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Coluna do Astrônomo

Verne e Wells: Visões de Futuro

Dando prosseguimento ao Fevereiro Verniano; o texto abaixo é de autoria de nossa primeira convidada para a coluna, a escritora de fantasia Ana Lúcia Merege, que também é pesquisadora e curadora de Manuscritos da Biblioteca Nacional.

***

Júlio Verne nasceu em 1828, em Nantes (França), e começou a escrever quando estudava Direito em Paris. Seu primeiro conto de ficção científica, “Uma Viagem em Balão”, foi escrito em 1851. A partir daí, Verne não parou mais, pesquisando para dar credibilidade às teorias científicas apresentadas em suas obras.

Em 1863, em parceria com o editor Pierre Hetzel, Júlio Verne começou a escrever uma série de histórias de aventura chamada “Viagens Extraordinárias”. Foram ao todo 54 livros, um dos quais é ambientado no Brasil: “A Jangada”, publicado em 1881, na qual o autor narra uma viagem ao Rio Amazonas a bordo do que descreveu como “um grande trem de madeira”.

Apesar de seu entusiasmo com os avanços da Ciência, Verne estava atento às questões do seu tempo e aos problemas que poderiam surgir para a Terra e para toda a humanidade. Temas como o desejo de liberdade de alguns povos, o colonialismo, o capitalismo e as guerras entre nações aparecem em suas obras. Algumas eram tão pessimistas que foram rejeitadas pelo editor, Pierre Hetzel. Ele chegou a flertar com a distopia, como no conto “O Eterno Adão” (publicado em 1910), em que um historiador descobre que a civilização do século XX foi destruída por abalos geológicos. As indagações surgem até mesmo nos livros onde predomina a aventura: em “20.000 Léguas Submarinas”, o Capitão Nemo se mostra descontente com os rumos tomados pela civilização, da qual escolhe se isolar a bordo do “Nautilus”.

Ao citar Júlio Verne como um dos pais da moderna ficção científica, é quase impossível não mencionar seu contraponto, o inglês H. G. Wells (1866 – 1946). Enquanto, para Verne, era “proibido inventar coisas impossíveis”, Wells contava com a imaginação e se concentrava mais nos personagens e na ética da utilização da ciência. Assim, é considerado o precursor do ramo “soft” da Ficção Científica, enquanto Verne inspirou a facção “hard”, a dos escritores que fornecem explicações científicas apuradas e se atêm àquilo que pode ser explicado pelas leis da matéria.

Apesar dessa discordância, cabe notar que na obra de ambos há essa preocupação por uma sociedade ética: Wells, ao escrever “A Guerra dos Mundos” (1897), inspirara-se no extermínio e opressão sistemáticos do Império Britânico em países, nações e tribos onde se instalara para mostrar o que poderia acontecer com a própria Humanidade, com uma terrível invasão alienígena ocorrendo no coração do próprio Império.

Júlio Verne morreu em 1905, e até hoje é lido e amado por leitores de todo o mundo. Isso porque suas obras têm a principal qualidade que torna um livro imortal: são capazes de fazer sonhar as pessoas que os leem. E os sonhos – como sabemos – não têm idade.

Referências:
ANDERSON, Poul. Ideas for SF Writers. 1998.
TAVARES, Bráulio. O Que é Ficção Científica. 1992.

Ana Lúcia Merege

13/02/2019

Para contatar Ana Lúcia Merege

www.estantemagica.blogspot.com

anamerege@gmail.com

 

 

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Coluna do Astrônomo

“Todos nós somos, de uma maneira ou de outra, filhos de Júlio Verne”

A Ficção-Científica, provando ser um gênero não-convencional desde sua origem, nasceu de uma família igualmente diferente, com dois pais e uma mãe. A mãe foi Mary Shelley, autora de “Frankenstein – Ou o Moderno Prometeu” (1808) e os pais, H. G. Wells (“A Guerra dos Mundos”, 1890) e Júlio Verne (“20.000 Léguas Submarinas”, 1870). Neste 8 de Fevereiro se comemora o aniversário de um de seus pais, o francês Júlio Verne.

Escritor por excelência, Verne foi jornalista, romancista, dramaturgo e poeta – aliás, muito para o desgosto de seu pai, que pretendia que fosse advogado. Quando mudou-se para Paris a fim de prosseguir seus estudos, Verne logo envolveu-se com escritores e atividades literárias, além da oportunidade de pesquisas e conversas com as mentes de seu tempo: não foi com outro que não Alexandre Dumas, pai (“Os Três Mosqueteiros”, 1844), que acabou por discutir a ideia de um projeto literário realmente ambicioso, o da invenção de um gênero literário, ao que se referia como “Romance de Ciência”, onde poderia apresentar os fatos levantados em suas pesquisas junto a uma narrativa.

Com um âmbito educacional e literário por seu editor, as “Histórias Extraordinárias” (1863 a 1905) de Verne, uma coleção de 54 romances (incluindo-se aí suas histórias mais famosas), popularizaram-se tremendamente. A intenção era “delinear todo o conhecimento geográfico, geológico, físico e astronômico juntado pela ciência moderna e recontá-los, em um formato divertido e pitoresco (…) a história do Universo”. Nelas, Verne juntava detalhes científicos e um senso de aventura e deslumbramento que vem se unir facilmente à “literatura de exotismo” de época, para um mercado de leitores ávidos por novidades que aquela época oferecia.

Seus escritos encantaram gerações, com obras que transcendem rótulos literários e se encaixaram naturalmente sob o de “clássicos da literatura”. Populares, provocativos e inspiradores, eram leitura preferida de, por exemplo, ninguém menos que Alberto Santos-Dumont, influência assumida de suas leituras infanto-juvenis. Não foi o único, entre autores, cientistas e aventureiros, que declararam ser também sua influência: Roland Barthes, Julio Cortázar, Jean-Paul Sartre, Yuri Gagarin, Wernher von Braun, Konstantin Tsiolkovski, entre outros.

Entretanto, cabe notar, ao situar Verne nesta paternidade do quer viria a ser a Ficção-Científica, que ele acreditava que sua obra era antes sobre o Destino da Humanidade ser a Beleza, do que a respeito do “efeito especial” da vez: “5 Semanas em um Balão” (1863) era sobre seus interesses em viagens e geografia, e de apresentar ao leitor a beleza do continente africano – e não sobre ser a respeito de alguma forma de um balão dirigível (cujos primeiros projetos surgiram não antes de mais 10 anos). Mas a precisão depois revelada de suas intuições acabou por lhe dar um vulto de “profeta da ciência”, o que, aliás, não gostava: se seus escritos coincidiam, é apenas porque ele pesquisava a fundo sobre o que queria escrever.

Verne sempre apreciara o desenvolvimento científico e a aventura do espírito humano. Em 1905 infelizmente vem a falecer, um ano antes do voo do 14-Bis; não vendo o mais-pesado-que-o-ar de Dumont decolar: o mesmo Dumont que crescera o admirando e de quem, em seus últimos anos, tornara-se admirador.

Fontes:
Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Jules_Verne
Asas da Loucura – a extraordinária vida de Santos-Dumont, Paul Hoffman. Ed Objetiva, 2004

 

Por Luiz Felipe Vasques – Designer gráfico por formação e fã de Ficção-Científica desde que se dá por gente. Participa ocasionalmente de antologias do gênero fantástico e co-organizou duas, Super-Heróis (2013) e Monstros Gigantes – Kaiju (2015), ambas pela editora Draco.
Dá pitacos sobre gênero fantástico em seu blog:
http://blogdefc.blogspot.com/