O Guia do Mochileiro das Galáxias
Douglas Adams (1952 – 2001) foi um escritor e roteirista inglês, mais conhecido por sua principal obra, “O Guia do Mochileiro das Galáxias” (1979). Foi ainda um ensaísta, dramaturgo, satirista e, claro, humorista. Antes do estrelato, teve uma carreira instável no início, tendo que trabalhar em uma série de empregos variados: atendente hospitalar, construtor de celeiros e limpador de galinheiros. Chegou a ser contratado como guarda-costas de uma família milionária do Qatar. Porém, jamais esteve longe de sua vocação, a escrita, nunca dela desistindo.
“O Guia…” começa como uma comédia de rádio pela BBC londrina em 1978. Desde então foi adaptado para diversos outros formatos: apresentações em palco, romances, quadrinhos, uma série de TV, games, um filme (2005) – além de mais séries de rádio.
De todos os seus desdobramentos no que hoje em dia se convém por transmídia, os livros certamente são os mais famosos. A “Trilogia do Mochileiro” constitui de 4 5 6 livros: além do Guia, “O Restaurante no Fim do Universo” (1980), “A Vida, o Universo e Tudo Mais” (1982), “Até mais, e Obrigado pelos Peixes!” (1984) e “Praticamente Inofensiva” (1992). Mas Adams pensou que “Praticamente Inofensiva” era meio sombrio demais para ser o término da série e, pretendendo encerrá-la em um tom mais leve, pensou em mais um livro para a Trilogia. Infelizmente, veio a falecer antes de completá-lo, cabendo ao autor Eoin Colfer escrevê-lo (conhecido no Brasil por ser o autor dos livros da série “Artemis Fowl”), baseado em suas notas: “E Tem Outra Coisa…” (2009) foi editado sob as bençãos da viúva de Adams, Jane Belson, gerando ainda para o rádio uma sexta série.
O primeiro livro é sobre quando a Terra é destruída para que um atalho hiperespacial pudesse ser construído por uma raça alienígena de burocratas do espaço, os Vogon. Um outro alienígena, um autêntico mochileiro de nome Ford Prefect – colaborador do próprio Guia – acaba resgatando Arthur Dent, inglês, logo antes da destruição da Terra, tornando-o o último homem vivo. Em suas andanças galáxia afora, acabam encontrando a última mulher da Terra, Trillian, resgatada seis meses antes – e que Arthur havia conhecido em uma festa. Com o grupo estão ainda o Presidente da Galáxia, Zaphod Beeblebrox e Marvin, o Androide Paranoico. A partir daí, vão em uma viagem que acaba esbarrando em questões como o significado da Vida, do Universo e Tudo o Mais – e o que é necessário, de verdade, para se obter a resposta.
Sempre lançando mão do Guia; considerado por muitos como o repositório padrão do conhecimento e sabedoria do universo, havendo inclusive suplantado em vendas a Enciclopédia Galáctica – apesar dos erros escabrosos (e potencialmente letais) que possa conter, pois é ligeiramente mais barato e vem com um amistoso aviso com letras grandes na capa de NÃO ENTRE EM PÂNICO.
Os livros que se seguem contam de aventuras não só no espaço, mas também pelo Tempo, e lá pelas tantas abarcam o conceito do multiverso – igualmente, os personagens vão descobrindo não só sobre a natureza das coisas mas esbarrando em conspirações por trás de tudo…
O humor na obra de Adams às vezes o levava a ser comparado com Terry Pratchett (1948 – 2015), autor da série de humor em Fantasia “Discworld”. Neil Gaiman, ninguém menos, de Adams tinha o amigo como fonte de inspiração em sua carreira.
Ele era um futurista, comprando computadores para editar seus textos já em 1982, e a primeira pessoa a comprar um Mac na Europa, tornando-se um porta-voz da Apple. Seu trabalho póstumo, “O Salmão da Dúvida” (2002), também reúne vários artigos publicados sobre tecnologia, da qual era um entusiasta.
Também era ativista ecológico, fazendo campanha por espécies ameaçadas, escrevendo livros e produzindo a série de rádio (não-ficção) a respeito do assunto “Última Chance de Ver” (em tradução nossa), que em 1992 se tornou um aplicativo multimídia em CD-ROM. Suas campanhas incluíram arrecadação de fundos por espécies de gorilas e rinocerontes.
Sua obra alcança dezenas de trabalhos, entre romances, roteiros, contos, etc. Parece ter tido uma carreira um pouco instável no início, mas sempre divertida: escreveu para o “Monty Python Flying Circus” (e atuou na 4a. temporada) e outras comédias na TV, e ainda alguns arcos para o “Doctor Who” de Tom Baker, tendo ainda criado “Dirk Gently’s Holistic Detective Agency” (1987, que em anos recentes virou série pela Netflix, com Elijah Wood).
E o motivo que estamos segurando Júpiter até semana que vem e interrompendo a série dos Nossos Astros na Ficção Científica com tudo isso é que amanhã, sábado, dia 25 de maio, comemora-se mais um Dia da Toalha: dia que comemora o preparo que um autêntico Mochileiro das Galáxias possui ao sempre ter uma toalha em sua mochila, o item mais versátil possível que ele pode dispor, não interessa a situação. E porque 25 de Maio de 2001 foi o dia escolhido por fãs na Inglaterra, duas semanas após o falecimento de Adams, para lembrar dele e de sua obra. Assumindo um vulto maior, é também o Dia do Orgulho Nerd internacional, data compartilhada ainda com a celebração de “Discworld” (The Great 25th) e com o 4 de Maio (May the 4th: dia de “Star Wars”).
Nosso adeus, Douglas Adams. E muito obrigado por todas as risadas.
Luiz Felipe Vasques
22/05/2019
Links Externos:
https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Adams http://www.towelday.org/