Buraco Negro e o Ovo de Chocolate
Por Jorge Marcelino – Astrônomo da Fundação Planetário do Rio de Janeiro
A Páscoa é uma data importante em quase todos os lugares do mundo. Para os cristãos, simboliza a ressurreição de Cristo; para os judeus, a libertação e a fuga do Egito; e para os antigos pagãos, cuja festa foi absorvida pela cultura judaico-cristã, era símbolo de fertilidade e renovação associada à deusa nórdica Gefjun (aquela que provê prosperidade e felicidade).
Páscoa lembra também chocolate, um estimulante, com alto valor calórico e fuga do regime…
A NGC 4845 é uma galáxia espiral SA ab classificada como do Tipo Seyfert 2, localizada a uma distância de 14,5 Mpc (algo como 47,3 milhões de anos-luz de distância), que apesar de ser estudada há mais de 30 anos, nunca despertou muito interesse até agora. Um trabalho publicado na revista Astronomy & Astrophysics, no início deste mês, mostra que uma grande emissão de energia foi observada. Estudos comprovaram que o buraco negro central, com uma massa de trezentas mil massas solares, absorveu aproximadamente 10% da massa de uma estrela anã-marrom.
Buracos-negros não são “aspiradores de pó” gigantes que puxam tudo à sua volta. Apenas os objetos que estejam se movendo abaixo de uma determinada velocidade e se encontram a certa distância são atraídos gravitacionalmente e absorvidos. Um objeto, ao se aproximar do buraco negro, é destruído pela imensa força gravitacional e sua massa (do objeto) é “devorada”, aumentando a massa do buraco negro.
Li este artigo e resolvi escrever sobre ele porque foi isto que aconteceu comigo (e aposto que com vários de vocês): assim como o buraco negro que se encontra no centro da galáxia NGC 4845, que estava quieto e foi “provocado” por uma estrela anã-marrom com massa entre 14 e 20 massas de Júpiter, também me senti atraído por um ovo de Páscoa que ganhei… e, então,… adeus regime…