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Coluna do Astrônomo Dicas Entretenimento

Cinco filmes espaciais: não ficção


Escolher os cinco melhores filmes espaciais de todos os tempos é uma tarefa muito difícil. Pra “roubar” um pouco e facilitar a tarefa vou dividir em categorias. A primeira categoria será a de filmes de não ficção: histórias que realmente aconteceram dramatizadas pelo cinema. Não resisti a inserir mais dois extras no final. Só menciono filmes que já assisti. Você, leitor, pode colocar nos comentários aqueles que julgar que esqueci.

Aí estão eles em ordem de lançamento, não classificados por preferência, nem por mérito.

Os Eleitos (The Right Stuff, 1983)

Direção: Philip Kaufman – Roteiro: Philip Kaufman.
Baseado no livro The Right Stuff de Tom Wolfe.
Elenco: Sam Shepard, Scott Glenn (Sucker Punch, 2011) , Ed Harris (The Truman Show, 1998), Dennis Quaid (The Day After Tomorrow, 2004).

O filme foi indicado a vários Oscars, entre eles: melhor filme, ator coadjuvante, direção de arte e fotografia. Ganhou quatro Oscars: montagem, trilha sonora original, som e efeitos sonoros.

Os Eleitos narra, paralelamente, os dois projetos norte-americanos no início da década de 60 para levar um astronauta ao espaço. Um dos projetos era dos chamados aviões foguete que, décadas mais tarde, daria origem aos Space Shuttles. O filme começa com a barreira do som sendo vencida pelo avião X1 pilotado pelo capitão Chuck Yeager. O projeto que realmente atingiu o propósito foi o Mercury. Este projeto enfrentou a pressão de tirar os EUA da segunda posição na Corrida Espacial. Os soviéticos já tinham posto Gagarin em órbita e a Nasa ainda amargava suas derrotas. Sete astronautas foram selecionados e intensamente treinados para embarcar numa cápsula pequena na ponta de foguetes, antes desenvolvidos para serem misseis intercontinentais. Esta saga merece ser acompanhada. A narrativa é um produto de seu tempo e lugar. Se comparado a produções mais modernas pode trair um certo ufanismo nacional sem endeusar muito os astronautas. Mas as diversas anedotas e casos pitorescos realmente aconteceram. O espírito de competição com os soviéticos fica bem evidente. O clima de guerra fria preenche bem os diálogos.

Apollo 13 (1995)

Direção: Ron Howard.
Produção: Brian Grazer.
Roteiro: William Broyles Jr.e Al Reinert – Basedo no livro Lost Moon de Jim Lovell e Jeffrey Kluger.
Elenco: Tom Hanks (Forrest Gump, 1994), Kevin Bacon (O Homem Sem Sombra, 2000), Bill Paxton (U-571 A Batalha do Atlântico, 2000), Gary Sinise (Forrest Gump, 1994), Ed Harris, Kathleen Quinlan.

Este filme ganhou dois Oscars (melhor edição e melhor som) e foi indicado para outros sete Oscars: melhor filme, melhor ator coadjuvante (Ed Harris), melhor atriz coadjuvante (Kathleen Quinlan, no papel da esposa de Jim Lovell), melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora, melhor direção de arte e melhores efeitos. Apollo 13 ganhou sete outros prêmios em vários festivais.

Agora o programa espacial é outro: Apollo. Depois da descida da Apollo 11 na Lua, em julho de 1969, e da Apollo 12, em novembro do mesmo ano, o interesse da opinião pública americana sobre viagens espaciais parecia ter diminuido

A tripulação da Apollo 13 era assim composta: o comandante James A. Lovell Jr. (interpretado por Tom Hanks), o piloto do módulo de comando John L. Swigert Jr. (Kevin Bacon) e o piloto do módulo lunar Fred W. Haise Jr (Bill Paxton).

A nave Apollo foi lançada em direção a Lua pelo gigantesco foguete Saturno V. Depois que o último estágio do foguete se destaca a nave fica composta de três partes: módulo de serviço (cilíndrico e não-tripulado), módulo de comando Odyssey (cônico, lugar para três astronautas durante os oito dias de missão) e o módulo lunar Aquarius (com formato de aranha e espaço para dois astronautas por dois dias). Houve uma explosão. A explosão levou parte do módulo de serviço deixando o Odissey sem energia e atmosfera. Os três astronautas passaram para o Aquarius feito para abrigar duas pessoas por dois dias. Não faltou oxigênio, o problema foram nos filtros de gás carbônico: não estavam dando conta do recado. A solução exigiu bastante criatividade. Veja o filme, você vai amar.

O Céu de Outubro (October Sky, 1999)

Direção: Joe Johnston
Produção: Charles Gordon e Larry Franco
Roteiro: Lewis Colick – Baseado no livro Rocket Boys de Homer Hickam
Elenco: Jake Gyllenhaal (Donnie Darko, 2001), Chris Cooper (A Identidade Bourne, 2002), Laura Dern (Jurassic Park, 1993)

Filme para ser visto mais de uma vez. Neste período de quarentena então, vai te fazer muito bem pela mensagem de superação que ele carrega. October Sky é uma autobiografia de Homer Hickam, um engenheiro aeroespacial que trabalhou na Nasa. O filme se concentra na sua infância nos fins da década de 50 na pequena cidade mineira de Coalwood (área rural dos EUA). A primeira cena do filme é a passagem do Sputnik (outubro de 1957) e o alvoroço que isso causou na sociedade norte-americana no início da Guerra Fria. Aquele momento foi marcante para a educação científica norte-americana. Em Coalwood, naquela época, um jovem ao terminar seus estudos secundários tinha três destinos prováveis: trabalhar nas minas de carvão, servir as forças armadas ou ser um bom esportista para ganhar uma bolsa em uma universidade, nesta ordem. Homer ousa pensar em lançar foguetes.

O filme não chegou a ser indicado para o Oscar; ganhou três prêmios em festivais e deixou um legado de inspiração. Seu tema musical principal é sensacional. A fotografia é linda. As atuações comovem e a exatidão história e científica são convincentes. Esse é para ver com a família: pelo menos com a garotada a partir dos 10 anos.

Estrelas Além do Tempos – (Hide Figures, 2016)

Direção: Theodore Melfi.
Produção: Donna Gigliotti, Peter Chernin, Jenno Topping, Pharrell Williams e Theodore Melfi Roteiro: Allison Schroeder e Theodore Melfi.
Baseado no livro homônimo de Margot Lee Shetterly.
Elenco: Taraji P. Henson (The Curious Case of Benjamin Button, 2008), Octavia Spencer (Histórias Cruzadas, 2011), Janelle Monáe, Kevin Costner (O Mensageiro, 1997), Kirsten Dunst (Spider-Man, 2002) e Jim Parsons (Big Bang Theory, 2007).

Não vou esconder minha paixão por este filme. Já escrevi um artigo sobre ele no calor da entrega do Oscar de 2017. O filme também fala do Programa Mercury, descrito em Os Eleitos, mas o enfoque é totalmente diferente. Enquanto se travava uma guerra fria no espaço em terras norte-americanas ainda havia direitos civis a serem conquistados. A política Jim Crow de segregação racial e a cultura machista faziam a sociedade americana se arrastar do ponto de vista social. O filme trata tanto do progresso tecnológico como a necessidade de avanço social. A obra conta essa história ao destacar três personagens notáveis: Katherine Johnson (Taraji P. Henson) , Mary Jackson (Janelle Monáe) e Dorothy Vaughan (Octavia Spencer). Essas mulheres negras foram responsáveis por calcular a órbita e os detalhes da cápsula espacial. Aquela era uma época onde muitos cálculo ainda eram feitos à mão (com ajuda de calculadoras elétricas) e os primeiros computadores ainda eram máquinas difíceis de se lidar. Se você estudou ciências exatas reconheceu as menções bem colocadas de métodos numéricos de computação (Método de Gauss, por exemplo). Se for do meu tempo, então, vai se lembrar emocionado quando a linguagem Fortran for mencionada. Até uns 15 anos atrás esta linguagem ainda era usada para programas de controle de satélites onde eu trabalhava.

Em 2017 este filme foi indicado para três categorias do Oscar: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (a sensacional Octavia Spencer) e melhor roteiro adaptado. Não levou nenhum deste prêmios, mas já tinha conquistado oito premiações em grandes festivais de cinema.

Mercury 13 (2018)

Direção: David Sington e Heather Walsh
Produção: David Sington, Heather Walsh, Trevor Birney, Brendan Byrne e Geraldine Creed

Mais um filme sobre mulheres e espaço. Trata-se de um documentário sobre um programa privado (não era da Nasa) desenvolvido em 1960 para treinar mulheres norte-americanas para serem astronautas. O termo Mercury 13 foi criado em 1995 em referência aos Mercury Seven: o time de sete astronautas representados no filme Os Eleitos. Elas nunca foram ao espaço. Das 13 originais oito ainda estão vivas enquanto escrevo estas linhas.

A primeira astronauta foi a soviética Valentina Tereshkova em 1963. A primeira astronauta norte-americana, Sally Kristen Ride, só foi ao espaço vinte anos depois do programa Mercury. Até hoje nenhuma mulher foi a Lua, mas já há um programa norte-americano em andamento com este propósito: Ártemis.

Mais dois filmes… de brinde.

Claro que existem muitos outros filmes de não ficção excelentes sobre a exploração do espaço. Uma dica muito boa do meu colega Leandro foi Gagarin. Pervyy v kosmose (2013) que pode ser visto no canal do Planetário no YouTube. O primeiro ser humano no espaço foi o soviético Yuri Gagarin a bordo da nave Vostok.

Outro filme que não pode ficar de fora de qualquer lista espacial é o O Primeiro Homem (2018). É a biografia do astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem na Lua. Assisti duas vezes mas achei meio depressivo e claustrofóbico demais pra a atual conjuntura de afastamento social. Por este motivo incluí O Céu de Outubro por trazer uma mensagem mais otimista. O filme é bem realista nos detalhes técnicos: especial destaque para a cena sobre a missão Gemini 8, comandada por Armstrong, que quase acaba em desastre.

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Coluna do Astrônomo

O Eterno Hawking e Sua Mensagem Para o Mundo: “Não precisa ser assim”

Stephen Hawking no final da década de 1990

O mundo perdeu hoje um homem que viveu 54 anos depois de receber do médico a notícia que viveria apenas alguns meses ou poucos anos, no máximo.

Mais que isso. Esse homem venceu suas limitações e expandiu o conhecimento da humanidade sobre o Universo,  big-bang,  buracos negros, relatividade e mecânica quântica.

Ainda mais que isso… Foi uma pessoa cativante e, com seu senso de humor e presença de espírito, tornou-se um brilhante popularizador da Ciência, sendo exemplo de como é possível explicar conceitos de ponta da Cosmologia para crianças ou adultos sem nenhum treinamento científico.

Brilhante pesquisador e brilhante divulgador, foi personagem do desenho animado Os Simpsons e fez participação no seriado The Big Bang Theory. Sua característica voz computadorizada foi utilizada em uma música do Pink Floyd. Era um cara da academia e também um cara pop!

 

Representação de Stephen Hawking em episódio do desenho animado The Simpson (Fox)

Stephen Hawking com elenco do seriado The Big Bang Theory (CBS)

 

Hawking dedicou grande parte da sua vida ao estudo dos buracos negros. A análise matemática desses objetos nos leva a uma situação limite que chamamos de singularidade, quando a matemática não funciona mais. Juntamente com Roger Penrose, Hawking disse que o Universo em seu início era uma singularidade, chacoalhando nosso entendimento sobre o big-bang, a ideia que, apesar de todas suas modernas variações, explica o início de tudo o que conhecemos.

Filme biográfico de 2014 (dirigido por James Marsh)

Temos hoje na Física teorias que funcionam muito bem em domínios muito bem definidos. A física clássica, ou física newtoniana, é a que usamos para lidar com as coisas do dia a dia, as velocidades e as massas de nossa rotina. Podemos construir prédios e calcular a velocidade de trens e carros com ela. No mundo muito pequeno, dos átomos e partículas subatômicas, as coisas não funcionam como no nosso mundo clássico, e precisamos de outra teoria, a física quântica. Já no mundo muito grande, das grandes massas como as das estrelas e galáxias, e velocidades grandes como as das partículas que se deslocam com velocidades próximas à da luz, usamos a teoria da relatividade geral.

Mas será que a natureza é assim mesmo? Será que ela tem formas diferentes de funcionar em diferentes escalas? Ou será que estamos perdendo alguma coisa?

Um dos maiores desafios da física atual é prover uma teoria que englobe todas essas outras teorias. Stephen Hawking trabalhou muito na união entre a relatividade geral e a mecânica quântica e, por causa desse seu interesse, o filme que conta sua biografia chama-se “A Teoria de Tudo”.

Para quem gosta de coincidência, Hawking nasceu em 8 de janeiro de 1942, cerca de 300 anos depois de Isaac Newton, que nasceu em 25 de dezembro de 1642. E faleceu em 14 de março de 2018, dia de aniversário de Einstein.

Eu aprendi uma lição muito importante com ele, além de tudo o que todos os astrônomos do mundo aprenderam com seu legado. Numa entrevista, Hawking disse que, com o avançar da doença, ficou cada vez mais difícil realizar tarefas simples como pegar um livro na estante. Por isso, sempre que ele lia algo, procurava fazer com toda a atenção para absorver o máximo possível, pois poderia ser bem difícil pegar novamente aquele livro para reler. Vi essa entrevista quando estava na faculdade de Astronomia. Isso me ensinou a aproveitar melhor meu tempo de estudo, uma lição que trago comigo até hoje.

Apesar de toda sua contribuição científica, Stephen Hawking deve ser lembrado primeiramente por seu exemplo de superação humana. E, algo que considero bem simbólico, é sua mensagem na música “Keep Talking” do Pink Floyd, onde o cientista, que perdeu os movimentos do corpo, deixa uma mensagem de força para todos os que acreditam num mundo melhor, e lhes estimula a lutarem com o que lhes resta, seja o que for. Com a voz emitida por um dispositivo eletrônico, Hawking diz:”Não precisa ser assim. Tudo o que precisamos fazer é ter a certeza que continuar falando.1

Keep Talking, do Pynk Floyd, com participação do Stephen Hawking

 

1 –(original em inglês: It doesn’t have to be like this / All we need to do is make sure we keep talking)