Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...

Sempre ativado

Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.

Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.

OS MUITOS FRANKENSTEINS

Nesta nova fase da página do Planetário, nosso cantinho é das Sextas de Sci-Fi, onde toda sexta-feira nós fechamos a semana falando da Ficção-Científica, em seus vários vieses, expressões e ideias.

Hoje temos uma convidada, a tradutora e pesquisadora de literatura Ana Resende, falando sobre a história que, de acordo com muitos, é a primeira obra de Ficção Científica já escrita: Frankenstein ou o Prometeu Moderno, de Mary W. Shelley. Suas pesquisas levaram a analisar a “herança” de Frankenstein no Século XIX e início do XX, e a análise a seguir é parte desta reflexão.

Depois de dezenas de adaptações, muita gente tende a se lembrar mais de Frankenstein pela clássica cena do filme de 1931 do que pelo livro propriamente dito, Frankenstein ou o Prometeu Moderno. No filme, o cientista Victor Frankenstein grita, tal qual um louco, “It’s alive! [Está vivo!]” e comemora o resultado de seus esforços em trazer à vida a sua criatura.

No entanto, quem leu o livro de Mary Shelley, sabe que tal cena jamais existiu no livro e também deve se lembrar que, apesar de seu propósito em reviver a matéria morta, o erudito Victor Frankenstein nada tinha de cientista louco.

Após mais de 200 anos desde a sua publicação, as histórias sobre o que levou Mary Shelley a escrever o livro que lhe traria fama são bastante conhecidas: o contato precoce com a literatura europeia, o ano sem verão de 1818, a visita ao poeta Byron na Suíça, a aposta entre os visitantes, mas aqui vou me concentrar no personagem de Victor Frankenstein e destacar o que ele diz sobre a própria Mary.

Para começo de conversa, como já comentei, o erudito da versão de 1818 dá lugar nas décadas seguintes ao cientista louco e entra para o imaginário popular graças ao filme dos anos trinta, inspirado na peça Frankenstein: An Adventure in the Macabre [Frankenstein: uma Aventura no Macabro], escrita pela também inglesa Peggy Webling.

E, apesar de ser um “homem de ciência” – como eram chamados os “cientistas” da época, pois o termo “scientist” só seria cunhado décadas depois -, Mary Shelley é pouco específica em relação à pesquisa de Victor, e descreve brevemente as fontes nas quais ele vai buscar conhecimento.

Apesar de sucintos, seus comentários sobre os estudos do jovem são fundamentais não só para a história da literatura mundial, mas também para a história da ciência (e não foram poucos os cientistas que se debruçaram sobre o livro).

E é aí que Frankenstein ou o Prometeu Moderno se diferencia de tudo que foi escrito antes (de um Fausto, por exemplo, que recorre ao diabo para obter conhecimento ilimitado) ao mostrar o empenho de Victor Frankenstein em acumular conhecimento, e o resultado de seu esforço: a criatura sem nome (que posteriormente passou a ser identificada pelo sobrenome de seu criador, Frankenstein).

A criatura de Victor é resultado tanto de suas pesquisas sobre o conhecimento antigo quanto do estudo das modernas técnicas de sua época.

E foi assim que um livro cujo tema envolvia nada menos que reviver os mortos, e incluía doses das discussões científicas da época, além de pinceladas de literatura clássica, tornou-se a tal ponto fundamental para o imaginário contemporâneo acerca da ciência que muitos, não sem razão, o consideram a obra fundadora da ficção científica tal como a conhecemos.

Apesar da falta de detalhes sobre a pesquisa de Victor Frankenstein, sabe-se que à época Mary tinha uma variedade de informações científicas à sua disposição, sobretudo, pela popularidade dos cientistas itinerantes, que se apresentavam em feiras e parques de diversões, como era o caso de Giovanni Aldini, sobrinho do italiano Luigi Galvani.

Aldini pretendia, com o uso da galvanoterapia, evitar o fim prematuro da vida, e chegou a realizar experimentos para reanimar condenados à morte por enforcamento.

O uso das técnicas de choque era bem popular naqueles anos. Falava-se até em aparelhos portáteis para que as crianças aprendessem desde cedo a importância da eletricidade, e o clima era de otimismo em relação às realizações da ciência.

Mas ao narrar a trajetória de Victor Frankenstein, Mary também alerta para as implicações éticas e morais de seu experimento. E não à toa o termo “frankenstein” ainda hoje é usado para se referir a algo que deu errado ou saiu dos planos.

Ana Resende

***

Ana Resende ainda cuida de uma coleção digital à venda na Amazon, intitulada “Prosa na Veia”, reunindo contos de horror e ficção científica inéditos ou pouco conhecidos.

Para contatar Ana Resende:

Link do perfil no Facebook: https://www.facebook.com/hoelterlein

Coleção digital “Prosa na Veia”: http://amzn.to/2PflKFG

Deixei um comentário