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Coluna do Astrônomo

Companheira de um Magnetar

 

Quando uma estrela com muita massa morre, ela passa pelo processo de supernova, e o que resta será uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Existem estrelas de nêutrons que possuem campos magnéticos extremamente fortes e são os mais poderosos imãs conhecidos na natureza: os magnetars ou estrelas magnéticas.

 

Existem poucos magnetars conhecidos na Via Láctea, pouco mais de 20 até agora, e um deles está no aglomerado aberto Westerlund 1, localizado a 16 mil anos-luz na constelação do Altar (Ara). O nome pelo qual os astrônomos chamam esse objeto é CXOU J164710.2-455216. O grande problema com esse magnetar (além do nome) é que ele nasceu da morte de uma estrela com mais de 40 vezes a massa do Sol. Uma estrela com essa massa daria origem a um buraco negro e não a uma estrela de nêutrons. Mas uma solução pode ter surgido num trabalho recente.

 

Uma das ideias era a de que a estrela que originou o CXOU J16… digo, esse magnetar, fazia parte de um sistema duplo, ou seja, não era uma estrela solitária mas possuía uma companheira. Ambas orbitavam uma em torno da outra e estariam mais próximas entre si do que a Terra está do Sol. Entretanto, até agora, a segunda estrela nunca tinha sido observada.

 

Uma possibilidade era a de que essa segunda estrela tivesse sido arremessada do aglomerado pela explosão da supernova que originou o magnetar. Recentemente, astrônomos procuraram por uma estrela que poderia ter fugido do aglomerado Westerlund 1 com alta velocidade, e encontraram a Westerlund 1-5.  Além da velocidade peculiar, essa estrela possui características químicas incomuns para estrelas isoladas, o que indica que ela deve ter feito parte de um sistema binário no passado.

 

Sendo essa estrela a antiga companheira daquela que deu origem ao magnetar, eis o que deve ter acontecido: a estrela com maior massa começou a ficar sem combustível, e o material de suas camadas mais externas foi gradativamente capturado pela estrela com menor massa. Essa estrela menor será o magnetar. Nesse processo, a velocidade de rotação da estrela que está recebendo material aumenta. Quanto mais massa agregada, maior a velocidade de rotação. A rotação rápida é o ingrediente fundamental da formação dos intensos campos magnéticos dos magnetars.

 

E justamente a rápida rotação pode ter lançado novamente para o espaço parte da matéria que estava sendo recebida, sendo que uma pequena quantidade voltou para sua estrela original. Isso explicaria alguns traços químicos da Westerlund 1-5 e o fato de termos tido a formação de uma estrela de nêutrons e não de um buraco negro.

 

A pequena quantidade de magnetars conhecidos não oferece muitas possibilidades de comparação desse modelo com outros objetos observados, o que seria um excelente teste. E, como os magnetars realmente não são muito comuns, um teste satisfatório talvez ainda esteja longe para esse modelo.

 

 

 

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A maior estrela amarela conhecida

 

Telescópios de grande porte são necessários para as pesquisas de ponta. Grandes projetos estão sendo desenvolvidos e esperamos para os próximos anos alguns instrumentos com espelhos do tamanho de campos de futebol. Porém, ainda não os temos, mas existe uma técnica que combina alguns instrumentos para construir um telescópio virtual muitas vezes maior que os instrumentos individuais. A esta técnica é dada o nome de interferometria.

 

No Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado no Chile, esta técnica é comumente utilizada e os resultados são excelentes. A última descoberta anunciada por estes instrumentos foi a estimativa do tamanho de uma estrela hiper gigante amarela denominada HR5171.

 

O tamanho encontrado é espantoso, cerca de 1.300 vezes maior que o Sol (para se ter uma ideia, nossa estrela é 109 vezes maior que a Terra). Estas estrelas são raríssimas, apenas são conhecidas 12 estrelas com esta característica. Sua raridade ocorre porque durante a evolução das estrelas com muita massa, dependendo de alguns fatores, a fase de hiper gigante amarela tem um tempo de duração curto com grande ejeção de matéria para o espaço e com grande alteração na temperatura superficial da estrela, modificando a sua cor.

 

Os pesquisadores ficaram intrigados e passaram a analisar os resultados de observações anteriores de diversos observatórios durante mais de 60 anos e concluíram que este objeto é um sistema binário cerrado eclipsante, onde possivelmente existe troca de matéria dos envoltórios estelares.

 

O período orbital do sistema é de 1.300 dias, um pouco mais de três anos e meio, e a presença desta companheira é de grande importância para o estudo da evolução da HR5171, pois espera-se que tenha um desenvolvimento diferente de estrelas hiper gigantes isoladas.

 

Apenas a título de curiosidade, veja a concepção artística do sistema e a comparação com as distâncias médias no Sistema Solar. Incrível!!!

 

 

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Doce Veneno

 

Beta Pictoris é uma estrela bem próxima da Terra (apenas 63 anos-luz de distância) que tem sido estudada com muito interesse nos últimos 20 anos. O motivo é que ao seu redor existe uma densa nuvem de gás, poeira e rochas de todos os tamanhos, contendo (até agora) um planeta em formação.

 

Na semana passada, o astrônomo da NASA, Aki Roberge, anunciou novidades sobre essa estrela. A equipe de pesquisadores da qual ele faz parte, após realizar observações com o conjunto de antenas do Atacama, verificou que pode haver mais um planeta. A informação veio na forma de monóxido de carbono.

 

Apesar de tóxico para nós, o monóxido de carbono é um dos muitos gases encontrados em cometas e outros corpos gelados. Num ambiente típico ao redor de uma estrela jovem, como é o caso de Beta Pictoris, cometas frequentemente se chocam, gerando fragmentos, grãos de gelo e gases. As novas observações mostraram que Beta Pictoris contém monóxido de carbono numa quantidade equivalente a 1/6 da massa total dos oceanos na Terra. Esse gigantesco reservatório venenoso dista 13 bilhões de quilômetros de Beta Pictoris (três vezes a distância de Netuno ao Sol).

 

A enorme quantidade de monóxido de carbono observada sugere algo interessante. A própria radiação da estrela (na verdade, a parte ultravioleta dela) quebra as moléculas de monóxido de carbono de forma que, muito provavelmente, alguma coisa deve estar repondo o material. Segundo os cálculos, um cometa deveria ser destruído a cada cinco minutos!

 

Uma hipótese, segundo os cientistas, é que existam duas enormes aglomerações de gás e um enorme planeta, com massa similar a de Saturno, que atrairia para si uma espécie de ”chuva de cometas”. Apesar de parecer fantasioso, ou tirado de algum filme de ficção científica, algo similar acontece bem perto, em nosso Sistema Solar. Milhares de asteroides passam ao redor de Júpiter continuamente, devido à sua intensa gravidade (de fato, Júpiter é o maior e mais massivo planeta do Sistema Solar). É possível, portanto, que algo parecido esteja acontecendo com um planeta ainda desconhecido em Beta Pictoris, atraindo para si os cometas. Por outro lado, se ao invés de duas, existir uma única aglomeração de gás, o cenário sugere que uma colisão entre dois planetas gelados, do tamanho de Marte, tenha produzido o “enxame” de cometas.

 

O cenário proposto pelos astrônomos do projeto está ilustrado no vídeo abaixo:

 

http://www.youtube.com/watch?v=Xi_Pv2S8GgY

 

 

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Coluna do Astrônomo

Uma das estrelas mais antigas já observadas – Não a estrela mais antiga do Universo!

 

Uma notícia correu nos últimos dias dizendo que “cientistas australianos descobrem estrela mais antiga do universo”. Veja esse título aqui (1), aqui (2), aqui (3), aqui (4), aqui (5), só para citar alguns locais na internet. Todos fizeram eco a uma má tradução de algo escrito pela Universidade Nacional da Austrália, ANU (sigla do inglês Australian National University), que publicou em seu site: “ANU astronomers discover oldest star“. Esse título deixa indefinido se a estrela em questão é a mais antiga do Universo ou a mais antiga já observada até o momento, o que é bastante diferente de ser a estrela mais antiga do Universo.

 

Por favor, sempre que você ler alguma reportagem científica, desconfie de coisas muito superlativas como “a mais do Universo”, “a menos do Universo”, ou de expressões que inspirem muita exatidão, como, “com precisão absoluta”, “absolutamente”, “o único do Universo”. Não conhecemos todas as estrelas do Universo. Portanto, como saber qual é a mais antiga de todas, se não conhecemos todas? O título do trabalho original dos Astrônomos, que pode ser lido aqui (em inglês), nem sequer sugere algo semelhante.

 
O que eles fizeram foi descobrir uma estrela que veio a ser uma das mais antigas já observadas, a SM0313 (uma abreviação de seu nome completo, SMSS J031300.36-670839.3). Ela está a uma distância de cerca de 6 mil anos-luz de nós na constelação da Hidra. Analisando o espectro da estrela, os astrônomos perceberam que ela não possui ferro ou uma quantidade abaixo do limite de 10-7,1 vezes a abundância de ferro no Sol. Comparando o perfil de abundâncias químicas dessa estrela com os modelos de evolução estelar e com os perfis de outras quatro estrelas conhecidas e muito pobres em elementos mais pesados que o hélio, os astrônomos concluíram que SM0313 nasceu de material enriquecido por uma supernova, essa, sim, membro da primeira geração de estrelas a se formarem após o big-bang. Os pesquisadores acham que apenas uma supernova esteve envolvida.
 
 
Em geral, supernovas são eventos que liberam muita energia. Mas essas supernovas da primeira geração de estrelas teriam sido eventos menos energéticos que as que acontecem na idade atual do Universo. Ainda assim, elas teriam produzido ferro e outros elementos mais pesados. Dada a baixíssima, ou ausente, quantidade de ferro em SM0313, os pesquisadores acreditam que essa supernova, que deve ter tido massa original de cerca de 60 vezes a do Sol,  deu origem a um buraco negro para onde teria ido o ferro e os outros elementos mais pesados produzidos.
 
 
Não podemos dizer, de maneira nenhuma, que essa é a estrela mais antiga do Universo, mas podemos dizer com segurança que é uma delas. E ela nos permite conhecer a química das primeiras estrelas e até especular sobre supernovas originadas das primeiras estrelas de fato. Desconfie dos títulos muito pirotécnicos, mas nunca desconfie da maravilha de qualquer trabalho na Astronomia.
 
 
Leia Mais:
 
 
Nota no Site da Australian National University (em inglês): http://news.anu.edu.au/2014/02/10/anu-team-discovers-oldest-star/
 
 
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Os eclipses no ano de 2014

 

Mais um ano passará e, no Brasil, não teremos a oportunidade de ver um eclipse fantástico. Bonitos são os eclipses solares totais ou anulares (quando a Lua cobre apenas parte do círculo do Sol e sobra um anel ao seu redor). Em 2014, teremos quatro eclipses, sendo dois solares e dois lunares.

 

Os eclipses ocorrem quando a Lua cobre parcialmente ou totalmente o Sol – eclipses solares – ou, ainda, quando a Lua entra na sombra da Terra e fica mais escura, algumas vezes bem avermelhada. Para se observar um eclipse lunar basta olhar para ao céu, sem a necessidade de usar qualquer instrumento. Já para o eclipse solar temos que nos preparar melhor. Não se deve olhar diretamente para o Sol sem proteção, muito menos com um telescópio que aumenta a luminosidade do astro. Corre-se o risco de ficar cego! É necessário utilizar um filtro de soldador número 14 e, mesmo assim, tomar o cuidado de não ficar observando por muito tempo. Ao utilizar um telescópio deve-se usar um filtro específico que se acopla ao instrumento, diminuindo a sua luminosidade.

 

Mas, voltemos aos eclipses deste ano. O primeiro será no dia 15 de abril – um eclipse lunar total. A Lua entrará na umbra – sombra da Terra e é quando o eclipse será visível pelo público à vista desarmada – às 2h58min19s. Estará totalmente eclipsada às 4h6min47s e permanecerá assim até as 5h24min35s. O eclipse poderá ser visto até próximo ao nascer do Sol, que no Rio de Janeiro será às 6h6min. Quase metade do Brasil – nordeste, partes do sudeste, do norte e do centro-oeste – poderá acompanhar o eclipse, mas não até o seu fim. Mas a parte mais bonita e visível poderá ser contemplada.

 
O outro eclipse total da Lua será em 8 de outubro de 2014, mas só poderá ser observado por grande parte da região norte e uma pequena parte do centro-oeste. As demais regiões do Brasil não poderão contemplar a olho nu este fenômeno.
 
 
Já os dois eclipses solares – um anular em 29 de abril e outro, parcial, em 23 de outubro – não poderão ser vistos no Brasil. O primeiro será visto na Antártica e na Oceania. Já o segundo, no Canadá e Estados Unidos.
 
 
O último eclipse total do Sol visível no Brasil foi em 29 de março de 2006, para a felicidade de quem morava nas redondezas de Natal. O próximo será em 12 de agosto de 2045, visível nos estados de Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Infelizmente, o Brasil não tem sido coroado com estes belos espetáculos nos últimos anos.
 
 
Veja mais sobre a ocorrência de eclipses em inglês:
 
 
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Uma nova estrela no céu… ou não!

 

Você já deve ter ouvido falar que as estrelas nascem, vivem e morrem. Assim como os humanos, que passam por uma gestação de nove meses (e só aí botam a boca no mundo), depois vivem e morrem, as estrelas também passam por períodos semelhantes. Seu nascimento demora bastante para os nossos padrões – mas não para elas –, até uns milhões de anos. Elas, então, começam a brilhar e ficam assim por até bilhões de anos. Após o esgotamento de seu “combustível” elas morrem. Mas durante este processo tem a vida das estrelas que pode ser de forma turbulenta.

 

Neste fim de ano fomos brindados com o “aparecimento” de uma estrela. Ela surgiu no céu, visível a olho nu, na constelação do Centauro: a Nova Centauri 2013. O nome “Nova” dá a falsa ideia de que é uma estrela recém-nascida. Esse nome é antigo – vem de antes da invenção dos telescópios, quando ainda não se conhecia muita sobre a natureza das estrelas – e remete ao aparecimento repentino de uma nova estrela visível a olho nu. Estamos falando de um sistema binário (duas estrelas girando ao redor de um centro comum) sendo uma gigante e sua companheira uma anã branca (o resto de uma estrela que já morreu). Essas duas estrelas estão interagindo gravitacionalmente, trocando matéria. A anã branca rouba matéria da gigante, que, ao atingir a superfície dela desencadeia uma reação termonuclear, provocando um aumento estupendo de brilho. Nesses casos as estrelas não são destruídas e podem vir novas explosões de brilho com novas trocas de matéria.

 

Na foto a seguir, obtida no deserto do Atacama, no Chile, no dia 5 de dezembro, podemos identificar a Nova Centauri 2013 próxima de uma estrela bastante conhecida de nós do hemisfério sul: a Beta Centauri. Onde vemos a Nova Centauri 2013 não podíamos ver nenhuma estrela a olho nu até então.

 
 
E como procedemos para observar esta “nova” estrela? A constelação do Centauro pode ser vista de madrugada. No esquema a seguir – às 2h do dia 11/12/2013 – podemos ver as constelações do Centauro (Centaurus) e do Cruzeiro do Sul (Crux), mais acima e deitado. Para quem não conhece bem o céu o Cruzeiro do Sul servirá como um guia para achar a estrela Nova. Seguindo o braço menor da cruz, encontramos as estrelas brilahntes Hadar e Alpha Centauri. E, comparando com a foto anterior podemos identificar o “novo” astro bem próximo de Hadar.
 
 
 
 
Não sabemos quanto tempo ela permanecerá brilhante a ponto de ser vista a olho nu. Estimativas apontam que ela pode ficar mais brilhante ainda nos próximos dias. Então, se você gosta de observar o céu, e passa as noites em claro, vale a pena procurar por mais este belo espetáculo proporcionado pelo céu. Boas observações!
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Um planeta fervendo

 

Os cientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, descobriram um planeta que orbita a cada 8h30min ao redor de uma estrela a 700 anos-luz de distância. Isso significa que ele está muito próximo dessa estrela: algo em torno de 1/40 vezes a distância de Mercúrio ao Sol, ou seja, aproximadamente um milhão e meio de quilômetros.

 

O planeta em questão, chamado de Kepler 78b, tem uma temperatura na superfície estimada em 3.000 graus, devido à grande proximidade com a estrela. Portanto, sua superfície deve ser um grande “mar” de rocha derretida (algo como a lava de um vulcão).

 

Seu tamanho é comparável ao da Terra. Mas o que mais animou os cientistas foi que conseguiram “ver” a luz refletida pelo planeta em questão. Na maioria das vezes consegue-se detectar uma pequena diminuição no brilho da luz da estrela quando o planeta passa na sua frente (fenômeno conhecido como trânsito). E, conseguindo identificar a luz refletida pelo planeta, podemos saber a sua composição.

 

Outra conquista importante é que, por estar próximo à estrela, o efeito gravitacional do planeta sobre ela poderá ser medido e, com isso, podemos calcular a massa do planeta. Este poderá ser o primeiro planeta com tamanho comparável com a Terra a ter sua massa definida.

 

Vamos ficar atentos, pois este mesmo grupo já conseguiu observar outro planeta mais próximo ainda de uma estrela. E isso é só o começo, pois a base de dados dos cientistas é de 150.000 estrelas e apenas do telescópio Kepler.

 

 

 

 

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Nova, mas velha

 

Na semana passada, Koichi Itagaki, um astrônomo japonês, comunicou a descoberta de que uma estrela nova surgira nos céus. O registro foi feito na AAVSO – American Association of Variable Stars Observers (Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis). Curiosamente, de nova essa estrela não tem nada.

As estrelas novas são sistemas binários, constituídos de estrelas bem evoluídas, algumas podendo ser até ser mais velhas que o nosso Sol. Pois bem, nesses sistemas uma das estrelas “doa” parte de si para a companheira. Isso mesmo. Ocorre a transferência de matéria de uma estrela para a outra.  Dependendo da distância entre as estrelas, a matéria não chega diretamente na estrela receptora, mas se deposita num disco ao redor desta. Enquanto esse disco aguentar, ou seja, conseguir se manter minimamente estável, poderá receber mais doação sem muitos sobressaltos. Por essa razão esse disco é chamado disco de acréscimo. Num dado momento, essa estabilidade cessa, e parte do disco desaba sobre a estrela. Com a resultante compressão de matéria, as densidades e temperaturas alcançam níveis onde reações termonucleares tornam-se inevitáveis: ocorre uma violenta explosão, e a estrela fica muito mais brilhante.

No século XVI, o astrônomo Tycho Brahe registrou um evento similar na constelação de Cassiopeia, numa região onde antes não havia estrela. Por essa razão, chamou-a de estrela nova. Hoje sabemos que o evento registrado por Tycho foi muito mais violento: era uma supernova. Até meados da década de 30 do século passado, empregava-se nova para ambos os casos. Hoje, nova refere-se exclusivamente aos sistemas binários, onde a explosão resulta da instabilidade do disco de acréscimo.

Diversos aspectos do fenômeno das novas são dignos de estudo, tais como: a) a intensidade da explosão, que fornece uma indicação da quantidade de matéria transferida pela estrela doadora e, em ultima análise, uma melhor compressão dos fatores motivadores para a estrela resolver “doar” matéria; e b) existe uma correlação entre o brilho da explosão da nova e a maneira como este brilho lentamente diminui com o tempo, permitindo-se inferir a sua distância, bem como da galáxia onde eventualmente a nova esteja.

 

 

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A Vida Secreta das Estrelas

 

Como funciona uma estrela? Ou, uma pergunta anterior a essa, o que são as estrelas?

Estrelas são grandes bolas de plasma. O plasma pode ser considerado o quarto estado da matéria. Todo mundo conhece da escola os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso). Mas pouca gente sabe que são cinco, na verdade. Quando aquecemos um sólido, ele derrete e vira líquido. Se continuarmos aquecendo este material, o líquido evapora e vira gás. Se a temperatura continuar subindo, as moléculas do gás vão desorganizar, o material vai se ionizar e teremos um plasma. É disso que as estrelas são feitas.

O núcleo da estrela é muito denso e compacto; suas camadas externas são etéreas, diáfanas. A grande quantidade de matéria que compõe uma estrela é mantida coesa devido à força da gravidade. Esta força quer, em última análise, que tudo fique concentrado no centro do objeto. Mas à medida que essa concentração é provocada pela gravidade, as regiões mais internas vão sendo espremidas cada vez mais. Isso aumenta a pressão e, por tabela, a temperatura. Passado um determinado limite, o núcleo da estrela fica tão quente que passa a fazer a fusão do hidrogênio. Isto gera uma quantidade absurda de energia. E a tendência é o material explodir pra todos os lados!

A vida da estrela é um grande cabo-de-guerra. A gravidade quer jogar tudo pra dentro; as explosões nucleares internas querem jogar tudo pra fora. Enquanto estas forças estiverem em equilíbrio, a estrela não sofrerá nenhuma mudança brusca em seu estágio evolutivo.

Mas a fusão nuclear consome a matéria da estrela. Eventualmente, o combustível que alimenta esse processo acaba. Quando cessa a força que aponta pra fora, sobre somente a gravidade, que aponta pra dentro. A estrela começa a desabar sobre si mesma, em um colapso que a levará ao seu próximo estágio de evolução. Quanto maior a massa da estrela, maior o colapso e mais intensas são as transformações (e mais rápidas também). Estrelas de muita massa vivem pouco.

E como as estrelas nascem? Nascem a partir de grandes nuvens de gás, ricas em hidrogênio. Genericamente conhecidas como “nebulosas de formação”, algumas delas ganharam o apelido carinhoso de “piscinas”. São verdadeiros reservatórios de combustível estelar. Uma dessas piscinas gigantescas acaba de ser descoberta em nossa galáxia!

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Estrelas de todos os tipos

Quem olha para o céu noturno, especialmente em uma cidade grande como o Rio de Janeiro, dificilmente vai notar as sutis diferenças entre as muitas estrelas. A diferença mais óbvia é a de luminosidade. Mesmo os mais desatentos irão perceber que há estrelas mais brilhantes do que outras. Isso pode ser explicado por dois fatores… O primeiro, bem razoável e pertencente ao senso comum, é a distância de cada uma delas em relação a nós (quanto mais longe, mais fraquinho tende a ser o brilho da estrela). Mas um outro fator existe também, e este talvez não seja do conhecimento de todos: as estrelas são intrinsecamente diferentes entre si.

Numa primeira abordagem (e nossos antepassados realmente fizeram isso), poderíamos pensar que todas as estrelas são iguais. Mas hoje sabemos que não são. Eliminando-se o fator distância (ou, melhor dizendo, imaginando que todas as estrelas estivessem a uma distância igual), realmente veríamos estrelas mais brilhantes e outras nem tanto. De fato, o brilho real de uma estrela é uma de suas características mais fundamentais. Cientificamente, chamamos esta grandeza de “luminosidade absoluta”. Esta informação é tão importante que podemos classificar as estrelas por seu brilho. São as chamadas classes de luminosidade, que vão de I a V. O Sol, que nos parece tão brilhante por estar bem perto de nós, é na verdade uma estrela muito pouco luminosa, de classe V (a classe I é a mais brilhante).

(Não devemos confundir as classes de luminosidade com as classes espectrais, uma outra maneira de classificarmos estrelas. Criada em Harvard, a classificação espectral está intimamente relacionada com a temperatura superficial de uma estrela, o que é a mesma coisa que dizer que está relacionada à sua cor. As classes espectrais são nomeadas com letras, usadas de forma aparentemente aleatória, e vão de O, uma estrela muito quente e azul, a M, uma estrela fria e vermelha. Para se mudar de uma classe a outra gradualmente, usa-se algarismos de 0 a 9. Nessa classificação, o Sol é uma estrela G2.)

Há estrelas que têm brilho variável. Algumas são “falsas variáveis”; fazem parte de um sistema múltiplo que vez por outra abriga um eclipse entre as estrelas, causando uma diminuição aparente no brilho do conjunto. Mas há estrelas que variam de fato, e isso requer uma classificação especial. Geralmente, estrelas variáveis intrínsecas são classificadas em famílias, cujo nome é dado baseado na primeira estrela descoberta daquele tipo. As variáveis Cefeidas têm esse nome porque a primeira estrela deste tipo foi descoberta na constelação de Cefeu. As variáveis Delta Scuti foram batizadas por conta da estrela Delta da constelação do Escudo. E assim por diante.

Se as observações recentes feitas no Chile por um grupo de astrônomos se confirmar, em breve teremos uma nova família de variáveis…