A Terra é única no espaço?
Até poucos anos atrás, a Terra era o único lugar do espaço que conhecíamos onde a vida se manifestou e se tronou avançada. Mas, na visão de muitos cientistas, aqui não deveria ser um lugar exclusivo para vida inteligente. Muitos recursos foram lançados para procurar vida em Marte e até fora do Sistema Solar, na busca de planetas ao redor de outras estrelas que não o Sol.
O telescópio espacial Kepler, lançado em 2009, está vasculhando mais de 1.000 estrelas próximas à procura de exoplanetas (ou planetas extrassolares). Ele já encontrou, de forma indireta – através da passagem do planeta na frente da estrela (trânsito) –, cerca de 3.000 exoplanetas e, destes, 238 já foram confirmados. Com a sua observação e a ajuda de outras técnicas pode-se também determinar o tamanho, a massa destes planetas, além da sua distância à estrela.
Em uma reunião da Sociedade Astronômica Americana, agora em janeiro, os cientistas informaram que a grande maioria destes planetas é formada de rocha ou gás, maiores que a Terra, mas menores que Netuno. Um banho de água fria nos mais crentes de que não estamos sós no Universo. Isso reduz muito a possibilidade de encontrarmos seres parecidos conosco, pelo menos tendo uma tecnologia semelhante à nossa. A Terra está se mostrando uma “ovelha negra” em um rebanho de bilhões de planetas que possivelmente habitam a Via Láctea.
Nos estudos do Kepler, e de outras pesquisas com os exoplanetas, concluiu-se que existe um padrão claro: planetas com até duas vezes o tamanho da Terra são densos e provavelmente rochosos – parecidos com a Terra. Os que têm entre duas e quatro vezes o tamanho da Terra são gasosos. Isso corresponde a três quartos de todos os exoplanetas descobertos até o momento. Já tínhamos o conhecimento de que planetas muito grandes devem ser gasosos, como Netuno, Urano, Saturno e Júpiter. Em planetas gasosos a pressão atmosférica é muito grande dificultando a evolução de seres mais complexos.
Apenas um exoplaneta está contrariando essa tendência (o KOI-314c), que é duas vezes maior que a Terra e tem a mesma massa que ela. Ele deve ter um núcleo rochoso e uma grande quantidade de atmosfera. Outro fator contribui para desacreditar que a vida possa surgir por lá: o ano deste planeta dura apenas 23 dias, pois ele está muito próximo à estrela. É estranho ele ter sobrevivido nesta região.
Em resumo, com os dados que dispomos atualmente, poucos são os mundos rochosos, semelhantes à Terra, limitando o número de civilizações avançadas possíveis na nossa galáxia. Então, um Viva à Terra!