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Coluna do Astrônomo

Buracos de minhoca em um engarrafamento

Aqui na Gávea, onde fica a sede principal da Fundação Planetário, temos uma das maravilhas da moderna engenharia de tráfego: um daqueles painéis que nos avisam o tempo médio que levaremos para chegar a algum lugar…

O painel aqui da Gávea, logo na saída do túnel acústico (parte da Autoestrada Lagoa-Barra) nos dá três opções: “Rebouças via Borges”, “Centro via Rebouças” e “Centro via Orla”.

Para os leitores não familiarizados com a geografia carioca (ou, pelo menos, da Zona Sul), “Rebouças” é o túnel Rebouças, que liga o Rio Comprido à Lagoa Rodrigo de Freitas; “Borges” é a Borges de Medeiros, uma das avenidas que margeia a lagoa (a outra é a Epitácio Pessoa).

Certo. Uma vez familiarizados com a geografia, não precisamos de muito para entender que se pegarmos o tempo anunciado para o trajeto “Centro via Rebouças” e subtrairmos o tempo do trajeto “Rebouças via Borges”, teremos um tempo estimado para o trajeto “Rebouças-Centro”. Perfeito!

Pois outro dia, saindo do Planetário, me deparei com o seguinte enigma: “Rebouças via Borges: 17 minutos”; “Centro via Rebouças: 17 minutos”. Qualquer pessoa normal teria interpretado isso como um erro, um bug.

Mas eu sou astrônomo e físico, o que me coloca um pouquinho à margem da normalidade (só um pouquinho!). Se da Gávea eu levo 17 minutos até o centro, via Rebouças, mas eu levo exatamente 17 minutos para chegar ao túnel, então só há uma resposta possível…

Buracos de minhoca! É claro, óbvio e evidente que alguma distorção do espaço-tempo (o famoso “warp”) vai me fazer percorrer toda a extensão do túnel Rebouças (mais o elevado Paulo de Frontin, no Rio Comprido) em exatamente 0 minuto! Só assim vou respeitar o que está escrito no letreiro luminoso.

Ah! Os buracos de minhoca… Originalmente chamados de “pontes de Einstein-Rosen”, eles unem dois pontos distintos do espaço-tempo através de uma distorção gravitacional. Quando o comandante Kirk ordena que sua nave viaje com velocidade warp, é isso que ele está dizendo: “distorça o espaço-tempo de modo que nosso destino fique consideravelmente mais próximo de nós do que ele está agora, e assim minha viagem seja encurtada em sua duração”. (OK, não precisa ser um gênio do cinema para entender que esta frase JAMAIS entraria em um filme…)

Infelizmente, não há o menor vislumbre tecnológico de que algum dia conseguiremos manipular o espaço-tempo desta maneira, construindo pontes de Einstein-Rosen em nosso benefício.

É… o aviso luminoso devia estar com algum defeito naquele dia…