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Coluna do Astrônomo

O eixo da Lua

Há três bilhões de anos o eixo da Lua (em torno do qual ela gira ao seu redor) mudou de posição. Os estudos de mapeamento do hidrogênio, escondido em crateras localizadas nos polos norte e sul lunares, revelaram este fato. Os dados foram obtidos pelas sondas Lunar Prospector da NASA (LP), Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) e Recuperação de Gravidade e Laboratório Interior (GRAIL).

O eixo da Lua ‒ uma linha imaginária que passa pelo centro dela e vai do polo sul ao polo norte ‒ sofreu um desvio de aproximadamente cinco graus há uns três bilhões de anos. E quem nos informa isso é a distribuição de gelo em sua superfície.

O gelo existe na Lua em áreas de sombra permanente. Se esse gelo é exposto à luz direta do Sol ele evapora. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma mudança do eixo lunar há bilhões de anos permitiu que a luz solar atingisse áreas que continham gelo e não sofriam a ação do calor. O gelo que sobreviveu a esta mudança (evaporação) de forma eficaz dá as pistas do caminho ao longo do qual o eixo da Lua se moveu. Eles testaram esse caminho em modelos que podem prever onde o gelo poderia permanecer estável e chegaram à conclusão de que o eixo da Lua se deslocou por cerca de cinco graus. Esta é a primeira evidência física de que a Lua sofreu uma mudança dramática na orientação e implica que a maior parte do gelo polar na Lua tem bilhões de anos de idade.

Hoje, quando olhamos para a Terra vemos sempre o mesmo lado da Lua, em um movimento chamado de síncrono. Isso acontece com os planetas e a maioria de seus satélites. Uma conclusão deste deslocamento do gelo nos permite dizer que nem sempre a mesma face da Lua estava apontada para a Terra.

Certamente uma mudança na distribuição de massa da Lua provocou o deslocamento do eixo polar. E isso foi provocado por alterações na distribuição de matéria ocorrendo do seu interior para a superfície. Algum material do manto, aquecido e derretido, veio à superfície e formou as partes escuras que hoje conhecemos como mares.

Esses achados podem abrir a porta para novas descobertas sobre a evolução do interior da Lua, bem como a origem da água na Lua e na Terra primitiva.