WORLDBUILDING: DRAGONRIDERS OF PERN (O Alienígena)
Da autora americana Anne McCaffrey (1926 – 2011), a série “Dragonriders of Pern” foi iniciada em 1967, e por todo este tempo teve mais de 20 romances e vários contos, alguns dos livros sendo co-escritos com um ou outro de seus filhos. Ao todo, a autora
A saga de Pern se dá sob tons de fantasia, embora seja ficção científica: de maneira engenhosa, a autora conseguiu pegar temas de fantasia e adotá-los sob uma ótica de ficção científica. Há quem classifique como um gênero híbrido, “science-fantasy”.
Pern é como é chamado por seus colonos o terceiro planeta a partir de Alfa Sagitário, localizada aproximadamente a 182 anos-luz de nós.
Ocorre que no sistema estelar de Pern, a “Estrela Vermelha”, um planetoide que cruza com sua órbita aproximadamente a cada 50 anos, arrasta consigo uma forma de vida sob a forma de fungos que, atraídos pelo campo gravitacional de Pern, acaba caindo no próprio planeta. Os “Fios”, como são chamados, devoram o que for de orgânico pela frente, e fogo é a melhor opção contra eles.
Sob esta ameaça, os colonos levam a orientar a tecnologia que dispõem para sobreviver, antes de mais nada, o que leva, assim como a redução dos sobreviventes, a uma queda na tecnologia e ciência como um todo, ainda que leve à descobertas e invenções próprias: e a mais marcante é a evolução guiada de uma raça similar a grandes lagartos nativa de Pern em dragões cuspidores de fogo, com inteligência desenvolvida e um elo telepático desde o nascimento com seus futuros cavaleiros.
A sociedade é refeita em fortificações independentes mais ou menos isoladas, e seus governantes começam a ser chamados por títulos de nobreza, reinstaurando uma sociedade feudal, porém em um mundo de características próprias, tanto sociais quanto tecnológicas: telégrafos, lança-chamas e fertilizantes químicos podem ser encontrados, além da genética necessária para gerar dragões, que são tratados por especialistas que lembram haras ou canis, sempre tentando uma nova subvariação cruzando estes e aqueles indivíduos com tais e tais características.
Os romances abarcam gerações e épocas diferentes, com até séculos de História entre os livros; o que ainda ajuda a caracterizar essa obra como “romance planetário”, que a futuro discutiremos por aqui.
Tudo isso, e ainda mais, é explicado antes da história propriamente dita começar, nos livros da série, tentando familiarizar o leitor iniciante que, desavisado, tenha caído por aquelas páginas: e isso, hoje em dia, é tido como um erro.
Brandon Sanderson (autor conhecido no Brasil pela saga “Mistborn”), em um vídeo de suas aulas sobre escrita, falando sobre worldbuilding, conta que por uma época foi moda entre editores americanos de Fantasia e Ficção Científica dispor o equivalente dos Apêndices de “O Retorno do Rei” – descrições e detalhamentos históricos e culturais do cenário onde se passa a história – como prólogo, antes do relato em si. Isto logo se provou cansativo para a maioria dos leitores, querendo logo uma história. Hoje em dia isto é deixado para o texto e aos poucos, mas não deixo de imaginar que, para séries longas como essa, uma informação concentrada (esteja onde estiver) não seria bem-vinda para leitores novatos que caem de paraquedas em algum livro já adiante na cronologia: eu mesmo fui apresentado a esta série por “Moreta de Pern”, com a obra adiantada a tal ponto que a história se passa em um período anterior ao que já havia sido publicado.
Dos 23 romances, dez deles saíram em português pela Colecção Argonautas, a coleção portuguesa de pockets que fãs de há algum tempo aqui no Brasil de FC e Fantasia bem conhecem.
Há tempos adaptações para as telas são discutidas, mas nada sólido até agora. Aguardemos, pois.
Semana que vem, um mundo construído de autoria brasileira.
Luiz Felipe Vasques
5/09/19
Links externos (em inglês):
Na wiki:
Alfa Sagitário
Brandon Sanderson sobre worldbuilding. Há legendas em inglês automáticas, como tal têm que ser tidas com cuidado.
Relação dos livros, por ordem cronológica de seu mundo: