Um planeta igual, mas diferente
Durante a semana passada, eu ouvi no rádio um radialista falar da nova descoberta feita pelo telescópio espacial Kepler: um planeta fora do sistema solar parecido com a Terra. O comentarista aproveitou o mote para viajar na imaginação e pensar numa viagem de férias até um planeta como este. Felizmente, ele fez bem o dever de casa e leu o resto da notícia. O tal planeta é rochoso e tem uma massa entre uma e duas massas terrestres. Pronto, acabou a semelhança. Ele se move muito, mas muito perto mesmo do seu sol. A consequência disto: a temperatura fica entre 1.500 e 3.000 graus centígrados. Ou seja, o tal planeta “parecido com a Terra” é mais parecido sim com um inferno onde chumbo derrete e escorre. Rios de metal derretido e nada água líquida em lugar algum.
Além disso Kepler-78b fica muito longe: 700 anos-luz. Lembrando que um ano-luz é a distância coberta por um raio de luz se movendo durante um ano. Isto dá mais de nove trilhões de quilômetros. A velocidade da luz é estupidamente grande: mais de um bilhão de quilômetros por hora. Até onde se sabe da física atual, é o limite de velocidade do nosso universo. Nada pode se mover tão rápido. Mesmo assim nenhum veículo humano já chegou nem perto disso. Resumindo: não dará pra visitar Kepler-78b tão cedo. Ainda bem; é um lugar nada aprazível.
É chato ter que ser “pé no chão” e desfazer os sonhos de muitos. Entretanto, ainda não existe tecnologia para observar diretamente, com toda certeza, um planeta igualzinho à Terra. Mas quem sabe, em breve, surjam equipamentos e técnicas que possam realizar tal proeza.