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Coluna do Astrônomo

Pra onde tenha Sol, é pra lá que eu vou!

 

Sim, o título do blog de hoje é uma frase da famosa música “o Sol”, interpretada pelo grupo Jota Quest. Ainda que a letra não se refira à escuridão pelo desaparecimento de nossa estrela, está bem adequada ao nosso tema. Nosso Sol não existirá para sempre.

 

Nossa estrela, assim como todas as outras, produz sua própria luminosidade, sendo por isso denominada em alguns livros de “corpo luminoso”. A Lua, ao contrário, é percebida majestosamente nas noites límpidas (e dias também), por refletir a luz do Sol.

 

O Sol realiza em seu interior, bem lá nas profundezas, uma série de processos, chamados de reações termonucleares. A principal delas consiste em “juntar” quatro núcleos de hidrogênio, gerando um núcleo de hélio. Desse casamento, uma enorme quantidade de energia é liberada, na forma de luz e, claro, calor.

 

Mas se a quantidade de energia liberada é imensa, a quantidade de “combustível” gasto é igualmente grande. No interior do Sol, algo como 600 milhões toneladas de hidrogênio, por segundo, são transformadas em hélio! Isso significa que enquanto tivermos hidrogênio no Sol, estamos bem.

 

Por sorte, nosso Sol é bem grande (cabem 1.400.000 terras em seu interior) e, portanto, temos bastante combustível ainda. Este processo é extremamente eficiente e duradouro. Estima-se que o Sol tenha 4,5 bilhões de anos, e que tenhamos pela frente mais uns 5 bilhões, ao menos. Mas uma hora, teremos sim problemas, o Sol ficará instável, aumentará em volume, e num último suspiro, ejetará boa parte de sua superfície para o espaço, aniquilando os planetas mais próximos (Mercúrio, Vênus e talvez a Terra). Nossa estrela terá uma classificação pomposa (“nebulosa planetária”), mas será então uma vaga lembrança distante do outrora vigor energético que sustentou a vida na Terra por 10 bilhões de anos. A vida, por sinal, deixará de existir, com certeza.

 

Nós, humanos, temos um desafio. Na verdade, dois. O primeiro, de conseguir manter este planeta habitável nos próximos cinco bilhões de anos, antes de a escuridão chegar. O segundo, encontrar um lugar para onde possamos correr, ou seja, “pra onde tenha Sol”.

 

 

 

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Coluna do Astrônomo

Prevenção de catástrofes celestes

 

Por Paulo Cesar Pereira – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

 

Já se passaram três meses desde a ocorrência impressionante do meteoro que se partiu sobre os céus de Chelyabinsky, Rússia. Na ocasião, todo o planeta ficou perplexo diante do “show” de imagens que se espalharam pela rede mundial. O enorme rastro deixado no céu foi o único vestígio agradável da passagem, que causou diversos transtornos aos moradores da região, embora felizmente, sem vítimas fatais.

O evento trouxe à discussão um tema que normalmente só ouvimos falar nos filmes de ficção científica catastróficos: estamos preparados para um eventual impacto na Terra? A preocupação é pertinente, principalmente se levarmos em consideração que, por hora, nenhuma das “soluções” oferecidas nos filmes parece ser de simples execução. Até porque, muitos (talvez a maioria) desses corpos são muito pequenos para serem percebidos por telescópios. Para esclarecer um pouco essa história de “pequeno”: estima-se que o meteoro que causou aquele alvoroço na Rússia tinha algo em torno de 20m e liberou o equivalente a 30 bombas atômicas como a de Hiroshima. Isso é considerado pequeno, mesmo para os maiores telescópios do planeta. Ou seja, quando a gente percebeu, ele já estava perto demais para tomarmos alguma atitude defensiva.

O certo é que, por hora, o melhor que podemos fazer é tentar prever, com a maior antecedência possível, a entrada destes corpos em nossa atmosfera e, com isso, emitir avisos. Nesse sentido, ontem, a Agência Espacial Europeia inaugurou uma espécie de central de alerta de impactos da União Europeia, que emitirá avisos sempre que algum objeto potencialmente perigoso para a região for detectado.

 

Estima-se que em torno de 600.000 asteroides e cometas orbitem o Sol, e que cerca de 10.000 destes sejam objetos potencialmente perigosos, pela proximidade e tamanho.

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Coluna do Astrônomo

Enfim, o máximo solar

Por Paulo Cesar Pereira – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

 

O Sol é uma estrela que a cada 11 anos desperta de um sono profundo, despejando uma enorme quantidade de energia no espaço. Nessas ocasiões, jatos de matéria com partículas carregadas eletricamente, podem causar danos aos satélites, danificar os sistemas de transmissão de energia em solo, e prejudicar a saúde de astronautas que porventura estejam no espaço. Agora, em maio de 2013, aparentemente o Sol “acordou” novamente.

De fato, a atividade solar passa por altos e baixos, que obedecem a um padrão. Para facilitar o estudo e registro desse padrão, os astrônomos criaram os chamados “ciclos”. Um determinado ciclo começa na época de mínima atividade, sendo este “ponto zero” determinado por meio de observação do campo magnético solar. A partir de então, a atividade solar aumenta gradativamente, até que finalmente, atinge o seu auge, e o Sol acorda (máximo de atividade solar). Atualmente, desde que os registros começam a ser feitos, no século 18, estamos no ciclo 24.

Em média, a cada 11 anos, nossa estrela atinge o máximo. As manchas surgem em profusão em sua superfície, que expele maior quantidade de partículas carregadas e sofre explosões extremamente energéticas. É comum liberar muita energia na forma de raios-X e parte de sua própria matéria para o espaço (ejeção de massa coronal). O resultado dessa mudança de humor solar já foi resumido no primeiro parágrafo. A novidade (boa), é que o máximo do ciclo atual não veio tão intenso assim. Previsto para acontecer em maio deste ano, o máximo solar até agora, mostra-se um fiasco, atingindo metade do fluxo de energia registrado no ciclo 23 (ver figura). Esse comportamento não é tão esquisito quanto parece, tendo sido registrado outras vezes, e as razões para isso são ainda motivo de intenso debate. Uma coisa, porém, é certa: ao contrário do que alguns alarmistas disseram, por ocasião do fim do mundo que não aconteceu, o Sol está bem calmo.

No gráfico, o eixo vertical informa o valor da energia emitida pelo Sol, e o eixo horizontal, os anos. Os pontos são médias mensais de fluxo de energia, e a linha vermelha, o comportamento previsto até 2019. Note como o máximo atual é bem menos intenso.

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Monitorando os Céus

Por Paulo Cesar Pereira – Astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro

 

Ontem o Canadá lançou um satélite que pretende estudar asteroides e cometas que cruzam a órbita da Terra. Lançado num foguete na Índia, o satélite chamado NEOSSat (Satélite de Vigilância de Objetos Próximos) tem um tamanho de uma mala grande, com um pequeno telescópio acoplado. Numa altitude de aproximadamente 800km (o dobro da altitude da estação espacial internacional), e com 65kg, terá como objetivo monitorar asteroides, cometas e até mesmo o lixo espacial (restos de missões tripuladas, que podem causar colisões com satélites e missões espaciais).

Sua posição privilegiada permitirá o monitoramento 24h por dia, algo que telescópios no solo não podem fazer, devido à alternância da noite para o dia. Além disso, asteroides de pouco brilho poderão ser mais facilmente detectados nessa altitude. Um dos resultados mais esperados é o monitoramento de possíveis alvos de exploração tripulada ou não. Isso mesmo: a ideia é encontrar asteroides que possam receber alguma missão para estudá-lo. Muitos asteroides passam rápido demais, outros, no entanto, passam com velocidade similar à da Terra, e relativamente próximos de nosso planeta, tornando factível o pouso de uma sonda em sua superfície.

Pode parecer coisa de cinema, mas isso já acontece. Em 2001 a sonda americana Near Shoemaker pousou no asteroide Eros, e em 2005, a sonda japonesa Hayabusa retornou para a Terra após pousar rapidamente no asteroide Itokawa.

A possiblidade de estudar asteroides em detalhes é fascinante, uma vez que esses objetos carregam informações sobre a origem e composição química do Sistema Solar na época da sua formação.

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A próxima revolução

 

Nos livros de história a palavra revolução costuma vir associada aos movimentos de transformação social e política, ocorridos, em geral, por via violenta. Agora, em julho, os franceses celebram o aniversário da “Queda da Bastilha”, marco da Revolução Francesa. A ciência, por vezes, nos oferece visões inesperadas do mundo em que vivemos, verdadeiras “revoluções científicas”, por permitirem transformações igualmente profundas. Um dos casos mais famosos é o da contribuição da luneta astronômica, em 1609, no embate Geocentrismo versus Heliocentrismo. Pois bem, esta semana o European Southern Observatory (Observatório Europeu do Sul), a principal organização europeia de astronomia, aprovou no dia 11 de junho, um megaprojeto que promete produzir uma nova revolução científica.

Trata-se do European Extremely Large Telescope (Telescópio Europeu Extremamente Grande), que terá um espelho principal com incríveis 39,3 metros de diâmetro. Este será o maior telescópio ótico e infravermelho já construído, permitindo uma nitidez de imagem que nenhum telescópio, seja no solo, seja no espaço, é capaz de obter atualmente.

Planeja-se o início das operações do telescópio gigante em meados da próxima década, certamente procurando respostas para algumas das principais indagações, não só dos astrônomos, mas do ser humano em geral. Uma delas diz respeito à existência ou não de vida fora da Terra. O “grandão” estudará planetas parecidos com a Terra, localizados na chamada “zona de habitabilidade”, região onde a vida poderia ter mais chances de surgir. Espera-se também que obtenhamos importantes resultados para a cosmologia, por meio do estudo das primeiras estrelas e galáxias que surgiram no Universo, e quem sabe, obter respostas sobre outra questão perturbadora: qual a origem do Universo?

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Coluna do Astrônomo

Rio+20 e as energias limpas

 

 

Como você já deve saber, a cidade do Rio de Janeiro sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, entre os dias 13 e 22 de junho. Denominada Rio+20, por marcar os vinte anos desde a conferência sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, a então chamada Rio-92, terá como objetivo definir os caminhos que os habitantes deste planeta deverão tomar nas próximas décadas, visando o desenvolvimento sustentável. Esperamos que os diversos Chefes de Estado e de Governos dos países participantes das Nações Unidas tragam boas novidades, com resultados práticos, e menos demagogia política.

 

Nesse sentido, é sempre bom mostrar que algumas promessas de energia limpa que temos escutado nos últimos 20 ou 30 anos estão bem mais próximas da realidade e, dependendo do esforço e interesse das forças político-comerciais, poderiam ser implementadas num curto período de tempo. É o caso da energia solar que, experimentalmente, já substitui o combustível fóssil em algumas situações. Um interessante exemplo é o oferecido pela dupla suíça Bertrand Piccard e André Borchsberg. O primeiro é psiquiatra e o segundo, engenheiro; eles desenvolveram um avião movido somente a energia solar!

 

Nossa estrela mais próxima, o Sol, nos concede diariamente uma fonte de energia inesgotável (pelo menos, para os próximos quatro bilhões de anos, o que para os padrões humanos pode ser considerado um tempo infinito). Pouco usada ainda, a energia solar é 100% limpa, ou seja, uma forma de energia que não agride (ou agride muito pouco) o nosso planeta. A energia contida na luz do Sol pode ser transformada em eletricidade, por meio de um dispositivo chamado celula fotovoltaica. Temos ainda as placas solares que simplesmente se aquecem durante o dia, e esquentam a água. Vantagens não faltam para investir nessa fonte de energia: inesgotável, faz uso de equipamentos de baixa manutenção, abastece locais onde a energia elétrica convencional não chega. Obviamente tem suas desvantagens, pois em alguns locais do planeta a incidência da luz solar é bem menor ou ainda inexistente por alguns meses. Mas para esses casos, temos outras energias limpas, não é? Eólica, marés, biogás, biocombustíveis etc.

 

E, bem sabemos, quando o ser humano quer, ele faz.

 

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Coluna do Astrônomo

Trânsito de Vênus

 

 

No dia 5 de junho de 2012 ocorrerá o trânsito do planeta Vênus. O fenômeno astronômico é bastante raro: o próximo acontecerá apenas em 11 de dezembro de 2117. O trânsito iniciará às 19h7min do dia 5 de junho, e terminará à 1h50min da madrugada do dia seguinte. Infelizmente, a quase totalidade dos brasileiros não poderá acompanhar no céu o fenômeno. Somente no extremo noroeste brasileiro será possível acompanhar o fenômeno, e mesmo assim, em seu início apenas.

 

O trânsito de um planeta ocorre quando este, visto da Terra, passa na frente do Sol. O trânsito só ocorre com planetas cujas órbitas se encontram entre a Terra e o Sol, ou seja, Mercúrio e Vênus. O trânsito é um fenômeno astronômico similar ao eclipse solar (que acontece quando a Lua encobre o Sol), com a diferença que o planeta aparece bem menor que a Lua, de maneira que ele não pode cobrir totalmente o Sol.

 

Por serem bastante raros, apenas sete trânsitos ocorreram desde o surgimento da luneta astronômica: em 1631, 1639, 1761, 1769, 1874, 1882 e 2004. Foram importantes, inicialmente, na determinação da escala de distâncias do Sistema Solar. Posteriormente os trânsitos foram importantes no estudo da atmosfera de Vênus, por meio da espectroscopia. Um dos grandes desafios que se apresentam para a astronomia moderna é a busca por exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar), e o trânsito de planetas em estrelas distantes é o principal método de busca. Os trânsitos de Vênus mais recentes (2004 e agora 2012), fornecem um importante teste do método a ser aplicado nas estrelas distantes.

 

Poderemos acompanhar o fenômeno ao vivo pela internet. Diversas instituições espalhadas pelo planeta farão a transmissão:

 

http://www.transitofvenus.com.au/HOME.html

– http://sunearthday.nasa.gov/2012/transit/webcast.php

– http://www.up.ac.za/venus/index.htm

http://www.livestream.com/tov2012

http://www.ccssc.org/transit2012.html

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Explicando Tempestades Solares em cinco perguntas

As agências espaciais registraram, nesta semana, a maior explosão solar dos últimos cinco anos. As partículas provenientes dessa tempestade atingiu a Terra na última quinta-feira. O astrônomo da Fundação Planetário, Paulo César Pereira, explica quais as implicações que isso tem para a vida na Terra.

Quais são os impactos significativos destas tempestades solares para a Terra e para a Humanidade?

Paulo – Basicamente as tempestades solares são formadas por elétrons e núcleos de átomos, ou seja, partículas carregadas eletricamente, com capacidade de interagir com outras cargas elétricas. Nossa sociedade tecnológica depende totalmente da energia elétrica e, portanto, é vulnerável. Mesmo assim, são casos raros e que acontecem mais frequentemente em altas latitudes (perto dos polos magnéticos da Terra). Por exemplo, o último grande problema causado pelo Sol, foi um blackout em toda a cidade de Quebec, no Canadá, e em algumas cidades americanas, em 13 de março em 1989. Uma explosão solar ocorrida três dias antes foi a causadora. Felizmente, explosões solares como essa são muito raras. Os componentes elétricos dos satélites ficam também vulneráveis nesses casos.

Diminuiu o espaço entre estas explosões?

Paulo – Sim, e o motivo é simples. O Sol passa por um ciclo de atividade cujo período é de aproximadamente 11 anos. Estamos perto do máximo do ciclo atual e, à medida que isso acontece, o intervalo entre explosões vai diminuindo. Naturalmente, após atingir o máximo (o que acontecerá nos próximos meses), o Sol ficará gradativamente menos ativo ao longo dos anos seguintes e o intervalo entre explosões irá aumentar ao longo dos anos. Naturalmente, daqui a uns seis anos, o Sol iniciará um novo ciclo de alta, e os intervalos voltarão a diminuir.

Aumenta a incidência de raios solares na Terra?

Paulo – Não. Aumenta a quantidade de partículas que atingem a Terra (elétrons e núcleos de átomos, basicamente).

Temos que tomar alguma precaução?

Paulo – O moradores do planeta não têm com o que se preocupar.

Essa tempestade afeta satélites. Vamos ficar reféns, em algum momento, das intempéries astronômicas?

Paulo – Na verdade, os possíveis danos aos satélites são vários. Diminuição ou perda da capacidade de transmissão de dados é possível. Porém, nenhum dano é previsível. O mais provável é a diminuição da vida útil dos satélites.

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O Legado da supernova SN 2011fe

A supernova SN 2011fe foi descoberta em 24 de agosto de 2011 por um grupo de astrônomos da Universidade  CalTech. Durante observações rotineiras da galáxia M101, tiveram a felicidade de observar a supernova apenas algumas horas após a explosão. Para entendermos a importância da descoberta, precisaremos entender um pouco desses objetos exóticos.

As supernovas surgem da destruição repentina de estrelas. As supernovas são classificadas de diferentes maneiras, dependendo do tipo de estrela que as origina. Temos dois tipos principais: a supernova é originária da explosão de uma estrela pequena, chamada anã branca (Tipo I), ou é gerada a partir da explosão de uma estrela gigantesca com massa muitas vezes maior que a do nosso Sol (Tipo II). Existe ainda uma subclassificação em função da presença, ou não, de silício fazendo com que possamos ter tipos Ia ou Ib. A análise espectroscópica de SN 2011fe revelou tratar-se de uma supernova do Tipo Ia e, portanto, originária de uma anã branca.

Uma estrela pequena como uma anã branca não seria capaz de virar uma supernova sozinha. É necessário um mecanismo externo influenciando-a. De fato, ela deve fazer parte de um sistema estelar binário e após receber suficiente massa de sua companheira e eventualmente atingir uma massa crítica de 1,4 massas solares (chamada limite de Chandrasekhar), ela não consegue mais suportar sua própria gravidade e colapsa. Como resultado do colapso, uma repentina e violenta queima termonuclear ocorre em seu interior e ela explode. A explosão em si é o que chamamos supernova e pode ser tão energética quanto o brilho de todas as estrelas da galáxia reunidas. Isso faz com que possam ser facilmente observadas, mesmo nas galáxias mais distantes.

A descoberta praticamente no início do processo torna a descoberta particularmente importante: será possível observar detalhes da evolução de uma supernova de uma maneira inédita, uma vez que não sabemos quando uma estrela irá explodir de maneira a apontar o telescópio com antecedência. Existe ainda um outro aspecto igualmente importante. Todas as supernovas do tipo Ia apresentam a mesma quantidade de luz ao atingir o seu brilho máximo. Essa característica lhes confere a qualidade de serem verdadeiras réguas astronômicas. Ou seja, podem ser usadas para medir as distâncias das galáxias, mesmo as mais distantes. No caso de M101, a distância já é bem conhecida, mas a SN 2011fe deixará como legado, o aperfeiçoamento da técnica de determinação de distâncias no Universo.

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Laser para desvendar a atmosfera

O estudo das mudanças climáticas e os seus efeitos faz parte da agenda de pesquisa da Agência Espacial Europeia. Sendo alvo de constante interesse, o chamado efeito estufa, promete ser investigado em maior profundidade com uma nova técnica ainda em desenvolvimento. A ideia é investigar os gases de nossa atmosfera cruzando-a com um feixe de raios laser emitido de um satélite para outro.

Por enquanto isso ainda está no campo das teorias. Por outro lado, um importante passo nesse sentido foi dado, com a realização de um experimento envolvendo duas ilhas do Arquipélago das Canárias. Neste local, está localizado um importante centro de pesquisa astronômica, o Observatório del Teide, mantido pelo famoso Instituto de Astrofísica das Canárias. Um preciso equipamento foi instado nas duas ilhas do Oceano Atlântico separadas por 144km. 

Durante duas semanas, sob a coordenação de pesquisadores da Universidade Austríaca de Graz, e das Universidades de York e Manchester, no Reino Unido, um feixe de laser infravermelho foi emitido de uma ilha para a outra, permitindo pela primeira vez a medida da quantidade do dióxido de carbono e de metano ao longo da separação das ilhas.

O próximo passo será estender a técnica para satélites. Ou seja, o feixe seria emitido de um satélite para outro. Com isso, poderemos fazer as medidas em grandes distâncias ao longo da nossa atmosfera, e dados mais precisos serão obtidos. Espera-se com isso, uma importante contribuição para a questão da mudança climática.