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Coluna do Astrônomo

Dia de Carl Sagan

Todo divulgador de astronomia tem na figura de Carl Sagan uma fonte de inspiração. Em uma época em que a Ciência andava um tanto afastada do público, Sagan foi um grande ativista da popularização do conhecimento científico.

Carl Edward Sagan nasceu em uma família judia na cidade de Nova Iorque (EUA) no dia 9 de novembro de 1934. Formou-se em física e doutorou-se em astrofísica. Foi um pioneiro em dois ramos em ascenção em sua época: Ciência Planetária e Astrobiologia. Foi também um fecundo escritor com mais de 20 livros e 600 artigos científicos.

Todas as ciências…

“A ciência é muito mais que um corpo de conhecimentos. É uma maneira de pensar.”

A obra de Sagan abrange uma ampla gama de disciplinas científicas e atividades, tornando-o um dos cientistas mais conhecidos e respeitados do século XX. Carl Sagan era conhecido por sua versatilidade em diferentes campos da ciência, incluindo astronomia, astrobiologia e astrofísica. Sua curiosidade intelectual o levou a explorar uma variedade de tópicos científicos.

Defensor do ceticismo científico e do método científico, Sagan promoveu a ideia de que as alegações científicas devem ser baseadas em evidências sólidas e submetidas a testes rigorosos.

“Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.”

Vida em toda parte…

Sagan desempenhou um papel fundamental no projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), que busca sinais de vida extraterrestre através de radiotelescópios. Ele também ajudou a criar mensagens que foram enviadas a bordo de sondas espaciais, como as Pioneer e Voyager, com informações sobre a Terra e a humanidade, na esperança de que possíveis civilizações extraterrestres pudessem interceptá-las. Em seu livro de ficção científica (que depois virou filme) CONTATO (1985) ele trabalhou de forma brilhante as implicações culturais de um contato extraterrestre.

“Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço.”

Carl Sagan foi um dos primeiros cientistas a estudar, na década de 60, o efeito estufa em escala planetária, observando a atmosfera de Vênus. Ainda hoje é claro a enorme contribuição de suas pesquisas para uma melhor compreensão dos processos climáticos planetários, inclusive no nosso planeta.

Carl Sagan fundou a Sociedade Planetária, uma organização não governamental dedicada à promoção da exploração espacial e da compreensão científica do nosso lugar no cosmos.

“A imaginação muitas vezes nos leva a mundos que nunca sequer existiram. Mas sem ela não vamos a lugar algum.”

Conhecimento por todo lado…

Sagan é conhecido por seus livros de divulgação científica, como “Cosmos” e “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, que alcançaram um público amplo e ajudaram a popularizar a ciência. Além disso, a série de televisão “Cosmos: Uma Viagem Pessoal”, que ele apresentou e coescreveu, teve um impacto significativo na divulgação científica.

“Um livro é a prova de que os homens são capazes de fazer magia.”

Sagan recebeu inúmeros prêmios e honrarias ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Pulitzer de Não Ficção Geral por seu livro “The Dragons of Eden”. Sua habilidade de comunicar ideias científicas de maneira acessível ao público em geral o tornou um dos divulgadores científicos mais influentes da história. Muitos colegas cientistas (acadêmicos e divulgadores) foram diretamente motivados por sua obra. Além de um instigador do conhecimento Sagan foi um ativista pelo desenvolvimento científico e tecnológico pacífico e ambientalmente sustentável.

“Estamos irrevogavelmente em um caminho que nos levará às estrelas. A não ser que, por uma monstruosa capitulação ao egoísmo e à estupidez, acabemos nos destruindo.”

Adeus professor…

Sagan faleceu na cidade de Seattle (EUA) em 20 de dezembro de 1996, mas seu legado continua vivo através de suas contribuições para a ciência e sua ativa inspiração popular pela exploração do universo e pela compreensão do método científico.

“Em algum lugar, algo incrível está esperando para ser descoberto.”

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Coluna do Astrônomo Conteúdo científico Entretenimento

Leia Júlio Verne

Jules Gabriel Verne foi um dos mais famosos escritores franceses. Este autor é considerado apropriadamente um dos pais da ficção científica e da literatura de viagem. Ele nasceu há 195 anos em Nantes no dia 8 de fevereiro de 1828. Estudou direito em Paris, mas abandonou a carreira jurídica para se dedicar à escrita, onde foi muito bem sucedido. Ainda bem, ganhamos mais com um Verne escritor do que advogado.

Verne escreveu 54 romances, incluindo “Viagem ao Centro da Terra” (1864), “Vinte Mil Léguas Submarinas” (1870), e “Da Terra à Lua” (1865), que são considerados clássicos da literatura. Essas obras foram notáveis por serem baseadas em conceitos científicos e tecnológicos avançados para a época, e por explorarem questões imaginativas sobre viagens no espaço, no mar e no interior da Terra.


Além disso, Verne escreveu histórias acessíveis e emocionantes para o público geral. Suas histórias se tornaram extremamente populares e influentes em todo o mundo. A obra verniana inclui mais de 100 livros e foi traduzida para 148 línguas.


Verne morreu de diabetes aos 77 em Amiens (França) no dia 24 de março de 1905. Seu túmulo no cemitério da Madeleine é muito pitoresco: uma representação do autor quebrando a lápide com a face e o braço estendidos para o céu. O seu último livro publicado foi “O Senhor do Mundo”, no ano de 1904.

Em resumo, Júlio Verne, sempre será leitura recomendada. Se você ama o espaço não pode deixar de ler “Da Terra à Lua” (1865) e “À volta da Lua” (1869). Estas foram as primeiras histórias sobre uma viagem a Lua usando tecnologia e não magia.

A Astronomia em Júlio Verne

“Todos nós somos, de uma maneira ou de outra, filhos de Júlio Verne”

Verne e Wells: Visões de Futuro

TRÊS VISÕES VERNIANAS

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20 anos do acidente do Columbia

Naelton Mendes de Araujo

Em 1º de fevereiro de 2003, ocorreu o acidente do ônibus espacial Columbia. O veículo se desintegrou sobre o Texas e a Louisiana durante a descida, matando todos os sete tripulantes a bordo. 

O acidente foi causado por uma peça de isolamento de espuma que se desprendeu do tanque de combustível externo durante o lançamento. A espuma atingiu a borda de ataque de uma das asas do veículo, danificando o sistema de proteção térmica. Isso permitiu que gases quentes penetrassem como se fosse um maçarico, destruindo a estrutura desprotegida. Isto ocorreu exatamente durante um dos momentos mais crítico da missão: a reentrada.

A investigação sobre o acidente revelou que a NASA estava ciente dos perigos potenciais da queda do isolamento de espuma durante os lançamentos, mas não tomou medidas suficientes para resolver o problema.

Dezessete anos antes outro acidente grave com um ônibus espacial já havia ocorrido. O Challenger explodiu em apenas 73 segundos de voo, matando toda a tripulação. O desastre foi causado por uma falha no isolamento em um dos propulsores sólidos devido à baixa temperatura durante a véspera do lançamento. A  desintegração do Challenger foi vista ao vivo na televisão. Foram dois anos e meio de interrupção do programa dos ônibus espaciais. A investigação sobre o acidente da Challenger também indicou falta de cuidado da NASA.

O desastre do Columbia foi um grande revés para a NASA e levou a mudanças no projeto e nos procedimentos dos ônibus espaciais para garantir a segurança de futuras missões. Uma das mudanças foi a necessidade de exame visual das placas de blindagem térmica em órbita antes de qualquer reentrada. 

Em 2011 o programa dos ônibus espaciais foi interrompido definitivamente.

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Coluna do Astrônomo

Curso Introdução à Astronáutica 2022

Você sabe o que se comemora no dia 04 de outubro? Olá, você gosta de falar sobre coisas do espaço? Sabe por que o Homem não voltou à Lua? Qual a diferença entre cosmonauta e astronauta? Como um satélite se mantém em órbita?

Entre 03 a 06 de outubro de 2022 o Planetário do Rio de Janeiro estará oferecendo o Curso Introdução à Astronáutica. O horário é de 19h às 20h30min no Planetário da Gávea.

Conteúdo do curso

O curso será dividido em 4 capítulos:

  1. Fundamentos de Mecânica Celeste – revemos os conceitos básicos de Mecânica do nível médio: posição, velocidade, aceleração, órbita e gravitação;
  2. Foguetes – sua origem, desenvolvimento e funcionamento;
  3. Satélites e Sondas – órbitas, funcionamento e aplicações.
  4. Voos Tripulados – cápsulas, trajes espaciais e naves.

Informações

Investimento: R$120,00. Material didático será disponibilizado. Certificado (frequência mínima de três dias). Idade mínima: 14 anos.

Professor Naelton Mendes de Araujo – Graduado em Astronomia, Mestre em Educação e Divulgação Científica. Trabalhou 10 anos com controle orbital de satélites geoestacionários.

Inscrições deve ser feitas em https://doity.com.br/astronautica

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Apollo 11 pousa na Lua

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

O começo de tudo: Programa Apollo

Apollo 11 pousa na Lua
Esquerda: Patch da missão Apollo 11 e foguete Saturno V no lançamento. Centro Módulo Lunar. Direita: Patch do programa Apollo e a tripulação da Apollo 11 – da esquerda para a direita: Armstrong, Collins e Aldrin.

O primeiro homem na Lua foi resultado da corrida espacial entre EUA e URSS. A história do programa Apollo está associada ao desenvolvimento do poderoso foguete Saturno V, o maior foguete já construído pelo homem. O primeiro voo deste veículo espacial foi em novembro de 1967 na chamada missão Apollo 4, não tripulada. Em outubro de 1968 uma variante menor do foguete, o Saturno 1B, levou a primeira tripulação do programa Apollo de número 7 para um voo ao redor da Terra. Nesta missão foi testado o módulo de comando. Dois meses depois aconteceu o primeiro voo tripulado usando o Saturno V: a missão Apollo 8. Nesta missão os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e William Anders, circundaram a Lua. Este feito foi inédito marcando claramente uma dianteira norte-americana na disputa espacial.

Várias versões do Saturno V para cada missão

A Apollo 9 em março de 1969 realizou o primeiro teste do módulo lunar ao redor da Terra. Em maio de 1969 foi realizado o primeiro teste ao redor da Lua com o módulo lunar. A cada missão se avançava um pouco mais na direção do alvo: pousar um astronauta na superfície lunar.

20 de julho: “a Águia pousou

Acima: Estágios do Saturno V – Abaixo à esquerda: Módulos de Serviço, Comando e Lunar em configuração de cruzeiro. Abaixo à direita: Patch da missão Apollo 11, com a água (símbolo norte-americano) pousando na superfície lunar – lembrando que o módulo lunar chamava-se Eagle.

A Apollo 11 partiu de Cabo Canaveral em 16 de julho de 1969 com três astronautas: Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin. Os dois primeiros pisaram na Lua em 20 de julho, enquanto Collins circundava nosso satélite. No programa Apollo as naves eram construídas em módulos que eram descartados à medida que iam sendo usados. O módulo de comando chamava-se Colúmbia e o módulo lunar Eagle. Do conjunto de 111 metros no lançamento, somente o Columbia, de formato cônico, voltou à Terra.

Apollo 11
Módulo Columbia – Museu Nacional do Ar e Espaço (EUA).

Até hoje o módulo de descida da Eagle se encontra no mar da Tranquilidade. Os demais módulos da missão ou se queimaram na atmosfera, ou se encontram em órbita solar. O módulo Columbia se encontra em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço. Foram oito dias para ir e voltar durante esta missão memorável.

Depois da Apollo 11

Apollo 11 carro lunar
Esquerda: Patch da Apollo 15 que levou o primeiro jipe lunar. Direita: Módulo danificado da Apollo 13 e seu Patch.

Foram seis missões à Lua depois do sucesso estrondoso da Apollo 11. A cada missão algo era introduzido e aumentava o tempo de permanência na superfície lunar. Um destaque especial para a missão Apollo 13, de abril de 1970, que não chegou a atingir a Lua. Houve uma explosão no módulo de serviço que por pouco não causou uma tragédia. A saga desta missão é descrita no filme Apollo 13.

A primeira missão a usar o jipe lunar foi a de número 15 em julho de 1971. O programa lunar encerrou suas viagens em dezembro de 1972 com a missão Apollo 17. Desde então nenhum astronauta jamais pisou em outro astro.

O que nos reserva o futuro?

Apollo 11
SLS na torre de lançamento para teste não tripulado e o logo do programa Artemis.

A agência espacial norte-americana, a Nasa, já tem um projeto em andamento chamado Artemis. Este era o nome da deusa da caça e irmã de Apollo. Este projeto pretende levar a primeira mulher à Lua na próxima década. Para isso a Nasa tem desenvolvido um novo foguete lançador: Space Launch System (SLS). Este veículo lançador virá a fazer o papel que o Saturno V fez na década de 60. Há muita semelhança entre este novo foguete e o sistema dos antigos Space Shuttles. Muita tecnologia foi aproveitada, desde o tanque laranja e os boosters de combustível sólido. Vários países agora participam da exploração do nosso satélite: China, Japão, Índia, além dos EUA, Rússia e Comunidade Europeia.

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Marte: Esperança, Questões Celestiais e Perseverança

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

Marte sempre foi o maior alvo da pesquisa espacial e este mês de fevereiro de 2021 recebe três visitas, quase simultâneas, de três missões de exploração.

Esperança Arábe

Acima e a esquerda representação da sonda em modo de cruzeiro, abaixo e a esquerda sonda sendo preparada antes do lançamento, a direita diagrama das etapas da missão

A missão inaugural do programa de exploração planetária dos Emirados Árabes chama-se Hope (em árabe Al Amal que siginifica Esperança) e foi lançada com sucesso em 20 de junho de 2020. O programa, orçado em US$200 milhões, foi produto de uma colaboração com o Japão (que forneceu o foguete lançador) e três universidades americanas. Trata-se de um sonda orbital para estudar a atmosfera marciana através de câmeras de alta resolução no infravermelho e ultravioleta. Espera-se coletar uma enorme quantidade de dados da dinâmica atmosférica marciana. A previsão é de que a sonda entre e órbita no próximo dia 09 de fevereiro de 2021.

ver https://www.emiratesmarsmission.ae/

Questões Celestiais Chinesas

A esquerda representação do rover em funcionamento, ao centro as três partes da missão: orbiter, rover e lander; a direita acima sonda em modo de cruzeiro, a direita abaixo sonda antes do lançamento

A China tem se tornado um potência espacial inquestionável desde que lançou sua missões tripuladas ao redor da Terra e sondas a Lua. A primeira missão chinesa a Marte foi em parceria com a Rússia em 2011 que não obteve sucesso.
Agora chegou a hora de mirar Marte novamente. A sonda chinesa chama-se Tianwen (Questões Celestes) e trata-se de uma missão completa: orbiter, lander e rover. Foi lançada em 23 de julho de 2020 e deve chegar a Marte no dia 10 de fevereiro de 2021. O lugar de pouso programado chama-se Utopia Planitia, famoso na série Star Trek por ser o lugar ficticio onde a Enterprise-D e a Voyager foram construídas: nos estaleiros da Federação dos Planetas. O principal objetivo da sonda é buscar evidências de vida (passada ou atual) e avaliar o meio ambiente marciano, incluíndo sondas de penetração do solo. O primeiro vôo tripulado chinês ao planeta está agendado para as próximas décadas.

ver https://en.wikipedia.org/wiki/Tianwen-1

Perseverança e Engenhosidade Americanas

A esquerda a sonda em modo de cruzeiro, acima drone Ingenuity, abaixo a direita: rover Perseverance.

O Programa de Exploração de Marte da Nasa já enviou quatro rovers ao planeta que se tornaram famosos: Sojourner (1997), Spirit (2004), Oportunity (2004) e o Curiosity (2012). O rover Perseverance (Perseverança) vai a bordo da sonda Mars2020 junto com um companheiro pioneiro: o drone Ingenuity (Engenhosidade). O local de pouso é a Cratera Jezero que há 3.7 bilhões de anos atrás deve ter abrigado um um lago no um delta de rio onde acumulou sedimentos que podem ter preservado bem bioassinaturas (sinais químicos da presença de vida). A sonda custou algo em torno de US$2,1 bilhão e traz uma quantidade enorme de instrumentos. O drone Ingenuity é um helicóptero robótico que pretende escoltar o Perseverance, procurando locais promissores para prospectar. Essa será a primeira experiência de um objeto voador em outro planeta testando estabilidade e manobrabilidade. A previsão de chegada é dia 18 de fevereiro. Outra expectativa desta missão é recolher amostras para, em uma futura missão, retornar a Terra.

ver https://mars.nasa.gov/mars2020/

Teremos em breve muitas informações interessantes sobre o planeta Marte. Fiquem atentos.

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1957 Sputnik

Por Naelton Mendes de Araujo – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

O ano era 1957: a televisão norte-americana lançava a comédia situação (sitcom) “Leave It to Beaver”; o rádio tocava o hit de Elvis Presley “Jailhouse Rock” e Jack Kerouac publica seu livro “On The Road”. Mas outro som desperta a América, um som vindo do espaço.

Fazia 12 anos que a Segunda Guerra Mundial tinha acabado com a detonação de duas bombas atômicas no Japão. Depois disso começou um novo tipo de conflito velado: a Guerra Fria. Antigos aliados, União Soviética e Estados Unidos, agora se debruçavam sobre os despojos tecnológicos da Alemanha nazista derrotada. Fazia oito anos desde que a União Soviética já tinha desenvolvido sua primeira bomba atômica de fissão e menos de dois anos da explosão da sua primeira bomba de hidrogênio (muito mais potente).

As primeiras bombas eram projetadas para serem lançadas de aviões. Para tornar a ameaça nuclear mais assustadora faltava um veículo de transporte mais eficiente. Era preciso colocar a arma de destruição mais poderosa já feita pelo humanidade bem na cara do inimigo. A Alemanha nazista já desenvolvera o veículo ideal: os foguetes V2. Dos descendentes destes foguetes e das bombas iniciais surgiu a arma mais temida da humanidade: o míssil balístico intercontinental. 

O que distingue um míssel destes de um foguete lançador de satélite é, essencialmente, o que cada um leva na sua na sua ponta (na sua extremidade) e sua trajetória. A carga útil que pode ser uma ogiva explosiva (nuclear ou convencional) ou um veículo espacial: um satélite artificial.

No ano de 1957 a ONU lançou o Ano Internacional Geofísico e um dos desafios científicos era o colocar o primeiro satélite artificial. Previsto pela teoria gravitacional de Isaac Newton, e antecipado pelas obras de Júlio Verne, o satélite artificial ainda não havia saído do papel. A tecnologia básica já existia mas faltava pelo menos mais um estágio e a orientação correta para colocar um objeto se movimentando redor da Terra. Ficar em órbita, falando de forma simplificada, é lançar um projétil de tal forma que ao cair não atinge mais a superfície da Terra. Isso se consegue fazendo um disparo horizontal a uma altura acima de 100km (onde o ar não oferece resistência) a uma velocidade igual ou superior a 8km por segundo. 

Isso foi feito primeiro pela União Soviética no dia 4 de outubro de 1957. A esfera metálica de 60cm e um pouco mais de 80kg dava uma volta na Terra a cada 96 minutos emitindo um bip bip insistente e fácil de captar por qualquer radioamador. 

Sputnik significa pequeno companheiro. Foi lançado por um foguete denominado Semiorka R7. Mais tarde este R7 daria origem a toda uma nova dinastia de foguetes. A família decorrente até hoje coloca naves espaciais em órbita, como as Soyuz que levam os astronautas da atualidade para a ISS.  

Mais do que uma conquista científica, o Sputnik abalou a supremacia norte-americana e se tornou um desafio para os políticos. As forças armadas norte-americanas estavam tentando individualmente a colocação do primeiro satélite sem sucesso. Esse momento especial foi um impacto tão grande ficou conhecida como Crise Sputnik, o que levou à criação da Nasa, Agência Espacial norte-americana, responsável por centralizar a pesquisa espacial. 

A dianteira soviética na corrida espacial marcou mais um recorde no mês seguinte quando foi para o espaço o primeiro ser vivo em órbita, a cadelinha Laika, no Sputnik 2. Mas essa é outra história.

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Cinco filmes espaciais: não ficção


Escolher os cinco melhores filmes espaciais de todos os tempos é uma tarefa muito difícil. Pra “roubar” um pouco e facilitar a tarefa vou dividir em categorias. A primeira categoria será a de filmes de não ficção: histórias que realmente aconteceram dramatizadas pelo cinema. Não resisti a inserir mais dois extras no final. Só menciono filmes que já assisti. Você, leitor, pode colocar nos comentários aqueles que julgar que esqueci.

Aí estão eles em ordem de lançamento, não classificados por preferência, nem por mérito.

Os Eleitos (The Right Stuff, 1983)

Direção: Philip Kaufman – Roteiro: Philip Kaufman.
Baseado no livro The Right Stuff de Tom Wolfe.
Elenco: Sam Shepard, Scott Glenn (Sucker Punch, 2011) , Ed Harris (The Truman Show, 1998), Dennis Quaid (The Day After Tomorrow, 2004).

O filme foi indicado a vários Oscars, entre eles: melhor filme, ator coadjuvante, direção de arte e fotografia. Ganhou quatro Oscars: montagem, trilha sonora original, som e efeitos sonoros.

Os Eleitos narra, paralelamente, os dois projetos norte-americanos no início da década de 60 para levar um astronauta ao espaço. Um dos projetos era dos chamados aviões foguete que, décadas mais tarde, daria origem aos Space Shuttles. O filme começa com a barreira do som sendo vencida pelo avião X1 pilotado pelo capitão Chuck Yeager. O projeto que realmente atingiu o propósito foi o Mercury. Este projeto enfrentou a pressão de tirar os EUA da segunda posição na Corrida Espacial. Os soviéticos já tinham posto Gagarin em órbita e a Nasa ainda amargava suas derrotas. Sete astronautas foram selecionados e intensamente treinados para embarcar numa cápsula pequena na ponta de foguetes, antes desenvolvidos para serem misseis intercontinentais. Esta saga merece ser acompanhada. A narrativa é um produto de seu tempo e lugar. Se comparado a produções mais modernas pode trair um certo ufanismo nacional sem endeusar muito os astronautas. Mas as diversas anedotas e casos pitorescos realmente aconteceram. O espírito de competição com os soviéticos fica bem evidente. O clima de guerra fria preenche bem os diálogos.

Apollo 13 (1995)

Direção: Ron Howard.
Produção: Brian Grazer.
Roteiro: William Broyles Jr.e Al Reinert – Basedo no livro Lost Moon de Jim Lovell e Jeffrey Kluger.
Elenco: Tom Hanks (Forrest Gump, 1994), Kevin Bacon (O Homem Sem Sombra, 2000), Bill Paxton (U-571 A Batalha do Atlântico, 2000), Gary Sinise (Forrest Gump, 1994), Ed Harris, Kathleen Quinlan.

Este filme ganhou dois Oscars (melhor edição e melhor som) e foi indicado para outros sete Oscars: melhor filme, melhor ator coadjuvante (Ed Harris), melhor atriz coadjuvante (Kathleen Quinlan, no papel da esposa de Jim Lovell), melhor roteiro adaptado, melhor trilha sonora, melhor direção de arte e melhores efeitos. Apollo 13 ganhou sete outros prêmios em vários festivais.

Agora o programa espacial é outro: Apollo. Depois da descida da Apollo 11 na Lua, em julho de 1969, e da Apollo 12, em novembro do mesmo ano, o interesse da opinião pública americana sobre viagens espaciais parecia ter diminuido

A tripulação da Apollo 13 era assim composta: o comandante James A. Lovell Jr. (interpretado por Tom Hanks), o piloto do módulo de comando John L. Swigert Jr. (Kevin Bacon) e o piloto do módulo lunar Fred W. Haise Jr (Bill Paxton).

A nave Apollo foi lançada em direção a Lua pelo gigantesco foguete Saturno V. Depois que o último estágio do foguete se destaca a nave fica composta de três partes: módulo de serviço (cilíndrico e não-tripulado), módulo de comando Odyssey (cônico, lugar para três astronautas durante os oito dias de missão) e o módulo lunar Aquarius (com formato de aranha e espaço para dois astronautas por dois dias). Houve uma explosão. A explosão levou parte do módulo de serviço deixando o Odissey sem energia e atmosfera. Os três astronautas passaram para o Aquarius feito para abrigar duas pessoas por dois dias. Não faltou oxigênio, o problema foram nos filtros de gás carbônico: não estavam dando conta do recado. A solução exigiu bastante criatividade. Veja o filme, você vai amar.

O Céu de Outubro (October Sky, 1999)

Direção: Joe Johnston
Produção: Charles Gordon e Larry Franco
Roteiro: Lewis Colick – Baseado no livro Rocket Boys de Homer Hickam
Elenco: Jake Gyllenhaal (Donnie Darko, 2001), Chris Cooper (A Identidade Bourne, 2002), Laura Dern (Jurassic Park, 1993)

Filme para ser visto mais de uma vez. Neste período de quarentena então, vai te fazer muito bem pela mensagem de superação que ele carrega. October Sky é uma autobiografia de Homer Hickam, um engenheiro aeroespacial que trabalhou na Nasa. O filme se concentra na sua infância nos fins da década de 50 na pequena cidade mineira de Coalwood (área rural dos EUA). A primeira cena do filme é a passagem do Sputnik (outubro de 1957) e o alvoroço que isso causou na sociedade norte-americana no início da Guerra Fria. Aquele momento foi marcante para a educação científica norte-americana. Em Coalwood, naquela época, um jovem ao terminar seus estudos secundários tinha três destinos prováveis: trabalhar nas minas de carvão, servir as forças armadas ou ser um bom esportista para ganhar uma bolsa em uma universidade, nesta ordem. Homer ousa pensar em lançar foguetes.

O filme não chegou a ser indicado para o Oscar; ganhou três prêmios em festivais e deixou um legado de inspiração. Seu tema musical principal é sensacional. A fotografia é linda. As atuações comovem e a exatidão história e científica são convincentes. Esse é para ver com a família: pelo menos com a garotada a partir dos 10 anos.

Estrelas Além do Tempos – (Hide Figures, 2016)

Direção: Theodore Melfi.
Produção: Donna Gigliotti, Peter Chernin, Jenno Topping, Pharrell Williams e Theodore Melfi Roteiro: Allison Schroeder e Theodore Melfi.
Baseado no livro homônimo de Margot Lee Shetterly.
Elenco: Taraji P. Henson (The Curious Case of Benjamin Button, 2008), Octavia Spencer (Histórias Cruzadas, 2011), Janelle Monáe, Kevin Costner (O Mensageiro, 1997), Kirsten Dunst (Spider-Man, 2002) e Jim Parsons (Big Bang Theory, 2007).

Não vou esconder minha paixão por este filme. Já escrevi um artigo sobre ele no calor da entrega do Oscar de 2017. O filme também fala do Programa Mercury, descrito em Os Eleitos, mas o enfoque é totalmente diferente. Enquanto se travava uma guerra fria no espaço em terras norte-americanas ainda havia direitos civis a serem conquistados. A política Jim Crow de segregação racial e a cultura machista faziam a sociedade americana se arrastar do ponto de vista social. O filme trata tanto do progresso tecnológico como a necessidade de avanço social. A obra conta essa história ao destacar três personagens notáveis: Katherine Johnson (Taraji P. Henson) , Mary Jackson (Janelle Monáe) e Dorothy Vaughan (Octavia Spencer). Essas mulheres negras foram responsáveis por calcular a órbita e os detalhes da cápsula espacial. Aquela era uma época onde muitos cálculo ainda eram feitos à mão (com ajuda de calculadoras elétricas) e os primeiros computadores ainda eram máquinas difíceis de se lidar. Se você estudou ciências exatas reconheceu as menções bem colocadas de métodos numéricos de computação (Método de Gauss, por exemplo). Se for do meu tempo, então, vai se lembrar emocionado quando a linguagem Fortran for mencionada. Até uns 15 anos atrás esta linguagem ainda era usada para programas de controle de satélites onde eu trabalhava.

Em 2017 este filme foi indicado para três categorias do Oscar: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (a sensacional Octavia Spencer) e melhor roteiro adaptado. Não levou nenhum deste prêmios, mas já tinha conquistado oito premiações em grandes festivais de cinema.

Mercury 13 (2018)

Direção: David Sington e Heather Walsh
Produção: David Sington, Heather Walsh, Trevor Birney, Brendan Byrne e Geraldine Creed

Mais um filme sobre mulheres e espaço. Trata-se de um documentário sobre um programa privado (não era da Nasa) desenvolvido em 1960 para treinar mulheres norte-americanas para serem astronautas. O termo Mercury 13 foi criado em 1995 em referência aos Mercury Seven: o time de sete astronautas representados no filme Os Eleitos. Elas nunca foram ao espaço. Das 13 originais oito ainda estão vivas enquanto escrevo estas linhas.

A primeira astronauta foi a soviética Valentina Tereshkova em 1963. A primeira astronauta norte-americana, Sally Kristen Ride, só foi ao espaço vinte anos depois do programa Mercury. Até hoje nenhuma mulher foi a Lua, mas já há um programa norte-americano em andamento com este propósito: Ártemis.

Mais dois filmes… de brinde.

Claro que existem muitos outros filmes de não ficção excelentes sobre a exploração do espaço. Uma dica muito boa do meu colega Leandro foi Gagarin. Pervyy v kosmose (2013) que pode ser visto no canal do Planetário no YouTube. O primeiro ser humano no espaço foi o soviético Yuri Gagarin a bordo da nave Vostok.

Outro filme que não pode ficar de fora de qualquer lista espacial é o O Primeiro Homem (2018). É a biografia do astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem na Lua. Assisti duas vezes mas achei meio depressivo e claustrofóbico demais pra a atual conjuntura de afastamento social. Por este motivo incluí O Céu de Outubro por trazer uma mensagem mais otimista. O filme é bem realista nos detalhes técnicos: especial destaque para a cena sobre a missão Gemini 8, comandada por Armstrong, que quase acaba em desastre.

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Coluna do Astrônomo

Gemini – altas aventuras no espaço

1965 – O programa Gemini, de naves para dois astronautas, é sucessor das cápsulas Mercury (para um só tripulante). A primeira Gemini a levar astronautas ao espaço foi a de número 3, lançada em março de 1965. Por insistência do comandante Virgil Grissom, foi a única nave Gemini a ser batizada: Molly Brown. A referência foi a cápsula Mercury “Liberty Bell” 7 (todas Mercury eram numeradas de 7) que pilotou e que afundou ao amerissar no Pacífico. Molly Brown, chamada de insubmersível, teria sido uma das poucas sobreviventes do naufrágio do Titanic. O copiloto da Gemini 3 foi John Young.

As Gemini, ao contrário das Mercury, tinham capacidade de realizar manobras complicadas em órbita. Seriam as naves que realmente poderiam colocar os norte-americanos em pé de igualdade dos cosmonautas soviéticos. Até aquele momento a URSS estava realizando várias proezas espaciais. A bordo da nave Voskhod o cosmonauta Alexei Leonov foi o primeiro homem a passear no espaço em março de 1965. O primeiro passeio espacial norte-americano só viria acontecer em junho do mesmo ano com Edward H. White na Gemini 4. Neste período, enquanto os soviéticos lutavam com o desenvolvimento das suas naves Soyuz, as Gemini se destacaram em missões orbitais.

Março de 1966 – A nave Gemini 8 tinha uma missão ousada: interceptar e se acoplar a um veículo não tripulado intitulado Agena. Neil Armstrong (ainda novato naquela época) foi o piloto e o copiloto foi David Scott (ambos tripularam naves Apollo que iriam à Lua mais tarde). No momento em que as duas naves se acoplaram, começaram a rodopiar vigorosamente no espaço sem controle. Foi preciso desconectar a Gemini da Agena, mas esta continuava a girar loucamente. A solução encontrada foi acionar os retrofoguetes e tirar a nave de órbita antes do tempo previsto e realizar um pouso de emergência. Estas cenas são reproduzidas de forma vertiginosa no filme O Primeiro Homem (Damien Chazelle, 2018). Recomendo para quem curte espaço, mas não para quem tem vertigens.

Gemini foi o projeto que realmente alavancou os EUA para superar a URSS durante a Corrida Espacial.

Estas e outras histórias você poderá conhecer no Curso de Astronáutica do Planetário do Rio.

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Coluna do Astrônomo

Curso de Astronáutica 2019

Olá, você gosta de falar sobre coisas do espaço? Sabe por que o Homem não voltou à Lua? Qual a diferença entre cosmonauta e astronauta? Como um satélite se mantém em órbita?

Entre 27 e 31 de maio o Planetário do Rio de Janeiro estará oferecendo mais um Curso de Astronáutica. O horário é de 19h às 20h30min no Planetário da Gávea. O conteúdo é dado em 5 capítulos:

Conteúdo do curso

  1. Fundamentos de Mecânica Celeste – revemos os conceitos básicos de Mecânica do nível médio: posição, velocidade, aceleração, órbita e gravitação;
  2. Foguetes – sua origem, desenvolvimento e funcionamento;
  3. Satélites – órbitas, funcionamento e aplicações;
  4. Voos Tripulados – cápsulas, trajes espaciais e naves;
  5. Sondas Espaciais – tipos, descobertas e estado da Arte.

Informações

Investimento: R$50,00. Material didático será disponibilizado. Certificado (frequência mínima de três dias). Idade mínima: 12 anos acompanhado, 15 anos sozinho.

Professor Naelton Mendes de Araujo – Graduado em Astronomia, Mestre em Educação e Divulgação Científica. Trabalhou 10 anos com controle orbital de satélites geoestacionários.

Inscrições para a versão de 2022 no link: Curso Introdução à Astronáutica 2022