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Coluna do Astrônomo Notícias

Novas luas colocam Júpiter como o recordista do Sistema Solar

No fim do ano passado as órbitas de 12 novas luas de Júpiter foram calculadas e publicadas, elevando o número de seus satélites para 92. Antes Júpiter possuía 80 e disputava com Saturno, que contabiliza 83, para ver quem seria o recordista do Sistema Solar.
Este diagrama mostra as órbitas das luas em torno de Júpiter: roxo para as luas galileanas, amarelo para Themisto, azul para o grupo Himalia, ciano e verde para Carpo e Valetudo, respectivamente, e vermelho para luas retrógradas distantes. (Nota: o número de luas neste diagrama não está atualizado.) Scott Sheppard
Porém, a busca por novas luas em Saturno pode destronar Júpiter em breve. Pequenos objetos, com tamanhos de até três quilômetros, podem ser oriundos de uma colisão que impediu a formação de uma lua maior de Saturno e ainda não foram devidamente rastreados. As chances de Saturno ser o planeta com o maior número de luas é grande.

Todas essas novas luas de Júpiter estão bem distantes, levando mais de 340 dias para completar uma órbita. Algumas foram capturadas pelo planeta, outras são restos de colisões e outras foram formadas onde se encontram hoje.

Algumas destas luas poderão ser alvo de pesquisa com missões programadas: a Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE) da Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para abril; a Europa Clipper da NASA, com lançamento previsto para o final do ano que vem; e uma missão chinesa sendo considerada para a década de 2030.
Embora não esteja atualizado com todas as 92 luas conhecidas de Júpiter, este diagrama, no entanto, ajuda a visualizar o agrupamento de luas por suas órbitas: as luas galileanas são as luas mais internas e massivas (roxo). As luas progressivas do planeta (roxo, azul) orbitam relativamente perto de Júpiter, enquanto suas luas retrógradas (vermelhas) estão mais distantes. Uma exceção é Valetudo (verde), um corpo em movimento progressivo que está longe. Carnegie Inst. para a Ciência / Roberto Molar Candanosa
Fonte: https://skyandtelescope.org/astronomy-news/astronomers-find-a-dozen-more-moons-for-jupiter/
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Coluna do Astrônomo Conteúdo científico Entretenimento

Leia Júlio Verne

Jules Gabriel Verne foi um dos mais famosos escritores franceses. Este autor é considerado apropriadamente um dos pais da ficção científica e da literatura de viagem. Ele nasceu há 195 anos em Nantes no dia 8 de fevereiro de 1828. Estudou direito em Paris, mas abandonou a carreira jurídica para se dedicar à escrita, onde foi muito bem sucedido. Ainda bem, ganhamos mais com um Verne escritor do que advogado.

Verne escreveu 54 romances, incluindo “Viagem ao Centro da Terra” (1864), “Vinte Mil Léguas Submarinas” (1870), e “Da Terra à Lua” (1865), que são considerados clássicos da literatura. Essas obras foram notáveis por serem baseadas em conceitos científicos e tecnológicos avançados para a época, e por explorarem questões imaginativas sobre viagens no espaço, no mar e no interior da Terra.


Além disso, Verne escreveu histórias acessíveis e emocionantes para o público geral. Suas histórias se tornaram extremamente populares e influentes em todo o mundo. A obra verniana inclui mais de 100 livros e foi traduzida para 148 línguas.


Verne morreu de diabetes aos 77 em Amiens (França) no dia 24 de março de 1905. Seu túmulo no cemitério da Madeleine é muito pitoresco: uma representação do autor quebrando a lápide com a face e o braço estendidos para o céu. O seu último livro publicado foi “O Senhor do Mundo”, no ano de 1904.

Em resumo, Júlio Verne, sempre será leitura recomendada. Se você ama o espaço não pode deixar de ler “Da Terra à Lua” (1865) e “À volta da Lua” (1869). Estas foram as primeiras histórias sobre uma viagem a Lua usando tecnologia e não magia.

A Astronomia em Júlio Verne

“Todos nós somos, de uma maneira ou de outra, filhos de Júlio Verne”

Verne e Wells: Visões de Futuro

TRÊS VISÕES VERNIANAS

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Apollo 11 pousa na Lua

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

O começo de tudo: Programa Apollo

Apollo 11 pousa na Lua
Esquerda: Patch da missão Apollo 11 e foguete Saturno V no lançamento. Centro Módulo Lunar. Direita: Patch do programa Apollo e a tripulação da Apollo 11 – da esquerda para a direita: Armstrong, Collins e Aldrin.

O primeiro homem na Lua foi resultado da corrida espacial entre EUA e URSS. A história do programa Apollo está associada ao desenvolvimento do poderoso foguete Saturno V, o maior foguete já construído pelo homem. O primeiro voo deste veículo espacial foi em novembro de 1967 na chamada missão Apollo 4, não tripulada. Em outubro de 1968 uma variante menor do foguete, o Saturno 1B, levou a primeira tripulação do programa Apollo de número 7 para um voo ao redor da Terra. Nesta missão foi testado o módulo de comando. Dois meses depois aconteceu o primeiro voo tripulado usando o Saturno V: a missão Apollo 8. Nesta missão os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e William Anders, circundaram a Lua. Este feito foi inédito marcando claramente uma dianteira norte-americana na disputa espacial.

Várias versões do Saturno V para cada missão

A Apollo 9 em março de 1969 realizou o primeiro teste do módulo lunar ao redor da Terra. Em maio de 1969 foi realizado o primeiro teste ao redor da Lua com o módulo lunar. A cada missão se avançava um pouco mais na direção do alvo: pousar um astronauta na superfície lunar.

20 de julho: “a Águia pousou

Acima: Estágios do Saturno V – Abaixo à esquerda: Módulos de Serviço, Comando e Lunar em configuração de cruzeiro. Abaixo à direita: Patch da missão Apollo 11, com a água (símbolo norte-americano) pousando na superfície lunar – lembrando que o módulo lunar chamava-se Eagle.

A Apollo 11 partiu de Cabo Canaveral em 16 de julho de 1969 com três astronautas: Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin. Os dois primeiros pisaram na Lua em 20 de julho, enquanto Collins circundava nosso satélite. No programa Apollo as naves eram construídas em módulos que eram descartados à medida que iam sendo usados. O módulo de comando chamava-se Colúmbia e o módulo lunar Eagle. Do conjunto de 111 metros no lançamento, somente o Columbia, de formato cônico, voltou à Terra.

Apollo 11
Módulo Columbia – Museu Nacional do Ar e Espaço (EUA).

Até hoje o módulo de descida da Eagle se encontra no mar da Tranquilidade. Os demais módulos da missão ou se queimaram na atmosfera, ou se encontram em órbita solar. O módulo Columbia se encontra em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço. Foram oito dias para ir e voltar durante esta missão memorável.

Depois da Apollo 11

Apollo 11 carro lunar
Esquerda: Patch da Apollo 15 que levou o primeiro jipe lunar. Direita: Módulo danificado da Apollo 13 e seu Patch.

Foram seis missões à Lua depois do sucesso estrondoso da Apollo 11. A cada missão algo era introduzido e aumentava o tempo de permanência na superfície lunar. Um destaque especial para a missão Apollo 13, de abril de 1970, que não chegou a atingir a Lua. Houve uma explosão no módulo de serviço que por pouco não causou uma tragédia. A saga desta missão é descrita no filme Apollo 13.

A primeira missão a usar o jipe lunar foi a de número 15 em julho de 1971. O programa lunar encerrou suas viagens em dezembro de 1972 com a missão Apollo 17. Desde então nenhum astronauta jamais pisou em outro astro.

O que nos reserva o futuro?

Apollo 11
SLS na torre de lançamento para teste não tripulado e o logo do programa Artemis.

A agência espacial norte-americana, a Nasa, já tem um projeto em andamento chamado Artemis. Este era o nome da deusa da caça e irmã de Apollo. Este projeto pretende levar a primeira mulher à Lua na próxima década. Para isso a Nasa tem desenvolvido um novo foguete lançador: Space Launch System (SLS). Este veículo lançador virá a fazer o papel que o Saturno V fez na década de 60. Há muita semelhança entre este novo foguete e o sistema dos antigos Space Shuttles. Muita tecnologia foi aproveitada, desde o tanque laranja e os boosters de combustível sólido. Vários países agora participam da exploração do nosso satélite: China, Japão, Índia, além dos EUA, Rússia e Comunidade Europeia.

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Coluna do Astrônomo Curiosidades Notícias

Lua Gigante ou Fake News?

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

O vídeo que está circulando nas redes sobre uma imagem da lua nascendo enorme  é na verdade uma montagem bem fácil de ser identificada. O vídeo mostra a Lua nascendo cheia de um lado do horizonte e se pondo nova do outro lado. Muitos têm compartilhado a mensagem que alega ser na Rússia ou no Alasca ou em outros lugares remotos.  

Se prestar a atenção o vídeo tem duas partes: a parte de baixo que é uma paisagem comum e a parte de cima um céu azul onde foi sobreposta uma animação. A animação parece feita por algum software, talvez até um aplicativo astronômico. Talvez o Sol que aparece seja da imagem original mas certamente a imagem da lua foi colocada ali sobreposta. A Lua do vídeo se move muito rápido para ser real. Em nenhum momento nosso satélite aparece tão grande. Na verdade, nenhum astro se move tão rápido a não ser que fosse um satélite artificial que é muitas vezes menor que a Lua e está muitas vezes mais perto de nós. 

A lua está a uma distância de 400000 km e não varia muito essa distância ao longo do seu movimento ao redor da Terra. O tamanho aparente (não o real) do Sol e da Lua são quase iguais, isto ocorre porque o Sol é 400 vezes maior que a Lua e está a aproximadamente 400 vezes mais distante, fazendo com que o tamanho angular seja quase o mesmo o que não acontece no vídeo. Para que ela aparecesse daquele tamanho teria que haver um cataclismo. A lua influencia na terra através das marés; se ela estivesse aquela distância a sua força gravitacional produziria maremotos e terremotos. Isso não aconteceu: aquela é só uma imagem muito bem montada muito bem desenhada num software.

Outro detalhe importante é o tempo.  Demoraria mais de 28 dias para que ela passasse todas as fases que aparece no vídeo: cheia, minguante, nova e crescente e ali acontecem alguns segundos (inclusive um eclipse). Algo assim não poderia ter acontecido nunca mesmo num lugar remoto.

Para terminar: a lua do vídeo está rodando, isto não corresponde a realidad pois a Lua mostra sempre a mesma face para nós. Note a cratera escura na borda esquerda do vídeo assim que a Lua “nasce” ela vai sumindo depois de alguns segundos.

Se você um dia ver imagens como essas, sempre desconfie. Não passe adiante.  Não vamos alimentar a moda dos fake news.

Contribuíram com este texto os astrônomos: Jorge Marcelino dos Santos Junior e Flavia Pedroza Lima

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Apollo 11: Módulo Lunar

Modulo
Lunar

Para pousar na Lua a NASA precisava de um nave totalmente nova capaz de pousar e decolar em um ambiente de quase vácuo e um sexto da gravidade terrestre. Isso nunca havia sido tentado.

Em 1958 a empresa escolhida para desenvolver o LEM (Lunar Excursion Module ou simplesmente Módulo Lunar) foi a Grumman Aircraft. Esta empresa aeroespacial já tinha no currículo emblemáticos aviões de combate aeronavais americanos. Para citar só dois temos, no período inicial da Segunda Grande Guerra, o caça a pistão F4F Wildcat e durante a Guerra Fria o jato supersônico F-15 Tomcat

No alto a esquerda: simulador do módulo lunar usado para treinar astronautas em terra. No alto a direita: Diagrama do módular lunar. Abaixo: os quatro designs do modulo lunar feitos pela Grumman : de 1962, 1963, 1965 e 1969 (da esquerda pra direita).

O projeto foi sendo modificado indo de um montagem mais robusta para algo mais leve.  Cada missão Apollo deu nomes diferentes aos seus Módulos Lunares. O primeiro vôo de um LEM foi na Apollo 5 em janeiro de 1968, missão de teste, não tripulada. Em março de 1969 a tripulação da Apollo 9 testou o primeiro LEM ao redor da Terra. Foi o primeiro destes módulos a receber um nome: Spider (Aranha em inglês devido a semelhança do veículo com os trens de pouso estendidos). Em novembro de 1969 o LEM Snoopy (Apollo 10) chegou a pouco mais de 10 km da superfície lunar antes de ser descartado e entrar em órbita ao redor do Sol, onde ainda está até hoje.

Esquerda: modelo 3D de um LEM visto de frente. Direita: foto do Eagle.

O veículo que pousou na Lua em 21 de julho de 1969 recebeu o nome de Eagle. Estamos acostumados a um gravidade seis vezes mais intensa que a lunar. Além da gravidade intensa temos atmosfera oferecendo resistência a qualquer movimento. Na Lua nada isso não existe. Isto faz toda diferença: não precisa aerodinâmica, não precisa estrutura muito resistente. Por isso o módulo Eagle é tão diferente do Columbia (Módulo de Comando).

Módulo Ascendente

Como todas as naves do Programa Apollo, a Eagle tinha dois estágios. A nave pousou inteira mas, na volta, só a parte superior retornou. É esta parte que era tripulada, onde os astronautas descansavam entre um passeio lunar e outro. Não era muito maior que o espaço interno de um carro de passeio ou cabine de um caminhão.

Esquerda: representação da separação dos módulos durante a decolagem. Direita: fotos recentes tiradas por sondas do módulo de descida na superfície da Lua.

Módulo de Descida

O motor presente neste módulo permitiu o pouso controlado. Um motor que pode variar a potência e desta maneira controlar a velocidade de descida. Todas as missões Apollo deixaram módulos de descida na superfície lunar. Hoje em dia, sondas orbitando a Lua fotografam os locais de pouso com detalhes, e não deixam dúvidas sobre a sua veracidade.

Acima e à direita: sítios de pouso de algumas missões Apollo indicando seu módulos de pouso.
Abaixo à esquerda: indicação do módulo de descida (em verde) e astronautas (em vermelho).

Um módulo lunar extraordinário

O Módulo Lunar Aquarius teve seu momento de glória ao ser usado como salva-vidas durante o acidente da Apollo 13. Como o motor do Módulo de Comando e Serviço Odissey foi atingido por uma explosão, foi preciso usar o propulsores do Aquarius para trazer os astronautas para casa.

Venha conhecer a nossa réplica do módulo lunar
na exposição “Um gigantesco salto: a jornada para a Lua”.

Dica de filme: Apollo 13 – Do Desastre ao Triunfo (1995)

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Apollo 11: Nave Columbia

Capsula Apollo resgatada no Pacífico: note o anel inflável laranja já destacado da cápsula.

O veículo Columbia da missão Apollo 11 foi lançado naquele 21 de julho de 1969 no topo de um foguete Saturno V. O Columbia contava com um Módulo de Comando (cônico) e um Módulo de Serviço (cilíndrico).

Módulo de Comando

Capsula Apollo posta em exposição em museu

A única parte pressurizada de todo o conjunto era um cone truncado de três metros de altura e três metros de diâmetro na sua base. Neste espaço exíguo três astronautas passaram os quatro dias da viagem até a Lua. Esta é única parte de todo o conjunto que é desenhada para voltar a Terra.

Ao redor da capsula formasse uma espécie de “bola de fogo”, formada por ar ionizado produzido pela onda de choque hipersônica da reentrada na atmosfera terrestre. Na parte inferior, a base mais larga do cone, é onde está o escudo térmico que permite que os astronautas sobrevivam neste momento.
O material que o constitui o escudo é denominado ablativo. Ao se queimar o escudo ablativo vai largando pedaços incandescentes. Estes pedaços levam consigo a maior parte do calor sem deixar que o interior da capsula se aqueça perigosamente.

Depois de vencer a reentrada atmosférica a velocidade diminui, a bola de fogo se apaga e ai os três paraquedas podem se abrir. Assim a capsula pousa suavemente no mar. A Columbia desceu no Oceano Atlântico e foi recolhida pela tripulação do porta-aviões Hornet.

Módulo de Serviço

Detalhes dos Módulos de Comando e Serviço Apollo

Logo atrás do Módulo de Comando se encontrava um cilindro cheio de equipamentos: o Módulo de Serviço. Neste módulo é onde estão o motor, propelentes, baterias, tanques de água, cilindros de oxigênio, sistemas de absorção de gás carbônico e tudo o mais que permite tanto a vida dos astronautas como as mudanças de órbita durante a viagem a Lua e de volta. Na volta este módulo é descartado e se incinera na atmosfera.

Mais tarde o primeiro onibus espacial a viajar no espaço recebeu o nome de Columbia.

Dica de filme: O Primeiro Homem (2018)

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Apollo 11: O Foguete

Neste mês comemoramos 50 anos do primeiro pouso tripulado na Lua. Para que esta façanha fosse realizada a NASA (National Aeronautics and Space Administration ou Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) teve que desenvolver o foguete mais potente até então já feito, o Saturno V (o V é o algarismo romano: lê-se Saturno cinco). Com seus 110 metros de comprimento, diâmetro máximo de 10 metros e quase 3 mil toneladas de peso, o Saturno V foi, e ainda é, o maior foguete totalmente operacional já lançado. Seu nome tem relação com a família de foguetes anteriores: os Júpiter. Foi um foguete Júpiter que levou o primeiro astronauta norte-americano ao espaço. Como Saturno é o planeta que vem logo depois de Júpiter, em ordem de distância ao Sol, essa foi a nomenclatura adotada.

Um Saturno V consegue levar até 120 toneladas de material a órbitas baixas e até 45 toneladas para a Lua.

As várias missões bem sucedidas do poderoso Saturno V. Dos 13 lançamentos só um teve falha.

Três Estágios

O foguete Saturno V em configuração de lançamento e detalhes dos estágios com seus anéis de conexão.

O primeiro estágio (um cilindro de 10 metros de diâmetro e 42 metros de altura) ficava na base onde cinco motores Rocketdine F1 consumiam dois propelentes: RP-1 (Refined Petroleum, um tipo de querosene usado em jatos agindo como combustível) e LOx (Liquid Oxygen, oxigênio líquido que serve de oxidante). Este estágio funcionava apenas por 2,8 minutos. A função principal do primeiro estágio é tirar o conjunto da plataforma e colocá-lo a uma altura de 67 quilômetros. Esta altura, onde a resistência do ar é bem menor, facilita o desempenho do próximo estágio. O motor central era fixo, mas os quatro ao redor poderiam ser movidos por dispositivos hidráulicos para ajustar a inclinação. Quando exauria o propelente, o estágio caía e se incinerava na atmosfera.

O segundo estágio ficava logo acima e também contava com cinco motores. Estes motores Rocketdyne J2 usavam hidrogênio líquido como combustível. Este estágio atuava até a altura de 184 quilômetros e depois reentrava na atmosfera vaporizando-se.

O terceiro estágio também usava hidrogênio líquido para abastecer um único motor Rocketdyne J2. É logo acima deste estágio que vão o Módulo Lunar (dentro de uma seção cônica que se abre como pétalas no espaço) e o Módulo de Comando e Serviço (onde os astronautas ficam durante o lançamento). Este é o estágio que insere os astronautas na órbita de transferência lunar.

Para saber mais:

Infográfico detalhado do Saturno V:

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_V

50 anos da conquista da Lua – Estadão

https://www.estadao.com.br/infograficos/ciencia,50-anos-da-conquista-lunar,878058?fbclid=IwAR2fcqxHcEX343PEL0O4x5HNNXqB9jtbmiettAZQ_uamTTd5i3n1wvTwYfs

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Alpha-Scorpiideas e Lua Crescente

Essa semana teremos duas coisas bastante interessantes no céu: o pico de atividade de uma chuva de meteoros e a Lua no quarto-crescente. Sim, são duas coisas bastante interessantes, mas são ainda mais interessantes quando não estão juntas no mesmo céu.

As chuvas de meteoros são muito comuns, e o que mais se destaca em Alpha Scorpiideas é sua fácil localização no céu logo no início da noite. Chuvas de meteoros acontecem quando a Terra cruza o rastro de poeira deixado por um cometa ou um asteroide. A grande maioria das chuvas é associada a algum cometa, mas há aquelas associadas a asteroides também.

O quarto crescente é a melhor fase para se observar a Lua ao telescópio, por ela estar alta no céu logo no início da noite e também pelo efeito causado pelas sombras das montanhas e crateras, que nos permite uma melhor percepção da superfície lunar. Essa percepção é bastante prejudicada na Lua Cheia, quando a luminosidade do Sol incide perpendicularmente sobre a superfície lunar e não temos sombras. Certamente a Lua estará em nossa próxima observação do céu aqui do Planetário.

A carta celeste abaixo é para o céu do Rio de Janeiro dessa próxima semana, no início da noite.

As chuvas de meteoros são caracterizadas pela posição de seu radiante, um ponto no céu de onde parecem sair os meteoros. A constelação onde está o radiante dá nome à chuva, de modo que Alpha Scorpiideas acontece na constelação do Escorpião. Procure essa constelação um pouco acima de onde você viu o Sol nascendo.

Note na carta celeste, que a Lua, já brilhante, saindo do quarto crescente e indo para a fase cheia, estará muito próximo, o que prejudicará a observação de Alpha Scorpiideas. O pico dessa chuva ocorre hoje, dia 13 de maio, mas será possível observar meteoros dela até por volta do dia 20 de maio. A taxa de meteoros esperada é de 5 por hora, num céu ideal, longe da poluição luminosa e sem Lua.

Apesar das condições não serem as ideais, temos a vantagem, do Escorpião estar no céu no início da noite, e de ser uma constelação especialmente fácil de se identificar. Portanto, fica a sugestão de tentar observar ao menos alguns meteoros nas próximas noites!

Ah, e não se esqueça de fazer um pedido para cada um que conseguir ver.

Bons céus!

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Lua No Quarto

Seja bem vindo!

Esse é o primeiro texto da coluna Segunda do Céu, que faz parte dessa nova fase do website do Planetário do Rio. Aqui, todas as segunda-feiras, conversaremos sobre coisas relacionadas ao céu e à sua observação. Falaremos sobre identificação do céu, astronomia fundamental, astronomia de posição, equipamentos de observação, técnicas observacionais e quaisquer outros assuntos que possam nos aproximar dessa deliciosa atividade de observação do céu.

Se você nunca teve o hábito de olhar para o céu, e está começando suas leituras por aqui, a primeira coisa que quero é: sinta o frio na barriga! Sinta o arrepio que olhar para o céu nos proporciona! E mantenha isso, nunca deixe de se admirar com o céu. Se a observação do céu já uma rotina para você, suponho que você conheça esse encanto produzido pelo céu, e quero que o cultive cada vez mais. Espero que esses textos possam estimular e dar aos leitores algumas informações sobre o céu que observamos. Espero também que esses textos sirvam de reforço ao permanente convite para você vir observar o céu com os telescópios do Planetário às quartas ou aos sábados.

Nessa semana de estréia, temos um céu cuja grande atração para observação será a Lua, que passa pelo quarto crescente dia 12 de abril, sexta-feira. A Lua próximo do Quarto Crescente aparece numa região alta do céu ainda no início da noite e está iluminada de forma a proporcionar a melhor observação ao telescópio.

Em geral, a Lua cheia é a mais bonita para contemplação, sem telescópios ou binóculos. Mas quando a Lua está próxima a um dos quartos, crescente ou minguante, temos apenas uma parte iluminada e outra parte sem receber luz do Sol. Nessa situação, o contraste entre a parte iluminada e a parte não iluminada nos permite ver com mais clareza num telescópio os detalhes de sua superfície. Na Lua Cheia sua superfície está tão iluminada que fica difícil perceber detalhes da superfície.

A Lua nessa semana em que entra no Quarto Crescente estará passando pela constelação do Touro. A Carta Celeste abaixo mostra o céu do Rio de Janeiro dia 10 às 18h30.

Rio de Janeiro, 10 de abril de 2019, 18h30 (hora local)

Um pouco mais baixo que da Lua, mais próximo ao horizonte, ainda podemos ver Marte no céu, já se tornando um planeta difícil de se observar. Objetos mais altos no céu são melhores de se observar por estarem numa posição com menos influência da poluição luminosa e com menos obstáculos, como prédios e montanhas.

Nas próximas semanas vamos ter a chance de falar sobre outros aspectos desse céu e, ao longo do ano, vamos acompanhando as mudanças celestes que ocorrem.

Bons Céus!

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Eclipse Lunar Total 21/01/2019

O eclipse de 27 de julho do ano passado aconteceu ao nascer da Lua para o Rio de Janeiro. Naquela ocasião a Lua nasceu já eclipsada. A névoa fez que a Lua só fosse visível bem depois de se elevar no horizonte na direção do mar. O próximo eclipse vai acontecer de madrugada mas, apesar de horário mais difícil, a posição da Lua no céu vai ser mais favorável para nós cariocas. A sombra da Terra vai começar a tocar o disco lunar em torno das 1h34min da madrugada, com a Lua bem alta no céu e vai até pouco antes do pôr da Lua, no Oeste. A princípio não é necessário nenhum equipamento óptico para contemplar o fenômeno. Basta ter um horizonte oeste mais livre para acompanhar o eclipse até o seu final. Um binóculo 7×50 ou um luneta de 70 mm são ideais para quem quer cronometrar o avanço da sombra sobre o disco lunar, registrando o momento em as crateras são obscurecidas.

Sequência de fotos do eclipse de 27 de julho de 2108 tiradas pelo autor no Forte Copacabana com uma câmera digital sem tripé. A diferença de cores é devido às adversas condições atmosféricas e ajustes da câmera.

Evento horário no Rio de Janeiro (hora de verão)
Início do Eclipse Parcial 21 de Jan, 1h33min54s
Início da Totalidade 21 de Jan, 2h41min17s
Momento máximo do eclipse 21 de Jan, 3h12min14s
Fim da Totalidade  21 de Jan, 3h43min15s
Fim do Eclipse Parcial 21 de Jan, 4h50min39s

A mecânica dos eclipses lunares já é bem conhecida a bastante tempo. A cada Lua Cheia há chance de ter um eclipse lunar. Só não ocorre sempre porque a órbita da Lua é inclinada em relação ao plano que contém a Terra e o Sol, a chamada eclíptica. Ora a Lua Cheia passa mais ao Sul, ora mais ao Norte deste plano. Quando a Lua cruza a eclíptica ao mesmo tempo que se alinha com a Terra e o Sol (nesta ordem) acontece o eclipse lunar.

A região avermelhada mostra onde o eclipse lunar de 21 de janeiro de 2019 será totalmente visível: Todas as Américas, Groenlândia, regiões árticas (extremo norte da Rússia, Islândia e Escandinávia) Portugal, noroeste da Espanha, noroeste da França e as Ilhas Britânicas. O local onde a Lua estará à pino no meio do eclipse fica no Caribe, entre Cuba e o Haiti. O eclipse será visto em todo o Brasil. (Fonte: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2019-january-21)

No momento em que a Lua entra totalmente dentro da sombra da Terra era de se esperar que a Lua ficasse tão escura que desapareceria do céu. Mas isso não acontece. O aspecto avermelhado da Lua em alguns eclipses gerou inclusive o termo popular Lua de Sangue, que não é algo de origem astronômica, mas beira o misticismo. O que acontece é que a luz que passa pelas bordas da Terra é desviada para dentro da sombra de forma distinta para cada cor. O vermelho típico do entardecer tem origem neste espalhamento seletivo da luz pela atmosfera terrestre. Isto não é muito previsível: vai depender da quantidade de partículas na atmosfera em todo um hemisfério terrestre. Erupções vulcânicas, grandes tempestades de areia, poeira industrial e até atividade solar podem influenciar neste efeito. Por isso existe uma escala desenvolvida pelo astrônomo francês André Luís Danjon (1890-1949) que indica o quão luminoso é o eclipse. SUGESTÃO: Tente classificar este eclipse visualmente usando as dicas dadas no infográfico a abaixo (baseado no site TimeAndDAte).

Outro termo popular que ganhou algum destaque recentemente foi SUPERLUA. A Lua não tem uma órbita perfeitamente circular ao redor da Terra. Quando a Lua Cheia cai próxima ao perigeu (lugar da órbita onde a distância é menor) o disco lunar pode parecer 14% maior do que no seu ponto mais afastado, o Apogeu. Neste eclipse a Lua passa pelo perigeu umas 15 horas após o momento exato da Lua Cheia. Veja abaixo a comparação do tamanho aparente da Lua e a distância correspondente para o perigeu e apogeu.

Na madrugada de segunda (dia 21) estaremos observando o eclipse aqui do Planetário. Esperemos que o tempo ajude.

O próximo eclipse lunar total visível inteiramente no Rio de Janeiro será em 15 de maio de 2022.