O Corvo e a Taça
O Corvo e a Taça são duas constelações muito pequenas e também muito antigas, elas aparecem nas lendas gregas desde 500 a.C. (antes de Cristo) e no famoso livro Almagesto do século II. No céu, elas são vizinhas uma da outra e podemos encontrá-las entre as constelações da Virgem e da Hidra, bem acima de nossas cabeças ao olhar para as estrelas, no começo das noites de outono. Porém, apenas o Corvo é fácil de achar, pois tem algumas estrelas brilhantes. Já a Taça possui estrelas bem fraquinhas, de difícil localização, ainda mais nas cidades grandes, onde a poluição luminosa atrapalha muito a observação do céu.
Um grupo de quatro estrelas mais brilhantes dá a forma do Corvo: a mais brilhante se chama Gienah (que significa asa); Kraz (o som de um corvo); Algorab (o corvo); e Minkar (bico do corvo) completam o conjunto. A Algorab é uma estrela bem interessante de se olhar com um telescópio porque conseguimos ver que, na verdade, são duas estrelas, uma perto da outra. A olho nu só conseguimos ver as duas juntas.
A mais brilhante da constelação da Taça é menos brilhante que qualquer uma das quatro do Corvo, e ela se chama Labrum (que significa a borda da taça). Ainda temos a Alkes (taça de vinho) e Al Sharasif (as costelas, em referência à Hidra) que possuem nomes próprios.
Várias lendas foram contadas com o Corvo e a Taça. Algumas diziam que a Taça pertencia ao deus Baco. Mas uma das lendas mais conhecidas envolvia as duas constelações. Diziam os contadores de histórias que o Corvo era a ave sagrada de estimação do deus Apolo, possuía brilhantes penas brancas e podia conversar com os humanos. Um dia, Apolo pediu ao Corvo que fosse buscar água em uma fonte muito, muito distante e deu à ave sua Taça. Mas, chegando ao seu destino, encontrou uma figueira. A árvore estava recheada de figos e o Corvo pousou nela e aguardou alguns dias para que os frutos amadurecessem. Quando foi pegar a água com a Taça, o Corvo avistou uma cobra d’água (a Hidra) e pensou em usá-la como desculpa pelo seu atraso. Porém, ele se esqueceu que Apolo tinha o poder de ver a mentira e ficou muito furioso com a ave. Como castigo, Apolo escureceu suas penas e tirou seu poder de conversar com os humanos, transformando os três em constelações e ordenando que a Hidra nunca deixasse a ave chegar perto da Taça e bebesse a água, condenando o Corvo a ficar com sede para sempre.