50 Anos – 2001: Uma Odisseia no Espaço
Lançado em 2 de abril de 1968, o filme de Stanley Kubrick (1928-1999) “2001, Space Odyssey” foi um marco no cinema mas, logo de cara, foi bem pouco compreendido. A quantidade de influências culturais deste filme é enorme. Podemos dizer que a ficção espacial nunca mais foi a mesma depois desta obra.
Cinema além da sua época
OBS: Se você não viu ainda, 50 anos é tempo suficiente para não valer a questão do spoiler.
“My god, it’s full of stars”
Quando o filme começou, o silêncio inicial incomodou muita gente. A primeira parte não tem nenhum diálogo. As sequências espaciais sem som e com música clássica também causaram estranheza pela sua lentidão. Depois de uma narrativa um pouco mais convencional, semelhante a um filme de suspense (com direito a vilão robótico com seu olho vermelho), a coisa se complica novamente. A misteriosa parte final é antecedida por uma sucessão alucinante de cores e pupilas dilatadas, lembrando uma “viagem lisérgica”. Teve gente até que saiu antes de acabar o filme, reclamando que não entendeu nada. Eu assisti quando era adolescente e fiquei com dor de cabeça, mas não desisti. O filme tem na sua origem o nome de nada mais nada menos que Arthur C. Clarke (1917-2008). O conto The Sentinel (1951), de Clarke, foi a semente de tudo. Kubrick e Clark escreveram juntos o roteiro inicial inspirado neste conto.
O contexto histórico em que surge o filme é o turbulento final do anos 60: Guerra Fria, Star Trek na TV, drogas, corrida espacial, primeiros computadores, avanços científicos e sociais. Não dá para esperar um filme bem comportadinho com uma história fácil e linear do tipo “o bem vence o mal e acaba com o temporal…”. As heranças visuais da obra continuaram por anos a fio: vários robôs malvados com olhos vermelhos e seres benevolentes translúcidos e azulados.
“Dave, my mind is going. I can feel it.”
O filme é cheio de metáforas e alegorias sobre tempo, vida, nascimento, morte e evolução. Eu diria que a palavra-chave é exatamente EVOLUÇÃO. O que explicaria o início com pré-hominídeos e o fim com um ser semidivino.
Naves do Filme
O visual das naves espaciais de “2001” marcaram uma virada no panorama dos filmes até então marcados por Star Trek e Flash Gordon. Destaque para as formas aerodinâmicas do Ônibus Espacial Orion III, que leva o cientista até a Estação Espacial V. O Transbordador Lunar Aries IB chama a atenção por sua forma esférica e os seus trens de pouso como uma aranha. A Discovery One, nave que leva os astronautas a Júpiter, guarda a mesma forma esférica na cabine. É neste local onde a gravidade artificial era mantida através de rotação, semelhante à Estação Espacial V. Os motores nucleares da Discovery One ficavam bem distantes da cabine, separadas dela por uma sequência de “vagões”, como se fosse uma composição ferroviária. Todas estas representações artísticas foram resultado de consulta com a NASA. Kubrick queria o máximo de realismo. As naves de Star Wars e Battlestar Galactica, que vieram depois, guardam a mesma textura complexa destas naves (tubulações, cúpulas, painéis e anteparas).
Algumas tentativas de explicar o filme:
- Sobre layout de naves ver: https://aosugo.com/2013/11/30/espaconaves-parte-1/
- Sobre naves de “2001”: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_spacecraft_from_the_Space_Odyssey_series#Aries_Ib