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10 Anos atrás no Maranhão

 

Em agosto de 2003, em Alcântara, região da costa maranhense, um conjunto de cilindros pintados de branco se erguia a uns 20 metros de altura dentro de uma construção metálica. Era um foguete denominado Veículo Lançador de Satélites, o VLS-1 V3. Poucos países no nível de desenvolvimento do Brasil tinham, na época, um programa espacial como aquele em andamento. É verdade que desde 1985 este projeto estava se arrastando e enfrentando muitas dificuldades. Os dois protótipos anteriores, o V1 e o V2, foram destruídos em voo nos anos de 1997 e 1999, respectivamente. Todos julgavam que as falhas estavam corrigidas. Estava tudo pronto. A expectativa era de que o Brasil entrasse definitivamente para a era espacial. O seleto “clube” espacial é composto pelos países capazes de lançar foguetes e de pôr satélites em órbita por conta própria. Entre eles temos os líderes espaciais, como os EUA, a Rússia, a Comunidade Europeia, o Japão, a Índia e a China.

 

O foguete tinha quatro estágios, todos movidos a combustível sólido. O primeiro estágio era composto de quatro propulsores dispostos ao redor do segundo estágio. Ao serem consumidos durante os primeiros instantes de voo os quatros se desprenderiam e o segundo estágio entraria em ação. Encaixados logo acima, um sobre o outro, estavam o terceiro e o quarto estágios. Estes estágios cilíndricos estavam carregados e prontos para levar ao espaço dois satélites desenvolvidos no país: o SATEC, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), e o UNOSAT, da Universidade Norte do Paraná.

 

No dia 22, às 13h30min, quando faltavam três dias para o lançamento, uma explosão destruiu tudo. Um dos propulsores do primeiro estágio entrou em ignição prematura arrastando e incendiando toda a torre de lançamento. O trágico acidente levou as preciosas vidas de 21 técnicos, os dois satélites e a esperança do programa espacial brasileiro.

 

Hoje a plataforma de lançamento está reconstruída e remodelada. Mais itens de segurança foram acrescentados e novos procedimentos desenvolvidos. Está previsto ainda para este ano um lançamento teste sem carga útil e com apenas os dois primeiros estágios. Se tudo correr bem, ano que vem será feito um lançamento completo e, no ano seguinte, o sonhado lançamento de um satélite.

 

Não podemos deixar esta data passar em branco. Torço para que aquele 22 de agosto não tenha sido um dia de sacrifício inútil de nossos 21 colegas brasileiros.

 

 

 

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