Um planeta, dois sóis
Meu último comentário aqui neste espaço se referia ao sistema planetário ao redor da estrela Kepler-19 (uma estrela com dois planetas). Agora leio sobre a Kepler-16, um sistema binário ao redor do qual foi descoberto um planeta. Sim, é isso mesmo. Um planeta ao redor de duas estrelas!
Levando-se em conta que a órbita é algo que decorre de um equilíbrio gravitacional, há muitas e muitas possibilidades de um sistema deste se desenvolver. Uma estrela binária, ou melhor, um sistema duplo de estrelas é exatamente isso: duas estrelas que se orbitam entre si, girando ao redor de um centro de massa comum.
Como as estrelas têm, geralmente, massas de grandeza comparável, este centro de massa comum fica fora de qualquer uma delas. Ou seja, ambas as estrelas giram ao redor de um ponto no espaço vazio!
Se por alguma obra do destino conseguíssemos colocar neste ponto de equilíbrio uma massa qualquer — um planeta, por exemplo — ela lá ficaria, em perfeito equilíbrio. Obviamente, tal configuração, de tão improvável, é impossível.
Uma outra solução dinâmica interessante seria se o planeta em questão fizesse uma espécie de figura “8”, com cada estrela ao centro de uma das voltas da figura. Tal solução traria instabilidades gravitacionais ao planeta e sua mais do que provável destruição devido às próprias forças de maré.
A solução estável, observada em Kepler-16, é a mais simples. A órbita do planeta é externa a ambas as estrelas. Isso torna o sistema muito parecido com o sistema Sol-Terra. Só que, ao invés de uma, há duas estrelas. Neste planeta (o Kepler-16b), devido a sua própria rotação, o Sol nasce e se põe. Mas são dois sois, e não apenas um!
Que belo espetáculo isso não deve ser…