Usamos cookies em nosso site para lhe dar a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e repetindo visitas. Ao clicar em "Aceitar tudo", você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.

Visão geral da privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. T...

Sempre ativado

Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.

Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados especificamente para coletar dados pessoais do usuário através de análises, anúncios, outros conteúdos incorporados são denominados como cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.

WORLDBUILDING: A TERRA MÉDIA (O Alienígena)


Mundo em obras: mapa comentado da Terra Média entre Tolkien e a ilustradora Pauline Baynes.

Worldbuilding é o termo em inglês pra designar a prática da construção de mundos em narrativas fantásticas. Os exemplos mais antigos remontam à literatura, mas hoje em dia em entretenimento podemos ter ideia dele em qualquer mídia.

É a construção do cenário onde uma história se passa. Esse cenário pode ser topográfico, mas também histórico – e político, etnográfico, filológico, cosmogônico, tudo a depender tanto do envolvimento pessoal dos criadores quanto às necessidades finais junto ao público a que se destina. Se a história é como se fosse uma ou mais estradas por onde passam os personagens, da primeira à última página, o worldbuilding é como se fosse a paisagem que se vê ao fundo – o que NÃO significa que seja algo meramente decorativo: é, antes, algo que dá consistência ao mundo inventado, lançando alicerces profundos para construções mais significativas, em produtos posteriores mesmo em outras mídias.

O grande exemplo de construção de mundos em narrativas fantásticas que se possa pensar é a Terra Média de J. R. R. Tolkien, cenário para a trilogia de “O Senhor dos Anéis” (1954 – 1955), “O Hobbit” (1937) e outras obras.

Tolkien era um acadêmico, filólogo, profundo conhecedor da língua inglesa. Traduziu “A Saga de Beowulf”, poema épico no Inglês Antigo (início da Idade Média) para o moderno, sendo expoente da crítica literária acadêmica.

Dos idiomas e mitos antigos que a Terra Média se formou, e muito do que ocorre antes e ao redor do que está escrito nos livros citados, pode ser encontrado em uma obra póstuma: “O Silmarillion” (1977), editada por seu filho Christopher Tolkien com ajuda de Guy Gavriel Kay. “O Silmarillion” apresenta, daquele universo, a criação do mundo (cosmogonia), dos povos (antropogonia) através de uma narrativa de mito de criação (mitopoética); com seu próprio deus originador iniciando tudo com uma canção. Ele criou outros seres que ajudassem nesta canção primordial, e como um destes seres quis também criar algo próprio – e com o orgulho, a queda. Temos a história dos povos humanos, dos elfos e anões, as terríveis guerras que antecederam as duas primeiras Eras (os eventos de “O Senhor dos Anéis” se passam no fim da Terceira Era – depois do surgimento do Sol, bem entendido…), suas proezas heroicas à altura de desafios e oponentes terríveis, em um tom que dá a entender que tudo começa no mais épico e mítico possível até se tornar o mais material e mundano, ao longo de milhares de anos. Não bastasse os Apêndices ao fim do terceiro livro de “O Senhor dos Anéis”, “O Retorno do Rei”, com suas linhagens reais, idiomas, calendários, notas e histórias diversas.


The Return of the Shadow, The Treason of Isengard e The War of the Ring: títulos que nunca o foram.

Há também os 12 volumes póstumos de “The History of Middle-Earth” (1983 – 1996), porém falando sobre o processo criativo de Tolkien em si – há muitas versões escritas abandonadas, por exemplo –, em vez do que há na obra final.

Alguns poderão achar que tudo isso é um grande exagero, para o aproveitamento final que foi. Mas como foi dito acima, é uma questão de grau de envolvimento pessoal do autor, antes de mais nada: e quantas pessoas mais se viram fascinadas pelas possibilidades levantadas só nos já citados Apêndices, e quanta inspiração não é providenciada somente pelo grau de organização e detalhamento por trás da Terra Média? Quantas imagens nos surgem a cada parágrafo do “Silmarillion”, incitando a desejar poder ver mais, conhecer detalhes, ler uma história completa daquilo que estes parágrafos apenas resumem ou sugerem?


A Terra-Média vista do espaço, via Outerra Game Engine. 

A Terra Média não foi o primeiro, nem o único caso de worldbuilding. Mas, até agora, é o mais impressionante, pela profundidade, coerência e o quão evocativo nos consegue ser. Ainda veremos mais sobre o assunto, assim como casos e características do tema.

Luiz Felipe Vasques

Rio, 14/08/2019

Links externos:

Tolkien Gateway

http://tolkiengateway.net

Enciclopédia de Arda

http://www.glyphweb.com/arda/

Valinor

https://www.valinor.com.br/

Outerra

http://www.outerra.com/wfeatures.html

Deixei um comentário