A Rússia e o Espaço
Em julho deste ano, tive a oportunidade, por ocasião de um congresso, de conhecer a Rússia. Diferentemente da maioria dos turistas, não fui a São Petersburgo. Fui, isso sim, a Nizhny Novgorod, cidade industrial que, no folclore daquele país, é descrita como “o bolso da Rússia” (Moscou é a cabeça e São Petersburgo é o coração).
Não é de se espantar que eu tenha conhecido vários russos em minha estadia por lá, a maioria trabalhando em Astronomia e Educação. Em dado momento, pude acompanhar uma conversa que, a mim, soou surreal. Era um russo e um americano discutindo quem havia, de fato, ganho a Corrida Espacial durante a Guerra Fria. Surreal, pois o russo insistia que a vitória era americana, enquanto que o americano afirmava que a Rússia havia ganho!
Todos sabemos que os russos enviaram o primeiro satélite (Sputnik, 1957) e o primeiro homem (Gagarin, 1961) ao espaço. Se respeitarmos a definição do termo “corrida”, é óbvio que os russos ganharam! Mas se preferirmos chamar a Corrida Espacial de Conquista Espacial, quem de fato levou a melhor? Difícil saber… A NASA (agência espacial americana) mandou homens à Lua; a Rússia bateu recordes de permanência no espaço.
Hoje, com as sucessivas crises econômicas que afligem a Rússia (já há bastante tempo) e também os Estados Unidos (que recentemente encerrou seu programa de ônibus espaciais), nossos olhos se voltam para a China, e aparentemente a corrida, ou a conquista, ainda não acabou e, portanto, é cedo para declararmos um vencedor.
Mas por que estou falando dessas coisas? Falo disso porque li recentemente que a Rússia se propõe a prolongar a vida útil da ISS, sigla em inglês que designa a Estação Espacial Internacional. A iniciativa russa recebeu imediatamente o apoio do diretor de operações da NASA, e dos representantes da Agência Espacial Europeia (ESA). Não é pra menos: graças à MIR, a famosa estação espacial russa, ninguém entende deste tipo de construção tão bem quanto os russos.
Longa vida à ISS. Prolongada, de preferência…