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A língua franca da Astronomia

Segundo o dicionário, língua franca é um sistema de comunicação (língua de contato), usado para estabelecer relações comerciais e comunicações básicas, numa comunidade em que coexistem duas ou mais línguas. Assim, é possível que todos consigam comunicar-se uns com os outros. Geralmente, a língua franca é diferente de todas as línguas naturais faladas pela comunidade.

Historicamente, a existência de uma língua franca favoreceu o intercâmbio social, econômico e cultural entre os povos. Ela servia ao comércio, à diplomacia e a várias outras atividades, e se destacava naturalmente graças ao domínio econômico e militar de diferentes povos.

A ciência é uma atividade internacional por natureza: é fundamental para um cientista compartilhar suas ideias e expô-las à crítica. E existem interessados nos mesmos assuntos espalhados pelo mundo. Nesse sentido, a comunicação escrita tem um papel-chave há séculos, permitindo que os trabalhos se tornem documentos com uma linguagem objetiva que podem ser consultados por várias gerações. A língua franca de cada época sempre foi a preferida para a elaboração dos documentos científicos, por transmitir informações para um número bem maior de pessoas.

Na Antiguidade, o sânscrito e o grego foram a língua da ciência, depois foi a vez do latim. Séculos depois, foi do francês e alemão (que não o substituíram totalmente) e, a partir do século XIX, do inglês. Pelo menos, essa é a história que normalmente ouvimos, com pouca ou nenhuma menção ao rico período da ciência medieval registrada em árabe.

Um dos manuscritos ilustrados islâmicos mais antigos é conhecido como MARSH 144. Datado do ano 1009, trata-se de uma cópia do “Livro das Estrelas Fixas”, que foi escrito pelo astrônomo persa Al-Sufi (903-986).

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O autor certamente teve inspiração em partes da obra clássica de Ptolomeu “Mathematike Syntasis”, mais conhecida por Almagesto. Como muitas obras científicas da época, o Almagesto foi traduzido para o árabe no século 9. Você deve estar se perguntando o motivo de traduzir a obra de um gênio da cultura grega para o árabe, em vez do latim.

Entre os séculos 8 e 13, aproximadamente, enquanto a parte ocidental da Europa estagnava em várias áreas do conhecimento humano, o extenso império islâmico florescia. Como resultado da rápida expansão, um enorme território que englobava a península Ibérica, o norte da África, a península Arábica, a Pérsia e parte da China e da Índia, estava sob dominação muçulmana. Uma verdadeira revolução social se seguiu como resultado de um ambiente, contendo diferentes etnias, religiões e culturas. Além disso, a proximidade com as antigas cidades, onde o conhecimento grego e persa haviam circulado, favoreceu o florescer da ciência muçulmana.

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Várias cidades muçulmanas tornaram-se polo de cultura, negócios, comércio e, naturalmente, de ciência. Cidades cosmopolitas como Bagdá, Damasco, Cairo e Córdoba, foram centrais na produção e disseminação da ciência por todo o território islâmico, influenciando regiões vizinhas não islâmicas.

Naturalmente, um território tão vasto e heterogêneo apresentava tensões de toda ordem, de forma que podemos dizer que não havia uma unidade política. De fato, era comum governantes em diferentes territórios advogarem para si o controle do império. A força do império residia, de fato, no poder unificador da língua, arte, arquitetura e, principalmente, da religião; -o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, e que contém a Revelação transmitida diretamente de Deus para o profeta Maomé, estava escrito em árabe.

Com o tempo, a língua árabe permeou o extenso território por meio de documentos, textos sagrados e científicos. O árabe tornou-se a língua franca do império muçulmano e, consequentemente, da ciência medieval. Por volta do século 12, teve início na Europa ocidental, principalmente em Toledo e na Sicília, intenso movimento de tradução das principais obras científicas e filosóficas de pensadores muçulmanos e gregos. O árabe perdia força como língua da ciência. As traduções eram agora do árabe para o latim e viriam a ser cruciais para o surgimento do Renascimento Científico a partir do século 16. Roger Bacon, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Kepler, dentre outros gigantes da ciência, tiveram acesso às obras traduzidas do árabe, e, certamente, foram profundamente influenciados por estas, ao formularem os fundamentos do que chamamos hoje ciência moderna.

Hoje a língua franca da ciência é o inglês, mas o legado de antigos povos, seja em grego, sânscrito, árabe, latim e outras línguas, é eterno.

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