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Coluna do Astrônomo

Lixo espacial alcança ‘ponto crítico’, advertem cientistas

 

Comentário de Luis Guilherme Haun, astrônomo da Fundação Planetário, sobre “Lixo espacial alcança ponto crítico”

Lixo sempre foi e será um grande problema, tanto na Terra quanto no espaço. Na Terra este lixo entope os bueiros, se desloca para os rios e provoca grandes enchentes nas cidades, além de poluir a água potável, que já não é tão abundante. A questão por aqui passa pela educação.

No espaço, o problema do lixo é um pouco diferente e vem se agravando cada vez mais. Desde o primeiro satélite lançado, o Sputnik, em 1957, o homem já colocou em órbita da Terra centenas de objetos de grande importância. São satélites de comunicação, de previsão do tempo etc. Até aí tudo bem: eles nos ajudam muito. Mas e o que dizer das peças que porventura se perdem em missões espaciais? E aqueles que foram destruídos por uma colisão ou saíram de órbita e hoje estão desgovernados? Este é o lixo espacial.

E as coisas só tendem a piorar, pois os países que detêm o poder no espaço, na grande maioria, estão passando por uma crise financeira (talvez a esperança esteja na China, mas será que eles estão no caminho certo?). Isso pode comprometer a solução do problema. Mas a questão é urgente, colocando em risco novas viagens espaciais, tripuladas ou não. O risco de uma colisão é iminente, tantos são os pedaços espalhados ao redor da Terra. E um pequeno parafuso em órbita da Terra, por exemplo, tem um poder de destruição muito grande, pois está a uma grande velocidade.

Torna-se necessária uma união de diversas nações para sanar a questão, mudando, se necessário, a legislação que trata dos direitos espaciais em prol de um bem maior. Projetos existem, não são baratos, é verdade, mas devem ser levados adiante o quanto antes, para evitar que paguemos um preço alto demais!

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Coluna do Astrônomo

Descoberta de água em Marte reacende discussão sobre existência de vida

 

As descobertas feitas por sondas e robôs exploradores em Marte têm causado surpresa. A última delas, feitas pela Mars Reconnaissance Orbiter, revelou os primeiros indícios de que existe água em estado líquido no planeta vermelho. Essas evidências reacenderam a discussão sobre a existência de vida em nosso vizinho.

Para o astrônomo da Fundação Planetário, Luis Guilherme Haun, a possibilidade de existir água líquida em Marte é um fato importante e promissor para os estudos futuros sobre o planeta.

“Há mais de 15 anos que sabemos que há água em Marte. Mas é a primeira vez que temos um indício forte de encontrá-la em estado líquido. O próximo passo, agora, é buscar se há vida em Marte”.

Haun acredita que, no passado, pode ter havido vida em Marte. Mas ele considera, uma vez que ainda não há provas, que não da mesma maneira que na Terra, pois as condições do planeta vermelho só permitiriam formas de vida microscópicas.

“Não haveria condições, por exemplo, de um ser humano viver em Marte. O planeta não tem uma atmosfera como a da Terra, capaz de proteger-nos dos raios infravermelhos e ultravioletas do Sol. Além disso, o ar é muito rarefeito e as temperaturas são, de uma forma geral, baixas”.

A próxima missão da Nasa para Marte está programada para 25 de novembro. Neste dia, a agência espacial americana vai enviar o robô Curiosity, que vai coletar informações que permitirão o estudo da história geológica do planeta e entender como um local com água e possibilidade de ser habitado se transformou em uma terra seca e ácida.

 

 

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Coluna do Astrônomo

INPE completa 50 anos de serviços prestados ao país

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) completa 50 anos hoje. Em 3 de agosto de 1961, inspirado na histórica viagem do cosmonauta soviético Yuri Gagarin ao espaço, o presidente Jânio Quadros assinava o decreto que criava uma espécia de “Nasa brasileira”.

Passadas essas cinco décadas, o INPE, com sede em São José dos Campos (SP) e com outras 11 unidades espalhadas pelo país (Belém, São Luís, Eusébio-CE, Natal, Cuiabá, Brasília, São Martinho da Serra-RS, Santa Maria-RS, Cachoeira Paulista-SP, Atibaia-SP e São Paulo) trabalha em parceria com agências espaciais da Europa, América, Ásia e África e é o responsável pelo desenvolvimento de satélites que monitoram o território nacional. O instituto também trabalha com meteorologia e previsão do tempo.

Além de satélites, o INPE é responsável por testar equipamentos presentes no dia-a-dia de todos. No Laboratório de Integração e Testes (LIT), por exemplo, são feitos testes que verificam a radiação emitida por telefones celulares, máquinas de cartão de crédito e até mesmo veículos, como carros e ônibus.

Apesar de todos esses trabalhos de suma importância para o país, o INPE comemora meio século de existência em volta a problemas e incertezas. O principal deles é a falta de mão-de-obra qualificada, fundamental para dar continuidade aos projetos em desenvolvimento.

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À procura de novos mundos – Trânsito

O trânsito de um planeta ocorre quando ele passa na frente do disco estelar e cobre uma parte da estrela. Desta forma, o brilho da estrela diminui e o planeta pode ser identificado. É como se estivesse ocorrendo um eclipse, mas em pequenas proporções, pois o planeta escurece uma parte muito pequena da estrela, mas, em alguns casos, o suficiente para ser detectado.

Esquema do trânsito de exoplaneta em frente da estrela (em cima). Curva de luz do exoplaneta XO-5b (em baixo). Crédito: João Gregório.

O grau de obscurecimento permite estimar o raio e a massa do corpo celeste. Mas são necessárias outras observações de trânsitos para se confirmar a existência de um exoplaneta. Isso pode ser demorado, dependendo da órbita do planeta. Se ele estiver distante da estrela pode-se levar anos para voltar a passar novamente na frente do disco estelar. Outra dificuldade encontrada é que a órbita planetária pode não estar em nossa linha de visão, impossibilitando a observação do trânsito.

Esta técnica sozinha não faz milagres. Ela é eficiente para encontrar candidatos a planetas. Mas precisa da ajuda de outras técnicas para a sua confirmação. Podemos ter uma noção desta dificuldade tomando como parâmetro um estudo feito pelo Observatório Europeu do Hemisfério Sul – ESO, localizado no Chile, com quatro mil estrelas. Destas, 40 tinham diminuição do brilho, mas apenas um planeta foi confirmado com a ajuda de outros métodos.

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À procura de novos mundos

“A C.B.S. interrompe seu programa para anunciar aos ouvintes que um meteoro de grandes dimensões caiu em Grovers Hill, no Estado de Nova Jersey, a algumas milhas de Nova York”. Marcianos haviam invadido a Terra. O pânico estava instalado: pessoas se despediam dos familiares por telefone, rezavam e choravam. Ambulâncias e polícia foram acionadas. Ninguém sabia o que fazer para se defender de uma destruição em massa. O fim dos tempos estava chegando!

Esse caos todo ocorreu em 30 de outubro de 1938. Foi uma brilhante interpretação de um clássico da literatura de H. G. Wells transformado em uma novela radiofônica sobre uma invasão alienígena e que levou pânico à população norte-americana. Sons de tiros e pessoas gritando deram à encenação um tom de realismo incrível.
Ainda não temos certeza se Marte possui vida, mas se ela se mostrar presente será na forma microscópica. Mas a procura por seres alienígenas (aqui falo de seres inteligentes) sempre ocupou o imaginário popular e o científico. No campo da ficção, vários filmes foram feitos a respeito. Já a ciência, especificamente a Astronomia, empenha esforços na procura de planetas iguais à Terra e até sinais de vida, através do projeto SETI.

O primeiro pronunciamento da descoberta de um planeta extrassolar foi feito em 1989. O planeta estaria orbitando uma estrela de nêutrons! Já em 1995, astrônomos europeus detectaram, ao redor de uma estrela da sequência principal – 51 Pegasus, um planeta, o que animou toda a comunidade científica. Desde então, já foram descobertos  cerca de 500 planetas orbitando outras estrelas que não o Sol (ver em http://exoplanet.eu/). A grande maioria deles são gigantes, comparados ao tamanho e à massa de Júpiter e de Saturno. Poucos possuem massa mais próxima da Terra (o menor com três ou quatro vezes a massa dela foi descoberto neste ano, 2010) e começaram a ser revelados há pouco tempo, a partir do ano de 2004.

É difícil ver um planeta diretamente, ou seja, fotografado ou observado por algum telescópio. Isso se deve a dois fatores principalmente. Primeiro, os planetas estão muito próximos da estrela para serem separados angularmente por qualquer instrumento de observação. O segundo fator é que os planetas são objetos muito pequenos, não têm luz própria e refletem pouca luz. Isso faz com que a estrela ofusque com seu brilho a tênue imagem dos planetas.

Então surge uma dúvida: como saber da existência destes pequenos mundos? Nossa tecnologia ainda não é suficiente para observá-los diretamente, mas a ciência avança a passos largos. Atualmente, temos algumas maneiras de descobrir planetas extrassolares: velocidade radial, trânsito, microlentes gravitacionais, imagem direta, pulsar, disco de poeira e astrometria.
Nos próximos artigos, falarei mais detalhadamente destes métodos e seus resultados.

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Helios

No ano de 1868, o segundo gás mais abundante no Universo foi finalmente encontrado (o primeiro é o hidrogênio). E ele foi descoberto primeiro no Sol e não na Terra, como seria mais provável supor. Esse foi o motivo do seu nome: hélio. Em grego, Helios significa Sol, e nada mais justo do que homenagear o nosso astro rei.

Na atmosfera da Terra, o hélio é raro (cerca de 0,0005%), e por isso ele não foi encontrado rapidamente. Somente mais de 10 anos depois de sua descoberta no Sol, confirmou-se a sua presença em minerais terrestres.

No dia 16 de agosto de 1920, um dos descobridores, Joseph N. Lockyer, que sugeriu o  nome de hélio, faleceu. Ele fundou, e foi o primeiro editor, do jornal britânico de ciências de grande prestígio internacional: Nature.

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Salve a tecnologia!

As invenções do telescópio e do computador trouxeram ganhos para várias profissões. E a Astronomia foi uma das ciências que mais lucrou com isso. Mas… como era antes disso tudo? Como faziam os astrônomos há pouco mais de 400 anos?

Relendo um livro interessantíssimo sobre a história da Astronomia, O despertar na Via Láctea, de Timothy Ferris, me deparei com uma narrativa de um infortúnio ocorrido com um astrônomo francês, ainda no século XVIII. O leitor poderá perceber que trabalhar com Astronomia, pelo menos em épocas passadas, pressupunha um grande amor pelo ofício. Muitas vezes tinha-se que abdicar de tudo ou quase tudo.

Tomo a liberdade de transcrever um pequeno trecho deste livro que relata uma tentativa de observar o trânsito de Vênus (a passagem de Vênus na frente do disco solar).

Menos afortunado de todos foi Guillaume Le Gentil, que partiu da França a 26 de março de 1760, planejando observar o trânsito do ano seguinte na costa leste da Índia. Monções desviaram o curso do navio e o dia do trânsito o encontrou enfrentando uma calmaria no meio do oceano Índico, incapaz de qualquer observação útil. Disposto a redimir a expedição com a observação do segundo trânsito, Le Gentil marcou passagem para a Índia, construiu um observatório no alto de um paiol obsoleto em Pondicherry, e esperou. O céu permaneceu maravilhosamente claro durante todo o mês de maio, para encher-se de nuvens a 4 de junho, a manhã do trânsito, clareando de novo tão logo o fenômeno terminou. Escreveu Le Gentil:

Passei mais de duas semanas numa depressão singular e quase não tive coragem de pegar uma pena para continuar meu diário. E por várias vezes ela me caiu das mãos, quando chegou o momento de informar à França o destino de minha operação… É essa a sorte que com freqüência espera os astrônomos. Eu tinha viajado mais de dez mil léguas; parecia que tinha atravessado tamanha extensão de mares, exilando-me de minha terra natal, apenas para ser espectador de uma nuvem fatal que se colocou frente ao Sol no preciso momento da observação, para me privar dos frutos de minhas dores e minhas fadigas.

O pior ainda estava à sua espera. Atacado pela disenteria, Le Gentil ficou na Índia mais nove meses, de cama. Reservou então passagem de volta a bordo de um navio de guerra espanhol que perdeu o mastro num furacão ao largo do cabo da Boa Esperança e foi arrastado para fora de seu curso, para o norte dos Açores, até entrar finalmente, com dificuldades, no porto de Cádis. Le Gentil atravessou os Pirineus e pôs finalmente o pé em solo francês, depois de 11 anos, 6 meses e 13 dias de ausência. Ao chegar a Paris ficou sabendo que tinha sido declarado morto, sua propriedade fora saqueada, e o que dela restou, dividido entre seus herdeiros e credores. Renunciou à astronomia, casou-se e retirou-se para escrever suas memórias…

Salve a tecnologia, que nos livrou de tantos infortúnios!

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Eclipses

Por Fernando Vieira (fernando.vieira@planetario.rio.rj.gov.br) e Luis G. Haun (luis.haun@planetario.rio.rj.gov.br)

Por que Ocorrem Os Eclipses?

Os eclipses ocorrem quando o Sol, a Lua e a Terra estão alinhados. Este alinhamento só acontece em condições especiais, porque a órbita da Lua ao redor da Terra está inclinada aproximadamente cinco graus em relação à órbita da Terra em torno do Sol.

Os eclipses, então, só se dão nos momentos em que a Lua, nas fases cheia e nova, cruza a órbita da Terra. No primeiro caso, temos o eclipse lunar e no segundo, o eclipse solar.

Os desenhos não estão em escala

Eclipses da Lua – Ocorrem quando a Terra bloqueia a luz solar, impedindo que esta atinja nosso satélite. Mesmo na totalidade, ainda podemos ver a Lua que, nesse momento, adquire um tom avermelhado ou alaranjado. Isso se deve aos raios solares, que atingem a atmosfera da Terra e espalham-se, iluminando nosso satélite. Nessa situação, só a luz vermelha consegue atravessar a espessa atmosfera e atingir a Lua.

Eclipses do Sol – Ocorrem quando a Lua passa entre a Terra e o Sol. A Lua e o Sol apresentam quase o mesmo diâmetro angular. Mas como as distâncias entre estes astros e a Terra variam, os seus tamanhos angulares também variam, de modo que ora o Sol é angularmente maior, ora a Lua. Então um eclipse que ocorra no segundo caso, a Lua encobrirá totalmente o disco solar; é o eclipse total. Já no primeiro caso restará, na fase máxima, um pequeno anel; é o eclipse anular.

Nos eclipses totais, o observador tem oportunidade de ver as estrelas mais brilhantes, além de planetas. Contudo, o mais espetacular é a observação da coroa solar, um halo luminoso, em geral não uniforme, que aparece em torno do Sol e alcança temperaturas superiores a um milhão de graus.

Tanto os eclipses solares como os lunares podem ser parciais quando, mesmo na fase de maior encobrimento, resta ainda uma parte não eclipsada.

Os eclipses totais do Sol só são observados em uma pequena faixa. Fora dessa região os eclipses aparecerão, no seu auge, ainda parcialmente. Dependendo da posição do observador, ele pode mesmo não presenciar o eclipse, embora com o Sol acima do horizonte. Já com o eclipse lunar isso não acontece. Como ele ocorre por causa da sombra da Terra, independe da posição do observador; basta que a Lua esteja acima do horizonte para ele ser visível.

A totalidade dos eclipses solares é de no máximo sete minutos; já nos eclipses lunares a totalidade pode durar 1 hora e 40 minutos.

Durante a parcialidade, a observação do Sol só pode ser feita com o uso de filtros apropriados. Sem essa proteção corre-se o risco de ocorrerem danos irreparáveis aos olhos.

O número de eclipses durante um ano pode variar de quatro a sete, incluindo os solares e lunares.

As fotos abaixo foram tiradas pela equipe da Fundação Planetário:

Eclipse Anular – 10/08/1980 – Nioaque/MS
Autores: Fernando Vieira e Rundsthen V. de Nader

   

Esta última lei é um caso particular da lei da gravitação universal de Newton.

Principais Características dos Astros do Sistema Solar


Eclipse Total – 11/07/1991 – Formoso do Araguaia/TO
Autores: Fernando Vieira e Francisco Bolivar Carneiro

   

 

Eclipse Total – 30/06/1992 – Atlântico (lat: 26º 38’S; long: 30º)
Autor: Fernando Vieira

Eclipse Anular – 29/04/1995 – Belém/PA
Autores: Domingos Bulgarelli e Gladys L. Vieira

Eclipse Total – 26/02/1998 – Maracaibo/Venezuela
Autores: Fernando Vieira e Jorge M. dos Santos Junior

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Aspecto do Sol às 13h40min. As múltiplas imagens do Sol foram produzidas por vários orifícios em um anteparo (princípio da câmara escura) – Maracaibo/Venezuela
Autores: Fernando Vieira e Jorge M. dos Santos Junior

Como observar o Sol com segurança


ATENÇÃO: Para a observação do Sol são necessários alguns cuidados. A falta do uso de filtros causa danos irreversíveis aos olhos, podendo chegar à cegueira. Siga, portanto, as orientações abaixo:

A observação direta deve ser feita usando-se proteção para os olhos, como o filtro de soldador número 14.

Somente use binóculos ou telescópios se tiverem filtros apropriados.

Pode-se, também, observá-lo indiretamente como apresentado abaixo.

O nosso astro-rei é muito brilhante e vamos tirar proveito disto para efetuarmos a experiência. Usaremos, para isso, o princípio da “câmara escura”.

Use um pequeno espelho coberto por um papel preto em que foi previamente feito um furo de aproximadamente 4mm (se necessário cole o papel no espelho). Agora, projete a imagem refletida do Sol a uns 5 ou 7 metros de distância em um papel branco fixo em uma parede. Será conveniente apoiar o espelho em algum lugar para se obter uma imagem “imóvel”.

Somente na fase total de um eclipse solar (que neste não será visível do Brasil) é que se pode olhar diretamente para o Sol eclipsado.

Os eclipses lunares podem ser vistos diretamente, sem prejuízo para a visão. Com o auxílio de binóculos, lunetas ou pequenos telescópios, são captadas melhores imagens destes eclipses.

Leitura complementar: Histórias de Eclipses

Os eclipses foram os fenômenos celestes que mais preocupação e angústia trouxeram para as civilizações passadas e, até mesmo hoje, geram grande temor em alguns segmentos menos esclarecidos de nossa sociedade.

O homem da Antiguidade considerava o céu imutável. Quando ocorriam fenômenos como os eclipses ou mesmo a passagem de algum cometa, naturalmente ele julgava que os deuses estavam zangados ou que anunciavam tragédias, como guerra, fome ou a morte de algum rei.

Muitas vezes o eclipse era atribuído à ação de dragões, lobos, porcos ou serpentes que devoravam o Sol ou a Lua. Magos ou bruxos eram, então, convocados para expulsar os “monstros” ou os “maus espíritos”.

Chineses e indianos, temerosos, batiam panelas e faziam muito barulho para afugentar o monstro que, acreditavam, engolia o astro. Os romanos erguiam tochas para o céu, na tentativa de substituir a sua fonte de luz.

A previsão dos eclipses era, portanto, muito importante para os antigos. Diz-se que os chineses, há centenas de anos antes de Cristo, conseguiam calcular os eclipses. Segundo uma lenda, os astrônomos Ho e Hi colocaram em risco o Império por não terem previsto um eclipse. Por esta razão, foram imediatamente executados.

Muitas são as histórias acerca dos eclipses e suas conseqüências. Uma delas conta que, em 584 antes de Cristo, os hídios e os medos, povos que habitavam a Ásia Menor, estavam em guerra quando se deu um eclipse solar. Aqueles povos, supondo que o fenômeno se tratava de um sinal divino, logo buscaram negociar a paz.

Outra registra um episódio ocorrido durante as viagens de Colombo. Em 1504, ele e sua tripulação estavam quase morrendo de fome na Jamaica, porque os indígenas se recusavam a fornecer-lhes comida. Colombo tinha a informação de que ocorreria um eclipse da Lua naquela noite. Ameaçou, então, apagá-la, caso não lhes dessem alimentos. Quando o eclipse se iniciou, os indígenas prontamente atenderam ao pedido.

Os eclipses são, também, bastante úteis aos historiadores, pois, sendo eles registrados com freqüência pelos cronistas, podem servir para fixar a data de importantes fatos. Um bom exemplo para ilustrar esta idéia é a história da descoberta do ano da morte do rei da França, Luís – o Bom, o que, até há algum tempo, ninguém tinha conhecimento. Mas, em relato da época, foi mencionada a ocorrência de um eclipse total do Sol, visto na região algumas semanas antes da morte do monarca. Os astrônomos, então, concluíram que o falecimento ocorrera no ano 840 de nossa era.

Atividade: Construção de Um Simulador de Eclipses

O aparelho descrito a seguir possibilita demonstrar a ocorrência de eclipses solares totais, anulares e parciais. Seu funcionamento é muito simples. No desenho, vê-se o esquema de uma caixa de madeira onde há um furo de uns cinco centímetros que simulará o Sol. Pode-se encobrir o furo com um celofane amarelo; a fonte pode ser uma lâmpada de 25 watts com bulbo fosco. Uma bola de isopor de uns dois ou três centímetros representará a Lua, presa por um prego a um caibro. Aproximando-se ou afastando-se esta ripa do “disco solar”, serão produzidos eclipses anulares ou totais, respectivamente. Observando-se através dos furos (0,5 cm), teremos as diversas fases.

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Supernovas

Voltemos no tempo. Vamos, mais precisamente, para o século XI. Pela primeira vez se afirmou que a visão não era conseqüência da emissão de raios luminosos pelos olhos, e sim pela luz incidindo sobre eles. As guerras eram freqüentes entre povos sedentos por um domínio territorial cada vez maior, e a besta foi a primeira arma manual mecanizada. Os garfos começaram a ficar populares, pelo menos entre a aristocracia européia. A Astronomia ainda ia ter que esperar mais de 500 anos pela invenção do telescópio e sua utilização por Galileu, em 1610.

É neste cenário que um fantástico fenômeno celeste ocorreu causando espanto e admiração. Surge no céu uma estrela de brilho incomparável. Sua intensidade era tamanha que, mesmo durante o dia, com a presença do Sol, podia ser observada. Mais brilhante que Vênus, chamou a atenção de vários povos. Os chineses, há muito, estudiosos do céu, deixaram descrições detalhadas deste novo habitante da esfera celeste. Os índios norte-americanos também se manifestaram, deixando sua impressão sobre o fenômeno em rochas. Só em 1937 o astrônomo suíço Fritz Zwicky sugeriu o termo supernova para a explosão de estrelas.

A supernova de 1054, na constelação do Touro, pode ser vista por 23 dias durante o dia e durante à noite por mais de um ano. Imaginem a surpresa dos povos daquela época ao virem uma nova estrela no céu e com um brilho tão intenso. Talvez por não saberem explicar como isso poderia ter ocorrido numa esfera imutável, a esfera celeste, os europeus não tenham nos deixado nenhum registro de sua ocorrência.

Este fenômeno já era conhecido, apesar de sua explicação ser muito recente. Só na nossa galáxia, a Via Láctea, já foram registradas quatro supernovas, nos anos de 1006, 1054, 1572 e 1604.

A supernova de 1006 foi a mais brilhante de todas e os chineses a observaram por cerca de dois anos. O que restou da supernova de 1054, a nebulosa do Caranguejo, é um dos objetos mais estudados. Tycho Brahe, em 1572, descobriu uma supernova, imortalizada pelo escritor Euclides da Cunha com o nome de Peregrina, no artigo “Estrelas Indecifráveis”, de 1909.

A última supernova visível em nossa galáxia foi a de 1604, também conhecida como supernova de Kepler.

Por serem muito brilhantes, as supernovas são visíveis em galáxias distantes. Pelo menos uma dúzia delas são observadas todo ano. Cálculos estatísticos nos levam à ocorrência de uma supernova por século em cada galáxia. A nossa, portanto, está com um débito de 400 anos.

A supernova mais próxima de nós, desde que desenvolvemos uma tecnologia avançada (com a construção de potentes telescópios e técnicas de observação), ocorreu no ano de 1987, numa galáxia satélite à nossa – a Grande Nuvem de Magalhães. A luz desta explosão deixou sua origem há 170.000 anos, época em que os mamutes peludos dominavam os campos da Terra e o Homo Sapiens ainda não reinava absoluto.

Sabemos hoje que supernova é a explosão de uma estrela que possuía muitas vezes mais a massa do Sol. Essas estrelas massivas, com mais de dez massas solares, vivem muito pouco, alguns milhões de anos, e morrem de uma forma muito violenta, explodindo e lançando para o espaço um material rico em elementos pesados. Esses elementos podem encontrar nuvens de formação estelar e contribuir para a formação de sistemas planetários e são similares aos que encontramos na Terra.

Supernovas podem também ocorrer em sistemas estelares binários. Uma das estrelas pode estar capturando matéria de sua companheira e ficar com uma massa tão grande que acaba por explodir.

Esses fenômenos produzem duas categorias de objetos celestes: as estrelas de nêutrons e os buracos negros. Mas isso falaremos em outra oportunidade.

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Tugunska: 90 Anos de Um Mistério

Uma detonação nuclear, um buraco negro, um punhado de anti-matéria ou a ira de Ogdy, o deus do fogo. Estas foram algumas das mais improváveis teorias para explicar a grande explosão ocorrida em Tunguska, Sibéria, na manhã do dia 30 de junho de 1908.

Com uma potência 2.000 vezes maior que a bomba de Hiroshima, no Japão, o bólido deixou um rastro de destruição com cerca de 1.000 quilômetros quadrados de floresta queimados. Ao redor, árvores foram derrubadas totalizando 2.150 quilômetros quadrados de devastação.

A explosão ocorreu a uma altitude de 7,6 quilômetros e estima-se que sua massa era de 100.000 toneladas. Visível por vários povos, o fenômeno mudou a cor do céu por ocasião do nascer e do pôr do Sol, como ocorre quando um vulcão entra em erupção, deixando o céu avermelhado.

Erradamente alguns cientistas anunciaram que o fenômeno foi provocado por uma tempestade solar, causando distúrbios elétricos na atmosfera. A poeira suspensa na atmosfera criou halos em torno do Sol. Sismógrafos registraram tremores mesmo em regiões a 4.000 quilômetros de distância. Ondas de choque, na forma de ventos, provenientes da explosão, deram duas voltas ao redor da Terra. No leste da Sibéria e na Ásia Central foi possível ler um jornal à noite.

Somente em 1927, 19 anos após a ocorrência do fenômeno, a primeira expedição científica chegou ao local. A área que sofreu com a explosão foi toda mapeada e nenhum vestígio físico de algum objeto foi encontrado.

No total foram feitas 34 expedições à região de Tunguska. Nenhuma delas forneceu uma conclusão sobre que objeto foi aquele. Dúvidas ainda pairam sobre sua natureza. O mais provável é que tenha sido um cometa ou um asteróide.

O estudo da matéria impregnada nas árvores revelou a presença de cálcio, silicatos, ferro, níquel, dentre outros elementos. Esses compostos químicos estão presentes em alguns asteróides favorecendo esta teoria. Mas será que não restou nenhum fragmento? Para colocar ainda mais em dúvida esta teoria, foram encontradas altas concentrações de elementos voláteis, característicos de cometas. A questão ainda está longe de ter um desfecho.

Tunguska foi o único evento de “colisão” da Terra com um objeto celeste de grandes dimensões na história do homem civilizado. Certamente não foi o único na história da Terra, nem será o último. Só torcemos para que demore algum tempo.

Referência
Sky & Telescope, junho de 1994, p.38.