado na América do Sul, e o seu êxito será de suma importância para o futuro da etno e arqueoastronomia sul-americana. Após a conferência principal, haverá um Encontro Regional, com seminários e workshops, com o objetivo de desenvolver e impulsionar as pesquisas na América do Sul. Para atrair pesquisadores e estudantes que se interessem pela área, o comitê organizador está empenhado em conseguir ajuda de custo para estudantes. Também estão programadas visitas guiadas a importantes sítios arqueológicos peruanos. Se você já desenvolve ou tem interesse em desenvolver trabalhos sobre Astronomia nas Culturas, não pode perder esta oportunidade!
Mais informações na página: http://www.archaeoastronomy.org