O oceano de Europa
Pouco menor que a nossa Lua, Europa, a quarta maior lua de Júpiter, é um mundo interessantíssimo. Descoberta em 1610 por Galileu Galilei, Europa só teve sua superfície revelada detalhadamente em 1979 com as sondas Voyager. Antes mesmo das sondas espaciais chegarem a Europa existia indicação de que a sua superfície era coberta de gelo, entretanto foram as fotos de alta resolução de Voyager 2 que fizeram diferença. Tais imagens mostraram claramente um complexo padrão de fendas na crosta congelada. Os dados de massa e densidade alimentaram a ideia da existência de um oceano por baixo da crosta fraturada de gelo. Em 1998, os dados da sonda Galileo confirmaram ainda mais os modelos do interior de Europa.
Esta semana a NASA, através do Space Telescope Science Institute, noticiou a descoberta de plumas de vapor d’água escapando da superfície de Europa semelhante aos gêisers terrestres. Estas plumas chegam a alturas de 200 quilômetros configurando uma espécie de “vulcanismo” de água. Este vapor escapa através de aberturas na crosta congelada vindo do oceano existente logo abaixo. As estimativas iniciais preveem uma quantidade de água duas vezes maior do que a encontrada nos oceanos terrestres. A técnica utilizada foi observar as bordas do disco de Europa a medida que passava pelo disco de Júpiter.
Já havia planos de enviar sondas a Europa. Esta sondas perfurariam o gelo e enviariam pequenos drones submarinos para explorar estes oceanos ocultos. Este ambiente é o mais favorável para condições de sustentar vida no Sistema Solar. Com a última descoberta do Hubble Space Telescope, Europa ganha ainda mais valor como alvo de missões futuras. Esta possibilidade de analisar a água do oceano de Europa sem ser precisar perfurar é uma oportunidade e tanto.
Na ficção científica este astro curioso já havia inspirado muitas obras interessantes, como o filme e o livro “2010, o Ano que Faremos Contato” (1982) de Arthur C. Clarke e, recentemente, o filme Europa Report (2013), dirigido por Sebastián Cordero. Ambos os filmes exploram a possibilidade de vida em Europa.
Já se havia identificado este tipo de gêiser de água em outra lua no sistema solar. A sonda Cassini em 2005 detectou o mesmo fenômeno em Encélado, lua de Saturno. Tudo isso abre fronteiras muito promissoras para busca de vida aqui mesmo no nosso Sistema Solar.