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Coluna do Astrônomo

10 anos da reclassificação de Plutão

Há dez anos, vários astrônomos do mundo todo se reuniram em Praga (República Tcheca), na 26ª Reunião Anual da União Astronômica Internacional (cuja sigla em inglês é IAU). Entre os diversos assuntos a serem tratados, um era realmente palpitante: a definição de PLANETA.

A causa da discussão era o então planeta Plutão. Desde sua descoberta em 1930, pelo americano Clyde Tombaugh (1906-1997), muita coisa mudou. Naquela data, a imagem do astro não passava de um ponto luminoso contra um fundo de estrelas fixas. Foi preciso comparar fotos tiradas em dias diferentes para notar o movimento lento de Plutão em relação as estrelas.

Foto da descoberta de Plutão (o pontinho marcado com a seta branca)
Foto da descoberta de Plutão (o pontinho marcado com a seta branca)

Com o desenvolvimento de telescópios mais potentes em terra e no espaço, podemos calcular o diâmetro de Plutão. Logo se percebeu que o astro era muito pequeno e isso detonou uma discussão sobre sua natureza: seria mesmo um planeta ou apenas um asteroide? Na década de 30, se achava que Plutão tinha a massa da Terra. Dez anos depois, o astrônomo Gerard Kuiper (1905-1973) calculou que sua massa era um décimo deste valor. Hoje sabemos que Plutão não chega a 0,2% da massa terrestre e seu diâmetro é de uns 2370 km (menor que a nossa Lua).

Com o avanço das observações, se descobria cada vez mais corpos além da órbita de Netuno. Hoje aquela região é conhecida como Cinturão de Kuiper, onde milhares de pequenos corpos gelados orbitam; Plutão é apenas um destes corpos, talvez o maior deles.

O que levou a IAU a ter que definir o que é planeta e reclassificar Plutão foi a descoberta, em 2003, de um corpo pouco menor que este. Este astro recebeu o nome da deusa grega Éris da discórdia e foi o estopim de toda acirrada discussão acerca do tema. Depois de muita polêmica, a IAU criou três critérios para um astro ser considerado “planeta”:

  1. O objeto precisa estar em órbita ao redor do Sol. Isto descarta todos os satélites naturais.
  2. O objeto precisa ter massa grande o suficiente para torná-lo esférico pela própria gravidade. Isto descarta muitos asteroides e cometas com suas formas irregulares (parecendo batatas).
  3. Ele precisa ser gravitacionalmente dominante, ou seja, na órbita do objeto não pode haver outros objetos cuja massa somada seja maior que a sua própria.

Plutão não satisfaz o terceiro critério, só Éris tem quase a massa de Plutão. Criou-se a categoria “planeta anão” para Plutão, Ceres, Éris e outro objetos do Cinturão de Kuiper.

Houve muita polêmica e ainda existe em torno do tema. Não foi um “rebaixamento”, apenas uma classificação mais coerente, mas nem todos gostaram disso.

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Sonda visitará um Asteroide Rasante

Está programado para o dia 8 de setembro próximo o lançamento a partir da Florida (EUA) de um foguete Atlas V levando a bordo uma sonda espacial: a OSIRIS-Rex. Não será a primeira sonda enviada a um asteroide nem a primeira com a missão de trazer amostras. Em 2010 a sonda japonesa Hayabusa nos trouxe amostras do asteroide Itokawa. O alvo agora é um asteroide rasante denominado Bennu 1999 RQ36.

Um asteroide considerado “rasante” é aquele que passa perto da Terra. Temos que lembrar que em astronomia “perto” é relativo. As distâncias no Sistema Solar são medidas em unidades astronômicas que correspondem a distância média entre a Terra e o Sol, algo da ordem de 150 milhões de quilômetros. Desta foram a distância da Terra à Lua, algo em torno de 400 mil quilômetros, é considerada pequena comparada a uma unidade astronômica. Os astrônomos costumam classificar asteroides com órbitas semelhantes em grupos ou famílias. Bennu faz parte da família Apollo. Os asteroides Apollo orbitam entre Marte e Vênus. Estes corpos chegam mais perto do nosso planeta de tempos em tempos.

O asteroide Bennu vai passar razoavelmente perto da Terra oito vezes no período entre 2169 e 2199. A chance de impacto máxima acumulada é inferior a 0.07%. Isso é muito pouco, mas, mesmo assim, sua órbita chama a atenção dos cientistas planetários. Os dados da sonda OSIRIS-Rex sobre a natureza da superfície de Bennu podem esclarecer como o asteroide pode ser afetado pelo efeito Yarkovsky. Este efeito se manifesta por uma aceleração devido a radiação térmica emitida pelo corpo. É algo semelhante ao que acontece com pressão de radiação solar (ver link no fim do artigo). Dependendo de como a luz solar aquece a sua superfície pode mudar sutilmente a órbita. Para determinar a aceleração de Yarkovsky é preciso saber como o asteroide gira e como a superfície absorve e reflete a luz solar.

A OSIRIS-Rex pode nos trazer informações importantes sobre a natureza química daquele asteroide. Segundo os pesquisadores, Bennu é como uma amostra da matéria vinda do início da formação do Sistema Solar. A previsão é de que a sonda alcance o asteroide em 2019 e retorne com as amostras em 2023.

Saiba mais sobre pressão de Radiação Solar.

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Apollo 11: o homem foi à Lua

47  anos homem à lua

Neste mês faz 47 anos que o primeiro homem pousou na Lua e, ainda hoje, tem gente que acredita em teorias de conspiração de que isso é uma fraude. Vejamos como podemos desfazer estas teorias com alguns argumentos simples.

Os soviéticos nunca negaram
Os norte-americanos só foram à Lua porque havia uma forte disputa com os soviéticos, denominada Corrida Espacial. Os soviéticos também queriam descer astronautas na superfície lunar, mas seus protótipos Nositol 1, foguetes equivalentes ao Saturno V, explodiram antes de se tornarem operacionais. Os soviéticos já haviam pousado sondas e colocado satélites ao redor da Lua diversas vezes antes de julho de 1969. Enquanto os astronautas da Apollo 11 pisavam na Lua, havia uma sonda soviética em órbita: a Lunik 15. Esta espaçonave colidiu com a Lua poucas horas antes do módulo lunar decolar. Anos depois os soviéticos continuaram pousando e orbitando a Lua sem nunca levantar dúvidas quanto à veracidade do pouso. Imagine o prazer que teriam em revelar uma farsa destas.

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Foguete Nositol 1 comparado ao Saturno V

As fotos dos lugares de pouso
Os Módulos Lunares (LEM) eram constituídos de dois estágios. Ao decolar deixaram um módulo de descida na superfície lunar. Estes módulos têm sido fotografados pelas sondas espaciais mais modernas diversas vezes confirmando os locais de pouso. Em algumas fotos podemos ver os rastros de pegadas dos astronautas e até os Rovers Lunares (LRV).

Locais de pouso fotografados pelas sondas.
Locais de pouso fotografados pelas sondas.

O espelho laser deixado na superfície lunar
As missões Apollo 11 e 14 (esta última em fevereiro de 1971) deixaram na superfície lunar refletores que permitiram medir a distâncias da Terra à Lua através de flashes de laser enviados da Terra. Os resultados foram totalmente compatíveis com os obtidos pelos refletores a bordo do rovers soviéticos Lunokhod 1 (novembro de 1970) e Lunokhod 2 (janeiro de 1973).

Esquerda: Espelho refletor de Laser deixado na Lua. Direita: Astronauta Alan Bean examinando a Sonda Surveyor 3 com o módulo lunar Intrepid ao fundo.
Esquerda: Espelho refletor de Laser deixado na Lua. Direita: Astronauta Alan Bean examinando a Sonda Surveyor 3 com o módulo lunar Intrepid ao fundo.

As rochas trazidas da Lua
Mais de 600kg de rochas lunares foram trazidas à Terra pelas missões Apollo (EUA) e Luna (URSS), que batem muito bem com os meteoritos atribuídos à origem lunar. Inclusive um mineral inédito na Terra foi encontrado nestas rochas ‒ a armalcolita (nome homenageando os três astronautas da missão: Armstrong, Aldrin, e Collins).
Mas as pessoas gostam de teorias mirabolantes. Bons exemplos disso estão nestes filmes: Capricórnio One e Apollo 18.

Diversas rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. A da direita e acima é chamada de Rocha Gênesis e foi trazida pela Apollo 15.
Diversas rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. A da direita e acima é chamada de Rocha Gênesis e foi trazida pela Apollo 15.

Para mais imagens e vídeos visite este link.

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A Noite de Yuri

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Neste dia 12 de abril de 2016 fazem 55 anos do primeiro homem no espaço: Yuri Gagarin, que deu uma volta à Terra a bordo da espaçonave Vostok 1.

A corrida espacial entre URSS e EUA começou com uma vantagem enorme dos soviéticos. Foram eles que colocaram o primeiro satélite em órbita (Sputnik 1, em outubro de 1957) e o primeiro ser vivo no espaço (a cadela da raça Laika a bordo do Sputnik 2, em novembro do mesmo ano).

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Levar um ser vivo ao espaço é relativamente fácil, trazê-lo intacto de volta é outra história. Para voltar, o veículo espacial tem que enfrentar a resistência do ar que facilmente incineraria qualquer objeto que não entre no angulo correto. Para enfrentar o aquecimento foi preciso desenvolver um escudo térmico e estes escudos são caros e pesados, fica contraproducente recobrir a nave inteira. Portanto, era preciso que a nave entrasse com o escudo voltado para direção correta e no ângulo correto, isto implicou em um controle de atitude (não confundir com altitude). Além disso, era preciso reduzir a velocidade para reentrar na atmosfera e, para isso, foram desenvolvidos os retrofoguetes.

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Os americanos e soviéticos desenvolveram esta tecnologia e testaram com animais várias vezes antes de enviar um ser humano ao espaço. Em 12 de abril de 1961, o astronauta Yuri Gagarin subiu ao espaço a bordo da nave Vostok, a partir do Cosmódromo de Baikonur. Foi uma volta ao redor da Terra em uma hora e quarenta e oito minutos que mudou a cara do mundo. Não é de se estranhar que algumas lendas foram levantadas como a frase nunca dita: a Terra é Azul.

Em vários lugares do mundo esta noite é festejada.

Links interessantes:
http://www.planetario.ufrgs.br/yuri.html
https://yurisnight.net
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vostok_I

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Turismo Espacial: Destinos Futuros

O Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Laboratory – JPL) teve sua origem em um grupo de estudantes do Caltech na década de 30 do século passado. A partir de 1958 o JPL se tornou membro da NASA. Este instituto é responsável pela maior parte dos foguetes e sondas espaciais que os americanos já lançaram. Entre as lendárias missões do JPL, temos as Mariners, as Vikings e as Voyagers. Certamente é a instituição que mais revolucionou o nosso conhecimento do Sistema Solar. Se existe algum lugar onde o futuro é feito hoje, esse é o JPL.

Outra característica de vanguarda do JPL é a preocupação de divulgação popular da exploração do espaço. Lembro que quando ainda era estudante, escrevi para o JPL, em um inglês simplório. Minha carta pedia informações sobre o espaço, mas confesso que não tinha esperança de receber resposta alguma. Alguns dias depois, começaram a chegar vários envelopes pardos cheios de folhetos coloridos e imagens, muitas imagens. Numa época em que não havia internet, aquele material era um prazer sem limites para os olhos.

Agora o JPL continua inovando na divulgação científica. Recentemente eles publicaram uma série de belíssimos e instigantes cartazes antecipando o turismo do futuro: o espaço. 

Os destinos sugeridos no Sistema Solar incluem as mais diversas e emocionantes aventuras. Imagine um passeio de balão na alta atmosfera de Júpiter. Já pensou em assistir o trânsito de Mercúrio a bordo de uma base flutuante acima das corrosivas nuvens de Vênus? Até viagens submarinas aos gelados oceanos de Europa (satélite de Júpiter) foram representadas como um pacote turístico emocionante. Os roteiros turísticos não ficam só nas cercanias do Sol: estrelas distantes com exoplanetas descobertos recentemente também são destinos representados de forma colorida e criativa.

Não sabemos quanto tempo vai demorar para que este tipo de turismo “de ficção científica” vire turismo de fato. O certo é que o JPL foi mais uma vez pioneiro ilustrando o futuro.

PS: Os pôsteres são disponíveis para baixar e imprimir. Vale a pena: verdadeiras joias de colecionador totalmente gratuitas.

 

Veja todos os cartazes em :

http://www.jpl.nasa.gov/visions-of-the-future/

http://planetquest.jpl.nasa.gov/exoplanettravelbureau

 

Conheça mais sobre o JPL em:

http://www.jpl.nasa.gov/about/history.php

http://www.jpl.nasa.gov/news/fact_sheets/jpl.pdf

 

 

 

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Descobriram o nono planeta?

Para resumir: não, não foi descoberto astro algum. Então, o que aconteceu?

Recentemente, astrônomos do renomado centro de pesquisas Caltech (Mike Brown e Konstantin Batygin) publicaram um artigo sugerindo a existência de um planeta tão grande quanto Netuno e muito mais distante. Este planeta hipotético, informalmente chamado de “Planeta X” ou “Nono Planeta”, foi sugerido como solução para o arranjo das órbitas de seis astros do chamado cinturão de Kuiper. Este cinturão é composto por diversos pequenos astros gelados além da órbita de Netuno. Plutão é o maior astro deste cinturão.

Isso é resultado de poderosas simulações matemáticas que tentam justificar o movimento de certos astros transnetunianos descobertos nos últimos dez anos. Estes objetos foram classificados em um grupo denominado em inglês “Detached Objects” (algo como “Objetos Separados” em uma tradução livre). Estes astros recebem este nome por terem órbitas suficientemente destacadas da influência gravitacional imediata de Netuno.

Não é a primeira vez que alguém sugere a existência de planetas além de Netuno. Em 2012 um brasileiro, o astrônomo Rodney Gomes, também fez cálculos sugerindo a existência de um planeta dentro do cinturão responsável por particularidades do movimento destes corpos. Ano passado, os astrônomos Chad Trujillo e Scott Sheppard publicaram um artigo na famosa revista Nature discutindo sobre um dos objetos usados na pesquisa de Brown e Batygin. Eles também sugeriram a existência de um “Nono Planeta” influenciando as órbitas dos corpos mais externos do cinturão de Kuiper.

Nem os telescópios mais potentes têm alguma imagem que confirme estes cálculos teóricos por enquanto. O telescópio japonês Subaru é um dos possíveis instrumentos para começar esta busca. Existem astrônomos ainda céticos com relação à sua existência. Agora é esperar que os diversos programas de rastreio de objetos celestes confirmem ou não a existência deste nono planeta.

Assista ao programa Space Today sobre o assunto (em português):

Brasileiro que também pesquisa a existência de um planeta transneptuniano:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/astronomo-brasileiro-da-novo-rumo-a-busca-pelo-planeta-x,28a98116492da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Telescópio Subaru
https://pt.wikipedia.org/wiki/Telesc%C3%B3pio_Subaru

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Tem Astronomia em Star Wars?

Quando falamos de Guerra nas Estrelas (Star Wars, 1977) temos que ter em mente que não é ficção científica, pelo menos não no sentido estrito do termo. Esta luta entre Jedis e Siths está mais para fantasia: uma espécie de capa e espada ambientadas no espaço. O próprio criador, George Lucas, afirma isso.

Uma história só é puramente ficção cientifica se, e somente se, o enredo dependesse de um fato ou hipótese científica para acontecer. A saga da família Skywalker poderia acontecer em qualquer época e qualquer lugar, substituindo naves espaciais por navios e armas de raios por pistolas. Somado a isso, a ênfase no poder quase mágico da Força é o centro da história, apesar de toda trama política e militar. Por tudo isso, Star Wars não precisa se prender a conceitos científicos para ser uma boa história.

Por outro lado, podemos classificar Star Wars no gênero quase inseparável da ficção científica: a Space Opera. Este gênero é uma interseção entre fantasia, ficção científica e as histórias de heróis de quadrinhos. Sob este aspecto, a saga tem como companheiros Flash Gordon, Buck Roger, Star Trek, Battlestar Galactica, e outros grandes nomes das aventuras espaciais. Para compor este cenário há várias citações astronômicas naquela “galáxia tão tão distante”. É uma pena que aquelas explosões barulhentas resultantes dos maravilhosos embates estelares é algo impossível no espaço de verdade. Se você ainda não viu a série (os seis filmes), eu pergunto: POR QUÊ?

Só prometo não dar spoiler do último episódio que eu ainda não assisti (até o momento em que escrevo este artigo).

Em dois filmes há combates entre rochedos espaciais: “O Império Contra Ataca” (1980) e “O Ataque dos Clones” (2002).

No primeiro filme, a Millennium Falcon se esconde dos destroyers imperiais no interior de um asteroide ainda por cima habitado por um monstro. As naves imperiais perdem a nave de Han Solo numa verdadeira confusão de rochedos celestes.

 https://www.youtube.com/watch?v=MLtlcSR9A6M

 No segundo filme há uma perseguição: o Jedi Obi-Wan Kenobi, em uma nave que lembra uma gaivota de papel, e o caçador de recompensas Jango Fett, numa nave que lembra um ferro de passar roupas, a Slave I. Eles vão manobrando perigosamente entre os “cascalhos espaciais” e, por pouco, não colidem.

https://www.youtube.com/watch?v=3ME5jhsgmB4

Se tomarmos como referência nosso cinturão de asteroides (que fica entre Marte e Júpiter), apesar de ter mais de 6.000 componentes, as distâncias entre eles é gigantesca. Os tais asteroides não seriam tão próximos a ponto de esconder uma nave tão grande como a Millennium Falcon. Só teríamos aquele amontoado de pedras dentro de um anel planetário, que é o que acontece no segundo filme ao redor do hipotético planeta Geonosis. Parece que rolou uma consultoria entre um filme e outro.

Os planetas que servem de ambiente para as histórias seguem o padrão usado por muitos outros space operas: planetas dominados por um tipo único de cenário. Assim temos Kamino ‒ o planeta oceano, a Lua florestal de Endor, o planeta pântano de Dagobah, Hoth ‒ o planeta gelado, Mustafar ‒ o planeta vulcânico, e vai por aí a fora. Não vejo porque planetas com atmosferas respiráveis terem somente um cenário. Planetas como a Terra com diversos tipos de paisagens naturais não devem ser tão interessantes do ponto de vista aventuresco. É como se estivéssemos vendo uma história de navegantes tipo Ilíada de Homero ou Viagens de Guliver.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_planetas_de_Star_Wars

O planeta mais visitado do universo de Star Wars é, sem dúvida, Tatooine: cinco dos seis filmes tem passagens por ele. Imagine um planeta deserto onde vivem vermes gigantescos: qualquer semelhança com o romance Duna (1965), de Frank Herbert, talvez não seja mera coincidência. Mas o que me chama mais atenção do ponto de vista astronômico são os dois sóis que aparecem em várias cenas próximos ao horizonte. A maior parte das estrelas que vemos no céu são, na verdade, formados por sistemas de dois, três ou mais sóis. Seria algo bem comum um sistema solar assim, mas é difícil saber se abrigariam mundos habitáveis.

Para finalizar, não podemos deixar de citar aquele erro clássico do primeiro filme Uma Nova Esperança (1977). Logo no início do filme Han Solo enche a bola da sua nave Millennium Falcon dizendo que completou uma corrida em menos de 12 parsecs. O problema é que parsec não é uma medida de tempo mas de distância.

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Espaço 2015: Alguns aniversários notáveis da pesquisa espacial

Uma vez uma pessoa ao telefone me veio com está pergunta insólita: Está acontecendo algo no Universo? Pego meio de surpresa, respondi sincera e instintivamente: Sempre está acontecendo algo no Universo! É claro que todo ano, todo mês, todo dia, toda hora tem algo ocorrendo no espaço cósmico. Gostaria de destacar alguns acontecimentos e datas memoráveis da exploração espacial que marcaram 2015. Entretanto não é fácil fazer uma lista de missões completa e unânime. Prefiro dar uma visão pessoal temperada com alguns aspectos culturais.

Em órbita da Terra:

Desde muitos anos temos telescópios espaciais vasculhando estrelas. O Kepler, por exemplo, já encontrou mais de 1.200 sistemas planetários girando ao redor de outras estrelas.

Neste ano, precisamente em abril, comemoramos um aniversário muito especial. O veterano Telescópio Espacial Hubble completou 25 anos em órbita. Nossa visão do cosmos mudou muitíssimo depois do trabalho deste aparelho fantástico. O Hubble forneceu dados para praticamente todos os ramos da Astronomia dentro e fora do Sistema Solar.

No mesmo mês completaram exatos 55 anos do lançamento do primeiro satélite metereológico: Tiros 1. Não precisa dizer a importância deste tipo de aplicação espacial no nosso dia a dia.

Em maio fez 70 anos que o engenheiro e escritor Arthur C. Clarke propôs o uso de órbitas geoestacionárias para telecomunicação. Estas posições orbitais são intensamente disputadas pelas empresas de comunicação via satélite.

Lua

Nosso satélite natural, a Lua, continua atraindo a atenção. Este ano comemoramos 150 anos de lançamento do livro “Da Terra à Lua” do pioneiro escritor de ficção científica Júlio Verne. Vários eventos comemoraram o aniversário desta obra durante o ano.

Em março completaram-se 175 anos da primeira foto detalhada da Lua feita pelo cientista John Draper. Fez 45 anos em abril da dramática missão Apolo 13, tão bem retratada pelo filme interpretado por Tom Hanks.

Outros aniversários interessante sobre a Lua chamam a atenção. Em novembro comemoramos 45 anos do lançamento, pela ex-URSS, do primeiro rover (veículo de exploração robótico): o Lunokhod 1. Este veículo percorreu 10km na superfície lunar durante quase um ano de atividade.

Mercúrio

Em abril a sonda Messenger foi lançada propositalmente contra a superfície mercuriana. Após 11 anos de missão revelou muitos mistérios de um dos planetas menos conhecidos do Sistema Solar.

Vênus

Logo em janeiro de 2015 a sonda Venus Express perdeu contato com a Agência Espacial Europeia encerrando quase nove anos de pesquisa ao redor do nebuloso planeta. A sonda Messenger também sobrevoou Vênus antes de ir para Mercúrio em 2007. Está planejada uma missão para 2017, a BepiColombo.

Marte

Quase que simultaneamente dois eventos chamaram a nossa atenção para o Planeta Vermelho. Em outubro a Nasa anunciou indícios seguros da presença de água corrente em Marte. No mesmo mês foi lançado o filme Perdido em Marte, baseado no livro homônimo de Andy Weir (ambos recomendadíssimos).

Júpiter

A caminho do maior planeta do Sistema Solar temos a sonda Juno, lançada em 2011, e que deve chegar ao seu destino ano que vem em meados de julho.

Saturno

A sonda Cassini passou o ano tirando fotos dos arredores interessantíssimos de Saturno compostos de vários anéis e inúmeros satélites. A missão foi lançada em 1997. A sonda entrou em órbita em 2004 e deve permanecer em atividade até 2017, nove anos a mais do que o programado inicialmente. A Cassini descobriu sete novas luas no sistema saturniano. Dos satélites de Saturno mais conhecidos, Titã se destaca. Em 2005 a sonda Huygens (que viajou acoplada à Cassini) atravessou a atmosfera titaniana e revelou um ambiente gelado e desafiador.

Planetas-anões, asteroides e cometas

Podemos dizer que este foi o ano dos corpos menores do Sistema Solar. Logo em janeiro a sonda New Horizon começou a enviar fotos do planeta-anão Plutão. Com a aproximação máxima, em julho, nos foi revelado pela primeira vez detalhes da superfície plutoniana em fotos de alta resolução. Em março a sonda Dawn chegou a outro planeta-anão, Ceres. A grande surpresa foram manchas brilhantes dentro de uma cratera: seria gelo? Algum mineral? Ainda não se sabe.

A sonda Rosetta continua mandando dados à medida que acompanha o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Nunca se acompanhou um cometa de tão de perto e por tanto tempo.

Nota triste do ano:

Um fato, não astronômico, que marcou o ano para muitos colegas que amam o espaço, foi a morte do ator Leonard Nimoy em fevereiro. Ele interpretava nada mais nada menos que o Sr. Spock, personagem da série Jornada nas Estrelas (Star Trek). Difícil não mencionar esta perda para a maior partes dos apaixonados por astros e astronaves.

 

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Será que o céu de Plutão é azul mesmo?

Segundo as últimas notícias anunciadas pela NASA, Plutão é bem mais dinâmico do que se presumia. A sonda New Horizon está trazendo dados e mais dados reveladores da superfície e atmosfera do planeta anão. Neblina azulada, indícios de atividade geológica e gelo de água são as novidades que indicam um dinamismo bem diferente da ideia de um mundo meio morto e congelado.

A existência da atmosfera de Plutão já era conhecida desde a década de 1980 quando foram observadas ocultações de estrelas pelo astro gelado. Ao passar na “frente” de uma estrela, Plutão a eclipsava por alguns momentos. Se o astro não tivesse envoltório gasoso, a luz da estrela seria cortada abruptamente. Mas isso não ocorria. Havia uma variação de luminosidade mais suave antes e depois do “eclipse”. Com a passagem da New Horizon pelo lado noturno do planeta anão, conseguiu-se fotografar um anel tênue de neblina azulada, iluminada pela luz do Sol, que está ao fundo. Essa cor se deve às reações químicas entre nitrogênio e metano. Algo semelhante ocorre em Titã, satélite de Saturno. Essa rarefeita atmosfera só pode ser observada na borda do disco de Plutão. Provavelmente, da superfície não se notaria nada. A natureza do azul do céu na Terra é muito diferente da descrita acima.

E a água? Descobriram indícios de água corrente em Marte, agora gelo em Plutão. Isso significa que tem vida lá? Não, ainda não significa isso. Entretanto, confirma o que já sabemos: a água não é uma substância tão rara assim, principalmente na região do Sistema Solar mais externa onde temos luas cobertas de gelo e cometas.

Mais descobertas interessantes nos aguardam nos próximos anos, com certeza.

 

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Seu smartphone pode fazer ciência

Os smartphones são muito mais que telefones portáteis e vão bem mais além de tirar fotos e acessar a internet. Dependendo do aparelho, a capacidade computacional supera, de longe, os primeiros computadores pessoais. Além de chips poderosos, os modelos mais modernos vêm com uma enorme variedade de sensores: receptores GPS, magnetômetros, acelerômetros e sensores ópticos variados. Existem smartphones que possuem até barômetros. Em resumo, você pode ter no seu bolso o equivalente a uma sonda espacial no que se refere a aparelhos de medida. Que tal usar estes sensores para finalidades científicas? Algumas aplicações interessantes podem ser facilmente implementadas no seu celular. Existem kits de óptica que transformam seu aparelho num microscópio ou telescópio.

A última novidade foi usar o celular para detectar raios cósmicos. Este tipo de radiação é altamente energética e de origem sideral. Ao colidir com a atmosfera terrestre, um raio cósmico produz uma cascata de partículas subatômicas. Ainda não há uma unanimidade sobre como se formam estes raios. Acredita-se que muitos processos no interior das galáxias podem ser decifrados pelo estudo desta radiação. Entretanto, os detectores de raios cósmicos acadêmicos são dispositivos enormes e caros.

Um grupo de pesquisadores do Wisconsin IceCube Particle Astrophysics Center (EUA) utilizou uma propriedade dos sensores das câmeras dos nossos celulares para contabilizar partículas oriundas de um raio cósmico. Quando uma partícula destas atinge o chip de silício produz uma pequena descarga elétrica que pode ser registrada. Geralmente, isso é descartado pelos softwares fotográficos como um ruído. Aproveitando-se disto, a equipe desenvolveu um aplicativo para contabilizar eventos de partículas: o DECO (Distributed Electronic Cosmic-ray Observatory). O aplicativo roda em aparelhos Android. Por enquanto, o DECO tem uma funcionalidade mais educativa do que acadêmica. Mas, imagine milhares de aparelhos dispersos pelo mundo registrando por longos períodos a um custo mínimo. Este tipo de estratégia tem bastante potencial.

Saiba como instalar o app aqui.

 

Link de interesse: