Marte, a próxima casa da humanidade?
Por Jorge Marcelino – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro
Uma das perguntas recorrentes após a visita de um grupo de alunos às cúpulas da Fundação Planetário é sobre a possibilidade do homem ir à Marte. O fascínio por este planeta é enorme. Sua cor avermelhada e a possível existência de água no estado líquido (ainda não confirmada), além das histórias irreais de marcianos cabeçudos e verdes, povoam o imaginário dos visitantes.
A exploração do planeta Marte é considerada por muitos pesquisadores como um passo importante para o futuro da Humanidade. A necessidade de desenvolvimento de novos produtos e um estudo mais específico sobre a fisiologia humana em ambientes espaciais terá como resultado uma melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Atualmente existem projetos da Agência Espacial Americana (NASA) com o intuito de levar o homem ao planeta vermelho. Segundo o administrador-chefe Charles Bolden, uma missão tripulada a Marte é uma prioridade para a agência.
A conquista deste objetivo ficou um pouco mais distante após a desativação dos ônibus espaciais em 2011. Sem um veículo próprio, a NASA está utilizando, atualmente, os foguetes russos para o abastecimento da tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS). A conclusão dos projetos de um novo lançador (SLS) e de uma nova cápsula (Orion) é esperada para 2017. Apenas com estes novos equipamentos será possível iniciar os projetos intermediários de visitas a asteroides de grande e pequeno porte visando à chegada em Marte.
Além da NASA, a empresa holandesa Mars One está empenhada em estabelecer um assentamento humano em Marte até o ano de 2023. Esta empresa, não governamental, está em funcionamento desde 2011 adquirindo conhecimento técnico, levantando fundos, fazendo estudos psicológicos, além de contatar fornecedores aeroespaciais para sua empreitada.
Uma das coisas que chama a atenção é a forma como estão procurando patrocinadores para a missão. Inicialmente, qualquer pessoa pode fazer parte do grupo de assentados, bastando fazer uma inscrição com um pequeno custo e posteriormente ser selecionado nas baterias de teste. Estes “escolhidos” treinarão durante sete anos num esquema semelhante a um programa de televisão onde os participantes ficam confinados e monitorados todo o tempo. A semelhança é tamanha que os primeiros colonos espaciais serão escolhidos pelo público.
Se o leitor tiver interesse em se candidatar e tiver dinheiro para gastar com isto (tive o ímpeto de escrever que seria uma grande bobagem, mas cada um que gaste o seu dinheiro com o que ache importante) pode obter informações no endereço abaixo (em inglês):
http://mars-one.com/en/about-mars-one/about-mars-one
Ir a Marte requer que tenhamos tecnologias que encontram-se em desenvolvimento, tempo, dinheiro e um trabalho psicológico intenso. Espero poder ver este dia.